sábado, 12 de dezembro de 2015

BOAS FESTAS

«BOAS FESTAS»




DESEJAMOS A TODOS OS «BLOGUISTAS» E AMIGOS, FELIZ NATAL E UM BOM ANO DE 2016.


APROXIMA-SE O NATAL E COMO  VEM SENDO HABITUAL, FAZEMOS UMA PARAGEM PARA MEDITAÇÃO.


VOLTAREMOS NO PRÓXIMO ANO ( se DEUS quiser e nos der saúde para tal ) COM MAIS RUAS DE LISBOA. ATÉ LÁ VIVAM ESTA QUADRA COM O ESPÍRITO DE VERDADEIRO NATAL.

FAÇAM O FAVOR DE SEREM FELIZES!


(CONTINUAÇÃO)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXIV ] A IMPRENSA NACIONAL ( 1 )».

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

ÍNDICE DE ARTÉRIAS EDITADAS EM - 2015

«ÍNDICE DE RUAS EM 2015»

 (ÍNDICE DE: CALÇADA, JARDIM, LARGO, RUAS, e VILA de LISBOA)
(ÍNDICE POR FREGUESIAS: ARROIOS, BEATO, ESTRELA, MISERICÓRDIA, SANTA MARIA MAIOR, SANTO ANTÓNIO e SÃO VICENTE)

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O ÍNDICE ESTÁ REPRESENTADO EM ORDEM ALFABÉTICA POR ARTÉRIAS e FREGUESIAS.
FORAM TRATADOS ESTE ANO: 1- CALÇADA; 1 - JARDIM; 1 - LARGO; 6 - RUAS e UMA VILA, NUM TOTAL DE 97  PUBLICAÇÕES REFERENTES A ARTÉRIAS DE LISBOA.


(PRÓXIMO) «BOAS FESTAS».


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXIII ]

«A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 3 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2002) - Foto de autor não identificado - (Fachada principal da antiga "Real Fábrica das Sedas" na "Rua da Escola Politécnica" frente ao Palácio Palmela) ( Abre em tamanho grande) in DGPC 
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de Henrique Ruas - (O comprido edifício da "Real Fábrica das Sedas" na Rua da Escola Politécnica" a tornejar para o "Largo do Rato" era adquirida em 1835 por MANUEL JOAQUIM JORGE) in SÉTIMA COLINA 
 Rua da Escola Politécnica - (1910-07) Foto de Joshua Benoliel - (Habitações para o pessoal da "Fábrica de Sedas" na "RUA DAS FÁBRICAS DAS SEDAS" actual "Rua Maestro Pedro Freitas Branco" que naquele tempo fazia esquina para a antiga "Rua Direita da Fábrica das Sedas", depois Rua da Escola Politécnica)  (Abre em tamanho grande)  in   AML
Rua da Escola Politécnica - (entre 1897 e 1908) Foto de autor não identificado - (Real Fábrica das Sedas, na Rua da Escola Politécnica. Antigo edifício incendiado na madrugada de 03.08.1897, funcionou numa parte deste edifício a Escola Primária Nº 43) (Abre em tamanho grande)  in  AML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXIII]

«A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 3 )»

A este período podemos chamar o ciclo de ouro da "FÁBRICA DAS SEDAS". Com a extinção da DIRECÇÃO DA REAL FÁBRICA DAS SEDAS, na sequência do afastamento do MARQUÊS DE POMBAL, principal impulsionador da política estatal das manufacturas, segue-se o 4.º período, no qual a administração foi entregue à JUNTA DE ADMINISTRAÇÃO DAS FÁBRICAS DO REINO ( 1777-1788).
Esta Administração vai iniciar a privatização das unidades manufactureiras e dos teares de meias do ESTADO. No entanto, tanto a REAL FÁBRICA DE SEDAS DO RATO, como a dos GALÕES, a do "TIRADOR DE OIRO" e de "LOUÇA", se mantêm no património régio. Na ausência de subsídios estatais, este período corresponde a um momento de mudança com falta de fundos para funcionamento dos equipamentos e diminuição do número de teares em funcionamento. "ACÚRCIO DAS NEVES" refere, todavia, a introdução dos panos damascos rasos como nova produção da Fábrica. Um novo período de prosperidade económica relança a partir de 1788 até 1819 a "FÁBRICA DAS SEDAS", agora sob a tutela da "REAL JUNTA DO COMÉRCIO, AGRICULTURA, NAVEGAÇÃO E FÁBRICAS".
Nesta sentido volta a funcionar uma nova direcção, durante cuja gerência a fábrica deu lucros. 
Nesta período aumentou-se o número de teares ( 203 em 1792), reestabeleceu-se o fabrico das meias e introduziu-se um "filatório"  1 ) para organizar a seda pelo sistema "piemontês" ( 2 )  ( a energia calórica), junto à RIBEIRA DE ALCÂNTARA.
Na implementação desta última medida não é estranha a acção do "CONDE DE LINHARES", impulsionador da construção de mestres italianos - os ARNAUD - igualmente responsável pelo desenvolvimento da fiação da SEDA em CHACIM, Trás-os-Montes.
Este longo período de quarenta e dois anos, de concepções realistas, foi preenchido de diversos subperíodos, cuja história está por fazer. A partir das INVASÕES FRANCESAS assiste-se a lutas políticas no interior da direcção da REAL FÁBRICA , entre grupos pró-liberais e pró-absolutistas de ideias económicas, por vezes antagónicas, que levaram a fábrica à crise de 1819. Com o "VINTISMO" reforçam-se as correntes não intervencionistas, "Liberalizantes" e "Nacionalistas", cujo simbolismo se materializou com a mudança de nome da manufactura para "FÁBRICA NACIONAL DAS SEDAS" e pelas tentativas de reforma do seu sistema económico e técnico. Neste último aspecto refira-se as diversas propostas de reforma apresentadas às COMISSÕES DA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE e LEGISLATIVA e, depois de 1826 às CORTES, no sentido da reestruturação da manufactura.  Por esta razão estamos na presença de um 5.º período da história fabril (1820-1830).Na realidade as Direcções continuaram a estar submetidas à REAL JUNTA DO COMÉRCIO, mas muitas vezes durante as vagas de liberalismo dessa década a indefinição política da sua gestão foi mais a norma que a excepção. Durante as discussões políticas-económicas foi pedida a sua extinção que curiosamente se começou a concretizar durante o Governo de D. MIGUEL.
Em Julho de 1833 uma SOCIEDADE composta pelo "BARÃO DAS PICOAS", MANUEL EMÍLIO DA SILVA, RAFAEL PEREIRA e JOÃO PASTOR predispõem-se a adquirir a velha manufactura em 1835, e constituíram  uma COMPANHIA para a sua exploração com capitais de seis mil acções de valor nominal de 100$000 réis. Mas foi infrutífero . A "FÁBRICA DAS SEDAS", como manufactura real ou nacional, não mais se restabeleceu, nem conseguiu arranjar compradores para a reerguer a partir de outro plano. Todavia, em 1865, o espaço laboral era ainda aproveitado por empresas privadas que se dedicavam à produção e ao comércio de tecidos de seda.

Em 1 de Agosto de 1897 era noticiado o rescaldo de um incêndio, no qual só as paredes ficaram de pé. Após a reconstrução do edifício a situação não se alterou. Voltou a servir outros negócios, outras funções e outros interesses, desafiando até hoje a capacidade de identificação com algum monumento sem história, não com certeza a de algum palácio ou de alguma Igreja do património lisboeta.

( 1 ) - "FILATÓRIO" - (do Lat. filu, fio) adj. relativo a fiação; aparelho para fiação.

( 2 ) - "PIEMONTES" - Natural ou habitante do PIEMONTE - (ITÁLIA).

(CONTINUA)-(NO PRÓXIMO ANO DE 2016)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [XXIV] - A IMPRENSA NACIONAL ( 1 )» - [SEGUE  ÍNDICES]-

sábado, 5 de dezembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXII ]

«A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 2 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2012) Foto de Pedro Almeida - ( A antiga "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" na Rua da Escola Politécnica)  in  LISBOA-COMPARAÇÃO COM OUTROS TEMPOS
 Rua da Escola Politécnica - ( 2008 ) -Foto de Dias dos Reis - (Fachada da antiga "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" e seu corpo principal onde sobressaem as armas Reais de D. JOSÉ I)  in  DIAS DOS REIS
 Rua da Escola Politécnica - ( 1968 ) - Foto de Armando Serôdio ( A "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" na Rua da Escola Politécnica e seu Brasão no frontão) in  AML
Rua da Escola Politécnica - ( 1961 ) Foto de Artur Goulart - (A "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" o Edifício da antiga "FÁBRICA DAS SEDAS", uma oficina no número 43) (Abre em tamanho grande )  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXII ]

«A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 2 )»

Finalmente, resolveram construir um edifício de raiz, cujas obras foram iniciadas em 1738 e terminaram entre 1740 e 1741. Numa história assaz movimentada desde a data de início de laboração até à data da sua liquidação, em 1830-1835, a manufactura do RATO passou por seis períodos de actividade, a maioria dos quais foram sinteticamente tratados por "JOSÉ ACÚRSIO DAS NEVES". O primeiro período abarca os anos de 1734 - 1750 e passou por três administrações distintas, na primeira das quais se optou pela construção de um edifício adequado aos diversos fabricos, centralizador da produção, no então subúrbio do RATO. durante este período, liderado pela iniciativa privada da Companhia fundadora, implantam-se os primeiros 91 teares e organiza-se a manufactura e os diversos lavores da sua produção. A crise de 1747-1750, que opôs GODIN  aos seus sócios negociantes, inviabilizou a continuação dos interesses da Companhia na Fábrica.  A morte de D. JOÃO V, em 1750, e a sucessão de D. JOSÉ, cria boas condições para a venda da FÁBRICA DO RATO ao ESTADO, negócio proposto por GODIN. Inicia-se então o segundo período (1750-1757), caracterizado pela administração por conta de "VASCO LOURENÇO VELOSO", em que a FÁBRICA DAS SEDAS é pertença da FAZENDA REAL. A nomeação de "VELOSO" gerou contencioso com GODIN.
VELOSO imprimiu, no entanto, um cunho personalizado à produção, datado da sua gerência o desenvolvimento da oficina da TINTURARIA, situada no RATO ( nas construções de GODIN), a introdução do fabrico de meias e a montagem do primeiro torno de torcer a seda. Após o terramoto de 1755, e aproveitando a movimentação social dos tecelões da Seda do Rato, contra a administração de VELOSO, materializada, inclusive, por uma representação do Rei em SALVATERRA DE MAGOS. O ESTADO iluminado resolveu apoiar-se na REAL FÁBRICA DO RATO para iniciar uma política concertada de desenvolvimento manufactureiro em PORTUGAL, transformando-a em matriz e modelo de mais outras que se fundaram posteriormente. No terceiro período  caracterizado pela criação de uma direcção administrativa, por conta da JUNTA DO COMÉRCIO, a quem competia eleger os cinco directores. Nesta período, cuja actividade se estende curiosamente até à morte de DOM JOSÉ, passa-se de um regime basicamente centralizador para uma forma mista de trabalho, com a aceitação do trabalho a domicílio, liderado pelo princípio do sistema doméstico e integrando as Corporações de mestres da seda na esfera da manufactura estatal. é desta fase a construção das 70 casas do Bairro dos Fabricantes do RATO e das AMOREIRAS (1759) e da instalação de uma série de fábricas anexas que serviam de forma de um corpo técnico de aprendizes com capacidade de autonomizar o ESTADO de contratações futuras.
De salientar que entre as manufacturas anexas umas funcionavam no edifício da "REAL FÁBRICA DO RATO", como as manufacturas de galões e de tirador ou de ouro e prata (por sua vez indispensáveis à dos galões), outras no parque habitacional e Comunitário das AMOREIRAS, outras ainda, noutras partes da cidade, sem falar nas que se montaram noutros locais do país.
Em termos de equipamento foram instalados cerca de 165 teares de meias, construído o segundo torno de torcer, adquirida uma máquina de aplicar goma às fazendas fabricadas, e construída uma mais perfeita CASA DA TINTURARIA, na RIBEIRA DE ALCÂNTARA, à qual se anexou a "CASA DA CALANDRA" e a "CASA DE LIMAS".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXIII ]-A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 3 )».

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXI ]

«A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 1 )
 Rua da Escola Politécnica - ( 2011) Foto de João Carvalho - (Início da "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", no lado direito a antiga "REAL FÁBRICA DAS SEDAS") in  WIKIPÉDIA
 Rua da Escola Politécnica - (depois de 2002) Foto de autor não identificado - (Fachada principal da antiga "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA") in  PATRIMÓNIO CULTURAL - DGPC
 Rua da Escola Politécnica - ( entre 1898 e 1908 ) Foto de autor não identificado (Fachada principal da "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" na Rua da Escola Politécnica) (Abre em tamanho grande ) in  AML
Rua da Escola Politécnica - ( Século XVIII) - Corpo central com Brasão joanino, na fachada da antiga "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" na Rua da Escola Politécnica)  in  A SÉTIMA COLINA

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXI ]

«A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 1 )»

Muito antes do aparecimento da "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" estes terrenos por aqui, entre o "RATO" e a "RUA DA IMPRENSA NACIONAL" (antiga Travessa do POMBAL) e até SÃO BENTO, faziam parte da "QUINTA DO MORGADO DOS SOARES DA COTOVIA". Quando a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" (antiga RUA FÁBRICA DAS SEDAS") foi rasgada entre as "QUINTAS DO - NOVICIADO" e a de "DOM RODRIGO", que fazia ligação do sítio da «COTOVIA» com a de «CAMPO LIDE», foi então implantada uma das mais importantes manufacturas "JOANINA" e depois "POMBALINA" a "REAL FÁBRICA DAS SEDAS", erguida no subúrbio do "RATO", sendo um marco histórico na INDUSTRIA PORTUGUESA dos séculos XVIII e XIX.

Com o seu importante edifício e fachada principal virada para a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", esquina para o "LARGO DO RATO", apesar de ter sofrido incêndios que o foram mutilando, ainda se conserva como um monumento da época manufactureira.
O Edifício de construção de planta em " L ", de 117 metros de comprimento, dois pisos ritmados por 14 janelas em cada piso, coroada por uma platibanda oitocentista, trinta e sete vãos em piso de lojas e primeiro andar, quatro  delas nas extremidades, em corpo saliente, com portão e janela nobre por cima, e coberto com um frontão triangular de urnas sobre as pilastras que o definem, e no acrotério, tendo no tímpano um belo BRASÃO Nacional, concheado e coroado, com panejamentos apanhados dos lados, em bom estilo D. JOÃO V.
È a peça original da Fábrica, a única que resta em obra, modificações e acidentes que alteraram substancialmente a fachada, mas não fundamentalmente, que a sua estrutura se mantive, permitindo avaliar o ritmo funcional da edificação e a importância da empresa, ao longo da sua acidentada história.

Era desejo de D. JOÃO V, mal sustentado nas contradições de sua economia, em outro sistema económico, ele procurava soluções no quadro POMBALINO da "JUNTA DO COMÉRCIO",  sob a Direcção do vizinho "JOSÉ FRANCISCO DA CRUZ" que, ao mesmo tempo, e aforando também terrenos dos "SOARES", ali se instalou no seu palácio dito "ALAGOA".

Sabemos que durante o reinado de D. JOÃO V, com o incremento da industria, foram criadas diversas unidades fabris em PORTUGAL, entre elas  uma fábrica de fiação de seda.
Em 1727, na cidade de PRAGA, o Embaixador português, o "CONDE DE TAROUCA", acompanhado pelo "P. THOMAZ DA SILVA", contrataram para Portugal o francês "ROBERTO GODIN", com o seu sogro "CLAUDIO CIBERT", dirigiam ali as fábricas de sedas, debaixo da protecção do imperador da ALEMANHA "FREDERICO GUILHERME I". A 29 de Agosto de 1727, GODIN, a sua família e alguns dos seus oficiais mais experimentados tecelões da seda, chegam a portugal, para montar entre nós, aquela manufactura. Esta iniciativa, tutelada pelo CARDEAL DA MOTA, Ministro de D. JOÃO V.
O alvará real de fundação data de 13 de Fevereiro de 1734 e a Fábrica foi edificada no "RATO", estando o edifício concluído em 1741, tendo custado cerca de 30 contos de réis.

Com o terramoto de 1755 o imóvel sofreu alguns danos, e a partir de 1757, o ESTADO acabou por reestruturar o regimento e estatutos da fábrica, designada a partir de então por "REAL FÁBRICA DAS SEDAS DO RATO", na "RUA DIREITA DA FÁBRICA DAS SEDAS".
Este industrial francês terá obtido em 1734 o privilégio de vinte anos de laboração monopolizada, estando próximo do "RATO" para beneficiar das "ÁGUAS LIVRES" que iriam ser instaladas muito perto. 

Mais tarde, a rua sofre um alteamento considerável que deu desnível à parte da fachada, defendido a certa altura por uma grade ( de que ainda existem troços), e antes, por um muro que devia isolar os operários. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXII ] A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 2 )».

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O 1.º DE DEZEMBRO

«O 1.º DE DEZEMBRO DE 2015»

Associando-me ao "MOVIMENTO 1.º DE DEZEMBRO" quero deixar aqui o meu inconformismo, pela perda do feriado referente à comemoração do 1.º de DEZEMBRO (dia que assinala a RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL) apagado da nossa história pelo Decreto Lei N.º 23/2012.

Esperamos e desejamos que este NOVO GOVERNO não se esqueça, deste nobre dia para o povo português.


(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXI ]  -  A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 1 )»

sábado, 28 de novembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XX ]

«O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA ( 2 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2012) Foto de autor não identificado (Fachada principal do "PALÁCIO SEIA" também conhecido pelo "PALÁCIO BRAMÃO" e antigo "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" números 141 a 147) (Abre em tamanho grande) in  MONUMENTOS-SIPA 
 Rua da Escola Politécnica - (2012) Foto de autor não identificado - Entrada do "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE", depois "PALÁCIO SEIA" e "PALÁCIO BRAMÃO", na Rua da Escola Politécnica, 147 em LISBOA) in JUNTA DE FREGUESIA DE SANTO ANTÓNIO
 Rua da Escola Politécnica - ( 2011) - Foto de autor não identificado - ("Palácio Rebelo de Andrade" depois "Palácio Seia" na esquina com a "RUA DO ARCO DE S. MAMEDE" e a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA") in  MONUMENTOS-SIPA
Rua da Escola Politécnica - (anterior a 1977) Foto de autor não identificado - (Possivelmente nesta altura já a "IMPRENSA NACIONAL" estava instalada no "PALÁCIO SEIA") in  MONTE OLIVETE

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XX ]

«O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE - SEIA ( 2 )»

E essa leveza elegante, que é, sem dúvida, a imagem de marca deste edifício, considerando-o na sua forma primitiva, é bem acentuada pelo toque quase precioso dos óculos que compõem o "MEZZANINO" lateral.
O acrescento de um andar em altura veio perturbar a imagem bem composta e harmónica desta casa-nobre. Não se conhece a data de tal aumento, mas sabe-se que, ainda em 1812, num aviso de venda publicado na «GAZETA DE LISBOA», a casa é descrita como tendo; "onze janelas de sacada em frente e grande fundo".

"REBELO DE ANDRADE" habitou o Palácio pouco mais de dois anos, por falecimento, e em 1769 os seus herdeiros alugaram o segundo andar, e todo o prédio em 1781 até 1810, mas já então o tinham vendido, após 1805, aos "MARQUESES DE MINAS", "CONDES SOUSAS DO PRADO", que pelas datas que se extraiam foram sucessivamente quatro, do 5.º ao 8.º, com numerosas criadagem, de 42 elementos.

Em 1820 passou pelo palácio a "3.ª MARQUESA DE VAGOS", casada em 1815. No ano de 1833 pertencia esta casa a um "MANUEL DE MIRANDA CORREIA", homem de negócios, que consta ter enriquecido com o tráfico de escravos com o BRASIL, sendo, sem impedimento, CAVALEIRO DE CRISTO. Uma filha "D. MARIANA" e herdeira deste "MIRANDA CORREIA", foi dama da rainha "CARLOTA JOAQUINA", o que situa politicamente o "negreiro", que em 1816 a casou nobremente na grande casa "ATALAIA-TANCOS" com o "CONDE DE SEIA", "D. ANTÓNIO MANUEL DE MENEZES", um fidalgo, oficial da marinha, que possuía (não sabemos se à custa do sogro) uma fragata de tal modo ostentoso e revestida de oiro que era cognominada a "DOIRADINHA".
Usou as armas dos "MARIALVAS", da varonia paterna e sua casa; era capitão de fragata o CONDE que conduzira a CORTE DE D. JOÃO VI de regresso ao reino.
Quando em 1840 o "CONDE DE SEIA" habitava este Palácio que herdou de seu sogro, existiram muitas obras de ampliação, supõe-se que eventualmente nessa época terá sido acrescentado o 2.º andar. O CONDE DE SEIA morreu em 1848, deixando um filho arruinado e desgraçado, que foi figura dramática de LISBOA, de meados do século XIX.

Vendido o edifício por um preço mesquinho, a casa andou depois por várias mãos, como a dos "VISCONDES DE SANTIAGO DE CAIOLA", proprietários em PORTALEGRE, e também no século XX foi habitada por um "CONDE FEITOSA". Um "BRASILEIRO" rico, de nome  "JOÃO FERNANDES" com a personagem já caricaturada pelo "RAMALHO" nas «FARPAS».
De 1908 a 1910 foi sede do PATRIARCADO. Os últimos proprietários foram os herdeiros do escritor "D. ALBERTO BRAMÃO", sendo na altura o edifício conhecido como o "PALÁCIO BRAMÃO".
Depois foi partilhado em andares e transformado numa espécie de prédio de rendimento. Um grande incêndio em Julho de 1931, afectou-a consideravelmente. 
Existiram depois questões de heranças e o palácio foi vendido à "IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA" em 1977, pelos descendentes de "D. ALBERTO BRAMÃO", também ali habitado no século XIX,  o célebre médico "SOUSA MARTINS".

Dado como irrecuperável pelo Ministério das Obras Públicas, foi salvo em 1983, adquirido pelo "INSTITUTO PORTUGUÊS DE ENSINO `A DISTÂNCIA", para a instalação da «UNIVERSIDADE ABERTA», tendo recebido, com isso, equipamento sofisticado.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA[ XXI ]-A REAL FABRICA DAS SEDAS( 1 )».

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIX ]

«O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE - SEIA ( 1 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2012) - (O "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA" na Rua da Escola Politécnica e esquina para a "Rua do Arco de S. Mamede". Um grande incêndio em 1931 afectou este palácio consideravelmente. Em 1983 foi adquirido pelo Instituto Português de Ensino à Distância, para nele instalar a "UNIVERSIDADE ABERTA") in  GOOGLE EARTH
 Rua da Escola Politécnica - (2011) Foto de João Carvalho - (Pormenor da varanda por cima da entrada principal, do "PALÁCIO SEIA", também conhecido pelo "PALÁCIO BRAMÃO")  in  WIKIPÉDIA
 Rua da Escola Politécnica - ( 2001) Foto de Pedro Soares - (Portal do "PALÁCIO SEIA" ou "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA" na Rua da Escola Politécnica, também conhecido por "PALÁCIO BRAMÃO")  in  MONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de FOTOVOO - (Antigo "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA", depois de 1977 propriedade da "IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA" e em 1983 estava ali instalada a "UNIVERSIDADE ABERTA")  in  A SÉTIMA COLINA

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIX ]

«O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE - SEIA ( 1 )»

O «PALÁCIO REBELO DE ANDRADE» construído ainda antes de 1760, na hoje "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" números 141 a 147, ou à "COTOVIA", mesmo em frente do então "COLÉGIO DOS NOBRES", e que depois pertenceu ao "CONDE DE SEIA", é um grande edifício de dois andares com onze varandas na fachada principal, onde a elegância e o cuidado dos pormenores não disfarçam inteiramente um aspecto burguês que o assemelha muito à casa de "LUDOVICE", construída uma dezena de anos antes. Este antigo PALÁCIO serve hoje de sede à "UNIVERSIDADE ABERTA".
Apesar das muitas transformações que sofreu ao longo dos anos, especialmente o acrescento de um piso superior, o "PALÁCIO REBELO DE ANDRADE" continua a ser um notável exemplo da arquitectura residencial pombalina.
Este rico comerciante lisboeta "ANTÓNIO REBELO DE ANDRADE" terá construído neste palácio em terrenos da "QUINTA DOS SOARES", aforados a "D. RODRIGO DE NORONHA", na chamada "QUINTA DA COTOVIA", a tornejar para a nova "RUA DO ARCO".
Em 1762, "ANTÓNIO REBELO DE ANDRADE", já aí é dado como residente. Trata-se, pois, de uma das primeiras construções palacianas desta zona, a par com o seu vizinho do "MORGADO ALAGOA", construído  também por alguém inteiramente ligado ao poder emergente de "SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO".
O edifício que hoje nos é dado observar não corresponde, no entanto, ao projecto inicial de "REBELO DE ANDRADE". Como já nos referimos, primitivamente este palácio só contava com o primeiro piso de rés-do-chão e, sobre ele, um andar nobre de sacada, Na fachada sobre a "RUA DO ARCO" esse piso nobre tinha o pé-direito mais baixo, permitindo a existência de um "MEZZANINO" no vão, iluminado por óculos. 
Além disso, aproveitando o desenvolvimento da RUA lateral, abria sob o piso térreo outro de grandes lojas, de certo inicialmente destinados a cavalariças. Para trás. sobre o jardim a construção desenvolvia-se em " U " simétrico, definindo como que um pátio ajardinado com directa ligação ao átrio da entrada.
Esta disposição primitiva enquadra esta casa-nobre na tradição construtiva então vigente em LISBOA. Uma grande sobriedade no desenho, de leitura fácil em termos de organização do espaço, sem originalidades ou fantasias arquitectónicas. E o esquema antigo, com o andar-nobre alterado, mantendo um certo afastamento entre a rua e o local de vivência dos donos da casa. Já o mesmo se não poderá dizer da gramática decorativa.
Estamos perante um dos edifícios em que mais perfeitamente se explana o gosto do "Barroquismo Joanino", de inspiração italiana, preso às elegâncias formais do trabalho nas cantarias.
Como era hábito com números ímpares de aberturas, neste casa, exalta-se o eixo central, ocupado pelo portal e um janelão de sacada sobreposto.  A atenção decorativa, com volutas e frontão contracurvado, que interliga essas duas componentes, acentua a verticalidade, contrabalançando, assim, a horizontalidade dominante na construção. As restantes dez sacadas apresentam também frontões elaborados que ritmam e animam a fachada, tornando mais leva a solidez da estrutura rígida do próprio edifício. De acordo com a prática BARROCA DE LISBOA, é a decoração que imprime ritmo e transmite alguma leveza a uma tradição construtiva que, na sua essência, pouco mudara.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XX ] - O PALÁCIO REBELO  DE ANDRADE-SEIA( 2 )». 

sábado, 21 de novembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVIII ]

«O MUSEU BOCAGE»
 Rua da Escola Politécnica - s/d - Foto de autor não identificado - (Animais e peixes montados por António Casanova na Galaria do Museu Bocage)  in  TRIPLOV 
 Rua da Escola Politécnica - ( ant. 1907) (Um dos retratos do professor José Vicente Barbosa du Bocage, fundador do MUSEU)  in  WIKIPÉDIA
 Rua da Escola Politécnica - (1978) Foto de Francisco Reiner em 26.11.204) (Incêndio no "MUSEU BOCAGE" na RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", 54  - o que sobrou do incêndio de 1978 )  in TRIPLOV
 Rua da Escola Politécnica - (2004) Foto de Francisco Reiner - ("Lunda cirrhata", uma ave da família  ALCIDAE. Papagaio do mar com aproximadamente 40 cm. de comprimento e pesa entre 600 a 800 gramas,  exposto no MUSEU BOCAGE)  in  TRIPLOV
Rua da Escola Politécnica - (2004) Foto de Francisco Reiner - (Espécies de aves  no Museu Bocage) in TRIOLOV

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVIII ]

«O MUSEU BOCAGE»

O «MUSEU BOCAGE» designação oficial da secção de zoológica e antropológica do  "MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL". Corresponde à secção zoológica do antigo  MUSEU NACIONAL DE LISBOA, fundada e dirigida, por "JOSÉ VICENTE BARBOSA DU BOCAGE".  Em 1905, ainda em vida do prestigiado zoólogo, foi conferido, sob proposta do Conselho da "ESCOLA POLITÉCNICA", o actual nome àquela secção. Uma excelente colecção antropológica portuguesa reunida por FERRAZ DE MACEDO foi nela depositada em 1907.
Assim quando em 1919 se criou o "MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL", estendeu-se a designação de "MUSEU  BOCAGE" também à antropologia física.
O "MUSEU BOCAGE" é o herdeiro do espólio zoológico e bibliográfico do "REAL MUSEU DA AJUDA", após a passagem do que dele restou, depois de 1808, pela "ACADEMIA DAS CIÊNCIAS". Com efeito, quando das invasões francesas, " GEOFFROY SAINT-HILAIRE veio retirar tudo o que havia de cientificamente original no "REAL MUSEU", transportando-o para o "MUSÉE NATIONAL D'HISTOIRE NATURELLE DE PARIS". Assim, degradado , tudo o que restava do REAL MUSEU foi transferido, em 1836, para a "ACADEMIA DAS CIÊNCIAS" e daqui, em 1858, para a "ESCOLA POLITÉCNICA".
Destinava-se, então, a complementar o ensino teórico de Zoologia professado nesta escola. O professor BARBOSA DU BOCAGE foi, no entanto, bem mais longe, fez do MUSEU que dirigiu, um instituto de investigação taxonómica. 

Durante a sua longa vida cientifica, BARBOSA DU BOCAGE descreveu cerca de  duzentas espécies nominais, sobretudo de vertebrados africanos. Escolheu e apoiou colaboradores, restabelecendo em PORTUGAL uma tradição taxonómica de valor significativo.
Obteve, através de colectores nas colónias portuguesas, que soube motivar e interessar pelo "MUSEU DE LISBOA", excelentes colecções zoológicas, sobretudo de ANGOLA. "JOSÉ ANCHIETA" foi o seu grande colaborador neste domínio.

O "MUSEU BOCAGE" era, assim, uma instituição ricamente dotada e um centro de investigação taxonómica internacionalmente prestigiada. As cerca de três centenas de espécies novas descritas pelos seus naturalistas ao longo do tempo conferiram-lhe um interesse particular no domínio histórico-científico, pois aqui se encontra os exemplares sobre que as descrições originais se haviam baseado. Além disso, conservava vários exemplares de espécies actualmente extintas.

Tudo isso desapareceu com o incêndio de Março de 1978, a que se atribuiu de origem criminosa.
Hoje, o MUSEU BOCAGE continua em reconstrução. Reuniram-se, entretanto,  boas colecções, sobretudo de vertebrados de PORTUGAL. Foram-lhe oferecidos outras, principalmente de fauna marinha e peixes dulciaquícolas africanos. Organizou-se uma pequena exposição sobre diversidade animal, que é muito visitada por escolas da região de LISBOA. Foi restaurada a biblioteca, que já dispõe de milhares de volumes. A sua riqueza actual consiste, porém, no arquivo histórico, pois, por uma feliz circunstância, a quase totalidade dos manuscritos que possuía foi poupada ao incêndio.
No plano histórico-científico dar-se-á prioridade à investigação do arquivo histórico do «MUSEU BOCAGE», arquivo que é muito elucidativo da marcha dos estudos históricos-naturais em PORTUGAL, bem como das suas motivações e interesses nos dois últimos séculos, sendo designado actualmente por "MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL DA UNIVERSIDADE DE LISBOA". 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XIX ] O PALÁCIO REBELO DE ANDRADE-SEIA ( 1 )». 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVII ]

«O LARGO DE S. MAMEDE E SUA IGREJA»
 Rua da Escola Politécnica - (1993) Foto de FOTOVOO - (Uma panorâmica do "LARGO DE S. MAMEDE" com a Igreja no topo e suas escadarias. O LARGO com "Calçada à portuguesa" preenche quase a sua totalidade)  in  SÉTIMA COLINA 
 Rua da Escola Politécnica - ( 2000 )- Pormenor do "LARGO DE S. MAMEDE". Cortou-se a velha "Quinta do Noviciado", com uma rua que ligava o antigo SALITRE (antiga Rua Nova de S. Mamede), e destinou-se a esquina para local do novo Templo) in  GOOGLE EARTH
 Rua da Escola Politécnica - (1912) Foto de Garcia Nunes - (A "IGREJA DE S. MAMEDE" no LARGO DE S.MAMEDE, edificação de 1924, um projecto do Arquitecto Raul Martins)  in  AML

Rua da Escola Politécnica  - (entre 1955 e 1970) Foto de Artur Pastor - (No "LARGO DE S. MAMEDE", a antiga Agência do Banco Pinto & Sotto Mayor, um sinaleiro dirigindo o transito, e nessa época os eléctricos viravam neste LARGO com a "chapa" GOMES FREIRE) (Abre em tamanho grande)  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVII ]

«O LARGO DE S. MAMEDE E SUA IGREJA»

O «LARGO DE SÃO MAMEDE», junto à Igreja da mesma invocação, é um topónimo que data provavelmente do século XVIII, altura em que se iniciou a construção da "IGREJA DE SÃO MAMEDE". Embora o "LARGO" não seja muito antigo, sabemos que foi solicitado à Câmara em 1852, pela "Irmandade Fabriqueira do Novo Templo". Para isso, cedeu um terreno ao município com a condição de nunca se poder nele edificar qualquer construção. Assim nasceu o "LARGO DE SÃO MAMEDE", cuja arborização e empedramento são mais tardios, iniciados somente em 1907.

Após o Terramoto de 1755, irrompeu para estes lados uma verdadeira euforia construtiva. O ESTADO ou o POMBAL, tentou discipliná-la através de projectos tocados por alguma utopia. Mas foi a iniciativa privada que sobretudo por aqui deu cartas e dispôs da sua vontade própria. Excepto, curiosamente no local do "LARGO DE SÃO MAMEDE".
Por força dos decretos de expulsão dos JESUÍTAS, todos estes terrenos até ao RATO passaram, por confisco, para a posse da COROA
Tinham pertencido à grande "QUINTA DO NOVICIADO DA COTOVIA", que POMBAL entendeu por então transformar em "COLÉGIO DOS NOBRES".
A iniciativa de urbanização destes terrenos coube, ao poder real. POMBAL achou por bem redistribuir as freguesias da CAPITAL. Como na parte velha grande número delas tinham desaparecido por força do cataclismo, não se justificando a sua reconstrução, o poder entendeu por bem levá-las para outros sítios, onde de facto o crescimento constante da população as requeria. Assim, "SÃO MAMEDE" foi escolhida para orago da nova freguesia que ia pastorear os vizinhos cada dia mais numerosos da velha COTOVIA. Estas mudanças revolucionárias da história alfacinha tiveram a sua consagração legal em Dezembro de 1769.

Cortou-se a velha "QUINTA DO NOVICIADO" com uma RUA que ligava ao antigo SALITRE, baptizada de "RUA NOVA DE SÃO MAMEDE", e destinou-se a esquina para o local do novo  TEMPLO.
A construção da IGREJA foi iniciada em 1782 mas arrastou-se por falta de verbas. Em 1840 estava-se  em ruínas o que  tinha sido erguido, e aquando da inauguração em 18 de Agosto de 1861, estava ainda por acabar.

Andando um pouco para trás para nos referirmos à paróquia inicial de "SÃO MAMEDE" que data de 1312, se não de 1220 como parece provado, (no dizer de NORBERTO DE ARAÚJO, nas suas Peregrinações em LISBOA), sendo o seu primeiro TEMPLO erigido na encosta ocidental do monte  do "CASTELO", depois totalmente destruída pelo Terramoto, acolhendo-se na paróquia de "SÃO CRISTÓVÃO" de onde passou em 1761 para a ermida de SÃO PATRÍCIO, perto do seu primitivo local, onde se conservou até até Janeiro de 1769. Nesse ano transita para a ERMIDA DE N.ª SENHORA DA MÃE DE DEUS E DOS HOMENS", no sítio do "VALE  PEREIRO" que passou a ser sede provisória da paroquial. Esta Ermida estava na antiga "RUA DO VALE DO PEREIRO", perto do demolido Quartel de Caçadores Nº 2, e dela não restam vestígios. O local desta ermida, na actual LISBOA, corresponde aproximadamente ao leito da RUA RODRIGUES DA FONSECA, onde está cortada pelas; RUA BRAAMCAMP e RUA ALEXANDRE HERCULANO. E como dissemos uma nova Igreja foi começada a construir em 1782, no sítio do actual LARGO DE SÃO MAMEDE.

A "IGREJA DE SÃO MAMEDE", de uma só nave, não tem qualquer significado histórico ou expressão de arte pura; é agradável e composta como se vê, devendo o risco do Arquitecto RAUL MARTINS. Entre as imagens nela venerada destaca-se uma "NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO" que veio do "COLÉGIO DOS NOBRES". Em 1927, foi inaugurada uma capela dedicada a "NOSSA SENHORA DE FÁTIMA" e aos "SANTOS PORTUGUESES". No centro da passagem do corredor do corpo da IGREJA para o cartório, foi em 1932 colocada uma imagem de NOSSA SENHORA em mármore, que chegou a ser atribuída a BERNINI e veio do antigo "CONVENTO DA ESPERANÇA".

Em redor do pequeno "LARGO", dispõem-se alguns edifícios privados interessantes do século XVIII, dois dos quais merecem tratamento especial; os PALÁCIOS ou CASAS-NOBRES de "REBELO DE ANDRADE-SEIA e do "MORGADO ALAGOA". Logo á direita da Igreja, fazendo esquina para a "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA", ergue-se um enorme casarão, cujo elemento decorativo que o caracteriza é o caprichado fecho superior das janelas. Uma espécie de FLOR-DE-LIS que remata o arco-quebrado das molduras em pedra. Foi essa mansão construída por um dos grandes comerciantes lisboetas de meados do século XIX, "ANTÓNIO LOPES FERREIRA DOS ANJOS", irmão do "POLICARPO DOS ANJOS", senhor da bela casa (que já falámos) ao "PRÍNCIPE REAL"

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA[ XVIII ]-O MUSEU BOCAGE»

sábado, 14 de novembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVI ]

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 4 )»
 Rua da Escola Politécnica - ( 2000 ) Foto de autor não identificado ( Parte do antigo "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", e sua Igreja em avançado estado de degradação na época) in MONUMENTOS-SIPA
 Rua da Escola Politécnica - (2001) Foto de Pedro Soares - (Traseiras do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" onde na última metade do século XIX, eram usadas com objectivos de Lazer e Diversão. Existia uma entrada para o recinto que se fazia pela "RUA GUSTAVO MATOS SEQUEIRA") in  MONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - (2001) - Foto de Pedro Soares -  (Um pormenor das traseiras do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", no século XIX, onde possivelmente, dava passagem da "Rua da Escola Politécnica" para os divertimentos instalados neste espaço)  in  MONTE OLIVETE


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVI ]

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 4 )»


Nas traseiras do antigo "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" em meados de Oitocentos, um dos locais mais famosos de LISBOA, era a «FLORESTA EGÍPCIA», último AVATAR romântico de uma série de divertimentos que tinham começado pelos anos de 1770 em que LISBOA recuperava do Terramoto, mas sobretudo se animavam em nova situação "mundano-liberal"; «JARDINS» exóticos, «MITOLÓGICO», «CHINÊS» outro, ou um «TIVOLI», que, ainda em 1840, era na "FLOR DA MURTA", ao "COMBRO".

Agora a referência era «EGÍPCIA». Deve-se este evento de lazer ao italiano "JOSÉ OSTI", pirotécnico, empresário ousado que, de fantasia em falência, fabricava os seus negócios de diversão, com grande sucesso burguês e popular.
O sítio da «COTOVIA», à beira do RATO e do PRÍNCIPE REAL (aonde vimos deslocar-se a FEIRA DAS AMOREIRAS) muito parecia convir ao propósito, dispondo para isso de terrenos de bom acesso e suficientemente amplos como eram, ainda então, os da "CASA ALAGOA".

O modelo era dos "HALLS" londrinos de 50 e passara a PARIS, no "BAL MABILLE" que um viajante de 1856 (OLIVIER MERSON),  não deixaria de mencionar, dando-se à comparação lisboeta. O sítio era bem cuidado. dizia ele, mas faltando.lhe "luxo, multidão, animação. alegria ( e, mesmo , «l'orgie»), era frio mesquinho, baço e aborrecido(...)".

Os divertimentos, porém, não faltavam, quiosques e refrescos, orquestra, café-restaurante, baile de "MAZURKA" e "POLKA", cavalinhos. montanha russa, mesmo a novidade de um "LOOPING-THE-LOOP", de origem americana. Em 1855, além de jogos mais pacatos de "PIM-PAM.PUM" e tiro ao alvo, em números de feira;  e um TEATRO em «SALA DE CRISTAL», toda envidraçada para espectáculos " LÍRICOS-DRAMÁTICOS".  Era "um dos lugar de LISBOA ,mais importante", dizia-nos JÚLIO CÉSAR MACHADO no seu romance de «A VIDA DE LISBOA», e a respectiva adaptação teatral, em 1861, situava a sua primeira cena no recinto.

Quando tudo acabou, em falência e esgotamento de atracção e moda, que inevitavelmente se verifica em tais coisas, não se sabe ao certo. 

Uma das entradas fazia-se no final do beco da "RUA GUSTAVO MATOS SEQUEIRA", pode-se afirmar que ali era uma das entradas, porque outra se fazia por um portão do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA"
Da popular «FLORESTA EGÍPCIA» de ilusões e prazeres de meados do século lisboeta, nada dos próprios terrenos nos deixa adivinhar o que ali  existiu, e, para "MATAR" a nossa curiosidade, para ver os terrenos, terá de passar os portões do antigo "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" ou espreitar pela "RUA TENENTE RAUL CASCAIS". 


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVII ] O LARGO DE S. MAMEDE E SUA IGREJA».