sábado, 31 de outubro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XII ]

«O PALÁCIO PALMELA ( 3 )»
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de Henrique Ruas - (O PALÁCIO PALMELA já no século XX, em 1902 teve lugar uma intervenção e dela resultou o aspecto actual do edifício.  Foi refeita a porta principal, que está ladeada por uma cariátide representando a "FORÇA MORAL" e um ATLANTE simbolizando " O TRABALHO", obra da autoria de "CALMELS") in SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de FOTOVOO - ("CHAFARIZ DO RATO" ligado ao PALÁCIO PALMELA, ficando no "LARGO DO RATO" esquina com a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA". Fazendo parte da rede de fontanários do século XVIII, inaugurado em 1744) in SÉTIMA COLINA
Rua da Escola Politécnica - ( 2007 ) - (Panorâmica da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA"  o "PALÁCIO PALMELA" e o "CHAFARIZ DO RATO")  in  GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XII ]

«O PALÁCIO PALMELA ( 3 )»

O papel determinante do CONDE MARQUES DE PALMELA na guerra que opôs D. PEDRO IV a D. MIGUEL, trouxe-lhe largas recompensas em terras, da casa do INFANTADO e em importantes indemnizações de dinheiro, a que se juntou, então, a fabulosa herança PÓVOA.

Falando ainda de "D. MARIA LUÍSA DE SOUSA HOLSTEIN" que foi uma escultora de merecimento, discípula de "CÉLESTIN ANATOLE CALMELS" (1822-1906), artista francês que se instalara em LISBOA, a DUQUESA foi figura de grande destaque na vida cultural e social de LISBOA do seu tempo, pelo relevo da sua fortuna, considerada a maior de então, a que juntava os seus próprios dotes de mulher inteligente e sensível às artes. A sua casa tornou-se, pois, um fulcro de intensa vida social, sucedendo-se as festas de grande repercussão com convivas de lustro internacional.
A DUQUESA fez construir nos jardins um atelier de escultura, de onde saíram muitas peças de qualidade, da sua autoria. Junto dele, ergueu um forno de cerâmica, onde iniciou a fabricação de louça artística, marcado com um pequeno "RATO", certamente em lembrança da proximidade do LARGO com este nome. Esta produção muito restrita ficou conhecida por louça do «RATINHO».
Acompanhando este movimento sempre intenso de gente e de modas, a DUQUESA não se poupou a esforços para tornar mais digna de uma casa DUCAL a residência que "MANUEL CAETANO DE SOUSA" tinha construído com  propósito  mais prosaico. Por um lado, encheu-a com a espectacular colecção de objectos de arte reunida por seu avô, o 1.º DUQUE DE PALMELA, com forte incidência de pintura, onde se distinguiam, entre muito boas obras estrangeiras, algumas telas de SEQUEIRA. Por outro lado, em sucessivas campanhas, fez e refez decorações, alargou salas, como a grande casa de jantar, tomada então apropriada para banquetes.
São resultado dessas variadas intervenções alguns tectos de estuque trabalhado, os arranjos na escadaria, que incluíram os estuques de tecto e paredes, bem como o magnifico gradeamento, obra encomendada directamente de PARIS, que enriqueceu esse espaço que é sem dúvida, o melhor apontamento arquitectónico deste conjunto algo irregular.
No exterior do PALÁCIO foram mais intensos os esforços desenvolvidos para enobrecer o edifício. Em  obras quase ininterruptas, foram sendo introduzidas modificações que alteraram o projecto da construção. Fecharam-se os portões laterais do piso inferior e revestiu-se a pedra rosada todo o antigo reboco das quatro fachadas do PALÁCIO, bem como os muros de suporte do jardim que deitam sobre a RUA, agora alinhada com balaustradas e vasos de pedra.
A intervenção mais significativa teve lugar já em 1902, e dela resultou o aspecto mais actual do edifício. Com os seus nove vãos de fachada de três andares é uma grande unidade nesta parte da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA".
Foi refeita a porta principal, duas esculturas ladeiam a porta principal, da autoria de "CALMELS",  observa-se à esquerda, uma CARIÁTIDE representando a "FORÇA MORAL" e, à direita um "ATLANTE" simbolizando o "TRABALHO" e encimado pelo brasão dos "SOUSA-ARRONCHES" da família DUCAL, com coroa do titulo e manto de arminho do seu "pariato" ( 1 ). Todas as campanhas de obras foram orientadas pelo arquitecto JOSÉ ANTÓNIO GASPAR, embora algo contestado por diversos críticos, dada a discrepância entre a opulência da estatuária e a vulgaridade da arquitectura que não as podia integrar adequadamente, estas obras obedeceram ao simples propósito de exteriores a qualidade dos moradores, figuras cimeiras, pelo título e o dinheiro, da sociedade lisboeta.
Situada a casa entre dois muros do jardim suspenso, com acesso por rampa o da direita, indo de um portão armorejado, um largo muro leva a propriedade até ao RATO, nele rematando com um Chafariz do sistema ÁGUAS LIVRES, e sua arca de água junta; sobre ele se ergue um pequeno pavilhão elegante "CASA DE FRESCO", à moda ainda romântica. Corre esse muro de cantaria, encimado por balaustrada, paralela à última grande construção da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", torneando para o RATO.
É precisamente pelo facto do desajustamento entre os propósitos e o resultado final, que torna a imagem de marca desta fachada, que não consegue disfarçar inteiramente a modéstia do seu núcleo inicial, por baixo de tanta pedra e de tanto decorativismo enobrecedor.
O 5.º DUQUE DE PALMELA, DOM DOMINGOS DE SOUSA HOLSTEIN, embaixador de PORTUGAL em LONDRES, tendo falecido em 1968, sendo o edifício vendido ao ESTADO pelos herdeiros, para partilha em 1977, já na 2.ª República, pela quantia certamente merecida de Oitenta e Dois Mil Contos.

Nela se instalou com o devido decoro, a PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA, com obras de adaptação que provocaram um incêndio na antiga CAPELA, em Abril de 1981, prontamente reparado sob a orientação do ARQUITECTO FREDERICO GEORGE (1915-1994).

( 1 ) - PARIATO - Título de par do reino.

(CONTINUA)-(PRÓXIMA)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XII ]-O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 1 )»

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XI ]

«O PALÁCIO PALMELA ( 2 )»
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de FOTOVOO - (Fachada do "PALÁCIO PALMELA", ladeando a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", em 1822 foi à praça, sendo arrematado por HENRIQUE TEIXEIRA DE SAMPAIO, 1.º Barão da Terceira e 1.º Conde da Póvoa, um dos homens mais rico do seu tempo.  in  SÉTIMA COLINA 
 Rua da Escola Politécnica - (Começo de 1952) Foto de Salvador de Almeida Fernandes - (PALÁCIO DOS DUQUES DE PALMELA, em primeiro plano  o Policia sinaleiro e o CHAFARIZ DO RATO, encostado a propriedade do PALÁCIO) ( Abre em tamanho grande) in  AML 
Rua da Escola Politécnico - (1944) Foto de Eduardo Portugal ( O PALÁCIO DOS DUQUES DE PALMELA, nesta altura ainda o Duque de Palmela habitava o Palácio) (Abre em tamanho grande) in  AML


(CONTINUAÇÃO)- RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XI ]

«O PALÁCIO PALMELA ( 2 )»

Foi então mandado fechar o saguão para nele ser criada uma importante escadaria que serve não só o primeiro andar, como a sobreloja, e o andar nobre, agora condignamente realçado no conjunto. A escadaria adornada com decorativas "COLUNAS TORSAS" ( 1 ) de mármore rosa, visivelmente adaptadas, que realçam a cenografia, de gosto já neoclássico, que atinge esta campanha de obras. Foi também alterada a divisão interna, desenhando-se os imprescindíveis salões palacianos, agora decorados a preceito com pinturas murais, onde é manifesta a influencia de gosto de "JEAN-BAPTISTE PILLEMENT"(1728-1808), executadas por um artista não identificado, um dos múltiplos seguidores do pintor francês que, por ocasião, proliferavam em LISBOA.
A tradição segundo a qual alguma dessas pinturas seriam do próprio "PILLEMENT" é manifestamente errónea, quer por razões cronológicas, quer ainda, por não evidenciarem a qualidade que caracterizou a obra do mestre Gualês.
Estas obras, já estavam concluídas em 1833, quando morreu o CONDE DA PÓVOA. Falecido pouco depois seu filho único varão, o ainda menor 2.º CONDE DA PÓVOA, a herança caiu na filha "D. MARIA LUÍSA".
A mão desta senhora foi muito disputada, enchendo-se então os mexericos lisboetas com as peripécias recambolescas deste episódio, que meteu sequestros, acções e um estendal de lavagem de roupa suja, agigantado pela grandeza da fortuna e o relevo político das figuras envolvidas, que incluíam "MOUZINHO DA SILVEIRA" e o "DUQUE DE PALMELA, tutor da menina.  
Tudo acabou com o casamento de "D. MARIA LUÍSA" com o filho de PALMELA, futuro 2.º DUQUE deste titulo. Deste enlace nasceu em 1841, "D. MARIA LUÍSA DE SOUSA HOLSTEIN", depois 3.ª DUQUESA DE PALMELA, que viria a escolher esta casa materna para sua residência, transformando-a num dos centros mais activos da vida social e cultural lisboeta da segunda metade do século XIX.

Em 1833, o filho do Arquitecto fundador; "FRANCISCO ANTÓNIO DE SOUSA" tinha regressado do degredo a que tinha sido condenado, tentou impugnar o PALÁCIO, mas na nova situação liberal, maior era o poder do DUQUE DE PALMELA, protector do PÓVOA, então falecido, e nenhum êxito teve a reclamação que, porém assentava numa razão moral inegável. Logo no ano seguinte, PALMELA tutor dos filhos do colaborador e amigo, estabeleceu promessa de casamento do seu herdeiro com a filha do PÓVOA, que na época tinha sete anos de idade, casando-a mesmo daí a mais cinco, já ela era então herdeira, por morte de seu irmão, em 1837, e a mais rica herdeira do reino de D. MARIA II.
Deu escândalo público o feito, com reclamação e processo da condessa viúva e da família do conde; e só uma intervenção particular do MARQUÊS DE FRONTEIRA (que conta nas suas famosas MEMÓRIAS) junto de COSTA CABRAL, MINISTRO DA JUSTIÇA, abonou as coisas a favor da família PALMELA, onde a grande herança acabou por entrar, com a própria casa nobre, de onde a condessa viúva se via expulsa.
O pai manteve-se no palácio da família, no CALHARIZ, (PALÁCIO DO CALHARIZ-PALMELA), então também melhorado, o 2.º DUQUE viveu no palácio que o sogro desenvolveu em grandes obras e a casa tomou o nome dos PALMELAS. Estes eram de fidalguia antiga, de princípios Quinhentistas, com o "MORGADO DO CALHARIZ" entrado por casamento no filho segundo do 1.ºBARÃO DO ALVITO, SILVEIRA, que adoptou o nome de uma avó materna este SOUSA , do ramo dito de "ARRONCHES", que tinham enumeras gerações ilustres por detrás, desde o século XI. O BRASÃO adoptado e fixado foi o deles, em pleno, assumido a linhagem e sem diferença heráldica.

( 1 ) - COLUNA TORSA ou COLUNA SALOMÓNICA- Coluna cujo fuste apresenta saliências helicoidais (ou retorcidas) de secção semicircular.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XII ] O PALÁCIO PALMELA ( 3 )» 

sábado, 24 de outubro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ X ]

«O PALÁCIO PALMELA ( 1 )»
 Rua da Escola Politécnica - ( 1993 ) Foto de FOTOVOO - (Panorama do "PALÁCIO PALMELA" na Rua da Escola Politécnica, hoje "PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA) in SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (1945) Foto de Eduardo Portugal - ( O "PALÁCIO PALMELA" foi vendido em 1822 ao Barão TEIXEIRA, que casou com uma filha dos DUQUES DE PALMELA) in AML
Rua da Escola Politécnica - (19--) Foto de Paulo Guedes - ( "PALÁCIO DOS DUQUES DE PALMELA", porta principal onde se encontra a estatuária de "A FORÇA" e "O TRABALHO") (Abre em tamanho grande) in  AML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ X ]

«O PALÁCIO PALMELA ( 1 )»

O primeiro edifício levantado neste lugar data da última década do século XVIII. O famoso arquitecto das "OBRAS PÚBLICAS" da "CASA DO INFANTADO", MANUEL CAETANO DE SOUSA, aqui fez erguer a sua casa, em terrenos que lhe foram cedido pela "RAINHA D. MARIA I". Instalado entre "S. MAMEDE" e o "RATO", em terrenos que tinham sido do "NOVICIADO DOS JESUÍTAS" e as traseiras  viradas para a "RUA DO SALITRE". Terá eventualmente edificado uma casa bastante modesta, que no dizer de "RATON" em sua "MEMÓRIAS"; "ser tão destituída de ordem e de gosto". 
"CAETANO DE SOUSA" beneficiou ainda, dado a boa vontade da rainha, da doação das sobras de água do «CHAFARIZ DO RATO» que ficava encostado ao muro da propriedade, bem como a pedra  não utilizada nas obras da "BASÍLICA DA ESTRELA".
Com estes apoios, o arquitecto MANUEL CAETANO DE SOUSA iniciou a construção da sua casa a partir do ano de 1792.
A casa tinha menos um andar, além de não ostentar nem revestimento em pedra, que hoje cobre grande parte da fachada, nem os elementos decorativos que agora rodeiam a porta principal.
Como um prédio vulgar, abria no rés-do-chão mais quatro portões, dois de cada lado, dando serventia às cavalariças e outras dependências, podendo até ser autonomizada para aluguer.
É no interior, no entanto, que as mudanças viriam a ser mais radicais.
O edifício primitivo organizava-se em torno de um pátio, ou saguão, com acesso a partir do átrio, sendo os andares superiores servidos por escadas vulgares, próprias de um prédio de rendimento. Este edifício não terá sido pensado como uma estrutura palaciana. Facto decisivo para se perceber o carácter das transformações posteriores, destinadas a fazer dele um palácio.
Depois da morte de MANUEL CAETANO DE SOUSA, herdou a casa seu filho "FRANCISCO ANTÓNIO DE SOUSA", também arquitecto, que aqui habitou. Infeliz nas escolhas políticas, foi incriminado em 1817, na conjura de GOMES FREIRE DE ANDRADE, vindo a ser deportado para ÁFRICA. Para a casa ficou a aura de ter sido um dos locais de reuniões dos conjurados, facilitada por GOMES FREIRE seu vizinho no SALITRE.
O Edifício foi confiscado, ficando por alguns anos na posse do ESTADO, que ali instalou a "INTENDÊNCIA GERAL DA POLÍCIA". Mais tarde, em 1822, foi à praça, sendo arrematada por "HENRIQUE TEIXEIRA DE SAMPAIO" 1.º BARÃO DE TERCEIRA e 1.º CONDE DA PÓVOA, um dos homens mais ricos do seu tempo. Fortuna continuada de seu pai, negociante passando pelos AÇORES, sendo ele COMISSÁRIO DOS FORNECIMENTOS AO EXÉRCITO, nas guerras do principio do século, desde a proveitosa "Campanha do ROSSILHÃO" ( 1 ).
O nome do bisavô era FERREIRA, mas o avô já usou o de TEIXEIRA SAMPAIO da bisavó; em 1789, o pai obteve carta e brasão com os dois apelidos ( e mais dois maternos, AMARAL e GUEDES), embora com uma "brica"( 2 ) distintiva no TEIXEIRA adoptado, e essa forma as armas do BARÃO de 1818, CONDE DA PÓVOA, em 1823 (com riquíssimo Morgado instituído na "PÓVOA" DE SANTA IRIA"), sendo nesse ano PRESIDENTE DO REAL ERÁRIO e MINISTRO DA FAZENDA do MARQUÊS DE PALMELA que entrara brilhantemente na política do reino de D. JOÃO III.
O CONDE DA PÓVOA iniciou o processo de transformação do antigo prédio de MANUEL CAETANO DE SOUSA, em residência palaciana condigna com a sua grandeza. Subiu-lhe um andar, aumentando os cómodos e envolvendo uma magnifica capela que ali fez adaptar e, sobretudo, criou novos acessos internos.

( 1 ) - CAMPANHA DO ROSSILHÃO- Também chamada "GUERRA DOS PIRENÉUS" ou GUERRA DA CONVENÇÃO". Foi uma campanha militar que PORTUGAL participou ao lado da ESPANHA e REINO UNIDO, contra a FRANÇA de (7 de Março de 1793 - 22 de Julho de 1795).

( 2 ) - BRICA -s. f. (Heráldica) Pequeno espaço nos brasões para distinguir a linhagem dos filhos segundos.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XI ]O PALÁCIO PALMELA ( 2 )». 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ IX ]

«A CASA DAS ONZE PORTAS ( 2 )»

 Rua da Escola Politécnica - (2008) Foto de autor não identificado (Parte da fachada do prédio conhecido pela "CASA DAS ONZE PORTAS", na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA . No piso térreo a FARMÁCIA ALBANO)  in  JUNTA DE FREGUESIA DE SANTO ANTÓNIO
 Rua da Escola Politécnica - (entre 1890 e 1948) Foto de José Artur Leitão Bárcia - (A "CASA DAS TESOURAS" de JOSÉ CLEMENTE nos números; 51,51-A, 53 e 55 na "CASA DAS ONZE PORTAS", construção de 1858, local para habitação e comércio, num luxo desusado na época, em imóveis de rendimento na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA)  (Abre em tamanho grande) in  AML  
 Rua da Escola Politécnica - (1922) Foto de Alfredo Galhardo (A "CASA DAS ONZE PORTAS" na Rua da Escola Politécnica, onde está instalada a "CASA DAS TESOURAS") in  RESTOS DE COLECÇÃO

Rua da Escola Politécnica - (1909) (A "CASA DAS TESOURAS" de JOSÉ CLEMENTE, instalada no edifício "CASA DE ONZE PORTAS" fazendo propaganda das suas actividades no jornal MUNDO) in DIAS QUE VOAM


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ IX ]

«A CASA DAS ONZE PORTAS ( 2 )»

As onze portas que deram nome ao prédio ( e popularmente o notabilizaram) contam dez para a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" e a décima primeira virada para a "RUA DO MONTE OLIVETE". Servem elas lojas variadas no tempo, com requinte e elegância.
São decorações dignas de casas de habitação de luxo, algumas já restauradas em 2000, e conheceram inquilinos famosos, como o romancista e historiador "REBELO DA SILVA", fiel discípulo de ALEXANDRE HERCULANO, ali falecido em 1871, no 2.º andar, vizinho de uma 2ª VISCONDESSA, viúva de PORTOCARREIRO, ele JUIZ DO SUPREMO com fidalguia materna de nome.

O prédio teve, nos princípios do século, com duas portas transbordando para o prédio do lado esquerdo, as instalações da "CASA DAS TESOURAS" de JOSÉ CLEMENTE, nos números 51, 51-A, 53 e 55, vendendo fatos e sobretudos feitos (será possivelmente o antecessor do mais tarde aparecido "O PRONTO-A-VESTIR") e especializado na confecção de "GIBÕES DE AVEIRO ( largamente reclamados nos jornais  e magazines dos anos 10 e 20 do século passado, em pitorescos anúncios ilustrados).

Além da "CASA DAS TESOURAS" existiu um antiquário. Em Maio de 1935 o estabelecimento foi destruído por um violento incêndio; com a mesma designação abriu em seguida uma loja de móveis, que permaneceu até aos anos 50 do século passado.

As outras duas portas ( do prédio do lado) receberam a leitaria "CAMÉLIA D' OURO", a funcionar em meados dos anos 30, e uma década mais tarde a "CONFEITARIA CAMÉLIA", à qual sucedeu a casa de pasto " BRIOSA ", com infeliz alteração da fachada ( em 1957 ), única no conjunto dos dois prédios.
Os primeiros e segundos andares dos números 55 e 56 foram no passado ocupados pelos serviços da "DIRECÇÃO DE JUSTIÇA E DISCIPLINA DO ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO" hoje com nova designação de "ESTADO MAIOR DO EXERCITO-DIRECÇÃO DE JUSTIÇA E DISCIPLINA", instalado na TRAVESSA DE SANTO ANTÓNIO, 21 (LISBOA).

A neoclássica "CASA DAS ONZE PORTAS", a par do prédio vizinho ( N.ºs  49 - 53), mais modesto, que segue o mesmo desenho, de vão repetido nos seus quatro andares, também ele atribuível a "PIERRE-JOSEPH PÉZERAT"(1801-1872) e construído na mesma altura, formam um conjunto urbano de qualidade que é testemunho de uma ideia de construir e habitar a cidade, "MODERNA" e "regenerada", que só encontrará sucessores já nos anos 80, com a AVENIDA DA LIBERDADE.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ X ]-O PALÁCIO PALMELA ( 1 )».

sábado, 17 de outubro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VIII ]

«A CASA DAS ONZE PORTAS ( 1 )»
 Rua da Escola Politécnica - (1993) foto de Pedro Bebiano Braga - (A "CASA DAS ONZE PORTAS" edificada em 1856 na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" esquina com a "RUA DO MONTE OLIVETE")  in  A SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (entre 1898 e 1907) Foto de autor não identificado - (A "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA) a outra esquina da "Rua de São Marçal) ( Abre em tamanho grande) in AFM
 Rua da Escola Politécnica - (Início do século XX) - Anúncio da "CASA DAS TESOURAS", instalada na "CASA DE ONZE PORTAS" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA". Vendendo fatos e sobretudos feitos, e ainda especializada em GABÕES DE AVEIRO , largamente publicados em jornais e revistas da época, num estilo bastante pitoresco de anúncio ilustrado. Esta casa poderá ser o antecessor do chamado "pronto-a-vestir") in MONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - (1858)  - (Planta do alçado do prédio dito "CASA DAS ONZE PORTAS", que popularmente o notabilizaram, na Rua da Escola Politécnica. O desenho será possivelmente de Pierre Joseph Pézerat)  in  MONTE OLIVETE


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VIII ]

«A CASA DAS ONZE PORTAS ( 1 )»

No outro lado da RUA, mesmo em frente da "ESCOLA POLITÉCNICA", foi edificado em 1858, esta casa de aluguer, para habitação e comércio, num luxo desusado na época, em imóveis de rendimento. Sendo notícia de jornal, pela sua "exótica arquitectura" de onze portas para a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" do número 55 a 65, por isso, ficando designada (PELA CASA DAS ONZE PORTAS) e sendo visitada e apreciada, fez-se a propósito dela, o "chiste", hoje de difícil entendimento, " a romana da hospedaria tinha só sete e fugiu ao marido"...
O risco deste imóvel é atribuído ao arquitecto francês "PIERRE JOSEPH PÉZERAT" (1801-1872), encarregue, na época, dos trabalhos de construção da "ESCOLA" em frente, onde era também professor de desenho desde 1853. "PÉZERAT", de formação parisiense viera para PORTUGAL (em 1840) a convite do Município de LISBOA, depois de ter sido um dos arquitectos particulares do Imperador "D. PEDRO I, no BRASIL (1825-1831), e ter estado na ARGÉLIA (até 1838), nomeado pela Ministério da Guerra Francês.
Também autor do famoso edifício dos "BANHOS DE SÃO PAULO"(Ver Praça de S. Paulo [IV]-31 de Março de 2008), vinha a falecer cego e em situação de grandes dificuldades, em 1872.

O edifício é sóbrio, de gosto neoclássico, com dez vãos abertos, na fachada principal, em arco de volta perfeita, que se repetem no primeiro e segundo andares, sendo o terceiro amansardado. As pilastras dividindo a fenestração impõem um ritmo que a varanda corrida (segundo andar) unifica, conferindo um belo equilíbrio à fachada coroada por vasos de pedra. Um pavilhão-terraço com harmoniosa dupla escadaria (infelizmente desaparecida em 1940), ornamentada também com vasos, dava para um pátio, na fachada posterior.
O seu interior doméstico, da casa geminada, apresenta perfeita simetria dos lados esquerdo e direito, desenvolvendo-se a partir de uma bem desenhada escadaria, ao centro, com grade de ferro. No átrio, joga-se com mármores de cores diferentes, nos losangos do pavimento e nos três arcos, posteriormente fechados pelo guarda-vento de vidro, pintado a ouro, e caixilho de madeira (1880).
As divisões apresentam bons trabalhos em estuque, de várias campanhas decorativas (algumas impostas por incêndio), em abundantes motivos geométricos e vegetalistas, e, ainda, com medalhões de cestos fruteiros e de cabeças enfeitadas.
No entanto, as pinturas sobre estuque, de duas salas contíguas (primeiro andar) e da caixa do saguão, fechado em vidro para iluminar a escadaria, são o que resta da maior qualidade decorativa; pinturas em "trompe l'oeil" imitando baixo relevo, com gramática vegetalista e exóticas cabeças, e naturalista "bouquets" de flores em alegre policromia, nos cantos da sala, conferem-lhe um luxo de palacete. Porém datar-se das décadas de setenta ou oitenta  do século XIX e, talvez sido realizadas pelo pintor francês "PIERRE BORDES", que executou decorações semelhantes nos "PAÇOS DO CONCELHO", que então se terminavam.
Oito portas comerciais, quatro de cada lado das duas da entrada doméstica, na fachada principal, e uma outra, na fachada sobre a "RUA DO MONTE OLIVETE", albergam lojas. A "FARMÁCIA ALBANO" (nos números 57 e 59) é a mais interessante, pois conserva o seu cuidado interior, de final de oitocentos, forrado por altos armários com emblemáticos estuques de palmeira e cobra de "Esculápio" e um "achinesado" candeeiro a gás, montado a partir de uma taça de porcelana "mandarim de figura".


EFEMÉRIDES

Faz hoje 162 anos, que pela primeira vez foi publicado na Imprensa Diária o "JORNAL DO COMÉRCIO" (17 de Outubro de 1883).

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ IX ]-A CASA DAS ONZE PORTAS ( 2 )».

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VII ]

«O JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA»
 Rua da Escola Politécnica - (2012) Foto de autor não identificado ( Uma das entradas para o JARDIM BOTÂNICO" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" em LISBOA) in JUNTA DE FREGUESIA DE SANTO ANTÓNIO
 Rua da Escola Politécnica - (2001) Foto de Pedro Soares (Uma rua no interior do "JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA". Começou a ser plantado no ano de 1873 por iniciativa do "4º CONDE DE FICALHO" e "ANDRADE CORVO") in  MONTE OLIVETE
 Rua da Escola Politécnica - ( ant. 1945) Foto dos Estúdios de Mário Novais - ("JARDIM BOTÂNICO" da ESCOLA POLITÉCNICA, podemos ver ao fundo o observatório Meteorológico Infante D. Luís e pormenores da estufa) (Abre em tamanho grande)  in  AML
 Rua da Escola Politécnica - (depois de 1926) Foto de Fernando Manuel de Jesus Martins ( Monumento ao DR. BERNARDINO ANTÓNIO GOMES(pai) (1768-1823), inaugurada em 1926 no JARDIM BOTÂNICO da Escola Politécnica de LISBOA. Médico e Botânico, criou em Portugal o primeiro  Instituto de Vacinação do qual foi seu Director.  in   AML 
 Rua da Escola Politécnica - (1912) Foto de Joshua Benoliel ( Um pormenor do JARDIM BOTÂNICO da ESCOLA POLITÉCNICA DE LISBOA)  (Abre em tamanho grande )  in  AML 
Rua da Escola Politécnica - ( 19__) Foto de Paulo Guedes - ( A ESTUFA do JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA, na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA) (Abre em tamanho grande)  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VII ]

«O JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA»


O «JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA» é um Jardim científico, projectado em meados do século XIX, e começado a plantar em 1873, por iniciativa dos professores: "4.º CONDE DE FICALHO - Francisco Manuel de Melo Breyner (1837-1903) e "JOÃO DE ANDRADE CORVO" (1824-1890), com sentido de modernidade  e rara generosidade orçamental, para servir o ensino e a investigação da Botânica na ESCOLA POLITÉCNICA
Com a sua inauguração ao público no ano de 1878 (com aproximadamente 137 anos) a ESCOLA e o JARDIM BOTÂNICO são, ainda hoje, um símbolo dos novos rumos de progresso social e científico que a revolução liberal trouxe para PORTUGAL.
O JARDIM conheceu desde sua origem merecida fama. Do novo "Belvedere" ( 1 ) no MONTE OLIVETE, enriquecido com milhares de espécies exóticas, podia o visitante, especialmente estrangeiro, deleitar-se com o soberbo panorama de outras colinas debruçadas sobre o rio. A enorme diversidade de plantas, vindas dos quatro cantos do Mundo em que havia territórios sob soberania portuguesa, patenteava, ao turista, a importância da grande potência Colonial que Portugal então representava, embora fosse, na EUROPA, uma nação pequena e marginal.
A excelente qualidade do projecto, bem ajustado ao sítio e ao ameno clima de LISBOA, cedo foi comprovado. Acabadas as plantações, segundo o elegante desenho das veredas, canteiros e socalcos, atravessados por Lagos e Cascatas, as jovens plantas rapidamente prosperaram, ocupando todo o espaço e deixando logo adivinhar como, com o tempo, a cidade viria a ganhar o seu mais aprazível espaço verde e o de maior interesse cénico e botânico. Em pleno coração de LISBOA e em forte contraste com o seu bulício, as cores e as sombras, os cheiros e os sons do JARDIM BOTÂNICO dão recolhimento e deleite. E, tratando-se de um JARDIM BOTÂNICO, outras funções desempenhava o JARDIM, que não apenas as de lazer e recreio passivo.
As colecções sistemáticas servem vários ramos da investigação botânica, demonstram junto do público e das escolas a grande diversidade de formas vegetais e múltiplos processos ecológicos, ao mesmo tempo que representam um meio importante e efectivo na conservação de plantas ameaçadas de extinção.
Na norma do que hoje acontece na generalidade dos JARDINS BOTÂNICOS, também, desenvolve, em permanência, activos programas de educação ambiental.
Algumas colecções merecem menção especial. A notável diversidade de palmeiras, vindas de todos os continentes, confere inesperado cunho tropical a diversas localizações do JARDIM. As "CICADÁCEAS" são um dos "ex-libris" do JARDIM . Autênticos fósseis vivos, representam floras antigas, que na maioria se extinguiram. Hoje são todas de grande raridade, havendo certas espécies que só em JARDINS BOTÂNICOS se conservam.
O JARDIM é particularmente rico em espécies tropicais originárias da NOVA ZELÂNDIA, AUSTRÁLIA, JAPÃO e AMÉRICA DO SUL, o que atesta a amenidade do clima em LISBOA e as peculiaridades dos micro climas do JARDIM.
O JARDIM BOTÂNICO DE LISBOA faz hoje parte da UNIVERSIDADE DE LISBOA(JBUL).

( 1 ) - BELVEDERE- Um complexo Jardim de BELVEDERE, em VIANA, AUSTRIA, também chamado "PALÁCIO-JARDIM". Noutro contexto,  pode-se atribuir a "qualquer estrutura construída com o objectivo de se poder usufruir da vista".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VIII ]-A CASA DAS ONZE PORTAS ( 1 )».

sábado, 10 de outubro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VI ]

«A ESCOLA POLITÉCNICA ( 2 )»
 Rua da Escola politécnica - (2001) Foto de Pedro Soares - (Frontaria da "ESCOLA POLITÉCNICA" com suas colunas "Jónicas" recuperadas das ruínas da "Igreja de S. Francisco da Cidade" que existia no antigo "LARGO DA BIBLIOTECA", hoje "LARGO DA ACADEMIA NACIONAL DE BELAS ARTES")  in  MONTE OLIVETE 
 Rua da Escola Politécnica - ( 2001 ) Foto de Pedro Soares (Vista aérea da "ESCOLA POLITÉCNICA" na Rua da Escola Politécnica, imóvel que é possivelmente testemunho da obra de "PÉZERAT")  in  MONTE OLIVETE
 Rua da Escola Politécnica - (1933) Foto de FOTOVOO - (A severa fachada neoclássica da "ESCOLA POLITÉCNICA" de vinte e um vãos é animada por pilastras e, ao centro, por um pórtico monumental)  in  SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (c. 1937) Foto de Judah Benoliel - (Edifício da "ESCOLA POLITÉCNICA", na "Rua da Escola Politécnica")  (Abre em tamanho grande) in  AML 
Rua da Escola Politécnica - (entre 1900 e 1945) Foto de José Artur Leitão Bária  ("CASA DO NOVICIADO DA COTOVIA"- Construída na Quinta do Monte Olivete, no sítio da COTOVIA, à "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA". Esta casa foi concluída em 1616, pelo Arquitecto BALTAZAR ÁLVARES, entrou em funcionamento em 1619. Aqui se formaram quase todos os Jesuítas desta província até à expulsão  em 1759. Em 1761 o Marquês de Pombal aproveitou o espaço para ali instalar o COLÉGIO DOS NOBRES. Em 1843 este local sofreu um grande incêndio) in  AML


(CONTINUAÇÃO)-RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ VI ]

«A ESCOLA POLITÉCNICA ( 2 )»

Sendo coadjuvado por um jovem e brilhante desenhador "JOÃO PEDRO MONTEIRO", de quem, à falta de arquivos documentais que se conheçam, se afirmou ( o professor de Desenho da Escola, A. RESSANO GARCIA, em 1937) "se dever certamente a linha geral do edifício". Mas "J.P.MONTEIRO" faleceu em 1853, data em que foi nomeado, sempre para a cadeira de Desenho, o engenheiro francês "PIERRE-JOSEPH PÉZERAT", que já em 1870, grandes serviços de responsabilidade prestou à CÂMARA MUNICIPAL da Capital, sendo uma figura incontornável da sua história urbanística.
A ele parece possível atribuir a forma definitiva do edifício da POLITÉCNICA, por similitude de gosto com outras obras suas: "último arquitecto neo-clássico de LISBOA", como lhe chamavam.

O pórtico monumental do edifício, utilizando, sobre altas bases, ao nível do embasamento de cantaria de toda a fachada, duas colunas Jónicas recuperadas das ruínas da IGREJA DE SÃO FRANCISCO DA CIDADE" (no antigo LARGO DA BIBLIOTECA PÚBLICA), sobre elas, e as pilastras que a delimitam, pousando uma arquitrave discretamente trabalhada e, sobre um frontão as armas reais, em "bronze", enobrecem, no tímpano o todo ao alto de uma escadaria depois de encurtada, por necessidades do trânsito.
São elementos de estilo que, tal como o movimento dos corpos da fachada, levemente salientes sobre a cornija contínua, os das extremidades, de três janelas, e os ricos portões laterais, dourados, à francesa (alargados depois do incêndio de 1978) definem bem a personalidade do arquitecto final da vasta obra, monumento principal da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", e emblema da cidade.
Nesta ESCOLA se formaram e leccionaram muitos nomes conhecidos, mais pela sua carreira política do que pela sua actividade cientifica, na segunda metade do século XIX.
Com o advento da REPÚBLICA esta instituição é substituída pela FACULDADE DE CIÊNCIAS, quando na reconstituição da UNIVERSIDADE DE LISBOA ( 1911 ).
Imóvel que é testemunho da obra de "PÉZERAT" (embora o projecto esteja infelizmente perdido), hoje a "ESCOLA POLITÉCNICA" recém-classificada como -  PATRIMÓNIO DE INTERESSE PÚBLICO - alberga os "MUSEUS DE HISTÓRIA NATURAL, DE CIÊNCIA E MINERALÓGICO E GEOLÓGICO", perpetuando a tradição cultural e pedagógica no local.
Sofreu um violento incêndio na noite de 18 de Março de 1978, que destruiu parte da ala Sul, com grandes perdas das colecções do MUSEU BOCAGE e da MINERALOGIA, embora não tivesse afectado as fachadas.
Resumindo: Foi um estabelecimento de ensino pré-universitário fundado em LISBOA em 1761, e voltado para a educação inicial dos jovens aristocratas portugueses. Foi extinto em 1837, uma vez que os seus objectivos não podiam subsistir no enquadramento criado pela implantação do regime liberal em PORTUGAL. As instalações e equipamento foram concedidos à então criada "ESCOLA POLITÉCNICA DE LISBOA", transformada, em 1911, na FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA (desde 1985 localizado na CIDADE UNIVERSITÁRIA).

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA[ VII ]-O JARDIM BOTÂNICO»

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ V ]

«A ESCOLA POLITÉCNICA ( 1 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2001)? Foto de Pedro Soares -  (A "ESCOLA POLITÉCNICA" na rua com o mesmo nome e portão de acesso ao "Jardim Botânico")  in  MONTE OLIVETE
 Rua da Escola Politécnica - (2007) - (Panorâmica da "ESCOLA POLITÉCNICA" e "JARDIM BOTÂNICO" )  in  GOOGLE EARTH
 Rua da Escola Politécnica - (finais do século XX) Foto de FOTOVOO - Panorâmica da "ESCOLA POLITÉCNICA" e o Sítio da COTOVIA, no antigo "NOVICIADO DA COMPANHIA DE JESUS" e "COLÉGIO REAL DOS NOBRES" )  in   SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (1993) - Foto de FOTOVOO - (Pórtico Monumental da "ESCOLA POLITÉCNICA". As suas obras de construção arrastaram-se até 1878, segundo planos de J. F. da SILVA e COSTA, general Engenheiro e Presidente da Junta Administrativa da Escola) in SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - ( 190_) Foto de Joshua Benoliel - (A "ESCOLA POLITÉCNICA" e entrada no lado esquerdo para o Jardim Botânico)  ( Abre em tamanho grande ) in   AML 
Rua da Escola Politécnica - (início do século XIX) Desenho de autor não identificado - ( O antigo "COLÉGIO DOS NOBRES" extinto para dar lugar à "ESCOLA POLITÉCNICA" em 1837 já no liberalismo)  in  SÉTIMA COLINA

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ V ]

«A ESCOLA POLITÉCNICA ( 1 )»

Este edifício da "ESCOLA POLITÉCNICA" tal como se encontra, que deu nome à RUA, é de meados de oitocentos.
Os terrenos terão pertencido a "FERNÃO TELES DE MENESES", ex- governador da ÍNDIA e governador do ALGARVE, e de sua mulher, D. MARIA DE NORONHA que fizeram doação em 1597 aos Padres da COMPANHIA DE JESUS, da sua QUINTA DO MONTE OLIVETE do sítio da COTOVIA, para a nova casa do "NOVICIADO DA COMPANHIA DE JESUS".
Foi lançada a primeira pedra para a construção do edifício do "NOVICIADO", em 26 de Abril de 1603. A casa estava construída em 1616 com o risco de "BALTAZAR ÁLVARES", embora só fosse ocupada pelos noviços, no ano de 1619.
Relativamente pequena esta "CASA DO NOVICIADO", embora possuísse uma cerca bastante grande que se estendia ao RATO e ainda para o SALITRE.
No ano de 1759 a "COMPANHIA DE JESUS" foi extinta e expulsa do REINO, deixando o "NOVICIADO DA COTOVIA", vindo a instalar-se nestas casas o "REAL COLÉGIO DOS NOBRES", fundado por carta régia, em 7 de Março de 1761.  Inaugurado em 19 de Março de 1766 pelo REI D. JOSÉ, família real e CARDEAL SALDANHA.
A criação deste COLÉGIO é um monumento importante na evolução do ensino em PORTUGAL, fruto do Iluminismo setecentista, apoiado pela política do despotismo esclarecido do MARQUÊS DE POMBAL.
Entretanto, porém, o edifício, que tinha sido bastante afectado pelo Terramoto de 1755, é reparado poucos anos depois, tendo como arquitecto CARLOS MARDEL. A fachada ficou, então, composta pela Igreja, ao centro, dois corpos com as entradas alpendradas, ambos ladeados por outros dois, mais altos "fazendo torre", e rematados, todos, por um telhado tipo mansarda, de risco MARDELIANO.
O casarão que hoje se vê, com espaços desocupados por via de novas instalações da FACULDADE DA CIDADE UNIVERSITÁRIA, (mas abrigando, já em 1990 um intermitente teatro e salas de exposição), tem vista possível em salas de circunstância, decoradas ao gosto ecléctico dos anos 70-80 do século passado, com a nobreza inerente à função cívica do  novo edifício. As técnicas da arquitectura do ferro intervieram nele, com novas possibilidades de suporte de largas coberturas, e circulação de varandins, mas a massa da cantaria guarda uma feição antiga, algo conventual que lhe fora própria aos ensinos sucessivos, religiosos o primeiro, de abertura laica o segundo, no projecto de POMBAL, militar o que se lhe seguiu, à maneira francesa; assim contornando em 1837 ( e até 1859) a oposição do monopólio docente de COIMBRA à criação, em LISBOA, de um INSTITUTO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS, na sequência de reformas liberais em 1835.

O edifício que se alinha na RUA que tomou o seu nome em 1859 tem um passado variadamente polémico que corresponde, ponto a ponto, à evolução da mentalidade nacional no domínio da educação, com a intervenção definitiva de HERCULANO, num "parecer" célebre, em 1840. Ele que foi ao ponto de defender, em 43, na ilustre "REVISTA UNIVERSAL LISBONENSE", que a verba recolhida para o Monumento de D. PEDRO IV fosse (mais bem) empregada na construção da ESCOLA, e de uma BIBLIOTECA PÚBLICA.
As sucessivas arquitecturas (ou os sucessivos arquitectos) do edifício simbolizam as passagens agenciadas. A construção actual tem discutível autoria, nela tendo intervindo o presidente da JUNTA ADMINISTRATIVA DA ESCOLA à altura do incêndio em 1843, o General Engenheiro SILVA COSTA e, professor de desenho da Escola, o espanhol LUÍS MURIEL, já nomeado em 1840, e que tinha encargo oficial de desenhar os projectos necessários às construções.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ V ] - A ESCOLA POLITÉCNICA ( 2 )». 

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

5 DE OUTUBRO DE 1910

«VIVA A REPÚBLICA E A DEMOCRACIA!»



5 de Outubro de 1910 - Data comemorativa do 105.º aniversário  da implantação da REPÚBLICA  em  PORTUGAL. [Foto WIKIPÉDIA]

(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ V ]-A ESCOLA POLITÉCNICA ( 1 )»

sábado, 3 de outubro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ IV ]

«O PALACETE CASTILHO»
 Rua da Escola Politécnica - (2013) Foto de autor não identificado (Fachada do "PALACETE CASTILHO" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA") in  JUNTA DE FREGUESIA DE SANTO ANTÓNIO 
 Rua da Escola Politécnica - (2013) - (O "PALACETE CASTILHO" terceiro prédio na direita, na "Rua da Escola Politécnica")  in  GOOGLE EARTH 
 Rua da Escola Politécnica - ( 2001 ) Foto de Pedro Soares - ( "PALACETE CASTILHO"; existem notícias deste Palacete desde 1728, então propriedade de um tal "Pereira da Azambuja" Cavaleiro da "ORDEM DE CRISTO") in  MONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - ( 1993 ) - Foto de FOTOVOO - ("PALACETE CASTILHO" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" é considerado uma das mais antigas casas nobres na "COTOVIA") in A SÉTIMA COLINA

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ IV ]

«O PALACETE CASTILHO»

O "PALACETE CASTILHO" na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA do número 38 a 48, será provavelmente um dos mais antigos edifícios e casa-nobre da RUA, onde estiveram instalados vários nobres, instituições de Ensino e Lojas de Marca.
Esta magnifica RUA, trata-se de um antigo troço que foi a "RUA DIREITA DO PATRIARCAL" dita "QUEIMADA", ainda no Atlas de FILIPE FOLQUE de 1858, como anos antes, era chamada de "RUA NOVA ou "DIREITA DA COTOVIA" e da "FÁBRICA DAS SEDAS".
Esta antiguidade do PALACETE é manifestada num pormenor da fachada que, se olhada com atenção, a distingue das restantes suas vizinhas. É muito acentuada a separação entre as janelas, demonstrando um apego à exaltação do muro base como elemento caracterizador de uma prática arquitectónica, tão manifestamente desenvolvida pelo gosto "chão" seiscentista. Gosto que se prolongou por vezes bem dentro do século XVIII, sobretudo acarinhado pelas camadas médias da fidalguia, quer urbana quer de província. 

Do possível construtor, não existe nenhum documento, embora o primeiro nome que chegou como morador nesta casa, viveu nesse tempo e integrava-se nesse característico grupo social intermédio. Chamou-se ele "JOÃO PEREIRA DA COSTA AZAMBUJA", Cavaleiro da ORDEM DE CRISTO, e é citado como aqui residente em 1728.
Em 1738, habitava-a, por aluguer, a família do CAPITÃO-MOR (de onde, não consta) "JOSÉ ANTÓNIO DE CASTILHO, cujos filhos esposaram uma menina LOUSÃ e um irmão dela, vizinhos como sabemos. Daí que os CONDES DA LOUSÃ acabarem por lá se instalar ou viver, e viessem a herdar a propriedade, em 1870, o VISCONDE DE ARNEIRO, titular desse ano, advogado, deputado, e apreciado compositor musical.

Actualmente, a fachada compõe-se de quatro pisos. O último, uma espécie de mansarda elevada, meio-escondido pela balaustrada, é recente o acrescento talvez de 1980.
Quanto aos restantes, os dois primeiros, rés-do-chão e andar nobre de sacadas, são os primitivos. O acrescento de um piso de janelas de peito, espécie de mezzanino, deverá ser mais tardio, possivelmente simultâneo do ressalto de duas pilastras em reboco, à altura da fachada, que suportam um frontão triangular, também ele em reboco e que traz um interessante ao neo-clássico, enganador quanto à sua datação imediata.
Estas alterações deverão ter sido iniciativa da família "CASTILHO", que aqui morou até meados do século XIX. Ocupou a casa desde 1753, aqui residindo sem interrupção vários membros da família e outros colaterais, como os irmãos do CONDE DA LOUSA, um deles casado com a dona da casa. Aqui morou, assim, D. LOURENÇO DE LENCANTRE, mais tarde BISPO DE ELVAS e personagem da sátira "Hissope", de CRUZ E SILVA.
Os próprios CONDES DA LOUSÃ também aqui viveram já no século XIX, como herdeiros de sua tia, pois os CASTILHOS tinham adquirido em 1810 a propriedade da casa, até então alugada. Aliás, a presença desta família foi mantida no local. pelo baptismo da rua fronteira que, por muito tempo, se chamou "RUA NOVA DO CASTILHO, hoje RUA DE SÃO MARÇAL. É a permanente ligação a esta família que nos leva assim identificar este edifício.

Posteriormente a casa teve muitos outros inquilinos, sendo mais tarde dividida em apartamentos autónomos, tornando-se um vulgar prédio de habitação. Só recentemente, com a instalação da "UNIVERSIDADE INTERNACIONAL", a velha Mansão da COTOVIA, voltou a encontrar a unidade com que a construíram e acrescentaram os seus diversos proprietários. 
Este PALACETE nos anos 40 do século passado era a "SECRETARIA GERAL DA UNIVERSIDADE DE LISBOA". Em 1999 foi adaptada luxuosamente a lojas de objectos de decoração de marca internacional "EMPÓRIO ARMANI", e em outros espécies de enobrecimento comercial da artéria.  No número 42 desta RUA, vamos encontrar o "ENTRE TANTO", é um "indoor market" que ocupa uma parte do PALACETE CASTILHO. A apresentação é um labirinto de descobertas; começamos a subir uma escada muito estreita e de repente damos de "caras" com uma loja de livros, ou um salão de beleza.
Seguindo o "caminho" do "PALÁCIO RIBEIRO DA CUNHA" actual "EMBAIXADA", outros edifícios desta rua também receberam esse "banho" de lojas, capitaneado por um BANCO DE INVESTIMENTOS, alguns com a mesma proposta de uso, outros para virarem moradias de luxo.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ V ] -A  ESCOLA POLITÉCNICA (1)»