sábado, 26 de fevereiro de 2011

RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ I ]

Rua dos Duques de Bragança - (2010) (A Rua dos Duques de Bragança, ao fundo depois de passar a "RUA VÍTOR CORDON" mais um pedaço desta RUA, a seguir surge-nos o escarpado) in GOOGLE EARTH
Rua dos Duques de Bragança - (2010) - (A Rua dos Duques de Bragança na parte Norte da Rua, junto ao "LARGO DO PICADEIRO") in GOOGLE EARTH

Rua dos Duques de Bragança - (2010) - (Vista de satélite a "RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA", podemos observar o antigo "PAÇO DOS BRAGANÇAS" hoje totalmente restaurado) in GOOGLE EARTH

Rua dos Duques de Bragança - (1937) Desenho do Engº A. Vieira da Silva (Área onde estava instalado o Palácio dos Duques de Bragança - RUA DA LUTA - actual RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA e seu envolvente) (Planta de sobreposição) in PEREGRINAÇÃO EM LISBOA
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RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ I ]
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«A RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA ( 1 )»
A«RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA» pertence a duas freguesias. «ENCARNAÇÃO» e «MÁRTIRES».
À freguesia da «ENCARNAÇÃO» são atribuídos os números 1 e 3 na parte ímpar, e os números 2 e 2-A na parte par. Na freguesia dos «MÁRTIRES» do número cinco e seguintes e número quatro e seguintes. Começa na «RUA VÍTOR CORDON» (antiga RUA DO FERRAGIAL DE CIMA) no número 36 e finda no «LARGO DO PICADEIRO» no número 7.
Esta artéria cujo topónimo primitivo foi «RUA DO DUQUE DE BRAGANÇA» (por se situar em terrenos da casa de Bragança). Com a implantação da REPÚBLICA passou a designar-se «RUA DA LUTA», proveniente de uma deliberação camarária de 27 de Outubro de 1910 e um Edital de 18 de Novembro de 1910, para homenagear o Jornal Republicano com o mesmo nome, fundado pelo «DR. BRITO CAMACHO» a 1 de Maio de 1900.
Na década de cinquenta do século XX retomou o nome inicial, embora no plural «RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA».
Esta última atribuição toponímica que se mantém nos nossos dias, resultou da aprovação da «COMISSÃO CONSULTIVA MUNICIPAL DE TOPONÍMIA» em reunião a 19 de Janeiro de 1950, acta número 25, do projecto de revisão da toponímia de LISBOA, elaborado pelo «DR. DURVAL PIRES», membro da referida Comissão, que propõe a restauração de antigos nomes de serventias públicas substituídas modernamente por outras, mas que os anos não lograram fazer esquecer. Diz ainda: "a Câmara de Lisboa, por deliberação de 27/10/1910, atribuiu à antiga "RUA DO DUQUE DE BRAGANÇA" o nome de "RUA DA LUTA", (...). Havendo o "DR. ANTÓNIO LUÍS GOMES", Presidente da Comissão administrativa da fundação da "CASA DE BRAGANÇA", sugerido em oficio à Câmara o regresso à antiga designação e sendo tal sugestão muito de atender, deve o referido arruamento voltar ao nome adoptado pela Câmara em (1837) e confirmado por portaria de (27/11/1943), que com toda a propriedade evoca o local dos antigos «PAÇOS» dos Senhores de «VILA VIÇOSA», em cujos terrenos foi aberto naquele ano".
Conta-nos o mestre «PASTOR DE MACEDO» no seu livro «LISBOA, DE LÉS A LÉS», que em 5 de Fevereiro de 1937 tinha sido proposta para esta artéria o nome de uma outra personalidade. "A antiga "RUA DO DUQUE DE BRAGANÇA", que há alguns anos se chama "RUA DA LUTA", rememora o palácio onde se reuniram os conjurados que libertaram a Pátria da usurpação castelhana. O facto é mais que suficiente para lhe dar o nome de um dos seus mais ilustres portugueses da época - o "DR. ANTÓNIO DE SOUSA MACEDO", escritor, diplomata e político, que foi dos melhores colaboradores de "D. JOÃO IV" na obra da restauração.
Sabemos que tal não aconteceu porque alguns entendidos em questões de toponímia, acharam mais lógico, substituir o «LARGO DO POÇO NOVO» por «LARGO DR. ANTÓNIO DE SOUSA MACEDO» (ver mais aqui), visto que nesse largo se encontrava o Palácio (actualmente em transformação para um condomínio fechado), onde nasceu aquele ilustre português e viveram os seus descendentes.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ II ] - A RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA (2)»


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

RUA MARQUESA DE ALORNA [ III ]

Rua Marquesa de Alorna - (2010) (A Rua Marquesa de Alorna no Bairro de Alvalade) in GOOGLE EARTH
Rua Marquesa de Alorna - (2010) - Fotógrafo não identificado (O PALÁCIO MAYER local onde existiu a casa da MARQUESA DE ALORNA - inauguração do sistema de iluminação LED no exterior do Palácio) in A NOSSA LISBOA

Rua Marquesa de Alorna - (Placa toponímica da RUA MARQUESA DE ALORNA) in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS

Rua da Marquesa de Alorna - (195_) Foto de Artur Goulart ( A Rua Marquesa de Alorna no BAIRRO DE ALVALADE) in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
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RUA MARQUESA DE ALORNA [ III ]
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«A RUA MARQUESA DE ALORNA (3)»
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Destaque-se ainda o papel de outro lisboeta, Padre «FRANCISCO MANUEL DO NASCIMENTO», crismado pela discípula de «FILINTO ELÍSIO», que deu à jovem «LEONOR» uma invulgar formação clássica.
As cartas de «LEONOR» para seu pai, enviadas por portas e travessas para a prisão (FORTE DA JUNQUEIRA), chegaram a assustar o fidalgo, tão modernas se mostravam algumas das suas ideias.
Senhora de grande formação clássica, bom nome e alguma beleza, «LEONOR» casou em 15 de Fevereiro de 1779 com um oficial alemão, «CARLOS AUGUSTO», Conde de OYENHAUSEN GRAVENBURGO e do Sacro Romano Império, na Áustria, com quem percorreu várias cidade na EUROPA, viagens que lhe deram ensejo para novos conhecimentos e lhe incutiram mais o gosto pela poesia sentimentalista ou descritiva.
Não demorou muito o tempo áureo. Enviuvou aos 43 anos e ficou com cinco filhos e sem grandes recursos.
Regressada a LISBOA, fez da casa de «SÃO DOMINGOS DE BENFICA» o seu «QUARTEL-GENERAL» e ali chamou para serões de convívio e literário alguns dos vultos da cultura do seu tempo, «HERCULANO», ainda moço, lá esteve.
Rezam as suas biografias, porém, que a académica «ALCIPE» não se limitavam ao velho palácio. Assim, o mestre olisipógrafo «NORBERTO DE ARAÚJO», escreveu que no sítio onde hoje funciona o consulado de ESPANHA (PALÁCIO MAYER) ( 1 ), no início da «RUA DO SALITRE», existiu uma casa que foi pertença da «MARQUESA DE ALORNA», que ali terá vivido os seus últimos dias, tendo falecido a 11 de Outubro de 1839, prestes a completar os 89 anos.
Por seu lado «ROCHA MARTINS», no «ARQUIVO NACIONAL», fala de uma outra casa que a Marquesa terá eventualmente mantido no sítio da «BOA MORTE», designação que era dada a uma Igreja e ao local onde hoje se cruzam as ruas de; «RUA DE SANTO ANTÓNIO DA ESTRELA», «RUA POSSIDÓNIO DA SILVA», «RUA DO POSSOLO» e «RUA DO PATROCÍNIO». [ FINAL ]
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- ( 1 ) - O Palacete que hoje se vê neste local, foi mandado edificar em 1900 por «ADOLFO LIMA MAYER», que adquiriu o terreno e casa, aos descendentes da família da «MARQUESA DE ALORNA».
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BIBLIOGRAFIA
(Obras consultadas).
- ACTAS - 1943-1974 da COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA DE LISBOA - 2000- Edição da CML, Coordenação e Concepção da Edição de: AGOSTINHO GOMES; PAULA MACHADO; RUI MACHADO e TERESA SANCHA PEREIRA.
- ARAÚJO, Norberto de - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA - Livro XIV - VEGA _ LISBOA - Patrocínio da Fundação da Cidade de LISBOA.
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INTERNET
- SKYSCRAPERCITY (Alvalade e Roma)
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(PRÓXIMA) - «RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ I ] - A RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA ( 1 )».




sábado, 19 de fevereiro de 2011

RUA MARQUESA DE ALORNA [ II ]

Rua Marquesa de Alorna - (200_) - Fotógrafo não identificado (Um troço da Rua Marquesa de Alorna no BAIRRO DE ALVALADE) in SKYSCRAPERCITY
Rua Marquesa de Alorna, 2 a 18 - (1968) - Foto de H. João Goulart (Um troço da Rua Marquesa de Alorna nos anos 60) in AFML

Rua Marquesa de Alorna - (Leonor de Almeida Portugal - Marquesa de ALORNA -1750-1839) (Segundo um quadro existente no PALÁCIO FRONTEIRA) in WIKIPÉDIA


Rua Marquesa de Alorna - (Quadro a óleo depois de 1758, existente no PALÁCIO FRONTEIRA em BENFICA) (D.JOÃO DE ALMEIDA PORTUGAL -1726-1802- 2º Marquês de ALORNA, pai da Marquesa de ALORNA) in DICIONÁRIO HISTÓRICO
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(CONTINUAÇÃO)
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RUA MARQUESA DE ALORNA [ II ]
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«A RUA MARQUESA DE ALORNA (2)»
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Quem analise a vida da «MARQUESA DE ALORNA», será tentado a pensar que estaria ela mais fadada para ser recordada pela posteridade como "desgraçadinha incurável" do que por outras razões.
Na verdade, «D. LEONOR» pertencia, por parte materna. à família dos «MARQUESES DE TÁVORA», acusados pela polícia do «MARQUÊS DE POMBAL» de serem os autores morais ( e até materiais) do atentado contra El-Rei «D. JOSÉ I».
O rancor de «POMBAL» era tanto que todos os membros da família penaram, independentemente da geração a que pertencessem.
Assim, «D. JOÃO DE ALMEIDA PORTUGAL», segundo «MARQUÊS DE ALORNA» e pai da então pequena «LEONOR», foi encarcerado primeiro na «TORRE DE BELÉM», depois no forte da JUNQUEIRA, suspeito de ter tido conhecimento do célebre crime dos «TÁVORAS».
Sua mulher e as duas filhas (uma das quais a futura poetisa) seguiram para o «CONVENTO DE SÃO FÉLIX» em CHELAS de 1758 a 1777, onde viveram em reclusão durante 18 anos.
A ascendência daquela que viria a ser a académica «ALCIPE» repartia-se por várias figuras conhecidas da "HISTÓRIA PORTUGUESA": o apelido de «ALMEIDA» outro não era senão o dos «ALMEIDAS» de que «CAMÕES» falou nos «LUSÍADAS» e cuja acção ficou documentada na ÍNDIA; por lado, «PORTUGAL» provinha daquele «D. JOÃO DE PORTUGAL» que terá ficado em «ALCÁCER QUIBIR», ao acompanhar «D. SEBASTIÃO» e de quem «ALMEIDA GARRETT» se serviu para o drama «FREI LUÍS DE SOUSA», fazendo-o regressar... para encontrar a mulher casada com outro.
«D.LEONOR DE ALMEIDA DE PORTUGAL LORENA E LENCASTRE» era condessa de «OYENHAUSEN», 7ª Condessa de «ASSUMAR» e 4ª Marquesa de «ALORNA». Nasceu em LISBOA no dia 31 de Outubro de 1750 e faleceu no dia 11 de Outubro de 1839 perto de completar noventa anos.
«D. LEONOR» era lisboeta, tudo levando a crer que tenha nascido no belo Palácio que é pertença dos «MARQUESES DA FRONTEIRA» e se situa em «S. DOMINGOS DE BENFICA».
Aos oito anos, foi para «CHELAS», onde permaneceu retida até quase aos 27. Esse período poderia, pois, ter servido para um daqueles martírios que depois «CAMILO» ou outro romancista, transformaria numa história pungente de crianças condenadas, órfãs de pais vivos.
Tal não aconteceu! As letras pátrias perderam talvez um choradinho, mas ganharam uma mulher de fibra, que aproveitou os seus longos dias de cativeiro para ler tudo o que lhe aparecia à mão, escrever e conviver com toda a gente culta que frequentava o Convento de CHELAS.
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(CONTINUA)-(PRÓXIMO) - «RUA MARQUESA DE ALORNA [ III ]A RUA MARQUESA DE ALORNA ( 3 )».



quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

RUA MARQUESA DE ALORNA [ I ]

Rua Marquesa de Alorna - (2010) (A RUA MARQUESA DE ALORNA na actualidade) in GOOGLE EARTH
Rua Marquesa de Alorna - (2008) (Captação de Satélite do BAIRRO DE ALVALADE, e RUA MARQUESA DE ALORNA sublinhada a verde) in GOOGLE EARTH

Rua Marquesa de Alorna - (1968) - Foto de H. João Goulart (A Rua Marquesa de Alorna nos anos 60 do século XX) in AFML

Rua Marquesa de Alorna - (Autor Cabral Antunes) (Medalha Comemorativa a D. Leonor de Almeida Lorena e Lencastre - quarta Marquesa de Alorna 1750-1839) in FEIRA DE ANTIGUIDADES


RUA MARQUESA DE ALORNA [ I ]
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«A RUA MARQUESA DE ALORNA ( 1 )»
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A «RUA MARQUESA DE ALORNA» pertence à freguesia de «SÃO JOÃO DE BRITO».
Esta artéria começa na «RUA MARIA AMÁLIA VAZ DE CARVALHO» no número 30, cruza a «AVENIDA DE IGREJA» e a «RUA LUÍS AUGUSTO PALMEIRIM», finalizando sem saída, nas traseiras da «ESCOLA EUGÉNIO DOS SANTOS».
O topónimo para esta rua, foi aprovado na Acta número 25 de 19 de Janeiro de 1950, (Edital de 25 de Janeiro de 1950) por sugestão do Vice-Presidente da Câmara, na qual a «COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA» deu parecer favorável, com referência à denominação a dar ao segundo grupo de arruamentos do «BAIRRO DA ALVALADE», a designada por «RUA-20», passou a chamar-se «RUA MARQUESA DE ALORNA».
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Esta rua com sensivelmente 60 anos de existência, sem muita história local relevante, a não ser que se encontra na sua parte Norte, as traseiras da «ESCOLA BÁSICA DOS 2º E 3º CICLOS EUGÉNIO DOS SANTOS», e na parte Sul a «ESCOLA SECUNDÁRIA RAINHA D.LEONOR».
A artéria está bem enquadrada no «BAIRRO DE ALVALADE», todo o bairro é resultado de um expansionismo lisboeta, durante as décadas de 40 e 50 do século XX.
Este blogue vai tentar mostrar, uma ilustre alfacinha e, sucintamente, as suas andanças pela cidade de LISBOA.
No passado dia 31 de Outubro de 2010, completaram-se 260 anos sobre o nascimento de «LEONOR DE ALMEIDA PORTUGAL LORENA E LENCASTRE», senhora que ninguém conhece por este nome, mas que já dirá alguma coisa a muitos quando for chamada pelo título que herdou de seu irmão «PEDRO», quando já tinha 63 anos, e que foi de «MARQUESA DE ALORNA».
Chama-se nomeadamente, a atenção para o facto de uma mulher, em pleno século XVIII, quando era suposto que a parte feminina do género humano, sobretudo a aristocrata, pouco mais servia do que para a procriação e ornamento dos lares, tivesse rompido com tradições, enfrentando algumas más vontades, sobretudo familiares, impondo-se à intelectualidade do País e até da Europa. E tudo isto sem nunca esboçar um grito de revolta declarada, sem deixar de ser mãe de cinco filhos, limitando-se a mostrar nos seus convívios a sua viva inteligência e a sua cultura invulgar.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA MARQUESA DE ALORNA [ II ]-A RUA MARQUESA DE ALORNA (2)»

sábado, 12 de fevereiro de 2011

CAMPO DE SANTA CLARA [ XII ]

Campo de Santa Clara - (2009) - Foto de APS (Panteão Nacional visto da Avenida Infante D. Henrique) in ARQUIVO/APS
Campo de Santa Clara - (2009) Foto de António Negalha (Templo a Santa Engrácia-Panteão Nacional, no Campo de Santa Clara) in OLHARES

Campo de Santa Clara - (200_) Fotógrafo não identificado (Vista aérea do Campo de Santa Clara destacando-se o Templo a Santa Engrácia-Panteão Nacional) in WIKIPÉDIA

Campo de Santa Clara - (2008) - (Interior do Templo a Santa Engrácia Panteão Nacional - o órgão pertenceu à Sé de Lisboa datado do século XVII) Foto gentilmente cedida por RICARDO MOREIRA do Blogue «AS MINHAS COISAS».

Campo de Santa Clara - (196_) Foto de autor não identificado (Vista aérea do Panteão Nacional no último período de obras nos anos 60 do século XX) in PLANO COMEMORATIVO -1966-M.O.P.
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(CONTINUAÇÃO)
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CAMPO DE SANTA CLARA [ XII ]
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«TEMPLO A SANTA ENGRÁCIA - PANTEÃO NACIONAL ( 3 )»
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MONUMENTO
Todo o edifício é rematado por uma cimalha onde assenta a balaustrada que circunscreve o Monumento.
A cúpula construída em 1966, é formada por um tambor onde se abrem oito vãos e respectivas janelas, coroado pelo lanternim. A entrada da Igreja faz-se pelo nartex onde se abre um portal principal, e dois laterais. O portal principal apresenta-se enquadrado por colunas salomónicas de capiteis compósitos encimados por volutas que ladeiam o grupo escultórico central constituído pelas armas reais, sustentadas, ao gosto barroco, por dois anjos. Esta composição está atribuída ao escultor francês «CLAUDE LAPRADE», que ao tempo estava activo em Portugal.
Os portais laterais são sobrepujados por baixos-relevos com o busto de «SANTA ENGRÁCIA» enquadrado por motivos vegetalistas. Interiormente, corresponde à monumentalidade da construção, abre-se um amplo espaço limitado pelo jogo de curvas/contracurvas, oferecido pelas paredes revestidas de mármore, onde sobressai o branco e o rosa, animado pela policromia dos embrechados e por pilastras de capiteis compósitos.
Em frente, à entrada, na que seria a capela-mor, abre-se um grande nicho de arco perfeito ladeado por pilastras, onde o elemento decorativo é um órgão do século XVII( 1 ).
Lateralmente, rasgam-se dois arcos-capela mais pequenos e vazios. No corpo lateral, e simetricamente, abrem-se da mesma forma três arcos-capela aqui ocupados com centáfios de figuras relevantes da história portuguesa.
Em cada um dos quatro ângulos de interligação dos corpos da Igreja, existem púlpitos sobre os quais se abrem nichos onde se encontram imagens contemporâneas de «S. JOÃO DE BRITO», «SANTO ANTÓNIO», «S. TEOTÓNIO» e «S. JOÃO DE DEUS». Todo o conjunto é fechado por abóbadas de quarto de círculo assentes em poderosa cimalha.
Nas obras dos anos 60 do século passado, além da execução da cúpula, foi também feito o revestimento do chão, assim como diversas partes do edifício muito danificado por cerca de dois séculos de abandono e maus tratos. Em cada uma das salas térreas dos torreões, foi colocados quatro túmulos.
O monumento foi dotado de instalação eléctrica e sonora para permitir o funcionamento nos diversos actos e cerimónias. Nas salas ficaram depositados os Presidentes: «TEÓFILO BRAGA», «SIDÓNIO PAIS», «MANUEL DE ARRIAGA» e «ÓSCAR CARMONA», os escritores «ALMEIDA GARRETT», «JOÃO DE DEUS», «GUERRA JUNQUEIRO» e «AQUILINO RIBEIRO». No ano de 1990, foi aberta mais uma sala para onde foi transladado o corpo do «MARECHAL HUMBERTO DELGADO». Em 2001 após alteração de legislação foi colocado no «PANTEÃO» o corpo de «AMÁLIA RODRIGUES».
Sabe-se que a proposta para esta alteração ao Monumento, foi ganha pelo arquitecto «LUÍS AMOROSO LOPES», que no ano de 1958 era convidado a melhorar o projecto. Em 1959 o Engenheiro «EDGAR CARDOSO» foi também solicitado para elaborar os cálculos para a construção do "ZIMBÓRIO" e fazer o acompanhamento técnico da obra.
Finalmente tinha acabado o dito «OBRAS DE SANTA ENGRÁCIA» no dia 7 de Dezembro de 1966, com a inauguração do «PANTEÃO NACIONAL», por ocasião das comemorações do quadragésimo aniversário da revolução nacional.
O «PANTEÃO NACIONAL» que abrange uma área aproximada de 1000 metros quadrados, com uma altura de cerca de 70 metros, (dado a elevação do sítio) fica sendo dos monumentos mais visíveis na área de LISBOA. Os espaços urbanísticos da zona envolvente do Templo, foi incumbência da CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA. [ FINAL ]
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-( 1 ) - O órgão foi retirado da Sé de Lisboa, depois de completamente restaurado.
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BIBLIOGRAFIA
(Obras consultadas)
- ARAÚJO, Norberto de - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA - 1993 - Volume VIII e XV - Vega - Lisboa.
- CAEIRO, Baltazar Matos - OS CONVENTOS DE LISBOA - 1989 - Distri Editora - Sacavém.
- CAMINHOS DO PATRIMÓNIO - DIRECÇÃO-GERAL DOS EDIFÍCIOS E MONUMENTOS NACIONAIS- DGEMN - 1929-1999-LISBOA.
- DIAS, Marina Tavares - LISBOA DESAPARECIDA - 1990 - Volume 2 - Quimera - Lisboa.
- HISTÓRIA DOS MOSTEIROS CONVENTOS E CASAS RELIGIOSAS DE LISBOA - 1992 - Tomo II - Imprensa Municipal de Lisboa- LISBOA.
- MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS - Plano comemorativo-1966 Volume I- E.N.P. - LISBOA.
- NOBREZA DE PORTUGAL E DO BRASIL - (Cood.) Dr. Afonso Eduardo Martins Zuquete - Volume II - 1984 - Editora Enciclopédia,Lda.
- PORTUGAL, Fernando e MATOS, Alfredo de - LISBOA em 1758 - Memórias Paroquiais de Lisboa - 1974 - Publicações Culturais da C.M.L..
- SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (Coord)-DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - 1994 - LISBOA.
- SILVA, A. Vieira da - «A CERCA FERNANDINA DE LISBOA» - Volume II-2º Ed.-1987-Lisboa.
- VIDAL, Angelina - LISBOA ANTIGA E LISBOA MODERNA - 1994 -Vega - Lisboa.
INTERNET
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(PRÓXIMO) - «RUA MARQUESA DE ALORNA [ I ] - A RUA MARQUESA DE ALORNA (1)»




quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

CAMPO DE SANTA CLARA [ XI ]

Campo de Santa Clara - (2009) Foto de APS (PANTEÃO NACIONAL visto da Avenida Infante D. Henrique in ARQUIVO/APS
Campo de Santa Clara - (2008) - (Vista do PANTEÃO NACIONAL para a Avenida Infante Dom Henrique, vendo-se ao fundo a serra da Arrábida) Foto gentilmente cedida por RICARDO MOREIRA do Blogue «AS MINHAS COISAS».

Campo de Santa Clara - (2007) Foto de Baía Vieira (Templo a SANTA ENGRÁCIA-PANTEÃO NACIONAL) in GEOCACHING

Campo de Santa Clara - (1966) Fotógrafo não identificado (Obras no interior do PANTEÃO NACIONAL no Campo de Santa Clara nos anos 60 do século XX) in PLANO COMEMORATIVO-1966 - M.O.P.

Campo de Santa Clara - (1966) Foto de Garcia Nunes (Inauguração do PANTEÃO NACIONAL) in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
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CAMPO DE SANTA CLARA [ XI ]
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«TEMPLO A SANTA ENGRÁCIA - PANTEÃO NACIONAL ( 2 )»
A primeira pedra da obra da nova Igreja foi lançada pelo príncipe regente , «D. PEDRO», em 31 de Agosto de 1682, e as despesas com a sua execução ficaram a cargo da «IRMANDADE» e de eventuais esmolas régias.
Este facto levou, desde o inicio, a umas descontinuidade n o ritmo das obras e, logo em 1685, a «IRMANDADE» recorreu ao Rei para conseguir verbas para o seu prosseguimento. E será nesse andamento decorrente da necessidade de angariação de fundos que a edificação irá continuando até 1712, ano em que morre o arquitecto «JOÃO ANTUNES», que não só foi o autor do projecto da Igreja como também o seu construtor durante trinta anos.
O terramoto de 1755 não causou quaisquer danos na inacabada edificação e «D. JOSÉ», pouco tempo depois, indaga as causas do atraso da obra. Mas não se dá qualquer alteração e o edifício
e o edifício fica por concluir ainda durante mais anos.
No início do século XIX, talvez recorrendo à antiga proposta do fechamento em madeira, ter-se-á pensado seriamente no acabamento da Igreja, pois em 1816 foram encomendados ao arquitecto «HONORATO JOSÉ CORREIA» os traçados dos retábulos das capelas. Mas não passou de intenção, já que nada de concreto foi realizado.
Com a extinção das «ORDENS RELIGIOSAS» em 1834, desapareceu a «IRMANDADE DOS CEM ESCRAVOS», instituída duzentos anos antes e no ano seguinte o culto da paróquia de «SANTA ENGRÁCIA», que se mantinha na velha «IGREJA DO PARAÍSO», foi transferida para a Igreja de «Nª. Sª. DA CONCEIÇÃO DOS BARBADINHOS ITALIANOS».
Em 1835, o inacabado templo foi entregue à instituição militar, tendo servido como depósito de material de guerra e fábrica de calçado para o exército.
Na vigência da PRIMEIRA REPÚBLICA, mais uma vez se pensou no acabamento do «TEMPLO A SANTA ENGRÁCIA», mas em 29 de Abril de 1916 o governo da República publicou uma lei que destinava a «PANTEÃO NACIONAL» "o antigo e incompleto templo de Santa Engrácia", mas só em 1934 se anunciava uma Comissão, constituída pelo escultor «FRANCISCO FRANCO», pelo Arquitecto «CRISTIANO DA SILVA» e pelo olissipógrafo «GUSTAVO DE MATOS SEQUEIRA», para elaborar um parecer sobre a forma de concluir as obras.
No início dos anos cinquenta do século passado tomaram-se finalmente medidas para a recuperação do edifício existente e construção da cúpula, de que os estudos de «LUÍS BENAVENTE» nos dão conta.
Só no ano de 1956 o Governo de então encarou, de facto, a efectivação deste propósito.
Efectuados os respectivos estudos e escolhido o projecto que melhor se poderia adaptar ao fim desejado, foi dado início às obras que condicionadas, caminhavam em princípio com bastante lentidão. Em meados de 1963 foi tomada a decisão que devia ser concluída no ano de 1966, com vista a ser integrada nas comemorações do «40º ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO NACIONAL».
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O MONUMENTO
De aspecto solido, mas ao mesmo tempo sóbrio e harmonioso, a monumentalidade do «TEMPLO A SANTA ENGRÁCIA - PANTEÃO NACIONAL» desenvolve-se a partir de planta centrada em cruz grega, de braços arredondados, delimitada nos vértices do quadrado em que está inscrita, por torreões amuralhados.
Ao equilíbrio deste traçado correspondem exteriormente fachadas ondulantes, nas quais a plasticidade dos volumes distribuídos por saliências e reentrâncias é contida pela rigidez dos torreões.
Desenvolvendo-se os alçados em dois andares divididos pela cimalha bem saliente que percorre todo o corpo do edifício. Na fachada principal, de feição fortemente barroca, o corpo central aparece reforçado por quatro colunas colossais, sobrepostas e pilastras adossadas iguais às que se apresentam duas a duas nos torreões laterais e que se vão repetir no andar superior, sendo as do corpo central reforçadas por quatro botaréus para sustentação da abóbada.
Nas intercolunas do corpo central, abrem-se três vãos de volta perfeita que dão acesso ao nártex, sobrepujados por nichos guarnecidos de áticas, triangulares os laterais e semicirculares a central, estando nesta a imagem de «SANTA ENGRÁCIA» e nos outros, respectivamente, o «SANTO CONDESTÁVEL» e «SANTA ISABEL».
Em cada uma das reentrâncias que ladeiam o corpo central abrem-se duas pequenas janelas e dois janelões, elementos que se repetem em cada um dos torreões, estes encimados de áticas semicirculares neste nível e triangulares no andar superior.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«CAMPO DE SANTA CLARA [ XII ] - TEMPLO A SANTA ENGRÁCIA - PANTEÃO NACIONAL ( 3 )».





sábado, 5 de fevereiro de 2011

CAMPO DE SANTA CLARA [ X ]

Campo de Santa Clara - (2009) Foto de APS - (Templo a SANTA ENGRÁCIA - PANTEÃO NACIONAL visto de Santa Apolónia) in ARQUIVO/APS Campo de Santa Clara - (200_) Fotógrafo não identificado (Templo a SANTA ENGRÁCIA - PANTEÃO NACIONAL) in WIKIPÉDIA

Campo de Santa Clara - (200_) Fotógrafo não identificado (Templo a Santa Engrácia-Panteão Nacional, visto do rio Tejo) in WIKIPÉDIA

Campo de Santa Clara - (entre 1890 e 1945) Foto de José Artur Leitão Bárcia ( Obras na Igreja de Santa Engrácia) in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
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CAMPO DE SANTA CLARA [ X ]
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«TEMPLO A SANTA ENGRÁCIA-PANTEÃO NACIONAL ( 1 )»
Se a expressão «OBRAS DE SANTA ENGRÁCIA» faz parte da linguagem corrente de qualquer habitante da cidade de Lisboa, ela traduz muito mais do que o conhecimento desta Igreja ou da sua história, a lenda e as faladas vicissitudes da sua construção, pois levou trezentos e oitenta e cinco anos a ficar concluída.
Embora o dito se circunscrevesse à morosidade da edificação do Templo que hoje se pode admirar, situado numa pequena elevação do «CAMPO DE SANTA CLARA», é possível alargá-la no tempo e abranger as anteriores Igrejas dessa invocação.
Erigidas no mesmo local, delas não restam hoje quaisquer vestígios, foram obras também demoradas e ficaram marcadas por acontecimentos importantes.
A primeira Igreja dedicada a «SANTA ENGRÁCIA», foi fundada pela infanta «D. MARIA» (1521-1577), a última filha do rei «D. MANUEL I». Este princesa, considerada pelos seus biólogos uma das mais relevantes figuras da «RENASCENÇA PORTUGUESA», a um tempo erudito e requintado, e de grande fervor religioso. Tinha casas próprias no «CAMPO DE SANTA CLARA», onde passava longas temporadas, e aí reunia a sua corte. Essas casas ficavam situadas junto ao «MOSTEIRO DAS FREIRAS CLARISSAS», que dera, desde a sua fundação em finais do século XIII, o nome a este arrabalde de LISBOA.
A permanência da infanta nesta zona, ter-lhe-á feito surgir a vontade de criar uma nova paróquia, desanexando para isso a maior parte da área da freguesia de «STº ESTEVÃO» em ALFAMA, ao tempo demasiada extensa, embora francamente povoada. Assim, por um "BREVE" do papa «PIO V»,datado de 30 de Agosto de 1568 e ratificado pelo Arcebispo de Lisboa, «D. JORGE DE ALMEIDA», a 02.12.1569, pode concretizar-se o projecto de iniciar a construção de uma nova Igreja dedicada à virgem do século IV, «SANTA ENGRÁCIA».
Data primitivo templo nada resta. As obras deverão ter-se iniciado, ainda em vida de «D. MARIA», mas arrastaram-se até ao início do século seguinte.
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Na noite de 15 de Janeiro de 1630, deu-se um desacato na Igreja, tendo sido arrombado o sacrário e profanado as hóstias, acontecimento que alvoraçou a cidade e teve consequências definitivas no desenrolar da história da «IGREJA DE SANTA ENGRÁCIA». Deste grava crime que ecoou pela cristandade, foi acusado um cristão novo, «SIMÃO PIRES DE SOLIS» que embora se tenha sempre declarado inocente, foi supliciado no «CAMPO DA FORCA» que existia no «CAMPO DE SANTA CLARA» a 03.02.1631.
Entretanto o templo foi interditado ao culto, e este transferido para a vizinha «IGREJA DE NOSSA SENHORA DO PARAÍSO». No ano seguinte foi decidido mandar demolir a Capela-mor da antiga Igreja e proceder a obras de reconstrução e ampliação dessa parte do edifício, segundo projecto do arquitecto «MATEUS DO COUTO», que dirigiu as obras até à sua morte, em 1664.
Não se sabe concretamente o que a essa data já teria sido construído, e só em 1676 é nomeado pela IRMANDADE um arquitecto sobrinho do anterior, para medidor da obra. De qualquer forma, concluída ou não, esta nova Igreja teria um destino breve, pois que a 19.02.1681, "numa noite de grande tormenta", ruiu a Capela-mor recém-construída, arrastando consigo parte da estrutura quinhentista.
Reunida a IRMANDADE em repetidas sessões, foram discutidas várias hipóteses e depois de ouvidos arquitectos e mestres, foi decidido demolir toda a construção existente e seleccionar um projecto para a edificação de raiz de uma nova Igreja.
A 17.09.1681 pelo assento então feito no livro da «IRMANDADE», sabe-se que o traçado escolhido para a futura obra foi o que apresentou «JOÃO ANTUNES», mestre pedreiro. Foi este facto que permitiu a revelação daquele que viria ser um dos maiores arquitectos do final do século XVII e princípio do século XVIII e que nesta primeira encomenda conhecida, de grande vulto, consegue, como afirma «AYRES DE CARVALHO», fazer "em SANTA ENGRÁCIA reviver e realizar o pensamento que «PERUZZI» idealizou para São Pedro de Roma».
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CAMPO DE SANTA CLARA [ XI ] - TEMPLO A SANTA ENGRÁCIA-PANTEÃO NACIONAL ( 2 )».



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

CAMPO DE SANTA CLARA [ IX ]

Campo de Santa Clara - (2009) - (Antiga Fundição de Armas de Santa Clara ou Fábrica de Armas, hoje O.G.F.E., antigo espaço do "CONVENTO DE SANTA CLARA" in GOOGLE EARTH
Campo de Santa Clara - (2009?) - Fotógrafo não identificado (Actual O.G.F.E.- Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento. Antiga Fundição de Santa Clara ou Fábrica de Armas foi extinta em 1969) in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS

Campo de Santa Clara - (2000) Foto de Jaime Roseira ("PRAÇA DR. BERNARDINO ANTÓNIO GOMES" antigo "CAMPO DA FORCA". Ao fundo no lado esquerdo podemos ver as actuais instalações das O.G.F.E. , antiga "Fábrica de Armas", local onde esteve instalado o "CONVENTO DE SANTA CLARA") in PASSEIOS EM LISBOA
Campo de Santa Clara - (1937) - Desenho de Norberto de Araújo (Antigas casas do Campo de Santa Clara (Século XVIII) erguidas junto à "Fábrica de Armas", onde assentou o célebre "CONVENTO DE FREIRAS CLARISSAS", que deu nome ao sítio) in PEREGRINAÇÕES EM LISBOA

Campo de Santa Clara - (entre 1898 e 1908) - Fotógrafo não identificado (Fábrica de Armas do Campo de Santa Clara - Fábrica de Armas nos finais do século XVIII. Neste local existiu o "CONVENTO DE SANTA CLARA", destruído pelo terramoto de 1755) in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
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CAMPO DE SANTA CLARA [ IX ]
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«CONVENTO DE SANTA CLARA»
O «CONVENTO DE SANTA CLARA»localizado na parte nordeste de um campo vizinho ao «CONVENTO DE SÃO VICENTE», tendo este Convento acabado por dar ao sítio o nome que ainda hoje conserva: «CAMPO DE SANTA CLARA».
Foram mandados construir (a Igreja e o Convento) por vontade e a expensas de uma viúva rica «D. INÊS FERNANDES», de origem asturiana, (foi casada com «D. VIVALDO PANDULFO» genovês), que em 04.08.1288 obteve licença do «PAPA NICOLAU IV» para a fundação de um Mosteiro dedicado a «SANTA CLARA» e onde se professasse a sua regra.
Em 01.01.1292, já o edifício tinha Abadessa e Vigário, às quais a fundadora fez doação do mesmo.
A 07.09.1294 era lançada a primeira pedra da Igreja, que seria posteriormente reedificada no século XVII, sob o traço do «ARQUITECTO PEDRO NUNES DE TINOCO».
Em 1502, foi este o primeiro Mosteiro português a aceitar a reforma da «REGULAR OBSERVÂNCIA»( 1 ). Aí se acolheram, em vários tempos, muitas senhoras ilustres, entre as quais a Infanta «D. MARIA», filha do rei «D. MANUEL I», a Infanta «D. ISABEL», viúva do Infante «D. DUARTE», filho do mesmo rei, e a princesa de Castela, «D. JOANA», que aí morreu.
O «CONVENTO DE SANTA CLARA» compunha-se de um excelente claustro; nobre casa de entrada e espaçosos dormitórios, com muitas casas nobres, que religiosas particulares mandavam fazer. Boa cerca, abundante água e com admiráveis acomodações, que sem aperto, recolhiam mais de quinhentas pessoas.
No tempo em que o «CONVENTO» aceitou a reforma e se fez da «REGULAR OBSERVÂNCIA», um sacerdote secular de vida muito exemplar e conhecida virtude, teve um sonho no qual se lhe representava, que via nas praias de BELÉM, uma imagem da «VIRGEM SENHORA» a qual lhe dizia que a levasse ao «MOSTEIRO DE SANTA CLARA», prometendo que por sua intersecção se poupariam muitas almas e que Ela salvaria sempre aquele Mosteiro do terrível mal de contágio. (Trata-se das famigeradas pestes que assolavam Lisboa).
As sucessivas ampliações fizeram do edifício conventual um dos mais vastos de Lisboa.
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Em 1755 o Convento ficou bastante danificado pelo terramoto, tendo a IGREJA sofrido total ruína, ficando só em pé a parede da parte Norte, tendo a do Sul sepultado nas suas ruínas muita gente.
Arruinou-se o coro de cima, que na sua fábrica de excelente talha dourada e pinturas, hoje dele se não conserva memória. Ficaram igualmente arruinados alguns dormitórios e casas, e uma parte do claustro onde estava a capela dedicada à «SENHORA DE BELÉM».
Mas ainda ficou com bastantes acomodações para recolher mais de duzentas pessoas e muitas mais teria se, após o terramoto fosse impedido o furto de telhas e madeiras das casas, que não sofreram ruína. Não faltou quem comentasse: "de que esta foi maior que o próprio terramoto".
Desse tempo, diz-nos também «BAPTISTA DE CASTRO»: "que era um monte de ouro, e na grandeza excedia a todos os de mais Mosteiros da Corte".
Depois de extinto em 1828, o terreno foi rasourado para nele ser edificada pouco depois uma dependência do «ARSENAL REAL DO EXERCITO», a «FUNDIÇÃO DE SANTA CLARA», ou «FÁBRICA DE ARMAS» (cujo espólio deu origem ao "MUSEU DE ARTILHARIA"), com casas anexas e habitações para oficiais. Sabe-se também que foi nesta fábrica que se fundiu a estátua de «D. JOSÉ I», para ser colocada na «PRAÇA DO COMÉRCIO».
Foi convertida no ano de 1927 para «FÁBRICA DE EQUIPAMENTOS E ARREIOS», actualmente com a designação de «OFICINAS GERAIS DE FARDAMENTO E EQUIPAMENTO -O.G.F.E».
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-( 1 ) - RELIGIÃO- Clero pertencente a uma ordem, sujeita à observância de uma regra, em oposição ao "clero secular". (Nova Enciclopédia Larousse, Volume 19, página 5931.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CAMPO DE SANTA CLARA [ X ] - TEMPLO A SANTA ENGRÁCIA (1)»