Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de Henrique Ruas - (O PALÁCIO PALMELA já no século XX, em 1902 teve lugar uma intervenção e dela resultou o aspecto actual do edifício. Foi refeita a porta principal, que está ladeada por uma cariátide representando a "FORÇA MORAL" e um ATLANTE simbolizando " O TRABALHO", obra da autoria de "CALMELS") in SÉTIMA COLINA
Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de FOTOVOO - ("CHAFARIZ DO RATO" ligado ao PALÁCIO PALMELA, ficando no "LARGO DO RATO" esquina com a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA". Fazendo parte da rede de fontanários do século XVIII, inaugurado em 1744) in SÉTIMA COLINA
Rua da Escola Politécnica - ( 2007 ) - (Panorâmica da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" o "PALÁCIO PALMELA" e o "CHAFARIZ DO RATO") in GOOGLE EARTH
(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XII ]
«O PALÁCIO PALMELA ( 3 )»
O papel determinante do CONDE já MARQUES DE PALMELA na guerra que opôs D. PEDRO IV a D. MIGUEL, trouxe-lhe largas recompensas em terras, da casa do INFANTADO e em importantes indemnizações de dinheiro, a que se juntou, então, a fabulosa herança PÓVOA.
Falando ainda de "D. MARIA LUÍSA DE SOUSA HOLSTEIN" que foi uma escultora de merecimento, discípula de "CÉLESTIN ANATOLE CALMELS" (1822-1906), artista francês que se instalara em LISBOA, a DUQUESA foi figura de grande destaque na vida cultural e social de LISBOA do seu tempo, pelo relevo da sua fortuna, considerada a maior de então, a que juntava os seus próprios dotes de mulher inteligente e sensível às artes. A sua casa tornou-se, pois, um fulcro de intensa vida social, sucedendo-se as festas de grande repercussão com convivas de lustro internacional.
A DUQUESA fez construir nos jardins um atelier de escultura, de onde saíram muitas peças de qualidade, da sua autoria. Junto dele, ergueu um forno de cerâmica, onde iniciou a fabricação de louça artística, marcado com um pequeno "RATO", certamente em lembrança da proximidade do LARGO com este nome. Esta produção muito restrita ficou conhecida por louça do «RATINHO».
Acompanhando este movimento sempre intenso de gente e de modas, a DUQUESA não se poupou a esforços para tornar mais digna de uma casa DUCAL a residência que "MANUEL CAETANO DE SOUSA" tinha construído com propósito mais prosaico. Por um lado, encheu-a com a espectacular colecção de objectos de arte reunida por seu avô, o 1.º DUQUE DE PALMELA, com forte incidência de pintura, onde se distinguiam, entre muito boas obras estrangeiras, algumas telas de SEQUEIRA. Por outro lado, em sucessivas campanhas, fez e refez decorações, alargou salas, como a grande casa de jantar, tomada então apropriada para banquetes.
São resultado dessas variadas intervenções alguns tectos de estuque trabalhado, os arranjos na escadaria, que incluíram os estuques de tecto e paredes, bem como o magnifico gradeamento, obra encomendada directamente de PARIS, que enriqueceu esse espaço que é sem dúvida, o melhor apontamento arquitectónico deste conjunto algo irregular.
No exterior do PALÁCIO foram mais intensos os esforços desenvolvidos para enobrecer o edifício. Em obras quase ininterruptas, foram sendo introduzidas modificações que alteraram o projecto da construção. Fecharam-se os portões laterais do piso inferior e revestiu-se a pedra rosada todo o antigo reboco das quatro fachadas do PALÁCIO, bem como os muros de suporte do jardim que deitam sobre a RUA, agora alinhada com balaustradas e vasos de pedra.
A intervenção mais significativa teve lugar já em 1902, e dela resultou o aspecto mais actual do edifício. Com os seus nove vãos de fachada de três andares é uma grande unidade nesta parte da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA".
Foi refeita a porta principal, duas esculturas ladeiam a porta principal, da autoria de "CALMELS", observa-se à esquerda, uma CARIÁTIDE representando a "FORÇA MORAL" e, à direita um "ATLANTE" simbolizando o "TRABALHO" e encimado pelo brasão dos "SOUSA-ARRONCHES" da família DUCAL, com coroa do titulo e manto de arminho do seu "pariato" ( 1 ). Todas as campanhas de obras foram orientadas pelo arquitecto JOSÉ ANTÓNIO GASPAR, embora algo contestado por diversos críticos, dada a discrepância entre a opulência da estatuária e a vulgaridade da arquitectura que não as podia integrar adequadamente, estas obras obedeceram ao simples propósito de exteriores a qualidade dos moradores, figuras cimeiras, pelo título e o dinheiro, da sociedade lisboeta.
Situada a casa entre dois muros do jardim suspenso, com acesso por rampa o da direita, indo de um portão armorejado, um largo muro leva a propriedade até ao RATO, nele rematando com um Chafariz do sistema ÁGUAS LIVRES, e sua arca de água junta; sobre ele se ergue um pequeno pavilhão elegante "CASA DE FRESCO", à moda ainda romântica. Corre esse muro de cantaria, encimado por balaustrada, paralela à última grande construção da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", torneando para o RATO.
É precisamente pelo facto do desajustamento entre os propósitos e o resultado final, que torna a imagem de marca desta fachada, que não consegue disfarçar inteiramente a modéstia do seu núcleo inicial, por baixo de tanta pedra e de tanto decorativismo enobrecedor.
O 5.º DUQUE DE PALMELA, DOM DOMINGOS DE SOUSA HOLSTEIN, embaixador de PORTUGAL em LONDRES, tendo falecido em 1968, sendo o edifício vendido ao ESTADO pelos herdeiros, para partilha em 1977, já na 2.ª República, pela quantia certamente merecida de Oitenta e Dois Mil Contos.
Nela se instalou com o devido decoro, a PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA, com obras de adaptação que provocaram um incêndio na antiga CAPELA, em Abril de 1981, prontamente reparado sob a orientação do ARQUITECTO FREDERICO GEORGE (1915-1994).
( 1 ) - PARIATO - Título de par do reino.
(CONTINUA)-(PRÓXIMA)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XII ]-O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 1 )»
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