quarta-feira, 29 de setembro de 2010

AVENIDA DA LIBERDADE [ VII ]

Avenida da Liberdade - (2009) Foto de Pedro Rodrigues ("Avenida da Liberdade" antigo local onde existiu o Palácio dos Condes da Ericeira, entre a "Rua dos Condes" e o "Largo da Anunciada") in GOOGLE EARTH
Avenida da Liberdade - (01.05.1975) Foto de APS ( O Primeiro 1º de Maio de 1975, festejado em liberdade na Avenida da Liberdade) ARQUIVO/APS

Avenida da Liberdade - (s/d) Foto de Artur Goulart ("LARGO DA ANUNCIADA" e lado direito até à "RUA DOS CONDES", eram os terrenos do Palácio dos Condes da Ericeira) in AFML


Avenida da Liberdade - (s/d) Foto de Artur Goulart - Avenida da Liberdade no antigo lado da «RUA ORIENTAL DO PASSEIO PÚBLICO», entre a «RUA DOS CONDES» e o «LARGO DA ANUNCIADA» in AFML



Avenida da Liberdade - (1793) (Desenho) (Teatro velho da Rua dos Condes) in O INFERNO
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(CONTINUAÇÃO)
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AVENIDA DA LIBERDADE [ VII ]
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«PALÁCIO DOS CONDES DE ERICEIRA - RUA DOS CONDES AO LARGO DA ANUNCIADA»
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O «PALÁCIO DOS CONDES DA ERICEIRA» ou «PALÁCIO DOS ANDRADES» o majestoso edifício, famoso pela sua grandeza e elegância, ocupava o actual quarteirão correspondente entre a «RUA DOS CONDES» e o «LARGO DA ANUNCIADA». Ficavam para poente as hortas do «VALVERDE», e seria mais tarde a «RUA ORIENTAL DO PASSEIO PÚBLICO».
Residência principesca, esta palácio tinha uma infinidade de compartimentos, qual o mais luxuoso e caprichosamente mobilado.
A entrada, grandemente aberta, maravilhava os que a transpunham para atravessarem o jardim de extraordinário encanto, com abundantes fontes de preciosos mármores, grutas forradas de verdura, e destacando-se de tamanha riqueza a cascata, única talvez na Península, que ficou celebre nos anais das glórias artísticas.
Interiormente tinha o edifício dois pátios.
Mandado construir por «FERNÃO ÁLVARES DE ANDRADE» no ano de 1533. O último conde de ERICEIRA que nele habitou foi um dos mais ilustres sábios do século XVII, prosador, historiador erudito. Era o inesquecível «D. LUÍS DE MENESES». General de Artilharia, Economista, muito dado à literatura, empregava o tempo na sua esplêndida biblioteca.
Esta biblioteca do nosso fidalgo continha mais de dezoito mil volumes entre os quais muitas obras raras.
O Terramoto de 1755 demoliu tudo, e o incêndio, cúmplice medonho da derrocada, encarregou-se de devorar o que resistia às sacudidelas do solo.
Ficaram as ruínas, alastradas por uma área enorme, e assim se conservaram por muito tempo.
Numa parte dos escombros foram sendo construídos casebres sem licença e de grande pobreza, os quais foram posteriormente substituídos por casas aburguesadas.
O nome de «RUA DOS CONDES» tem recordações seculares. Antes do terramoto já havia uma rua que separava o «PALÁCIO DOS CONDES DA ERICEIRA» do «PALÁCIO DO CONDE DE CASTELO MELHOR», daí a denominação que veio até aos nossos dias.
Na esquina norte da «RUA ORIENTAL DO PASSEIO PÚBLICO» funcionou em 1856/57 o «TEATRO DOS PAÍSES-BAIXOS», num barracão armado. No centro dos terrenos, a partir de 1845, foi montado o «CIRCO DE MADRID».
Igualmente na esquina da «RUA DOS CONDES», ficava o «TEATRO DA RUA DOS CONDES» inaugurado em 1765 e que findou em 1882.
Nesta quarteirão funcionou no século XX o "stand" da «GUERIN» (Comércio de Automóveis), mais tarde o «CENTRO COMERCIAL GUERIN». Na esquina da Avenida com o «LARGO DA ANUNCIADA», existe as instalações da «COMPANHIA DAS ÁGUAS DE LISBOA», hoje EPAL.
Com entrada pela «RUA DAS PORTAS DE SANTO ANTÃO» encontramos o «PÁTIO DO TRONCO», e no tempo deste Palácio existiu a «CADEIA MUNICIPAL DO TRONCO», local onde esteve detido o nosso poeta «LUÍS DE CAMÕES».
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «AVENIDA DA LIBERDADE [ VIII ] - PARQUE EDUARDO VII»





sábado, 25 de setembro de 2010

AVENIDA DA LIBERDADE [ VI ]

Avenida da Liberdade - (200_) Foto de Dias dos Reis (Um troço da Avenida da Liberdade) in DIAS DOS REIS
Avenida da Liberdade (2004) - Fotógrafo não identificado (Canteiro na Avenida da Liberdade) in SKYSCRAPERCITY

Avenida da Liberdade - (1959) Foto de Garcia Nunes (Avenida da Liberdade junto da Rua do Salitre) in AFML


Avenida da Liberdade - (1930 ou 1934) Foto de Ferreira da Cunha (Uma panorâmica da Avenida da Liberdade) in BIC LARANJA



Avenida da Liberdade - (1928)? Colecção de Ferreira da Cunha - (retirado do blogue «BIC LARANJA» de 24.06.2006) (Avenida da Liberdade naquela época, com cavaleiros e tipóias a utilizarem o lado esquerdo) in AFML




(CONTINUAÇÃO)
AVENIDA DA LIBERDADE [ VI ]
«A AVENIDA DA LIBERDADE (4)»
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Voltando à evolução da «AVENIDA DA LIBERDADE», foi naturalmente concebida como artéria de grande circulação, o que entristeceu muitos lisboetas na época, saudosos do simpático «PASSEIO PÚBLICO». E, em pouco tempo, o tráfego de barulhentas carruagens começou a dar lugar aos primeiros automóveis, ainda mais barulhentos e "diabólicos" para com o sossego dos peões.
Para compensar, foram construídas alamedas no meio da avenida, arborizadas, mas que ficavam muito aquém do conceito de "Parque". Com o correr dos tempos - e o alargamento das vias rodoviárias - a AVENIDA tornou-se menos cativante para o passeio dos alfacinhas, embora como cópia dos «BOULEVARDS» parisienses, a «AVENIDA DA LIBERDADE» não tenha perdido o seu deslumbramento.
Surgiram edifícios de traça «moderna», alegre e elaborada, contrastante com a sobriedade dos edifícios "POMBALINOS".
A «AVENIDA DA LIBERDADE» foi durante algumas décadas uma "montra" privilegiada para os mais arrojados arquitectos, qual "ex-libris" de um novo urbanismo de Lisboa.
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Cruzam ou desembocam na «AVENIDA» vários arruamentos.
Junto dos RESTAURADORES, no início da «AVENIDA» na parte Oeste, temos a «CALÇADA DA GLÓRIA» com o seu elevador inaugurado em 31 de Outubro de 1884. Na esquina desta calçada, já virada para a «AVENIDA» podemos observar o Café «PALADIUM», desde 17 de Novembro de 1932, tendo sido fundado por «TAVARES & FERREIRA». E o seu arquitecto «RAUL TOJAR».
Na parte Leste temos a «RUA DOS CONDES» assim como o «LARGO DA ANUNCIADA» (que comunica com a AVENIDA) de que falaremos mais à frente.
Seguem-se a «TRAVESSA DA GLÓRIA» e a «RUA DA CONCEIÇÃO DA GLÓRIA», a Oeste mais para cima está a rua de acesso à «PRAÇA DA ALEGRIA», e a «RUA DAS PRETAS» a Leste, comunicando entre si, cruzando a Avenida.
Segue-se a Oeste, a unem-se em nome e no terreno a «TRAVESSA DO SALITRE» (antiga Travessa das Vacas) e «RUA DO SALITRE»; espreita à direita, em desnível o que resta da antiga «TRAVESSA DA HORTA DA CERA» e mais à frente a «RUA JÚLIO CÉSAR MACHADO» (antiga Travessa do Moreira), na posição a Leste encontramos a «RUA MANUEL DE JESUS COELHO» fazendo esquina com o «TIVOLI».
Mais para cima vamos encontrar a zona mais moderna, surgindo as grandes ruas que atravessam a «AVENIDA» de lado a lado.
Primeiro a «RUA BARATA SALGUEIRO», depois a «RUA ALEXANDRE HERCULANO». No lado Oeste entre estas duas ruas existe uma rua que não atravessando a «AVENIDA» não deixa de merecer a nossa simpatia, trata-se da «RUA ROSA ARAÚJO» (o mentor da Avenida da Liberdade). E servindo como "terminus" natural da «AVENIDA» temos a «PRAÇA MARQUÊS DE POMBAL» com seu monumento ao «MARQUÊS».
Já depois da «AVENIDA» estar concluída e ajardinada, existiu no topo dos talhões no cruzamento com a «RUA ALEXANDRE HERCULANO», quatro estátuas que representavam a «EUROPA», a «ÁFRICA», a «ÁSIA» e a «OCEANIA», foram retiradas para dar lugar aos quatro escritores do século XIX.
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(CONTINUA)-(PRÓXIMO) - «AVENIDA DA LIBERDADE [VII]-PALÁCIO DOS CONDES DE ERICEIRA-(RUA DOS CONDES AO LARGO DA ANUNCIADA)»

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

AVENIDA DA LIBERDADE [ V ]

Avenida da Liberdade - (2006) - Fotógrafo não identificado (Um troço da Avenida da Liberdade) in MENDES E ROSA MARIA
Avenida da Liberdade - (ant. a 1960) - Produzida durante a actividade do Estúdio Mário Novais (1933-1983) Propriedade da Galeria da Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Avenida da Liberdade cruzamento com a Rua Alexandre Herculano, na época em que os eléctricos atravessavam a Avenida) in FLICKR

Avenida da Liberdade - (s/d) Foto produzida durante a actividade do Estúdio Mário Novais (1933-1983) Propriedade da Galeria da Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Avenida da Liberdade junto da RUA DO SALITRE ao fundo o Cinema São Jorge) in FLICKR


Avenida da Liberdade - (s/d) Fotografia produzida durante a actividade do Estúdio Mário Novais (1933-1983) Galeria da Biblioteca de Arte - Fundação Calouste Gulbenkian (Vista aérea de Lisboa, observando-se a Avenida da Liberdade) in FLIKR
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(CONTINUAÇÃO)
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AVENIDA DA LIBERDADE [ V ]
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«A AVENIDA DA LIBERDADE (3)»
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O projecto da «AVENIDA DA LIBERDADE» foi para a frente, graças à energia inquebrantável do Presidente da Câmara, o fontista ou regenerador: «JOSÉ GREGÓRIO ROSA ARAÚJO(1840-1893), que teve o cargo da edilidade, de 1878 a 1885, e nele arruinou considerável fortuna pessoal e a sua saúde.
«ROSA ARAÚJO» defendia a abertura de um largo «BOULEVARD» ou «AVENIDA» em LISBOA, o que veio a concretizar-se pelos anos de 1879-1886, tendo por isso de ser demolido o «PASSEIO PÚBLICO», que funcionava desde a «PRAÇA DOS RESTAURADORES» até à «PRAÇA DA ALEGRIA», sendo considerado na época o mais elegante jardim da cidade.
A Câmara teve grandes dificuldades nas expropriações efectuadas no rasgar da Avenida, cujos esforços foram compensados com o resultado final.
Em 24.07.1879 dava-se início às obras de demolição do «PASSEIO PÚBLICO» que nos últimos dias do ano de 1882 as suas grades começaram a ser arrancadas.
O projecto da «AVENIDA DA LIBERDADE» aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa entre 1877 e 1879, retomou anteriores propostas urbanísticas que concebiam a «AVENIDA» como prolongamento do «PASSEIO PÚBLICO», mas com limite na futura «ROTUNDA DO MARQUÊS DE POMBAL».
Podemos concluir que o «PASSEIO PÚBLICO» constitui assim, a primeira pedra da «AVENIDA DA LIBERDADE», no sentido em que lhe apontou a direcção e virá a configurar planos que são os do primeiro troço da AVENIDA oitocentista até à «RUA DAS PRETAS».
A «AVENIDA DA LIBERDADE» deteve-se, porém, após um curso de 1276 metros de comprimento, tendo noventa metros de largura, numa rotunda distributiva de 200 metros de diâmetro, que será consagrada ao «MARQUÊS DE POMBAL», cujo centenário da sua morte se comemorou em 1882.
Esta «AVENIDA» inaugurada no ano de 1886, tal como outras ruas limítrofes que igualmente foram calcetadas e iluminadas.
A «AVENIDA DA LIBERDADE» corria paralelamente às ruas ocidentais que conhecemos, na direcção a «SÃO SEBASTIÃO», cortava a «PRAÇA DA ALEGRIA DE BAIXO» eliminando-a, o final da «RUA DO SALITRE», e ia gerar dois bairros novos. Um deles nasceu a poente , em terrenos do advogado e capitalista «BARATA SALGUEIRO».
Ao longo desta AVENIDA era, porém. necessário impor uma arquitectura condigna (o que levou tempo a fazer e nunca foi conseguido), apesar dos esforços dos anos finais de 80 e iniciais de novecentos, em meia dúzia de palacetes e prédios sumptuosos.
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(CONTINUA)-(PRÓXIMO) - «AVENIDA DA LIBERDADE [ VI ] - A AVENIDA DA LIBERDADE (4)»


domingo, 19 de setembro de 2010

200 000 (DUZENTOS MIL) - VISITANTES


Este BLOGUE atingiu o número de 200 000 (DUZENTOS MIL) de visitantes.


Ao atingir as duzentas mil visitas, o autor deste Blogue agradece a todos que o visitaram (a quem já considera simpatizantes das "RUAS DE LISBOA"), desejando muita saúde e prosperidades.
Obrigado
APS

sábado, 18 de setembro de 2010

AVENIDA DA LIBERDADE [ IV ]

Avenida da Liberdade - (19__) (Litografia a cores) (Restauradores no início da Avenida da Liberdade) in LISBOA DE FREDERICO RESSANO GARCIA(1874-1909)
Avenida da Liberdade - (1911) (Levantado e desenhado sob a orientação de "JÚLIO ANTÓNIO VIEIRA DA SILVA PINTO" - Área entre a "PRAÇA MARQUÊS DE POMBAL" e a "RUA FERREIRA À LAPA") in LISBOA DE FREDERICO RESSANO GARCIA(1874-1909)

Avenida da Liberdade - (1911) (Levantado e desenhado sob a direcção de "Júlio António Vieira da Silva Pinto"- Área entre a "RUA ALEXANDRE HERCULANO", "AVENIDA DA LIBERDADE" e "RUA DE S. JOSÉ". in LISBOA DE FREDERICO RESSANO GARCIA (1874-1909).


Avenida da Liberdade - (189_) (Planta de arborização da Avenida da Liberdade) in LISBOA DE FREDERICO GARCIA (1874-1909)
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(CONTINUAÇÃO)
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AVENIDA DA LIBERDADE [ IV ]
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«A AVENIDA DA LIBERDADE ( 2 )»
Quem hoje passa pela «AVENIDA DA LIBERDADE», normalmente muito apressado, ao volante de um carro, atento aos semáforos e aos outros condutores, preocupado em chegar o mais breve possível à «ROTUNDA DO MARQUÊS» ou aos «RESTAURADORES», entenderá que esta artéria faz parte dos "nossos encantos".
Igualmente se aplica a quem passe, fechado em qualquer transporte que leve gente de sobra. E nem se põe o problema aos que só percorrem aquele trajecto debaixo do chão, no Metropolitano.
No entanto, nenhuma RUA desta CAPITAL foi tão defendida por uns e odiada por outros, logo antes de nascer; nenhuma obteve depois tanta unanimidade; nenhuma desempenhou e desempenha um papel de «AVENIDA NOBRE» e de passeio obrigatório.
Faz aproximadamente 124 anos e cinco meses, eram convidados os alfacinhas e forasteiros a visitarem a inauguração de uma nova artéria da Capital.
A «AVENIDA DA LIBERDADE» era descrita na época, como um longo vale, mostrando-se ampla, larga, ligeiramente em declive, limitada a NORTE pelo futuro «PARQUE DA LIBERDADE» (mais tarde) «PARQUE EDUARDO VII» a SUL pelos «RESTAURADORES» e lateralmente pelas encostas ou colinas com algumas construções.
Esta «AVENIDA» contando então poucos anos de vida (foi inaugurada em 28 de Abril de 1886), tinha-se já tornado uma importante via de comunicação.
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O panorama oferecido na última década do século XIX, era aquele que muitos ainda conheceram: grande número de árvores, canteiros de verdura, ladeada de belas casas, algumas das quais com arquitectura caprichosa, formando o seu todo um dos mais atraentes e assíduos locais de passeio de LISBOA.
Desse conjunto de qualidade nasceu um hábito bem alfacinha e que se manteve enquanto o trânsito o permitiu: "fazer a Avenida".
Consistia esta tradição no passatempo inofensivo de subir e descer aquela artéria, a pé, a cavalo ou num elegante trem, transformando-se a «AVENIDA» em "picadeiro" humano ou em passagem de modelos. De Inverno, o movimento começava pelas três e meia da tarde, no Verão uma hora mais tarde, e em qualquer caso continuava até ao pôr do Sol.
Era o momento mais oportuno para se mostrarem as belas equipagens, as excelentes montadas ou, mais simplesmente, o último modelo das mais famosas modistas do CHIADO.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «AVENIDA DA LIBERDADE [ V ] -A AVENIDA DA LIBERDADE (3)».




quarta-feira, 15 de setembro de 2010

AVENIDA DA LIBERDADE [ III ]

Avenida da Liberdade - (Século XIX) Litografia Colorida de George Vivian (O Passeio Público) em exposição no Museu da Cidade in AFML
Avenida da Liberdade - (ant. 1879) Foto de José Artur Leitão Bárcia (Passeio Público, Pavilhão, Lago e Terraço da entrada Norte) in AFML

Avenida da Liberdade - (Desenho) Estúdios Mário Novais (Circo Prince, demolido para a abertura da Avenida da Liberdade) in AFML




(CONTINUAÇÃO)
AVENIDA DA LIBERDADE [ III ]
«O PASSEIO PÚBLICO ( 3 )»
No coreto executavam belos trechos musicais, por bandas militares, e foi a esplêndida orquestra, dirigida magistralmente por «M.me Josephine Amman», que fez furor e atraiu selecta concorrência à audição dos seus concertos.
Também havia ali barracas onde vendiam rifas em favor dos asilos de beneficência, cafés chiques e outros divertimentos. Nessas noites era a entrada paga. A principio manteve-se bem aquela diversão. A sociedade mais escolhida entrava no recinto, e em volta das grades, pelas ruas exteriores, aglomeravam-se espectadores populares para ouvirem a música e desfrutarem do fogos-de-artifício. Pouco a pouco foi entrando por ali a desmoralização, e as famílias começaram a retrair-se.
Afinal as grades do passeio foram derrubadas, com protesto de muita gente que se não conformava com a "profanação" do seu favorito jardim.
As noites do «PASSEIO PÚBLICO», a principio muito bem concorrido e por fim essencialmente monótonas, foram substituídas por outras iluminações.
Nos últimos anos as empresas não ganharam o suficiente, à excepção dos «RECREIOS MITHOYNE», onde o público encontrava variadas distracções.
Assim durante mais de cem anos o «PASSEIO PÚBLICO» fez parte da vida social de uma LISBOA pacata que lá ia mostrar a menina casadoira, ou a última "Toilette" ou, mais singelamente, ouvir música.
«EÇA DE QUEIROZ», sobretudo em «O PRIMO BASÍLIO», é o cronista por excelência deste espaço antecessor da «AVENIDA DA LIBERDADE».
E se subirmos ao jardim de «SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA» ainda lá podemos encontrar resquícios do «PASSEIO PÚBLICO», no pequeno tanque que orna o jardim.
Também deste velho «PASSEIO PÚBLICO» ainda existem vestígios ornamentais na «AVENIDA DA LIBERDADE». Referimo-nos às estátuas do «TEJO» e do «DOURO» integrados nos lagos da Avenida. As representações alegóricas aos rios, são da autoria do escultor do século XVIII «ALEXANDRE GOMES» foram inicialmente projectadas para o chafariz do «CAMPO DE SANTANA» (que nunca chegou a ser construído).
A «RUA DO SALITRE» era, até 1879, uma vasta área mais vasta que a actual. Antes da demolição do «PASSEIO PÚBLICO» prolongava-se a sueste, até à antiga «PRAÇA DA ALEGRIA DE BAIXO» e «RUA DAS PRETAS». Mais para Norte, onde está hoje a estátua aos «MORTOS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL», ficava o grande barracão do «CIRCO PRICE», obra do Inglês «TOMÁS PRICE» inaugurado em 11 de Novembro 1860.
A vasta área pertencia à família «MAYER», tendo sido parcialmente expropriada para construção da «AVENIDA DA LIBERDADE». A Leste e a Ocidente desta permaneceram terrenos para sempre ligados aos antigos proprietários. O "bouquet" de rosas que serve de símbolo e logótipo do «CINEMA TIVOLI», representa as flores dos Jardins dos Mayer, cujo apelido designa ainda o "Parque de Teatros" do outro lado da artéria (onde estavam, em 1903, os jardins da casa premiada).
O «PASSEIO PÚBLICO» foi destruído, assim como o «CIRCO PRICE» no final do século XIX, para permitir a construção da «AVENIDA DA LIBERDADE» e a extensão da cidade para Norte.
Sabe-se que a transição do «PASSEIO PÚBLICO» para «AVENIDA» não foi nada pacífica. O presidente teve bastante arrojo para ultrapassar os problemas, conseguindo rasgar a «AVENIDA» no prolongamento do «PASSEIO PÚBLICO».
(CONTINUA) - (PRÓXIMA) «AVENIDA DA LIBERDADE [ IV ] - A AVENIDA DA LIBERDADE ( 2 )»

sábado, 11 de setembro de 2010

AVENIDA DA LIBERDADE [ II ]

Avenida da Liberdade - (s/d) Foto de Eduardo Portugal (PASSEIO PÚBLICO, entrada Sul, início da futura Avenida da Liberdade) in AFML
Avenida da Liberdade - (1905) Litografia Legrand (Recordação do PASSEIO PÚBLICO de Lisboa) in AFML

Avenida da Liberdade (ant. a 1879) Foto de José Artur Leitão Bárcia ( Cascata e fonte do PASSEIO PÚBLICO) in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
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AVENIDA DA LIBERDADE [ II ]
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«O PASSEIO PÚBLICO ( 2 )»
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A sua área de ocupação era limitada a NORTE pela zona da «ALEGRIA » e «RUA DAS PRETAS», a SUL por onde é hoje a «PRAÇA DOS RESTAURADORES». Na parte da sua extremidade setentrional passava a «RUA DO SALITRE», que seguia até à «RUA DAS PRETAS», e para NORTE ainda existiam algumas hortas até ao chamado «VALE DO PEREIRO».
Entre o «PASSEIO PÚBLICO» e as hortas ficava a «PRAÇA DA ALEGRIA DE BAIXO», ladeada ao NORTE por uma fila de prédios. Tudo isto teve de ser derrubado quando, um século depois, se construiu a «AVENIDA DA LIBERDADE».
Iniciaram-se as obras por volta de 1764. Edificados os muros e concluídos que foram, seguiu-se o jardim que não levou muito tempo a ser finalizado.
Do lado da «PRAÇA DA ALEGRIA» terminava por uma CASCATA elegante, com tanque e torneira de água. De ambos os lados partiam escadarias de cantaria muito bem lançadas, que iam terminar a um grande e lindo terraço, adornado de vasos de artístico gosto.
Duas pequenas lagoas adornavam as ruas laterais. Numa delas a estátua do «DOURO», na outra a do «TEJO», lançando água das suas belas urnas de mármore. Estas estátuas foram depois aproveitadas e colocadas na «AVENIDA DA LIBERDADE», e sabe-se que tinham vindo do «CAMPO SANT'ANA».
Em 1834, tiveram lugar grandes melhoramentos, sob a direcção do arquitecto «MALAQUIAS FERREIRA LEAL».
Dos velhos jardins da INQUISIÇÃO (no ROSSIO) seguiram para ali algumas estátuas marinhas.
Era um passeio muito concorrido da sociedade elegante, que ali passava as tardes (para cima e para baixo).
Depois da missa do meio-dia, encontravam-se ali as elegantes pretendentes ao matrimónio, e os solteirões de "boa roda".
O «PASSEIO PÚBLICO» foi, a "pira" onde arderam muitos corações, e o mundo ilusório de muitos celibatários. Era bonito ver este quadro: As meninas embrenhadas nas saias de balão com um chapéu em forma de telha, muito delgadinhas de busto. Seguidas de suas mães, muitas vezes de capote e lenço, muito usado na época. Os homens sérios seguiam a par das esposas, empertigados na sobrecasaca domingueira, absorvendo o ambiente ou lançando olhares furtivos algo cobiçoso, sobre as donzelas mais afamadas da ocasião.
Quando porém o passeio se tornava mais interessante era nas noites de iluminação.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «AVENIDA DA LIBERDADE [ III ] - O PASSEIO PÚBLICO ( 3 )»

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

AVENIDA DA LIBERDADE [ I ]

Avenida da Liberdade (1879) (Plano da Avenida da Liberdade elaborado por FREDERICO RESSANO GARCIA) in OS PLANOS DA AVENIDA DA LIBERDADE E SEU PROLONGAMENTO
Avenida da Liberdade - (1905) Litografia de João Christino (Avenida da Liberdade cruzamento com a Rua Alexandre Herculano, podemos ver nos talhões as primitivas estátuas) (Suplemento ao Nº 488 do "Mala da Europa") in BIBLIOTECA NACIONAL DIGITAL

Avenida da Liberdade - (1883) (Estado das obras na Avenida da Liberdade) (Desenho do natural por "J. Christino", gravura reproduzida in "O OCIDENTE" (235) de 1 de Julho de 1883) in LISBOA DE FREDERICO RESSANO GARCIA


Avenida da Liberdade - (Gravura de Francisco Valença 1882-1958) Foto de Eduardo Portugal (Caricatura do PASSEIO PÚBLICO) in AFML



AVENIDA DA LIBERDADE [ I ]
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«A AVENIDA DA LIBERDADE ( 1 ) e PASSEIO PÚBLICO ( 1 )»
A «AVENIDA DA LIBERDADE» pertence a duas freguesias: «SÃO JOSÉ» e «CORAÇÃO DE JESUS».
À freguesia de «SÃO JOSÉ» pertencem os números 1 a 153 na parte ímpar. No lado par dos números 2 a 188.
À freguesia de «CORAÇÃO DE JESUS» os restantes números pares e ímpares.
Começa na «PRAÇA DOS RESTAURADORES» e acaba na «PRAÇA DO MARQUÊS DE POMBAL».
Tem na sua convergência as seguintes artérias: 3 PRAÇAS; 9 RUAS; 2 TRAVESSAS; 1 LARGO e Uma CALÇADA.
Ao percorrermos esta AVENIDA de SUL para NORTE, encontramos no seu lado direito a «RUA DOS CONDES»; «LARGO DA ANUNCIADA»; «RUA DAS PRETAS»; «RUA MANUEL DE JESUS COELHO»; «RUA BARATA SALGUEIRO»(Transversal) e «RUA ALEXANDRE HERCULANO»(Transversal).
No lado esquerdo igualmente de SUL para NORTE encontramos a «CALÇADA DA GLÓRIA»; «TRAVESSA DA GLÓRIA»; «RUA DA CONCEIÇÃO DA GLÓRIA»; «PRAÇA DA ALEGRIA»; «RUA DO SALITRE»; «TRAVESSA DA HORTA DA CERA»; «RUA JOSÉ CÉSAR MACHADO(antiga Travessa do Moreira)»; «RUA BARATA SALGUEIRO»(Transversal); «RUA ROSA ARAÚJO»; «RUA ALEXANDRE HERCULANO» (Transversal) e finaliza na «PRAÇA DO MARQUÊS DE POMBAL».
A «AVENIDA DA LIBERDADE» foi construída nos finais do século XIX sobre o antigo «PASSEIO PÚBLICO».
A sua extensão viria a ser bem maior que a daquele, indo ao encontro de um novo parque, no topo, cuja construção tinha em vista compensar o desaparecimento do «PASSEIO PÚBLICO».
Designado inicialmente «PARQUE DA LIBERDADE» mais tarde daria lugar ao «PARQUE EDUARDO VII».
Na parte SUL da AVENIDA foi construída a «PRAÇA DOS RESTAURADORES», consagrada à «LIBERDADE» de PORTUGAL face a ESPANHA, reconquistada e "restaurada" em 1640.
Por analogia a nova «AVENIDA» receberia também, o nome de «LIBERDADE».
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«PASSEIO PÚBLICO» (1)
Anterior ao Terramoto de 1755, tudo aquilo eram hortas. Sonhara no entanto, o «MARQUÊS DE POMBAL» e seus colaboradores, fazerem daquelas hortas de «VALVERDE» um sítio aprazível e ponto de atracção para os lisboetas.
Assim, o «PASSEIO PÚBLICO» começou a ser projectado entre 1764 e 1771, por altura do plano de reedificação da «BAIXA», constituindo a primeira expressão no país, do desejo de um parque público numa altura em que, justamente, começava a ser um equipamento frequentemente integrado na reconstrução das cidades europeias influenciadas pelos ideais das "LUZES".
Estes terrenos onde então se situavam, entre outras, as «HORTAS DA MANCEBIA» e «HORTA DA CERA» e em terrenos pertencentes ao «CONDE» depois «MARQUÊS» de «CASTELO MELHOR», vulgarmente conhecido por sítio de «VALVERDE», foram por isso expropriados, para aí ser construído e plantado o «PASSEIO DO ROSSIO», logo designado de «PASSEIO PÚBLICO», sendo o risco do arquitecto «REINALDO MANUEL».
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «AVENIDA DA LIBERDADE [ II ] - O PASSEIO PÚBLICO ( 2 )»

sábado, 4 de setembro de 2010

RUA DAS FLORES [ VII ]

Rua das Flores - (1980) - Fotógrafo não identificado (Um troço da Rua das Flores) in A TRAGÉDIA DA RUA DAS FLORES
Rua das Flores,93 a 97 - (1971) Foto de João H. Goulart ( Rua das Flores junto do Largo do Barão de Quintela) in AFML

Rua da Flores (1980) - (Livro A TRAGÉDIA DA RUA DAS FLORES - Edição Ilustrada) in EMULE BRASIL


Rua das Flores, 71 a 91 - (s/d) Foto de Arnaldo Madureira (Rua das Flores e Largo do Barão de Quintela) in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
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RUA DAS FLORES [ VII ]


«A TRAGÉDIA DAS RUA DAS FLORES»

Na bibliografia de «EÇA DE QUEIROZ» encontramos uma obra passada num terceiro andar desta rua, mais tarde aparece editada em 1980, intitulada «A TRAGÉDIA DA RUA DAS FLORES», que nas palavras do próprio autor, "trata-se de um incesto involuntário". Vamos resumir um pouco o conteúdo da obra.
A tragédia é, assim, a história de um amor fatal. "O estudo psicológico de uma paixão mórbida, das suas causas remotas e das suas consequências trágicas".
«JOAQUINA DA EGA» (que mais tarde se virá a saber chamar-se "GENOVEVA", natural da «GUARDA», casada com «PEDRO DA EGA», vivia em LISBOA. Mas, logo após o nascimento do filho, abandona este e o marido para fugir com um emigrado espanhol.
Em ESPANHA, torna-se cortesã. Entretanto, «PEDRO DA EGA» morre em «ANGOLA».
«JOAQUINA» casa-se depois com «MADAME de MOLINEUX», um velho senador, com quem vive em PARIS. Mas a queda do Bonapartismo, trazem-na de volta a Portugal, agora com «GOMES», um brasileiro, já que o senador havia falecido. Faz-se, então, passar por «MADAME de MOLINEUX».
Em LISBOA, instala-se na «RUA DAS FLORES». Logo se envolve com «DÂMASO DE MAVIÃO», a quem irá explorar sem piedade. No entanto, apaixona-se por «VÍTOR», um jovem de 23 anos, bacharel em Direito.
Quando faz 40 anos repele «DÂMASO», planeando voltar para PARIS com «VÍTOR». O tio de «VÍTOR», «TIMÓTEO», o único detentor da trágica verdade, tenta acabar com a relação dos dois. Decide, então, contar toda a verdade a «GENOVEVA».
Ao saber que era amante do seu próprio filho, «GENOVEVA» atira-se da varanda de sua casa, na presença de «VÍTOR», que nunca chegaria a perceber tal atitude nem a saber a verdade.
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«VÍTOR» é o protagonista desta tragédia, bacharel em Direito, formado em «COIMBRA», exercia advocacia no escritório do «DR. CAMINHA».
Com 23 anos era um poeta romântico, republicano, profissionalmente revoltado e descontente. É um burguês apático e ridículo "sentia-se na vida como um homem errante que só vê diante de si portas fechadas".
Vivia com o tio «TIMÓTEO» na «RUA DE SÃO FRANCISCO» (actual) «RUA IVENS» no 3º andar, em LISBOA, pois a sua mãe tinha-o abandonado quando tinha apenas dois meses.
Envolve-se com «GENOVEVA» e propõe-se mesmo fugir com ela para PARIS, o que só não acontece porque «GENOVEVA» se suicida ao saber, pela boca do tio «TIMÓTEO», que «VÍTOR» é o filho que ela abandonara. «VÍTOR» é, assim, o exemplo típico do homem em tudo frustrado, destroçado pela fatalidade do destino o protótipo do "VENCIDO DA VIDA».
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Já em 1877-78 «EÇA DE QUEIROZ» tinha em projecto um romance (ou conto) de incesto mortal, neste caso entre mãe e filho, que ele apenas rascunhou e que só em (1980-1982) aparece editado em várias reconstituições, logo a seguir muito criticado, sob o título de «A TRAGÉDIA DA RUA DAS FLORES». ( 1 ) - [ FINAL]
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( 1 ) - (História da Literatura Portuguesa de António José Saraiva e Óscar Lopes - 1996 - 17ª Ed. Porto Editora).

BIBLIOGRAFIA
(obras consultadas)

ARAÚJO, Norberto de - 1993 - Peregrinações em Lisboa - Volume XIII - Vega - Lisboa.

Estátuas Portuguesas - Olhares de Pedra - 2004 - Global Notícias Publicações, SA.

FRANÇA, José-Augusto - 1966 - A ARTE EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX - Volume I - Bertrand - LISBOA.

Lisboa Revista Municipal - ANO XLVIII- 2ª série - Nº 20- 2º Trimestre de 1987 - edição da Câmara Municipal de Lisboa.

SARAIVA, António José e LOPES, Óscar - 1996 - 17ª edição - HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA - Porto Editora.

SILVA, A. Vieira da - AS MURALHAS DA RIBEIRA DE LISBOA - 1987 - 3ª Edição - Volume I e II - Publicações Culturais da Câmara Municipal de Lisboa.

INTERNET
(Blogues e SITES)

INFORMAÇÕES SOBRE LISBOA - CML.

MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS

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(PRÓXIMO) - «AVENIDA DA LIBERDADE [ I ] - A AVENIDA DA LIBERDADE (1) e PASSEIO PÚBLICO (1)»

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

RUA DAS FLORES [ VI ]

Rua das Flores - (Finais do século XIX) (Fotógrafo não identificado) (Eça de Queiroz) in WIKIPÉDIA
Rua das Flores - (s/d) Fotógrafo não identificado (Um retrato de Eça de Queiroz) in WIKIPÉDIA

Rua das Flores - (s/d) Fotógrafo não identificado (Eça de Queiroz) in WIKIPÉDIA

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(CONTINUAÇÃO)
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RUA DAS FLORES [ VI ]
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«UMA SÍNTESE DA BIOGRAFIA DE EÇA DE QUEIROZ»
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«EÇA DE QUEIROZ(1845-1900)»
Foi na PÓVOA DE VARZIM que, no dia 25 de Novembro de 1845, nasceu um dos maiores vultos da literatura portuguesa, filho do magistrado «JOSÉ MARIA DE ALMEIDA TEIXEIRA DE QUEIROZ» e de «CAROLINA AUGUSTA PEREIRA D'EÇA».
«JOSÉ MARIA EÇA DE QUEIROZ» foi entregue, ao nascer, aos cuidados da madrinha e ama, «ANA LEAL DE BARROSO», em VILA DO CONDE, e mais tarde aos avós paternos, em AVEIRO.

Aos dez anos foi como interno para o Colégio da LAPA, no PORTO, onde teve como professor de francês «RAMALHO ORTIGÃO», mais velho nove anos que ele, e com quem mais tarde partilharia a escrita das «FARPAS».
Em 1861 entrou na UNIVERSIDADE DE COIMBRA, de onde saiu em 1866 formado em DIREITO. Nos tempos de faculdade leu muito e conheceu «ANTERO DE QUENTAL» e «TEÓFILO DE BRAGA».
Em 1867 teve uma passagem pela direcção de um jornal da oposição, «O DISTRITO DE ÉVORA», onde desenvolveu a capacidade de despersonalização (escrevendo com quatro pseudónimos).

De regresso a LISBOA retomou a colaboração iniciada em 1866, na «GAZETA DE PORTUGAL», onde com os seus folhetins, deu início no mundo literário. Fez então, parte do «CENÁCULO» (com «BATALHA REIS», «SALOMÃO SARAGA», e «ANTERO», entre outros).
Em concurso para cônsul classifica-se em primeiro lugar. Participa nas «CONFERÊNCIAS DO CASINO-(1871)» e, em 1872, partiu para HAVANA como representante consular. Foi depois transferido para BRISTOL, INGLATERRA, onde permaneceu 14 anos, antes de ser transferido para PARIS (1888), cidade onde, no último ano do século XIX, viria a falecer.
Entre 1888 e 1893, aproveitou os regressos a Portugal para se reunir com o grupo dos "VENCIDOS DA VIDA".
«EÇA DE QUEIROZ» no «DIÁRIO DE NOTÍCIAS» em colaboração com RAMALHO no ano de 1870, publica em folhetins «O MISTÉRIO DA ESTRADA DE SINTRA». Iniciou-se no romance em 1876, com o notável «O CRIME DO PADRE AMARO», a que se seguiu «O PRIMO BASÍLIO», obra em que a cidade de LISBOA é o objecto da sua crítica irónica.
Em 1888 publicou «OS MAIAS», obra em que novamente faz a crítica literária, política e educacional da sociedade da época.
Ainda em 1888 iniciou-se a publicação da «REVISTA DE PORTUGAL» que «EÇA DE QUEIROZ» dirigiu. A ironia é o traço de união de uma multifacetada obra de ficção, crítica e jornalismo, que passa por romances, prefácios, colaboração em jornais e crónicas.

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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DAS FLORES [ VII ] - A TRAGÉDIA DA RUA DAS FLORES»