sábado, 31 de janeiro de 2015

RUA DO BEATO [ IV ]

«O CONVENTO DO BEATO ( 1 )»
 Rua do Beato - (Década de cinquenta do século vinte)(Panorâmica do conjunto monumental fabril da "COMPANHIA INDUSTRIAL DE PORTUGAL E COLÓNIAS", o conjunto representa essencialmente a parte mais antiga, as velhas instalações do «CONVENTO DO BEATO», embora para nascente se possa ainda observar alguns edifícios e silos) in ARQUIVO DE A NACIONAL
 Rua do Beato - (2014) (Um troço da Alameda do Beato" junto do antigo "CONVENTO DO BEATO"  in  GOOGLE EARTH
 Rua do Beato - (2014) (Início da "RUA DO BEATO", final da "RUA DO AÇÚCAR" conforme no indicam as placas toponímicas tipo II)  in   GOOGLE EARTH
 Rua do Beato - (2005) Foto de APS (Mais uma foto da antiga IGREJA DO BEATO ANTÓNIO, na ALAMEDA DO BEATO)  in  ARQUIVO/APS
Rua do Beato - (1967) Foto de João H. Goulart (A "RUA DO BEATO" na década de setenta do século passado, ao fundo a RUA DO AÇÚCAR) (Abre em tamanho grande )  in AML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO BEATO [ IV ]

«O CONVENTO DO BEATO ( 1 )»

O «CONVENTO DOS CÓNEGOS DE SÃO JOÃO EVANGELISTA», ditos os "LÓIOS", terá sido uma das maiores casas conventuais de LISBOA, embora, tenha variado de designação consoante a evolução da sua própria história


Foi construído no século XV no local de uma pequena ERMIDA de invocação a SÃO BENTO, SÃO BENTO além de XABREGAS ou, mais vulgarmente "SÃO BENTO DE XABREGAS".  A Rainha D. ISABEL, mulher de D. AFONSO V, obteve autorização do Abade de ALCOBAÇA para implantar um hospício e que se entregasse aos "BONS HOMENS DE VILAR" da consagração dos FRADES AZUIS ou LÓIOS, ordem introduzida em PORTUGAL por D. JOÃO I.
Segundo os variados testemunhos, era uma casa modesta, resultante de um amontoado de sucessivos acrescentos, entre os quais merecem destaque as casas de aposento que D. MANUEL mandou dispor para as suas frequentes deslocações, situadas, pelo que as informações permitem conjecturar, onde hoje se ergue o grande corpo dos dormitórios, sobre a "RUA DO BEATO".
Obras recentes levadas a cabo no actual claustro  (no quarto quartel do século vinte) levaram à descoberta, embebidos na grossura das paredes, de vários restos da primitiva construção, possivelmente da IGREJA. Destaca-se parte de uma bela arca gótica ainda do século XV, no templo eventualmente erguido com dádivas feitas à consagração pelo Condestável D. PEDRO, irmão da rainha fundadora. Com efeito, a sua orientação a Poente, aliás canonicamente correcta, permite-nos perceber que o acesso à construção original se fazia a partir da ESTRADA DE MARVILA, através de uma azinhaga de que o troço inicial da CALÇADA DO DUQUE DE LAFÕES poderá eventualmente ser uma reminiscência. Não nos podemos esquecer que toda esta área foi profundamente alterada para a implantação da NOVA IGREJA, nos primeiros anos do século XVII, no local " onde se levantava uma montanha de 7 braças de altura em muitas partes, e em outras de menos, mas em todas de rochedo duríssimo (...)". Cujo corte abrupto é hoje bem visível no lado esquerdo de quem olha a fachada da actual "IGREJA". Note-se que no cimo dessa ravina se abre ainda um pequeno LARGO no cotovelo da CALÇADA DO OLIVAL, em cujo topo fechado se poderá conjecturar que nasceria então a via de acesso ao CONVENTO, descendo daí pela encosta em declive, mais tarde, como vimos, cortada a pique.
Com a abertura definitiva do CAMINHO DO ORIENTE, a nova via ribeirinha, que várias referências dispersas nos permitem fixar como um processo que se arrastou ao longo do século XVI, com especial incidência na sua segunda metade, veio com certeza colocar aos LÓIOS o desafio de conformar a sua casa com a nova disposição da rede viária, virando-a à RUA que a pouco e pouco se tornava o eixo principal de toda a ZONA ORIENTAL, vindo a nova realidade a justificar a mudança de nome pelo qual passou a ser conhecido - O BEATO.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ V ] - O CONVENTO DO BEATO ( 2 )»

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

RUA DO BEATO [ III ]

«O BEATO ANTÓNIO ( 2 )»
 Rua do Beato - (2005) - Foto de APS  (Fachada da antiga Igreja do Convento do Beato António. Depois de 1836 foram adquiridas parte das instalações do CONVENTO em haste pública, pelo empresário JOÃO DE BRITO. Em 1876 foram apeadas as suas torres sineiras)  in  ARQUIVO/APS 
 Rua do Beato - (2014) - (A "RUA DO BEATO" ao fundo as instalações de A NACIONAL com sua ponte metálica, estabelecendo ligação entre o SUL e o NORTE da antiga Moagem de JOÃO DE BRITO) in  GOOGLE EARTH 
 Rua do Beato - (2014) - (As instalações de "A NACIONAL" na RUA DO BEATO) in GOOGLE EARTH
 Rua do Beato - (século XXI) (Placa Toponímica tipo II que assinala o início da "RUA DO BEATO" há muitos anos,  quem vem do Poço do Bispo) in  TOPONÍMIA DE LISBOA
Rua do Beato - (1970) Foto de João H. Goulart (Início da "RUA DO BEATO" e final da "RUA DO AÇUCAR") (Abre em tamanho grande)  in   AML  

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO BEATO [ III ]

«O BEATO ANTÓNIO ( 2 )»

"FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO" ficou obviamente sepultado no seu CONVENTO. Mas em 1834, por força das leis liberais, foram encerrados todos os CONVENTOS.
Ora os restos mortais do "BEATO" não ficariam bem no edifício que, profanado, passou vicissitudes várias (de HOSPITAL MILITAR a ARMAZÉM DE VINHOS até se transformar em secção de uma importante MOAGEM). Assim, as ossadas foram trasladadas  para a vizinha IGREJA que pertencera ao também extinto «CONVENTO DOS AGOSTINHO DO GRILO» (os frades "GRILOS", como LISBOA lhes chamou) localizado na "RUA DO GRILO" e que passou a constituir a sede da actual paróquia de "SÃO BARTOLOMEU".
Por falar em sepulturas, virá a propósito contar uma bizarra história acerca de um túmulo que existiu na velha "IGREJA DO CONVENTO DO BEATO"

A figura que ali teve a sua última morada, (ou penúltima, uma vez que, como se sabe, o templo deixou de o ser), foi homem de grande poder no seu tempo. Tratava-se de «PEDRO SALGADO», cujo nome dirá pouco ou nada aos contemporâneos. Para o identificar, diga-se pois que ele foi o "CHANCELER-MOR", no tempo de D. DINIS. Entre outros afazeres, exercia as funções de TESOUREIRO DO REINO, pelo que o monarca não mandava executar qualquer obra sem o consultar. Curiosamente, ficou em sua memória o "BECO DO CHANCELER" e o "LARGO DO CHANCELER", em ALFAMA, junto à "RUA DO VIGÁRIO", designação que a Toponímia lisboeta conserva desde os séculos XIII ou XIV.
«PEDRO SALGADO» tinha instituído capela própria, para si e sua família, na IGREJA DE SANTA MARINHA, que ficava para os lados da "GRAÇA". O LARGO subsiste, mas o templo não. Quando foi extinto, os altares, imagens e demais obras foram distribuídas por várias paróquias de LISBOA.
Dois túmulos, o da CASA DE PANCAS e o do CHANCELER-MOR, foram para o BEATO, constando que o segundo foi arrastado "a pau e corda" até ao seu destino. Chegada ao BEATO, a sepultura foi aberta. Para espanto de quem a abriu, descobriu que lá restavam, de facto, alguns ossos humanos, mas, em contra partida, estavam intactas as solas das botas do falecido. Ao cabo de alguns séculos, o corpo do poderoso senhor tinha quase desaparecido. De todo o seu poder, tinham ficado (meias solas).

Como já nos referimos, deve-se todo o empenho de "FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO" a construção do CONVENTO e respectiva IGREJA, aproveitando embora, no possível, a estrutura que já existia desde o século XV. Ao que parece, quando o frade ali chegou, encontrou a casa tão decadente que o dormitório, por exemplo, "Se sustentava a benefícios de pontões".
Segundo a tradição o "BEATO" meteu-se à obra sem possuir recursos que lho permitissem. Todo o pecúlio que amealhara provinha das esmolas e era escasso. No entanto os trabalhos decorreram sempre sem dificuldades, apesar da majestade do edifício do CONVENTO e da IGREJA.
Estes factos muito contribuíram para aumentar a fama de milagroso que já era atribuída ao frade.
Crê-se que alguma construção já estaria pronta quando o (Rei Castelhano FILIPE II - de Espanha) se instalou também no trono português, por consequência do DUQUE DE ALBA(1507-1582),   se recolher ao CONVENTO a que chamamos de "BEATO" e lá morreu em  11 de Dezembro de 1582, sendo depois transladado para Espanha.

Por força da fama de FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO, BEATO por vontade do povo ainda em vida, acabou por ser esquecida a antiga designação de "SÃO BENTO": O CONVENTO, A IGREJA, O SÍTIO, A FREGUESIA, passaram a ser do «BEATO». O mesmo se diga da "ALAMEDA", ainda existente, onde foi moda ir passear nas tardes e noites de Verão no século XIX; as sombras e os frescos das árvores eram convidativas.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ IV ] - O CONVENTO DO BEATO ( 1 )»

sábado, 24 de janeiro de 2015

RUA DO BEATO [ II ]

«O BEATO ANTÓNIO ( 1 )»
 Rua do Beato - (2014) (A Fachada principal da antiga IGREJA DO BEATO ANTÓNIO na ALAMEDA DO BEATO, nesta altura a ser melhorada) in  GOOGLE EARTH
 Rua do Beato - (Século XVI) (Frades dos Cónegos Seculares de S. João Evangelista-Ordem dos Lóios, onde Frei ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO ou BEATO ANTÓNIO pertencia) in  WIKIPÉDIA
 Rua do Beato - (Anos 50 do século XX Foto de Henrique Cayola) (A ALAMEDA DO BEATO ao fundo a antiga IGREJA DO BEATO, hoje propriedade do grupo CEREALIS, SGPS)  (Abre em tamanho grande)  in  AML
 Rua do Beato - (2012) (Pormenor da fachada da antiga IGREJA DO BEATO, na ALAMEDA DO BEATO)  in  HISTÓRIA DE PORTUGAL 
Rua do Beato - (2014)  (Entrada para a "ALAMEDA DO BEATO" ao fundo a antiga IGREJA DO BEATO ANTÓNIO, à nossa direita o edifício da fábrica de moagem de JOÃO DE BRITO do século XIX) in  GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO)- RUA DO BEATO [ II ]

«O BEATO ANTÓNIO ( 1 )»

«FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO» veio de ÉVORA enviado pelos seus superiores para a cidade de LISBOA, onde a ordem tinha dois CONVENTOS; um, nas proximidades do CASTELO DE S. JORGE, no LARGO que hoje ainda conserva o nome dos LÓIOS e no local onde esteve instalado um quartel da Guarda Nacional Republicana; e outro tinha sido fundado graças às instâncias da rainha D. ISABEL, mulher de D. AFONSO V, e situava-se junto do sítio chamado de "ENXOBREGAS" ou XABREGAS como hoje dizemos.
A este último se recolheu FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO em 1570. E logo se chocou com a pequenez do sítio onde se albergavam os seus irmãos em religião, sonhando a partir daí com a ampliação e engrandecimento do edifício religioso.
Entretanto, a sua fama de bom conselheiro e de homem Santo terá eventualmente chegado à CORTE.  D. JOÃO III não hesitou em o escolher para confessor, o mesmo sucedendo com sua mulher, D. CATARINA, e com seu irmão, o CARDEAL D. HENRIQUE, que viria a ser REI efémero.
Conta também o mestre JÚLIO CASTILHO que no dia 20 de Julho de 1596 chegava à praia de XABREGAS o DUQUE DE BRAGANÇA, "D. TEODÓSIO II.  Vinha de VILA VIÇOSA e só parara na ALDEIA GALEGA ( hoje MONTIJO) o tempo indispensável para ser transportado a LISBOA, tal a urgência que tinha de se encontrar com o "BEATO". Segundo o relato, o DUQUE dirigiu-se prontamente à cela de FREI ANTÓNIO e lá esteve largo tempo.
O primitivo Conventinho que fora, como se disse, devido à vontade da rainha "ISABEL" (mas levado a cabo por seu marido D. AFONSO V, já que a soberana morreu muito cedo, com 23 anos) fora edificado junto de uma capela dedicada a SÃO BENTO.  E conservou o templo essa designação, mesmo quando para ali foram os frades LÓIOS e a devoção maior se orientou para "SÃO JOÃO EVANGELISTA".
Ora o CARDEAL HENRIQUE, então infante, era tão assíduo na procura de "FREI ANTÓNIO" que em breve o povo de LISBOA cantava:
                                          "QUEM QUISER FALAR AO CARDEAL
                                           VÁ ATÉ SÃO BENTO
                                           QUE ESTÁ DE PORTAS A DENTRO
                                           DEBAIXO DO LARANJAL". 
Também D. SEBASTIÃO  cedo começou  a frequentar o sítio de XABREGAS. Sua avó, a rainha D. CATARINA, levava-o ali à MISSA.
Conta-se mesmo que as tiras de ferro que existiam no coro se deviam ao facto de as ter ali mandado colocar a rainha, com medo de que o seu neto caísse por entre as grades. Diz ainda a tradição que D. SEBASTIÃO, antes de partir para a fatídica viagem de ALCÁCER QUIBIR, mandou recados a FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO e pediu a sua bênção para a empresa.
Quer isto dizer que o «BEATO ANTÓNIO» antes de o ser já o era... O povo não hesitou em atribuir-lhe dotes de santidade. Mas, certamente para que não se estabelecessem confusões com o "SANTO ANTÓNIO", passou a designá-lo por "BEATO ANTÓNIO" ou simplesmente "BEATO", Como é sabido o nome ficou na toponímia lisboeta e, mais do que isso, passou a constituir nome de uma das freguesias da cidade de LISBOA. E a IGREJA acabou por elevar o fradinho ao grau de "SANTO", já no século XVIII. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ III ] O BEATO ANTÓNIO ( 2 )»

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

RUA DO BEATO [ I ]

«A RUA DO BEATO E SEU ENVOLVENTE»
 Rua do Beato - (2005) Foto de APS - (Um símbolo característico da moagem e do lugar é a ponte metálica estabelecendo a ligação entre o que hoje se designa por BEATO SUL e BEATO NORTE. Esta construção data de 1907, e tinha como principal função o transporte de cereal entre a zona portuária e a moagem, instalado no antigo "CONVENTO DO BEATO ANTÓNIO")  in ARQUIVO/APS
 Rua do Beato - (Gravura do século XVI) (Frei ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO ou BEATO ANTÓNIO. Nasceu em POMBAL em 1522 e faleceu no Convento que ajudou a construir "SÃO BENTO DE ENXOBREGAS" (hoje CONVENTO DO BEATO) com oitenta anos anos, em 11 de Maio de 1602) in MAIA DE CARVALHO
 Rua do Beato - (finalizada em 1622) (A ALAMEDA DO BEATO com a fachada ao fundo da antiga IGREJA DO CONVENTO DO BEATO, ainda com as suas duas torres sineiras) in ARCHIVO PITORESCO
 Rua do Beato - (1856-1858) Direcção de Filipe Folque (CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA: Planta Nº 9 - Um pouco alterada - mostrando a zona do BEATO e as antigas instalações do CONVENTO DO BEATO, mais tarde a Fábrica de Moagem de JOÃO DE BRITO, LDA.) in  ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
Rua do Beato - (2007) (Vista total das instalações da "A NACIONAL" nas instalações do antigo CONVENTO DO BEATO e nos novos edifícios projectados pelo arquitecto PARDAL MONTEIRO) in  GOOGLE EARTH  


RUA DO BEATO [ I ]

«A RUA DO BEATO E SEU ENVOLVENTE»

A «RUA DO BEATO» pertence a duas freguesias. À freguesia de «MARVILA» do número 1 a 17 e Nº 2 a 32, à freguesia do «BEATO» os restantes números.
Começa na RUA DO AÇUCAR no número noventa e finaliza na ALAMEDA DO BEATO no número quarenta e dois. 
Esta artéria tinha o nome de "RUA DIREITA DO BEATO" até o EDITAL de 8 de Junho de 1889 lhe ter retirado o qualificativo de "DIREITA", e assim, permanece até aos nossos dias.
Em 7 de Novembro de 1889, a Câmara Municipal de Lisboa deliberou delimitar esta artéria da seguinte forma: começa no "LARGO DO BEATO" (hoje com a denominação de ALAMEDA DO BEATO e termina frente do 3.º Cais ou ponte que dá para o mar, vindo do "LARGO DE DOM GASTÃO" para nascente).
Nos anos quarenta e cinquenta do século vinte era frequente chamar-se  LARGO DO BEATO ao espaço mais largo da RUA DO GRILO junto do antigo Cine-Pátria e dos Bombeiros Voluntários do Beato e Olivais, embora não conste em qualquer roteiro.
Na actualidade a RUA DO BEATO terá início (como já foi dito) na RUA DO AÇÚCAR (que também tinha a designação de RUA DIREITA DO AÇÚCAR ) e termina na ALAMEDA DO BEATO.
Esta RUA DO BEATO é uma consagração ao FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO (1522-1602), que ficou conhecido como BEATO ANTÓNIO e foi o responsável pela construção do novo CONVENTO DE SÃO BENTO DE XABREGAS, da Congregação dos LÓIOS, no tempo de FILIPE I.
O seu nome terá eventualmente sido tão importante que o próprio edifício ficou conhecido pelo  nome de quem dirigiu a obra, como CONVENTO DO BEATO, tal como sucede com a ALAMEDA DO BEATO, A TRAVESSA DA ALAMEDA DO BEATO, a TRAVESSA DO OLIVAL DO BEATO  e até a própria denominação da freguesia onde se insere.

«FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO ou BEATO ANTÓNIO»
Este nome de BEATO vem chamar a atenção de alguns, não só para a história do edifício mas também para a personagem, um tanto misteriosa, que deu nome ao sítio.
Muito pouco se conhece, de facto, do BEATO ANTÓNIO ou "FREI ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO" para se ser mais explícito. Ficou para a posteridade com a fama de santidade que havia de o levar aos altares e dele se sabe que foi o principal impulsionador da feitura do CONVENTO, no século 16, substituindo a pequena casa de religiosos que ali existia. Embora os dados sejam escassos, ao falar-se de "MISTÉRIO", não se pretende levantar, porém, qualquer insinuação em relação ao bondoso frade. Mais exactamente, a sua modéstia e o modo como quis passar apagado no seu tempo terão acabado por prejudicar os biógrafos.
O sacerdote nasceu em POMBAL ( 1 ), provavelmente em 2 de Maio de 1522. Faleceu em LISBOA, no seu CONVENTO, já com 80 anos feitos; em 11 de Maio de 1602. Significa isto que viveu entre os reinados de D. JOÃO III e de FILIPE II (terceiro de Espanha). Pelo meio, sabe-se que estudou, Cânones na UNIVERSIDADE DE COIMBRA, especialidade em que se diploma. Foi em ÉVORA, contudo, que tomou o "hábito" dos frades LÓIOS, monges que se tornaram muito populares devido à cor azulada de suas capas e largo chapéu, que lhes valeram o nome de "padres azuis".

( 1 ) - Sabemos ainda que nasceu na "RUA DAS CANNAS" com o nome de ANTÓNIO BORGES LEITÃO. Seus pais JOÃO BORGES e sua mãe "LUCRÉCIA LEITÃO". ambas pessoas ilustres e aparentadas com casas titulares deste Reino, como refere o "PROGRESSO POMBALENSE" de 15 de Setembro de 1877. (Sobre este assunto, pode ainda o leitor consultar uma tese - LINK - intitulada "UM BEATO VIVO": o P. António da Conceição, CSJE, conselheiro e profeta no tempo de FILIPE II- de JOSÉ ADRIANO DE FREITAS CARVALHO). (PDF-50 folhas) - http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/3524.pdf

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ II ] O BEATO ANTÓNIO ( 1 )»

sábado, 17 de janeiro de 2015

JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ IV ]

«(VULGO) JARDIM DA ESTRELA ( 4 )»
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2011) Foto de Filipe Amorim (Uma vista do interior do "JARDIM DA ESTRELA" para a sua porta principal, ao fundo a BASÍLICA DA ESTRELA) in  PASSEIOS (CÁ DENTRO)
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2011) Foto de Filipe Amorim (A estátua de "ANTERO DE QUENTAL"(1842-1891), uma obra de SALVADOR BARATA FEIO entre 1946-50, inaugurado no JARDIM DA ESTRELA em 1951)  in  PASSEIOS (CÁ DENTRO)
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2010) Foto de Maria Amélia (A magnifica peça "O CAVADOR" uma obra do escultor "COSTA MOTA"(Tio), encontra-se neste JARDIM desde o ano de 1913) in SIMECQ. CULTURA
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2007) Foto de João Carvalho (Estátua de bronze de "JOÃO DE DEUS"(1830-1896), uma obra do escultor "JOSÉ LARANJEIRA SANTOS", segundo original de "LEOPOLDO DE ALMEIDA". Está no JARDIM DA ESTRELA desde 14 de Novembro de 1996) (Abre em tamanho grande)  in  WIKIPÉDIA
Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2007) Foto de autor não identificado (Busto de bronze do "ACTOR TABORDA", escultura de "ANTÓNIO AUGUSTO DA COSTA MONTEIRO"(Sobrinho), instalada no JARDIM DA ESTRELA desde 1914)  in  SÍTIO DA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA

(CONTINUAÇÃO) - JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ IV ]

«(VULGO) JARDIM DA ESTRELA ( 4 )»

Este espaço verde lisboeta que apresentava uma abundante vegetação, onde se misturavam os ALAMOS, ÁRVORE DA BORRACHA (Australiana), ARAUCÁRIAS, BANANEIRAS, COQUEIRO-DOS-JARDINS, DRAGOEIROS, OLAIAS e TÍLIAS (algumas já desaparecidas motivado por fenómenos atmosféricos), abundam ainda muitas rosas na primavera e verão entre outras espécies de flora. Sobre a fauna uma palavra para destacar os guardas-rios, pavões, cisnes, alvécia-cinzenta, periquito-de-colar e garça nocturna.
Na estatuária encontramos um busto de bronze do "ACTOR TABORDA" (1824-1909), assente em pilar de pedra decorado com ramo de palmeira. A obra foi executada por "ANTÓNIO AUGUSTO DA COSTA MOTA(SOBRINHO)" no ano de 1906 e inaugurada neste JARDIM em 1914.
Estátua em mármore de ANTERO DE QUENTAL (1842-1891) foi executada por; "SALVADOR BARATA FEIO" entre 1946 e 1950, sendo inaugurada no ano de 1951.
Estátua de bronze de "JOÃO DE DEUS" (1830-1896) com dois metros e meio de altura e com o peso  de dois mil e novecentos quilos, com pedestal em pedra. A obra foi executada por "JOSÉ LARANJEIRA SANTOS", segundo original do escultor "LEOPOLDO DE ALMEIDA". A iniciativa partiu da CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA em colaboração com a ASSOCIAÇÃO DE JARDINS-ESCOLA JOÃO DE DEUS. Localiza-se neste JARDIM desde 14 de Novembro de 1996.
Estão a embelezar este JARDIM, além das placas de verdura, algumas peças de ARTE, que merecem citação: "A FILHA DO REI GUARDANDO PATOS" ou "A GUARDADORA DE PATOS" de COSTA MOTA (Sobrinho) e FRANCISCO SANTOS (1914), localizada num dos lagos do JARDIM. "O CAVADOR" de (1913) sendo o seu autor "COSTA MOTA"(Tio), "O DESPERTAR" de (1911-1921) da autoria de "JOSÉ SIMÕES DE ALMEIDA(Sobrinho). Junto a uma das entradas que dão para a "AVENIDA ÁLVARES CABRAL", existe um elemento escultural em madeira, denominado "TRONCO ESCULPIDO", efectuado precisamente na parte inferior de um tronco da árvore.

O JARDIM DA ESTRELA encontra-se rodeado por um gradeamento e cinco portas de serviço, sendo que a principal fica frente a frente à BASÍLICA DA ESTRELA. Existem duas portas para a "PRAÇA DA ESTRELA", e uma para cada RUA envolvente ou seja: AVENIDA ÁLVARES CABRAL; RUA DA ESTRELA e  RUA DE SÃO BERNARDO. A sua dimensão permitiu a instalação de um JARDIM DE INFÂNCIA e um CENTRO DE DIA PARA IDOSOS.

Ainda no período dos anos 40 e 41 do século passado, o JARDIM DA ESTRELA sofreu uma remodelação motivada pela necessidade do prolongamento da AVENIDA ÁLVARES CABRAL e alargar a RUA DA ESTRELA, remodelação em que a CML teve a preocupação de não retirar muito espaço ao JARDIM, modificar a defeituosa construção dos pavimentos interiores e tirar o maior partido das espécies existentes.
O ciclone de 1941 também fez alguns estragos no JARDIM, tendo derrubado muitas árvores, talvez as mais bonitas, obrigando a novos estudos e a novos projectos.
O JARDIM DA ESTRELA palco de festejos e celebrações, de saraus de beneficência , de festivais da Imprensa, de Exposições de Floricultura, o JARDIM foi até uma provisória "FEIRA POPULAR" em 1958 e 1959, marcando a transição entre a permanência em PALHAVÃ  e o sítio de ENTRECAMPOS onde acabou os seus dias.
Em Novembro de 2006 este JARDIM passou a fazer parte da rede de "JARDINS DIGITAIS DE LISBOA", onde é possível navegar sem fios e sem pagar,  através da criação de pontos de acesso (hotspots) em locais públicos, financiados por três empresas de Novas Tecnologias da Informação. [FINAL]

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto de - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA - Livro XI - Vega-2ª Ed. 1993-LISBOA.
- DICIONÁRIO DA  HISTÓRIA DE LISBOA - Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena - Carlos Quintas & Associados-Consultores,Lda. - 1994 - SACAVEM
- OLHARES DE PEDRA - PROSAFEITA - 2004 - LISBOA
- PARQUES E JARDINS DE LISBOA - CML - Direcção Municipal do Ambiente e Urbanismo  2007.

INTERNET

- ARTE PÚBLICA
- JARDIM DA ESTRELA
- MYGUIDE-COMUNIDADE
- LIFECOOLER
- WIKIPÉDIA

(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ I ] -A RUA DO BEATO E SEU ENVOLVENTE»

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ III ]

(VULGO)-JARDIM DA ESTRELA ( 3 )
Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2007) Foto de João Carvalho  (O mais antigo CORETO DE LISBOA uma obra de JOSÉ LUÍS MONTEIRO, esteve no antigo "PASSEIO PÚBLICO" onde se realizaram magníficos concertos ) (Abre em tamanho grande)  in  WIKIPÉDIA
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (1982) Foto de autor não identificado  (Pormenor do tecto do "CORETO DO JARDIM DA ESTRELA", aqui podemos encontrar diversas artes; ferreiro, carpinteiro, pedreiro, é muitas vezes um trabalho de grupo, que também exige arte)  in  AS ARTES
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2011) Foto de Filipe Amorim  (Vista de um arruamento do JARDIM DA ESTRELA, local aprazível de LISBOA) in PASSEIOS (CÁ DENTRO)
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (2011) Foto de Filipe Amorim (Árvore onde existe uma escultura em madeira, junto a uma das entradas que dão para a AVENIDA ÁLVARES CABRAL, denominado "TRONCO ESCULPIDO", efectuado a partir da parte inferior de um dos troncos da árvore)  in  PASSEIOS (CÁ DENTRO)
 Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - ( 2011) Foto de Filipe Amorim (Pormenor do "TRONCO ESCULPIDO" num pedido de respeito ao "viajante" ou "visitante" do "JARDIM DA ESTRELA") in PASSEIOS (CÁ DENTRO)
Jardim Guerra Junqueiro - JARDIM DA ESTRELA - (1967) Foto de Garcia Nunes (Um dos Lagos do JARDIM DA ESTRELA no final da década dos anos sessenta do século vinte)  in  AML

(CONTINUAÇÃO) - JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ III ]

«(VULGO) JARDIM DA ESTRELA ( 3 )»

Pelo JARDIM DA ESTRELA passaram  D. PEDRO V e D. ESTEFÂNIA, durante o escasso tempo em que estiveram juntos. D. MARIA PIA presidiu neste JARDIM, a festas de caridade, por vezes acompanhada pelo então príncipe D. CARLOS
No final do século XIX, o "PASSEIO DA ESTRELA" passou um pouco de moda para essas reuniões de senhoras da sociedade de sangue azul ou da alta burguesia.
Neste JARDIM por volta de 1876 existiu o famoso «LEÃO DA ESTRELA», bonito animal que fora doado por "PAIVA RAPOSO" e esteve exposto, numa jaula própria no alto do parque, sustentado até à morte pelo próprio dador. A jaula ficava no local onde actualmente se abre o portão para a "AVENIDA ÁLVARES CABRAL".
Em 1895, quando do centenário de SANTO ANTÓNIO e respectivas festas, já o JARDIM DA ESTRELA foi centro de atracção para uma grande quantidade de alfacinhas.
Desde 1852 que os lisboetas e forasteiros podem deambular junto daqueles canteiros, correr e brincar por aquelas veredas, namorar naqueles bancos e inspirar-se junto daqueles lagos.
No dizer do mestre NORBERTO DE ARAÚJO - o homem que mais terá demonstrado ter um retrato de LISBOA no lugar do coração e que tratou numa conferencia do primeiro "CENTENÁRIO DO PASSEIO DA ESTRELA" - "um JARDIM é um museu que se renova todos os dias. Nunca envelhece. Alimenta os olhos, o coração, a alma e é uma saudade suave, vestida de Sol, que aquece e refresca".
Devemos confessar que é impossível dizer mais em menos palavras!

O JARDIM nasceu com o nome de "JARDIM DA ESTRELA", embora mais tarde fosse rebaptizado "JARDIM GUERRA JUNQUEIRO", (embora a sua estátua se encontre no ajardinado da "PRAÇA DE LONDRES" desde 19 de Janeiro de 1968, dia da sua inauguração) em homenagem ao poeta, mas o alfacinha continua a denominá-lo de "JARDIM DA ESTRELA". Jardim construído ao estilo dos jardins ingleses, de inspiração romântica, tem uma área com cerca de cinco mil e setecentos metros quadrados, sendo o segundo maior JARDIM DA CIDADE DE LISBOA.

Desde 1932, o JARDIM passou a contar com o mais antigo CORETO da cidade de LISBOA, de notável recorte, uma belíssima obra de arte de ferro forjado, com base de cantaria e motivos indianos nos desenhos dos arcos e das colunas, tudo isto com a traça de "JOSÉ LUÍS MONTEIRO"; esteve implantado no antigo "PASSEIO PÚBLICO", que deu lugar à "AVENIDA DA LIBERDADE".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ IV ]- O JARDIM DA ESTRELA ( 4 )

sábado, 10 de janeiro de 2015

JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ II ]

(VULGO)-JARDIM DA ESTRELA ( 2 )
 Jardim Guerra Junqueiro - (Vulgo) -JARDIM DA ESTRELA - (2012) Foto de Teresa  (A entrada principal do "JARDIM DA ESTRELA"na "PRAÇA DA ESTRELA") (Abre em tamanho grande) in  LISBOA, CIDADE MINHA...
 Jardim Guerra Junqueiro - (Vulgo) -JARDIM DA ESTRELA - (2011)  (Uma das RUAS no interior do JARDIM DA ESTRELA)  in  ONDE LISBOA
 Jardim Guerra Junqueiro - (Vulgo) - JARDIM DA ESTRELA - (2007)  (Um dos Lagos do "JARDIM DA ESTRELA" onde está colocada a peça "A GUARDADORA DE PATOS" de COSTA MOTA "Sobrinho" e FRANCISCO SANTOS, inaugurada no ano de 1914) in  VISITE PORTUGAL
 Jardim Guerra Junqueiro - (Vulgo) - JARDIM DA ESTRELA - (1963) Foto de Armando Serôdio (Parque Infantil no JARDIM DA ESTRELA, na década de sessenta do século passado) in  AML
 Jardim Guerra Junqueiro - (Vulgo) - JARDIM DA ESTRELA - (Foto do século XX) Autor não identificado (Lago no "JARDIM DA ESTRELA" possivelmente na década de vinte do século passado)  (Abre em tamanho grande)  in   AML 

Jardim Guerra Junqueiro - (Vulgo ) - JARDIM DA ESTRELA - (1938) Foto de Eduardo Portugal (Parque Infantil do "JARDIM DA ESTRELA", na década de trinta do século vinte)  in AML 

(CONTINUAÇÃO) JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ II ]

«(VULGO)-JARDIM DA ESTRELA ( 2 )»

A verdade é que não havia dinheiro e a ideia do "PASSEIO" foi sendo adiada. Surgiu então um homem providencial: MANUEL JOSÉ DE OLIVEIRA o "BARÃO DE BARCELINHOS", tão rico que era conhecido por "MANUEL DOS CONTOS". Diga-se de passagem, para melhor se situar, que tinha transformado o antigo "CONVENTO DO ESPÍRITO SANTO DA PEDREIRA" no seu Palácio (chamado por isso de BARCELINHOS) edifício que depois foi hotel e hoje ainda é conhecido pelos "ARMAZÉNS DO CHIADO". Pois foi esse capitalista quem pegou em cinco contos de réis e os entregou "de mão beijada" para a expropriação dos terrenos e provavelmente, pretendia agradar não só a "COSTA CABRAL", como ao "PRESIDENTE DA CÂMARA".
Mas ainda não foi desta. Vieram as LUTAS LIBERAIS de 1844 a 1847, as revoluções, a "MARIA DA FONTE" e a ideia do JARDIM parecia desvanecer-se. O PASSEIO PÚBLICO da (futura) AVENIDA DA LIBERDADE continuava a ser o único local da cidade onde se podia circular, ouvir música, conversar, por entre flores.
Foi necessário existir um novo benemérito que se prontificasse a abrir os cordões à bolsa.
Desta vez. foi "JOAQUIM MANUEL MONTEIRO", comerciante português do BRASIL e natural da CARVOEIRA. Gostou da ideia e entrou com nada menos de 4.757$000 réis.
Tão contente ficaram os poderes públicos que El-Rei D. LUÍS, agraciou o ricaço e generoso homem de negócios com o título de VISCONDE e depois CONDE DA ESTRELA.

Começaram os trabalhos, apesar de tudo, não correram num mar de rosas. Foram, é certo, contratados dois mestres da Jardinagem: o francês "JEAN BONARD" e o português "JOÃO FRANCISCO". 
Vieram árvores e plantas várias dos jardins do CONDE DE FARROBO, fizeram-se os trabalhos de terraplanagem.
Mas o dinheiro voava. E o certo é que em Março de 1851, a CÂMARA, então presidida por "NUNO JOSÉ PEREIRA BASTOS", estava com poucas finanças e acabou por fazer uma exposição à rainha D. MARIA II, dizendo só ter dinheiro para mais duas semanas... Lá apareceram uns dinheiros e a obra acabou por chegar a bom termo.
Em ABRIL de 1852, o JARDIM abriu finalmente ao público. Este Jardim esteve na moda durante quase toda a metade do século XIX: era então chamado o «PASSEIO DA ESTRELA» das nossas românticas avós, ainda jovens.
Tinha-se tentado fazer diferente do "PASSEIO DA AVENIDA". Assim, por exemplo, uma "MONTANHA RUSSA" elevava-se do lado Nascente, ao pé do muro que separava o Jardim do que fora o CONVENTO e hoje é o HOSPITAL; de lá se tinha uma excelente vista para a cidade, que os prédios que por ali foram construindo se encarregaram de as tapar.
Havia estufas, um pavilhão desenhado pelo "PEZERAT", lagos, um traçado convidativo...
Tornou-se o "PASSEIO DA ESTRELA" o centro da moda. D.MARIA II ainda lá foi, embora poucas vezes dado que faleceu ano e meio depois da inauguração.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ III ]-O JARDIM DA ESTRELA (3)».

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ I ]

«VULGO "JARDIM DA ESTRELA" ( 1 )
 Jardim Guerra Junqueiro - (2011) Foto de Filipe Amorim (Uma vista do interior do "JARDIM DA ESTRELA" para a sua entrada principal, ao fundo podemos ver a "BASÍLICA DA ESTRELA"). in PASSEIOS (cá dentro)
 Jardim Guerra Junqueiro - (2007) (Vista Panorâmica do "JARDIM DA ESTRELA", na freguesia da "ESTRELA")  in  GOOGLE EARTH
 Jardim Guerra Junqueiro - (2014) - (Entrada principal do "JARDIM DA ESTRELA" vista da "PRAÇA DA ESTRELA" já ao entardecer)  in  GOOGLE EARTH
 Jardim Guerra Junqueiro - (1938) - Foto de Eduardo Portugal (Lago do "JARDIM DA ESTRELA" e estátua da "A GUARDADORA DE PATOS" de COSTA MOTA-SOBRINHO e FRANCISCO SANTOS inaugurada em 1914)   in   AML 
Jardim Guerra Junqueiro - ( 1961 ) Foto de Armando Serôdio (Biblioteca Municipal do "JARDIM DA ESTRELA", ao lado direito podemos ver um baixo relevo de "JOÃO DE DEUS", escritor e pedagogo)   in   AML 

- JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ I ]

«(VULGO) "JARDIM DA ESTRELA" ( 1 )»

O «JARDIM GUERRA JUNQUEIRO» (Vulgo) "JARDIM DA ESTRELA" tem a sua entrada principal localizada na "PRAÇA DA ESTRELA", pertencia à freguesia da «LAPA», hoje com a "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA" e com a integração das freguesias de "SANTOS-o-VELHO" e " PRAZERES", passou a designar-se freguesia da «ESTRELA». 
O "JARDIM DA ESTRELA" está rodeado de artérias: a SUL (entrada principal) a "PRAÇA DA ESTRELA" que liga com a "CALÇADA DA ESTRELA", a NORTE "AVENIDA ÁLVARES CABRAL", RUA DE SÃO JORGE e RUA JOÃO ANASTÁCIO ROSA, a NASCENTE "RUA DE SÃO BERNARDO"  e a POENTE a "RUA DA ESTRELA"

O "JARDIM GUERRA JUNQUEIRO" mais conhecido por "JARDIM DA ESTRELA" é um dos mais formosos da cidade de LISBOA.
Jardins, sempre terão existido. Mas, na cidade , os que havia ficavam atrás de muros, constituindo propriedade privada e ciosamente guardado pelos seus donos, para seu recreio pessoal.
As primeiras tentativas de trazer até ao povo o convívio com flores e demais plantas, foram feitas na AJUDA (com o respectivo "JARDIM BOTÂNICO", em 1768 e com o "PASSEIO PÚBLICO" (actual "AVENIDA DA LIBERDADE"), mais ou menos na mesma época, ou seja ambos no tempo do "MARQUÊS DE POMBAL"
Depois, foram surgindo tímidas diligências de fazer crescer e multiplicar esses espaços serenos de liberdade.
Estávamos no ano de 1842, era presidente da CÂMARA DE LISBOA o médico "LAUREANO DA LUZ GOMES", professor da "ESCOLA MÉDICA", grande incrementador dos  preceitos de higiene e reformador dos cemitérios. E, por essa altura, apareceu à venda um bom pedaço de terra de cultivo, que tinha pertencido à cerca do antigo "CONVENTO DA ESTRELINHA" (Situado onde hoje está o HOSPITAL MILITAR DA ESTRELA).
As ORDENS RELIGIOSAS tinham sido extintas em PORTUGAL em 1834 e o terreno referido tinha-se transformado em local de semeadura, pertença de um tal "ANTÓNIO JOSÉ RODRIGUES". Este, porém, ou não sabia o suficiente de agricultura ou não deu grande importância à propriedade rústica, o certo é que faliu e as terras foram postas em PRAÇA PÚBLICA.
O presidente da Câmara anteviu ali um excelente  local para um novo "PASSEIO PÚBLICO", um  Jardim que fosse local preferido pela população de LISBOA para os seus lazeres. O presidente da edilidade era amigo do então MINISTRO DO REINO, o CONDE DE TOMAR, "ANTÓNIO BERNARDO DA COSTA CABRAL" que logo se interessou na sua aquisição. Refira-se que, muitas vezes, aparece apontado o "CONDE DE TOMAR" como o autor da ideia do JARDIM, tanto mais que tinha casa perto. Fosse dele ou do médico Dr. LAUREANO, tanto faz... o certo é que ambos colaboraram, embora, como se verá, o êxito viesse a caber a outros.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ II ] O JARDIM DA ESTRELA (2)»