sábado, 5 de dezembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXII ]

«A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 2 )»
 Rua da Escola Politécnica - (2012) Foto de Pedro Almeida - ( A antiga "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" na Rua da Escola Politécnica)  in  LISBOA-COMPARAÇÃO COM OUTROS TEMPOS
 Rua da Escola Politécnica - ( 2008 ) -Foto de Dias dos Reis - (Fachada da antiga "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" e seu corpo principal onde sobressaem as armas Reais de D. JOSÉ I)  in  DIAS DOS REIS
 Rua da Escola Politécnica - ( 1968 ) - Foto de Armando Serôdio ( A "REAL FÁBRICA DAS SEDAS" na Rua da Escola Politécnica e seu Brasão no frontão) in  AML
Rua da Escola Politécnica - ( 1961 ) Foto de Artur Goulart - (A "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" o Edifício da antiga "FÁBRICA DAS SEDAS", uma oficina no número 43) (Abre em tamanho grande )  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXII ]

«A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 2 )»

Finalmente, resolveram construir um edifício de raiz, cujas obras foram iniciadas em 1738 e terminaram entre 1740 e 1741. Numa história assaz movimentada desde a data de início de laboração até à data da sua liquidação, em 1830-1835, a manufactura do RATO passou por seis períodos de actividade, a maioria dos quais foram sinteticamente tratados por "JOSÉ ACÚRSIO DAS NEVES". O primeiro período abarca os anos de 1734 - 1750 e passou por três administrações distintas, na primeira das quais se optou pela construção de um edifício adequado aos diversos fabricos, centralizador da produção, no então subúrbio do RATO. durante este período, liderado pela iniciativa privada da Companhia fundadora, implantam-se os primeiros 91 teares e organiza-se a manufactura e os diversos lavores da sua produção. A crise de 1747-1750, que opôs GODIN  aos seus sócios negociantes, inviabilizou a continuação dos interesses da Companhia na Fábrica.  A morte de D. JOÃO V, em 1750, e a sucessão de D. JOSÉ, cria boas condições para a venda da FÁBRICA DO RATO ao ESTADO, negócio proposto por GODIN. Inicia-se então o segundo período (1750-1757), caracterizado pela administração por conta de "VASCO LOURENÇO VELOSO", em que a FÁBRICA DAS SEDAS é pertença da FAZENDA REAL. A nomeação de "VELOSO" gerou contencioso com GODIN.
VELOSO imprimiu, no entanto, um cunho personalizado à produção, datado da sua gerência o desenvolvimento da oficina da TINTURARIA, situada no RATO ( nas construções de GODIN), a introdução do fabrico de meias e a montagem do primeiro torno de torcer a seda. Após o terramoto de 1755, e aproveitando a movimentação social dos tecelões da Seda do Rato, contra a administração de VELOSO, materializada, inclusive, por uma representação do Rei em SALVATERRA DE MAGOS. O ESTADO iluminado resolveu apoiar-se na REAL FÁBRICA DO RATO para iniciar uma política concertada de desenvolvimento manufactureiro em PORTUGAL, transformando-a em matriz e modelo de mais outras que se fundaram posteriormente. No terceiro período  caracterizado pela criação de uma direcção administrativa, por conta da JUNTA DO COMÉRCIO, a quem competia eleger os cinco directores. Nesta período, cuja actividade se estende curiosamente até à morte de DOM JOSÉ, passa-se de um regime basicamente centralizador para uma forma mista de trabalho, com a aceitação do trabalho a domicílio, liderado pelo princípio do sistema doméstico e integrando as Corporações de mestres da seda na esfera da manufactura estatal. é desta fase a construção das 70 casas do Bairro dos Fabricantes do RATO e das AMOREIRAS (1759) e da instalação de uma série de fábricas anexas que serviam de forma de um corpo técnico de aprendizes com capacidade de autonomizar o ESTADO de contratações futuras.
De salientar que entre as manufacturas anexas umas funcionavam no edifício da "REAL FÁBRICA DO RATO", como as manufacturas de galões e de tirador ou de ouro e prata (por sua vez indispensáveis à dos galões), outras no parque habitacional e Comunitário das AMOREIRAS, outras ainda, noutras partes da cidade, sem falar nas que se montaram noutros locais do país.
Em termos de equipamento foram instalados cerca de 165 teares de meias, construído o segundo torno de torcer, adquirida uma máquina de aplicar goma às fazendas fabricadas, e construída uma mais perfeita CASA DA TINTURARIA, na RIBEIRA DE ALCÂNTARA, à qual se anexou a "CASA DA CALANDRA" e a "CASA DE LIMAS".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XXIII ]-A REAL FÁBRICA DAS SEDAS ( 3 )».

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