quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

LARGO DR. ANTÓNIO DE SOUSA DE MACEDO [ll]

Largo Dr. António de Sousa de Macedo, 7-7E (1968) Foto Vasco Gouveia de Figueiredo (Palácio Cabral - nele está actualmente instalada a Junta de Freguesia de Santa Catarina) in AFML
Largo Dr. António de Sousa de Macedo [s.d.] Autor desconhecido (Palácio Mesquitela e antiga Escola D. Maria I em estado de degradação)

Largo Dr. António de Sousa de Macedo, 1-15 (1968) Foto Armando Serôdio (Escola D. Maria I no Palácio Mesquitela) in AFML


Largo Dr. António de Sousa de Macedo (1960) Foto Armando Madureira (Entrada para a Secretaria da Escola D.Maria I) in AFML



Largo Dr. António de Sousa de Macedo, 1 (1959) Foto Armando Serôdio (Palácio dos Condes de Mesquitela portal brasonado - Antiga Escola D. Maria I) in AFML




Largo Dr. António de Sousa de Macedo [c. 1952] Foto Salvador Almeida Fernandes (Palácio Mesquitela-Escola D. Maria I - portal e frontaria) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa





Largo Dr. António de Sousa de Macedo (1942) Autor desconhecido (Armazéns do Poço Novo)



O LARGO DR. ANTÓNIO DE SOUSA DE MACEDO pertence a duas freguesias. À freguesia de SANTA CATARINA do número 1 a 7, à freguesia das MERCÊS os números 3 e 4.
Fica entre a Calçada do Combro, Rua do Poço dos Negros, Rua dos Poiais de S.Bento e Travessas do Convento de Jesus e do Judeu.
Este Largo instalado no sopé da Calçada do Combro teve em tempos o nome de «Poço Novo», mas em 12 de Agosto de 1937 a Câmara Municipal de Lisboa resolveu mudar o dístico para Largo Dr. António de Sousa de Macedo, figura de notáveis famílias, pertenceu ao Palácio que ainda permanece neste Largo. O seu fundador D. Gonçalo de Sousa de Macedo foi jurisconsulto e diplomata, Secretário do Estado de D. Afonso VI, tendo falecido no dia 1 de Novembro de 1682 neste Palácio.
No dizer de Norberto de Araújo nas suas «Peregrinações em Lisboa» no volume V «quando olhamos em redor do Largo, que "Poço Novo" foi chamado e por "Poço Novo" será conhecido durante muitos anos ainda e sempre por força da tradição oral».



Este sítio começou a ser chamado de Poço Novo no século XVII porque existia mais abaixo deste local, o Poço dos Negros -que deu origem ao nome da Rua que hoje ainda existe -e que era um «poço» ou «vala» onde eram enterrados os cadáveres dos negros escravos. Ter-se-ia neste local aberto mais tarde outra vala, que recebeu o nome de «Poço Novo». O fundamento do Poço dos Negros é exacto; o do Poço Novo é conjectura mas verosímil.

Ainda no dizer do autor citado, comenta que este local no Século XVII não passava de um ermo.
Que o lúgubre Poço acabou, mas a designação não se rendeu. No mesmo lugar do Largo foi plantada, (e existiu até cerca de alguns anos), uma palmeira, arremedo(1) de jardinagem; foi arrancada e abriu-se então um subterrâneo de utilidade pública (urinol) que ainda existe.

A origem do topónimo Poço dos Negros levanta ainda algumas dúvidas. A existência de uma carta régia de D.Manuel I, datada de 13 de Novembro de 1515, escrita em Almeirim e dirigida à cidade de Lisboa, sobre a necessidade de se construir um poço para depositar os corpos dos escravos mortos, sobretudo aquando de surtos epidémicos, tem levado alguns olisipógrafos, desde Júlio Castilho, a sugerir se não estaria na origem do nome desta artéria ao dito poço.
Diz a carta que os escravos eram mal sepultados e muitos seriam mesmo lançados «na lixeira que está junto da Cruz da Pedra a Santa Catarina (actual Rua Marechal Saldanha) que está no caminho que vai da porta de Santa Catarina para Santos» para a praia onde ficavam à mercê da voracidade dos cães. Para obviar as deletérias consequências de tantos cadáveres não sepultados, achava o Rei «que o melhor remédio será fazer-se um poço, o mais fundo que pudesse ser, no lugar que fosse mais conveniente, no qual se lançassem os ditos escravos» e para ajudar a decomposição dos corpos, dizia ainda que se deitasse «alguma quantidade de cal virgem» de quando em quando. Um resguardo de pedra e cal deveria ainda ser erguido em redor do poço. Tal medida seria cumprida pela Câmara que o teria mandado fazer no referido caminho para Santos (descendo a actual Calçada do Combro) conhecido por "HORTA NAVIA" (nome de uma divindade indígena após a ocupação Romana).

A actual localização perdeu-se, mas a proximidade geográfica do Largo do Poço Novo (actual Largo Dr. António de Sousa de Macedo) ao fundo da Calçada do Combro, nome que já nos aparece na segunda metade de quinhentos em substituição da designação primeva, comodamente parece ajudar na sua localização. O referido eixo partia da Porta de Santa Catarina até Belém, passando por Santos onde existiu desde o início do século XVI um Paço Real e Alcântara, onde outro Paço marcava presença.

Mais tarde, neste Largo nos números 1 a 15, existe ainda um Palácio seiscentista «Palácio dos Condes de Mesquitela», que foi pertença da família Sousa de Macedo, e depois Costas, Condes de Mesquitela. Neste Palácio também se reuniram várias vezes os conjurados de 1640.
Ali esteve instalado o Museu Pedagógico fundado em 1883, dirigido pelo Dr. Adolfo Costa. Funcionou também, desde 1924 e durante vários anos a Escola Rodrigues Sampaio.
Situada entre as Travessas do Alcaide e do Judeu, propriedade relativamente extensa com seu pátio, cocheiras, anexos e pedaço de terreno ajardinado era um documento expressivo deste sítio. O Portal do pátio nobre, (outrora recreio da escola), e o umbral de esquina da Travessa do Judeu, são armoriados, no brasão daqueles fidalgos, que descendem dos Albuquerques e foram senhores da famosa Quinta da Bacalhôa, em Azeitão.

Mais tarde, em 1950 surgiu a Escola Comercial D. Maria I só para o sexo feminino existindo, anos depois, uma Secção para alunos do sexo masculino, que recebiam as suas aulas nas instalações do Liceu Passos Manuel, na Travessa do Convento de Jesus em período nocturno, local onde na década de 50 do século passado recebemos também a nossa aprendizagem académica.

Embora o edifício se encontre muito mal tratado, é classificado como "Imóvel de Interesse Público, Decreto Nº 45/93, DR 280 de 30 de Novembro de 1993" (2).



Neste Largo nos números 7 a 7-E encontramos o Palácio Cabral. Construído num terreno em declive, adossado a Nascente ao antigo Convento de São Paulo da Serra da Ossa (actualmente instalada a GNR) e a Poente a um edifício de habitação. A fachada principal a Sul, acompanha o alinhamento da via pública. Na sua frente, do outro lado da rua, situa-se o Palácio dos Condes de Mesquitela.
O Palácio Cabral, construção do século XVIII, encontra-se protegido como imóvel de Interesse Público, no Decreto número 44075, DG 281 de 5 de Dezembro de 1961 e Decreto nº 28/82, DR 47 de 26 de Fevereiro de 1982 (3).
O Palácio era propriedade da família Figueiredo Cabral, senhores de Belmonte, dos quais passa para a posse da casa dos Viscondes de Moçâmedes pelo casamento de Manuel de Almeida e Vasconcelos com D. Francisca de Câmara Meneses, filha de D.Pedro de Figueiredo Cabral. Com o terramoto de 1755 sofreu significados danos que implicou a reconstrução do Palácio. Em 12 de Outubro de 1997 é ocupado pela Junta de Freguesia de Santa Catarina, depois de extinta uma secção da Escola Secundária D. Maria I, que ali funcionava.(4)


Junto a este Largo encontramos a Travessa do Convento de Jesus, cujos terrenos (para Norte), tinham pertencido à antiga cerca do Convento de Jesus e neles começou a ser edificado na década de 80 do século XIX, ficando concluído já no início do século XX o «Liceu Passos Manuel», (hoje Escola Secundária Passos Manuel) em homenagem ao político que remodelara o sistema de ensino da época (Manuel da Silva Passos).
Este Liceu, com entrada pelo Largo de Jesus, teve projecto inicial do Arqº. José Luís Monteiro, tendo sido introduzidas alterações ao mesmo, por Rafael Castro na década de 90. Em 1896 houve novo projecto para o mesmo edifício, da autoria do Arqº Rosendo Carvalheira. Em 1910 é inaugurado pelo Governo da primeira República, que encara o Liceu como um estabelecimento de ensino inovador, tornando-se este num dos mais prestigiados do país. Neste momento trata-se de Edifício em vias de classificação, Despacho de 14 de Maio de 1997. (5)




(1) - Imitação ridícula e grosseira
(2) - DGEMN - Inventário do Património Arquitectónico
(3) - IPA - Inventário do Património Arquitectónico
(4) - Junta de Freguesia de Santa Catarina (NET)
(5) - AML - CMLisboa - DGEMN - IPA - IPPAR

29 comentários:

Tomás Mesquitella disse...

Gostei muito. E tenho muita pena que o Estao nao invista np palácio Mesquitella. Um deles em tão boas maos (enfermaria do colégio militar) e outro tão degradado. O largo está muito bem discrito! Parabéns!
D. Tomás José da Costa de Sousa de Macedo (Mesquitella).

odete pinto disse...

Como ex-aluna da Escola Comercial D. Maria I, e querendo ter informação sobre a mesma, cheguei a este blogue após pesquisa no Google.

A minha curiosidade tem por base o estado de degradação do edifício e uma pergunta que faço a mim mesma (não sei a quem perguntar) - será possível que o edifício seja do Estado? do Ministério da Educação? ou (ainda) pagarão renda por tão grande espaço edificado mas decadente?

Este blogue já está nos meus 'Favoritos'.

Odete Pinto
Alfragide

APS disse...

Peço desculpa pelo facto de não ter ainda agradecido as vossas simpáticas palavras.
Ao D. Tomás José da Costa de Sousa de Macedo (Mesquitella)- é sem dúvida uma honra para mim ter dispensado algum tempo com o meu Blogue.
Á ex-aluna (Odete Pinto) escreve e agradece um ex-aluno da mesma escola e fica muito grato se puder incluir nos Favoritos o seu Blogue.
A ambos o meu obrigado e muitas felicidades
APS

Anónimo disse...

O Palácio do Poço Novo, como era conhecido, pertenceu até ao princípio do século XX à família do Dr. Henrique da Guerra Quaresma Viana, de quem herdou de seus maiores. Norberto de Araújo, nas suas "Peregrinações", refere no volume V, a casa de esquina como tendo sido do seu irmão, António Viana. Nessa altura, o palácio foi vendido ao Conselheiro Baltazar Cabral. No tecto do salão pode-se encontrar pintadas as armas desta família. A casa foi adquirida pela CML em 1968, conforme o programa de valorização do seu património histórico-artístico [Diário Popular 22-5-1968]. Nos anos oitenta/noventa estava em muito mau estado por ali ter estado instalada uma escola. Quando a junta de freguesia instalou os seus serviços no palácio, realizou umas profundas obras de melhoramento. Parabéns pelo seu artigo! Espero ter ajudado com esta pequena nota... com os meus cumprimentos, Duarte Vilardebó Loureiro

APS disse...

Caro Duarte Vilardebó Loureiro

Agradeço a sua informação e as palavras generosas a este blogue.

Quanto ao conteúdo do exclarecimento, espero poder ser útil e interessar a qualquer investigador que, possivelmente venha aqui pesquisar.

Na realidade só conhecia como "Palácio Cabral" desconhecia "Palácio do Poço Novo", nome possivelmente anterior ao século XX.

Agradeço mais uma vez a sua amabilidade.
Oa meus cumprimentos.
Agostinho Sobreira

APS disse...

Ressalvo a palavra:

esclarecimento.

Isto porque não existe um corrector ortográfico nos comentários, que faz bastante falta.

Aníbal Pereira disse...

Fui aluno nocturno desta escola, antes e depois do 25 de Abril. nesse tempo era meninas para a esquerda, meninos para a direita,( estes com aulas no Liceu Passos Manuel ). Já nessa época, a Escola Comercial D. Maria I, dava sinais de avançada degradação, pelo que, com os meus 14 anos de idade, ao entrar naquela sumptuosa escadaria do Liceu Passos Manuel, me enchia de orgulho, fazendo-me esquecer o dia de trabalho que normalmente coneçava ás 9 e terminava pelas 19 horas, sem esquecer os livros, a lancheira, com os restos do almoço,as 2 ou 3 sandes para enganar a fome, visto que o jantar era lá pela meia noite ou meia noite e meia, em casa, sita nos Olivais Sul. Ainda existe um promenor: dentro da lancheira, ia uma gravata, ( com algumas nóduas quando o molho se entornava ), pois sendo a Escola Comercial, nalgumas aulas os professores assim o exigiam. Por estas e outras razões acabei de desistir ao fim de 2 ou 3 anos, com muita mágoa minha. Hoje com os meus 52 anos de idade, quando por lá passo, sinto um misto de revolta e indignação, pelo estado de aparente derrocada eminente que aquele Palácio apresenta. De resto, aqueles doutos senhores que nos regem no Palácio de S. Bento, ou estão distraidos, ou a assobiar para o lado. Em linha recta será, talvez não mais de 500 metros! E o mais espantoso, é que alguns desses Doutos senhores, já foram Presidentes da Câmera de Lisboa e ardentes defensores do nosso património cultural, inclusivé na área de edifícios Históricos. Porem, a Rua de S. Bento e Avenida D. Carlos I estão remodeladas. É compreensível, é por ai que passam as comitivas oficiais estrangeiras e eles próprios, o que me leva a pensar: penas que não se veem não se sentem ou aquela empregada que por falta de tempo e desleixo, varre o lixo para debaixo do tapete.
Como estou desempregado, ( e a minha esposa tambem ), deixo aqui uma proposta: reabilitem este e outros edifícios, dando assim trabalho a alguns milhares dos 500 mil desempregados já existentes. Era bom para as pequenas e médias empresas que elas sim, são a grande força animíca deste país!

APS disse...

Caro Anibal Pereira

É muito salutar encontrar alguém que estudou na D. Maria I. Como já deve ter lido no blogue, também eu fui aluno desta casa, com aulas nocturnas no Passos Manuel(1954).
Também me acontecia ir jantar depois da meia-noite, as aulas acabavam às 23:40, descer ao Conde Barão e apanhar um eléctrico para Xabregas.

Agora tenho uma novidade para si.
O edifício da Escola D. Maria I esta com obras. Pelo que me foi dado observar não é para voltar como escola.
Estava a navegar na GOOGLE num novo programa "STEET VIEW" a visualizar o bairro da Bica e segui a Travessa do Alcaide, uma das travessa que fica na parte de cima do portão brasonado da nossa escola.
Na parte de trás da Escola estava um grande buraco (Talvez -3), já com algumas paredes, deve ser para parques de estacionamento de carros. O portão deve ser para manter e a fachada também, quase todo o interior vai ser alterado.
Se puder veja este programa.
Lamento a sua situação e espero que seja resolvida muito breve.
Muito obrigado pela sua visita, muitas felicidades e boa saúde.
Um abraço
APS (Agostinho Paiva Sobreira)

Unknown disse...

Fui aluna da Escola D. Maria I aré 1969, altura em que, devido à existencia de formiga branca, as alunas mais velhas passaram para a Josefa de Óbidos.
Hoje trabalho em S. Bento e passo por lá quase diáriamente. Que tristeza. Agora vai ser Condomínio de Luxo. O que é feito das nossas velhinhas salas, umas grandes outras tão pequenas, a Capela, os azulejos do átrio.
Lembro sempre as professoras quase todas tão velhas, as nossas travessuras e até da velha empregada a Barradas ou da jovem Luisinha. Sinto saudades daquela escola tão cheia de códigos e regras, já na altura fora de moda, mas donde saíram grandes profissionais.
Não sei se terão paci~encia para ler este meu desabafo saudoso mas seria tão engraçado encontrar antigas/os alunos na nossa velhinha D. Maria.
Lucília Ramalho Ribeiro

APS disse...

Cara Lucília Ramalho Ribeiro

Eu também fui aluno dessa escola, numa secção no LICEU PASSOS MANUEL, só que nos anos 50 e em curso nocturno.

Faço ideia como se deve sentir, ao ver desaparecer para sempre aquele espaço que lhe foi tão familiar. É de lamentar não terem aproveitado o edifício brasonado para outro fim. Coisas do progresso, mas merecem reparos.

Quanto a seus colegas de curso, profetizo que eles vão aparecer.

Vá passando pelo local da ex-ESCOLA COMERCIAL D.MARIA I, pode ser que ainda um dia possa fazer outro comentário; a agradecer ao vindouro colega ou a referenciar a obra (depois de concluída).

Agradecido pela sua visita a este blogue.
Felicidades,
APS

Alexandra disse...

Encontrei com muito agrado este post através de uma pesquisa no Google.
Fui criada naquele largo uma vez que os meus pais sempre ali trabalharam. Estudei no Liceu Passos Manuel e até depois, em tempos de faculdade, andei por aquela zona. O palácio Mesquitella, daquilo que conheceram, guarda nos dias de hoje apenas a fachada. Durante anos foi abrigo de toxicodependentes que ali se abrigavam. Roubaram azulejos centenários para depois vender na feira da ladra, tiraram pedaços de história que ali ficou... Agora só restam as paredes porque todo o interior do palácio foi deitado ao chão. Ali será construído um novo condomínio fechado que irá da esquina da Travessa do Judeu à Rua do Alcaide... Os comerciantes receberam indemnizações e saíram (já lá vão quatro ou cinco anos) e só há pouco mais de um ano é que as obras começaram. Naquela zona poucos se mantêm. Lojas fechadas, moradores envelhecidos e tristeza nos olhos de quem ali ficou e conheceu aquele sitio como uma zona alegre, motivada pela juventude das escolas, desde a primária nº8 ao Passos Manuel e D- Maria I.

É triste.. mas mais um bairro morreu.

Cumprimentos e parabéns por este espaço. Enquanto profissional da área da comunicação, promovi-o ao máximo e hoje, por ironia, comento uma rua que me diz tanto.

APS disse...

Cara Alexandra

Bem-vinda a este blogue!

Existiu em todas as épocas os aproveitadores do alheio, não é caso isolado. Só que o nosso património vai-se perdendo, e mal está o povo que não olha a sua história.

Também a mim esta zona me é afectiva, não só por ter estudado na Escola Comercial D. Maria I, como ter trabalhado durante 15 anos na Rua Dr. Luís de Almeida e Albuquerque a Santa Catarina.

São recordações que dificilmente se apagam da nossa memória, embora digam que o povo tem a memória curta.

Apreciei bastante a sua descrição dos factos que envolvem o Condomínio, fico grato por este blogue poder, em qualquer altura ser actualizado com um comentário, pelo motivo das transformações do modernismo.

Muito agradecido pelas suas palavras.

Felicidades para si...
Cumpts:)
APS

Raquel disse...

sou leitora deste blog já há muito tempo e hoje voltei a consultar este post que já tinha visto na altura em que foi publicado, e li alguns comentários que me deram vontade de também comentar, também eu fui aluna desta Escola e depois fui para o Instituto Comercial(também um belo Palácio)do qual gostava de saber mais, na altura dizia-se que tinha sido Embaixada da Rússia no tempo da Monarquia, será que tem alguma informação?
No blog fotografiasdaraquel o post de 11 de Setembro de 2008 tenho algumas fotos que tirei e outras do seu blog.
Um grande obrigada da "colega" Raquel

APS disse...

Cara Raquel
Em primeiro lugar seja bem-vinda a esta blogue.
Vi o seu blogue e agradeço a referência, quanto à ilegalidade não se preocupe.
É salutar começar a surgir antigas alunas/os da "nossa" (e já desaparecida)Escola Comercial D. Maria I.
Quanto ao "Instituto Comercial de Lisboa" é o edifício do antigo «PALÁCIO DAS CHAGAS» ou «PALÁCIO VIANA», não tenho conhecimento de ter sido utilizado como Embaixada da Rússia. Sei que o Instituto estava nesse espaço desde 1918.
Pode ainda aproveitar alguns apontamentos que escrevi sobre o assunto, na «RUA DAS CHAGAS» publicada em 09.01.2008. E ainda ver mais fotos do interior e exterior do Palácio que foram publicados no blogue S.O.S. em Abril de 2009.
Link-http://sos.blogspot.com/2009/04/o-20-de-rua-chagas.html

Cordiais saudações
APS

Unknown disse...

Cara RAQUEL

Rectificação ao link do blogue LISBOA S.O.S.

http://lisboasos.blogspot.com/2009/04/o-20-da-rua-das-chagas.html

Desculpe
APS

Unknown disse...

Olá colegas
Passei por lá ontem e verifiquei que cada vez está pior.
Não sei se vão aproveitar a fachada mas, do que se vê, parece-me dificil.
Já nada podemos fazer pela velha escola ou pelo palácio mas, as nossas memórias, nenhum empreiteiro poderá transformar em condomínio, garagem ou centro comercial.
Um abraço
Lucília R. Ribeiro

Anónimo disse...

Também eu fui aluna da Escola Comercial D. Maria I. Já há bastante tempo que não por lá passava, passei lá na semana passada, a fachada foi recuperada e por acaso fica-lhe bem a "cara lavada", pena é que o pátio onde tantas vezes joguei ao "mata" e algumas (muitas) vezes também caí, seja agora mais um mamarraxo komo tantos que agora existem na cidade de Lisboa. Já agora... aos alunos da nossa D. Maria, há uns dias abri uma pag. no Facebook. Eu andei por lá nos anos 70, e seria engraçado reencontrar por quem tambem lá andou.

APS disse...

Cara KEM SOU

Seja bem-vinda a este blogue.

É com bastante agrado que registo mais uma colega da ex-ESCOLA COMERCIAL D. MARIA I.

Vou arranjar coragem para ver a "OBRA". Acredito que esteja de "cara lavada" mas, possivelmente, tem o "coração" despedaçado.

Boa saúde!
Cumpts
APS

Miguel Melo Ramos disse...

E o palácio que esta no nr 1? Alguém sabe alguma história?

APS disse...

Caro Miguel Melo Ramos

O número 1 do «LARGO DR. ANTÓNIO DE SOUSA MACEDO" é precisamente o "PALÁCIO DOS CONDES DE MESQUITELA", conforme pode observar em fotos publicadas neste "post". Hoje este "Palácio" está transformado num condomínio fechado.

Volte sempre
APS

João Celorico disse...

Por mero acaso, cheguei a este blogue. Em boa hora, devido à qualidade do mesmo e ao prazer que me dá rever alguma Lisboa, agora com outros olhos porque, desde miúdo, sempre me interessei pelo nome das ruas e o que (ou quem) elas representam. Posto isto, os meus comentários nunca serão de crítica, mas apenas no sentido de, se possível, esclarecer mais alguma coisa.
Assim, na 1ª foto, vêem-se, as portas duma loja do “Val do Rio” e a seguir, uma farmácia.
Na 4ª foto, a paragem do 28, uma porta de acesso à D. Maria, à parte de cima uma camisaria e à parte de baixo a montra duma sapataria (ou pastelaria ?).
Na 6ª foto, o portão de entrada da D. Maria e, à parte de baixo, uma ervanária e um pequeno alfarrabista (?). Aqui, o brasão estava coberto com um pano preto, tal como o que se encontra na esquina com a travessa do Judeu. Sempre me intrigou esse facto e ainda não tenho uma explicação que me pareça correcta.
Na 7ª foto, “Armazéns do Poço Novo” que era ainda a designação popular para o que me parece ter sido, nos anos 50, a “Casa Coimbra”. Esquina, com a Rua dos Poiais de S. Bento.
“Sou” da D. Maria, por osmose, uma vez que o meu irmão andou, à noite, na Rodrigues Sampaio e mais tarde na D. Maria e como eu já disse, neste blogue, morei no nº2 da rua dos Poiais que, na década de 50, pertencia à freguesia de Santa Catarina. Era, pois um espectador privilegiado das diabruras das meninas, antes, durante e depois das aulas, no 1º andar, para onde eu tinha vista directa!
Sei que por lá andaram, entre outros, o Domingos Lança Moreira, relator e jornalista desportivo e o Santos Fernando, humorista que escrevia no suplemento “Sábado Popular” do Diário Popular. Até fui a uma festa, desportiva, no Pavilhão dos Desportos. O Dr. Adeodato de Carvalho, médico nessa escola, foi quem me curou de tosse convulsa.
Eu, por fora, vivia o que lá se passava!

Penso que Miguel Melo Ramos é capaz de se estar a referir ao palácio que está contíguo ao nº 2 da Rua dos Poiais! Será?

Melhores cumprimentos,
João Celorico

APS disse...

Caro João Celorico

Fico muito agradecido pelas suas palavras a este blogue.
Realmente o sítio tem muita história (alguma de tempos passados, menos interessante) que a todos agrada e especialmente aqueles que tiveram o prazer de a ter vivido.
No que diz respeito aos seus comentários sei que serão bem-vindos e devem representar uma mais-valia histórica.
Também eu tirei o curso "Geral de Comércio" na D. Maria I (em horário nocturno porque trabalhava de dia) nas instalações do "PASSOS MANUEL". Já não é do meu tempo a "Rodrigues Sampaio".
Volte sempre
Os meus cumprimentos
Agostinho Paiva Sobreira (APS)

Luisa Dias disse...

Foi com grande surpresa que hoje me deparei com toda esta informação sobre a antiga Escola Comercial D. Maria I, onde fui aluna nos anos 61 a 63 e que saudades que me deixaram.
Já tenho alguns contactos de antigas colegas, mas gostaria de ter outros mais.
Fiquei entusiasmada e vou continuar.
Luisa Dias

APS disse...

Cara Luísa Dias
É muito bem-vinda a este blogue.
Desejo que estabeleça contactos com as suas ex-colegas da "nossa" Escola Comercial D. Maria I.
Muitas felicidades
Volte sempre!
APS

Anónimo disse...

Carissimo,

Encontrava-me a realizar pesquisas sobre o Palácio da Mesquitela para um trabalho de licenciatura de Arqueologia, e existe um artigo sobre os resultados das escavações realizadas no Palácio/Escola D. Maria em 2009. Deixo o link para download para qualquer interessado, encontra-se na página 83:
http://www.nia-era.org/cat_view/1-revista-apontamentos/11-apontamentos-6-2010.html

Saudações,
FA

APS disse...

Caro Anónimo
Quero agradecer a amabilidade que teve em fornecer o LINK, com o diagnóstico e escavações arqueológicas, da antiga "ESCOLA COMERCIAL D. MARIA I", no «PALÁCIO MESQUITELA». É muito interessante todo o conteúdo do texto, a sua análise e contextuação das várias fases, entre o século XVII e início do Século XX.

Desejo-lhe muito sucesso nas suas pesquisas e bom êxito para a sua licenciatura.
Renovando os meus agradecimentos, despeço-me com amizade,
Agostinho de Paiva Sobreira-APS

Unknown disse...

Como estou feliz de ter encontrado vestígios da grande história da família Mesquitela.
Trabalhei em casa de D. Luís de Mesquitela que era irmão de D. António, naquele tempo moravam qualquer deles na Av. Infante Santo.
D. Luís era casado com D. Luísa filha da Condessa da Lapa.
Muito tenho para contar, as lembranças se atropelam neste momento na minha mente
fazendo descer a emoção ao meu coração e que se transforma em alegria que obriga duas lágrimas a soltarem-se dos meus olhos...
Eu sou a Rosa Guerreiro Dias Poetisa Popular de Campo Maior residente em Lisboa tenho alguns Livros de Poesia editados...
Agradecida pelo belo e explicativo Blogue que desde já irei visitar com alguma frequência, se assim me o permitir ...
Atenciosamente Rosa Dias

Manuel Vital disse...

Estava à procura de algo acerca do Palácio do Correio Velho na Calçada do Combro, quando por mero acaso me surgiu este blogue, o qual prendeu logo a minha atenção, por se tratar do local onde passei a minha infância e adolescência. Fui aluno da Escola Comercial Rodrigues Sampaio, tive de interromper os estudos por dificuldades financeiras e terminei, mais tarde, o Curso Geral de Comércio na secção nocturna da Escola D. Maria I em 1957. Durante esse interregno trabalhei como marçano, nos Armazéns do Poço Novo, cuja razão social era Martins & Coimbra, Lda.. Aparentemente a firma ainda existe mas com outro tipo de comércio. O patrão, o Sr. Augusto Gonçalves Coimbra, foi para mim um verdadeiro mestre, um exímio vendedor com conhecimentos empíricos do gestão, como só mais tarde encontrei nos livros da academia. Fui sempre seu admirador e amigo até à sua morte. A camisaria que se vê na foto era do Sr. Vitorino, um concorrente na altura. Do lado direito junto ao portão do Palácio Mesquitela existia uma loja de fotografia de um espanhol, onde trabalhava o meu melhor amigo Frederico Paulino. Junto à paragem do eléctrico um leitaria e ao lado um editora. No casa junto aos Armazéns do Poço Novo, chegou a ter uma exposição de quadros do Miró, era um escritório, já não me recorda bem de quê.. Há um palacete do lado esquerdo à entrada da Rua dos Poiais de S.Bento que eu julgava ser o da família Sousa Macedo, a garagem albergava um imponente automóvel de fabricação inglesa, que saía de vez em quando. Segundo alguns testemunhos aqui no blogue e não será esse o Palácio do Sousa Macedo. Havia uma pequena tabacaria na esquina com a Travessa do Convento a Jesus e na outra esquina a Pastelaria Cinita. Quando estudante, bebiamos aí a bica e estudávamos, o que mais tarde, por razões óbvias, já não era permitida a permanência prolongada. Havia também ao lado uma padaria que tinha uma fornada às cinco horas da tarde. Em miúdo, a minha saudosa mãe, mandava-me comprar um pão escuro, que comíamos ainda quente com manteiga e, na temporada,com figos de capa rota que as vendedeiras musicalmente apregoavam: quem quer figos quem quer merendar.
Mais tarde foi membro da Associação dos Antigos Alunos da Escola Rodrigues Sampaio, que tinha a sede em casa de um ex-aluno. Dos associados faziam parte o Raul Solnado e o Varela Silva. Havia um almoço anual, mas como eram todos os participantes de anos muito anteriores, desconhecidos para mim, deixei de frequentar esses almoços. Julgo que a Associação já se extinguiu. Na Escola D. Maria I havia uma colega por quem tive uma paixão de adolescente, todavia não correspondida. Esfumou-se com o tempo.


Agora ainda uma última nota, não sou saudosista doentio e convivo bem com a modernidade, por isso considero um bom aproveitamento do caduco Palácio Mesquitela para construíram um condomínio, bem concebido que valoriza aquela bonita e aprazível zona da cidade.

APS disse...

Caro Manuel Vital

Quero enaltecer as suas boas recordações deste "sítio", que a mim também me dizem muito.
Já não conheci a "Escola Com Rodrigues Sampaio", mas sei que foi antecessora da "ESCOLA COMERCIAL DONA MARIA I". Falando desta Escola, eu também fui aluno na Secção instalada no piso superior do «LICEU PASSOS MANUEL», tendo frequentado no curso nocturno, pois de dia era ministrado no «PALÁCIO DOS CONDES DE MESQUITELA» só para o sexo feminino.

Permaneci nessa Escola de 1954 a 1960, passei a conhecer o sítio e algumas amizades ficaram mesmo depois da minha saída. Lembro-me de um professor que tive (Dr. PINTO DE CAMPOS) era o Sub-Director da Escola (tinha um carro DKV que ao subir a Calçada do Combro com alguns alunos, quase que parava) que nos proporcionava algumas visitas de estudo e passeios com outros colegas ou finalistas. Tenho na pagina frontal do meu Blogue à direita duas fotos com as/os colegas, num passeio a Coimbra, numa está assinalado alguns nomes que me lembrei em 2008. Também fiz parte da equipa de Basquetebol da Escola, utilizava-mos o campo do Liceu aos Sábados.

Quero acrescentar que desde 1953 até 1966 (para emigrar para a ÁFRICA DO SUL), estive muito próximo da CALÇADA DO COMBRO e LARGO DO CALHARIZ. Trabalhava no "JORNAL DO COMÉRCIO" RUA DR. LUÍS DE ALMEIDA E ALBUQUERQUE na Contabilidade. Nasci em 1936, possivelmente temos uma idade muito próxima.

Quanto ao "PALACETE" outrora quase ao abandono, está hoje transformado num belíssimo «CONDOMÍNIO FECHADO», tendo sido aproveitada a sua fachada e o Brasão.

Despeço-me com amizade
Os meus cumprimentos
AGOSTINHO PAIVA SOBREIRA-(APS)