quarta-feira, 31 de março de 2010

RUA DE XABREGAS [ XIV ]

Rua de Xabregas - (1939) - Foto de Eduardo Portugal (Chafariz de Xabregas e Lavadouro Público que existia no "Largo de Xabregas") Nota: Junto a esta bica ou tanque localizava-se a "Fonte Samaritana", coeva do Convento da Madre de Deus. Actualmente não restam vestígios ornamentais da primitiva fonte. Podemos observar contudo, um baixo-relevo, simbolizando uma caravela, esculpida em pedra de feição seiscentista. in AFML
Rua de Xabregas - (1954) - Foto de Fernando Martinez Pozal (Pormenor do antigo Chafariz no "LARGO DE XABREGAS" in AFML

Rua de Xabregas - (1949) - Foto de Eduardo Portugal - (Caravela foreira na Bica de Xabregas) Nota: Símbolo ornamental da Bica e Tanque de Xabregas. Trata-se de uma intervenção de seiscentos, quando a primitiva "FONTE SAMARITANA" foi deslocada do Convento da Madre de Deus para este sítio. in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ XIV ]
«CHAFARIZ E LAVADOURO PÚBLICO DE XABREGAS»
«XABREGAS» como quase toda a LISBOA não dispunha geralmente (nas primeiras décadas do século XX) de água encanada, pelo que se tornava necessário acarretá-la e, com alguma sorte, quando uma torneira se situava por perto.
Assim, regra geral, neste sítio modesto vamos encontrar o POTE ou a TALHA DE BARRO, alta, bojuda, ovóide, de bocal largo e gola voltada ou a prumo, coberta com um prato e sobre este um pano. Para retirar a água deste recipiente utilizava-se um púcaro de esmalte, mas o normal e mais prático era a TALHA que possuía uma torneira junto da base.
Para se proverem de água, as pessoas tinham necessidade de ir buscá-la ao chafariz mais próximo, ou então, o que era vulgar, contratar a "mulher da água" ou aguadeiro, para lhe fornecer mediante o preço convencionado.
Nos anos 50 do século XX, cada lata de água (20 litros) que a mulher acarretava custava 50 centavos, claro está estes preços podiam variar, dependendo sempre da distância a percorrer.
Na «RUA DE XABREGAS» propriamente dito no «LARGO DE XABREGAS», existiu um «CHAFARIZ E LAVADOURO PÚBLICO» agarrado ao muro de suporte à linha-férrea. Nesse chafariz era um vai vem de pessoas de vasilhas na mão, aguardando a sua vez. Depois saiam derreados, eles de barril ou bilha ao ombro, elas de latas na mão ou à cabeça apoiadas numa rodilha ou "sogra".
E era assim todo o santo dia, nesta faina, percorrendo sempre o mesmo caminho.
Nesse tempo, logo à direita do chafariz, existia ainda o rectangular e alpendrado lavadouro, que se animava de mulheres, irrequietas e tagarelas. Cenário pitoresco das lavadeiras do tanque de «XABREGAS».
Depois do «CHAFARIZ» e antes do «LAVADOURO PÚBLICO», existe um tanque de dimensões reduzidas, onde os animais de raça cavalar, iam beber água, embora esse tanque servisse também para passar a roupa já lavada.
Como curiosidade, existe mesmo na parte superior do pequeno tanque um baixo-relevo simbolizando uma caravela, esculpido em pedra de feição seiscentista, assinalando o provável sítio onde existiu em tempos a «FONTE SAMARITANA».
Presentemente nada resta no local do «CHAFARIZ » e do seu «LAVADOURO».
CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DE XABREGAS [ XV ] - PALÁCIO DOS MARQUESES DE OLHÃO (1)»


sábado, 27 de março de 2010

RUA DE XABREGAS [ XIII ]

Rua de Xabregas - (Século XIX ?)(Fotógrafo não identificado) (Fonte da Samaritana hoje recolhida no Museu da Cidade, esteve localizada perto do Terreiro de Xabregas) in MUSEU DA CIDADE
Rua de Xabregas - (Autor desconhecido) (Jesus falando com a Samaritana...) (Ali havia o POÇO DE JACÓ. E Jesus, fatigado da viagem, sentou-se à beira do poço. Era por volta do meio-dia. Veio uma mulher da SAMARIA tirar água. Pediu-lhe Jesus: Dá-me de beber. SÃO JOÃO, 4:6,7. in PRESENTE PARA VOCÊ

Rua de Xabregas - (Século XIX ?) - Fotógrafo não identificado (Fonte SAMARITANA, um baixo relevo mandado construir pela rainha D. Leonor para o Convento da Madre de Deus em Xabregas, hoje pertença do Museu da Cidade de Lisboa in MUSEU DA CIDADE
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(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ XIII ]
«FONTE DA SAMARITANA»
A «FONTE DA SAMARITANA» hoje exposta no «MUSEU DA CIDADE», foi mandada edificar em 1508 pela rainha «D.LEONOR». De início estava encostada à «IGREJA DA MADRE DE DEUS» junto do Tejo, fazendo parte do sistema de abastecimento de água ao MOSTEIRO e à população local.
Em finais do século de seiscentos era normal as freiras subtraírem a água que, destinada ao povo, corria num encanamento pela Cerca Conventual; o «BARÃO DO ALVITO» tomou medidas mas os abusos continuaram.
Em 1700 «D. FRANCISCO DE SOUSA COUTINHO», sucessor na Câmara do «BARÃO DO ALVITO», transferiu a «FONTE DA SAMARITANA» para junto do Terreiro, a Norte do actual «PALÁCIO DO MARQUÊS DE NISA».
Quando chegaram as obras dos caminhos-de-ferro de Leste ao sítio de Xabregas, existiu a ideia de desmanchar esta velha fonte. Felizmente apareceu na imprensa quem se opusesse à demolição deste apreciável monumento (1).
A «FONTE DA SAMARITANA» trata-se de um baixo-relevo, à direita, «JESUS» está sentado na borda do poço, frente à «SAMARITANA». A meio, ao alto, uma bica deixa cair água para um tanque pequeno de meia laranja, que se precipita num outro maior. Ostentava a insígnia evocativa da «RAINHA D. LEONOR» um Camaroeiro.
Todo o conjunto arruma-se num nicho pouco profundo - 2,90 metros de altura por 1,87 metros de largura - construído por duas pilastras da «RENASCENÇA ITALIANA», sobre as quais se apoiava uma grossa cornija com cimalha angulada.
Por ocasião de 1860 a fonte já não existia em «XABREGAS» tendo sido levada inicialmente para o jardim do «MUSEU DAS JANELAS VERDES», embora um pouco mal tratado, acabou por ir parar ao «MUSEU DA CIDADE».
No local do chafariz não há sinal da «FONTE DA SAMARITANA». Apenas ao lado, na parede exterior do pequeno e antigo «LAVADOURO PÚBLICO» no "LARGO DE XABREGAS" existiu uma curiosa NAU, em pedra de talha seiscentista.
(1) - «ARQUIVO PITORESCO» Tomo V, 1862.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DE XABREGAS [ XIV ] - (CHAFARIZ E LAVADOURO PÚBLICO DE XABREGAS)»


quarta-feira, 24 de março de 2010

RUA DE XABREGAS [ XII ]

Rua de Xabregas - (2005) - Foto de APS (Antiga Fábrica da Samaritana, depois Sociedade Têxtil do Sul, Lda. no Beco dos Toucinheiros) ARQUIVO/APS
Rua de Xabregas - (2004) - Fotógrafo não identificado (Entrada do Beco dos Toucinheiros da Fábrica de Fiação de Xabregas (vulgo) FÁBRICA DA SAMARITANA) in UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA

Rua de Xabregas - (1989) Foto de APS ( A Sociedade Têxtil do Sul, antiga fábrica da Samaritana na sua agonia) ARQUIVO/APS
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(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ XII ]
«FÁBRICA DE FIAÇÃO DE XABREGAS (vulgo) FÁBRICA DA SAMARITANA (2)»
Do ponto de vista empresarial a «FÁBRICA DE FIAÇÃO DE XABREGAS» foi pertença de duas entidades, a Companhia acima referida (entre 1854 e 1936) e a «SOCIEDADE TÊXTIL DO SUL, LIMITADA» de (1934-1951). Durante o período da sua vida, esta Companhia teve diferentes direcções fabris, que marcaram a sua evolução técnica, industrial e social.
Uma mudança qualitativa correspondeu a seguir ao incêndio de 3 de Agosto de 1877, que criou as condições de completa renovação, apetrechando-se com a tecelagem mecânica e nova potência de vapor. Deve datar desta altura a nova casa das máquinas e a nova chaminé da Fábrica que, com a primeira, marca ainda a paisagem daquele local.
Outro pavoroso incêndio, datado de 1948 (a que assistimos), consumiu grande parte do edifício, quando já pertencia à «SOCIEDADE TÊXTIL DO SUL, LDA.». Actualmente persistem vestígios desse acidente, nas fachadas, coberturas e janelas, que não foram objecto de qualquer recuperação.
O ponto alto desta têxtil, atendendo à informação nos Inquéritos Industriais de 1881 e 1890, ocorreu no final do século. Nessa altura, laboravam 531 operários, funcionavam 213 teares, dispondo de uma potência de 120 C/V distribuída pelas duas máquinas. Data deste período a construção de um bairro social para os seus trabalhadores a «VILA FLAMIANO» (inaugurada em Outubro de 1888).
Esta fábrica dispôs de um internato para aprendizes no seu interior, sistema utilizado para suprir a falta de qualificação de mão-de-obra, aspecto laboral criticado pela opinião pública contrária à utilização de crianças como operários (2/3 do total dos trabalhadores).
A cada criança do internato abriu-se uma conta corrente referente ao respectivo salário, sendo-lhe entregue quando acabasse o aprendizado, facto que também levantou alguma celeuma na capital.
Criticava-se ainda o excessivo tempo de trabalho. Todos estes factos e outros que envolveram os pais dos menores e as diversas movimentações grevistas ligadas aos seus trabalhadores, foram matéria aproveitada pelo romancista «ABEL BOTELHO», cujos cenários fabris parecem coincidir com a «FABRICA DO BLACK», por um lado e com a «FABRICA DE FIAÇÃO E TECIDOS ORIENTAL» situada nas proximidades do antigo «CONVENTO DE SÃO FRANCISCO».

Foi integrada na «SOCIEDADE TÊXTIL DO SUL, LDA.», entre 1932 e 1934, mantendo a fiação e a tecelagem juntas, funcionando até à data do último incêndio de 1948. Fornecia então, como outras fábricas daquela sociedade, os «GRANDES ARMAZÉNS DO CHIADO».
O seu espaço foi depois aproveitado para pequenos negócios e firmas. Apesar da degradação destas instalações o monumento industrial teima em continuar, chamando a este sítio «O CEMITÉRIO DAS FÁBRICAS».
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«RUA DE XABREGAS [ XIII ] - A FONTE SAMARITANA».


sábado, 20 de março de 2010

RUA DE XABREGAS [ XI ]

Rua de Xabregas - (200_?) - (Fotografia de autor desconhecido) (FÁBRICA DE FIAÇÃO DE XABREGAS (Vulgo) "FÁBRICA DA SAMARITANA"- o edifício mais baixo com telhado de duas águas e janela circular, era a localização da casa da máquina a Vapor, virado a Sul).
Rua de Xabregas - (1989) Foto de APS - (Antiga Fábrica da Samaritana, depois do incêndio de 1948, vista da "RUA GUALDIM PAIS") ARQUIVO/APS

Rua de Xabregas - (1887) - Gravura publicada no Diário Ilustrado Nº 1617 -Ano VI - Lisboa 1887) (Baseada na gravura do Archivo Pitoresco-1864 p. 182) (Fábrica de Fiação de Xabregas (Vulgo) "FABRICA DA SAMARITANA" no "BECO DOS TOUCINHEIROS" Nº 1 em XABREGAS).
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(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ XI ]
«FÁBRICA DE FIAÇÃO DE XABREGAS (Vulgo) "FÁBRICA DA SAMARITANA" (1)»
A «FÁBRICA DE FIAÇÃO DE XABREGAS» podemos considerar ser uma das mais antigas fábricas "maquinofactureiras" de Lisboa, edificada de raiz para essa finalidade, na segunda metade do século XIX.
Instalada em 1857 no sítio de «XABREGAS», era igualmente conhecida por «FÁBRICA DA SAMARITANA» (em virtude de se encontrar nas proximidades da "FONTE DA SAMARITANA") e por «FÁBRICA DO BLACK», em homenagem ao antigo fundador, engenheiro «ALEXANDRE BLACK», a quem se deve a arquitectura industrial a moagem dos seus primeiros equipamentos e máquinas.
Situa-se à entrada do «VALE DE CHELAS», junto às linhas férreas do LESTE e NORTE e da Circunvalação de Lisboa. Encontra-se também junto à antiga "Circunvalação fiscal", da parte Oriental da cidade de Lisboa. A edificação desta unidade fabril é contemporânea da construção do troço de «CAMINHO-DE-FERRO», entre «LISBOA E O CARREGADO», acessibilidade a que se ligou desde então.
As obras começaram em 1854, em terrenos arrendados ao «HOSPITAL DE S. JOSÉ». A laboração inaugurou-se em 1857, altura em que o edifício rectangular, construído de raiz e com todos os apetrechos para a mecanização da fiação de algodão se concluiu. O seu plano inicial obedecia aos modelos mais avançados das fábricas inglesas.
O edifício, descrito por «PINHO LEAL», tinha então 36 metros de comprimento e 21 metros de largura, com 108 janelas nas quatro fachadas.
Os fundadores de origem britânica, constituíram uma companhia por acções para a sua administração, com o capital de 150 contos de réis, a duzentos mil réis por cada acção. «ALEXANDRE BLACK» notabilizara-se nas obras de engenharia na «FÁBRICA DE SANTO AMARO», da «COMPANHIA DE FIAÇÃO E TECIDOS LISBONENSE» (1), entre 1847-49, depois da prova dada, se juntou aos "SCOTT".
Inicialmente era apenas uma unidade mecanizada de fiação, apesar dos seus primeiros estatutos, datados de 1857, preverem também tecelagem, tinturaria e calandragem do algodão.
As condições de mercado facilitaram a instalação da energia a vapor, até porque «XABREGAS» conhecia desde a década de quarenta as primeiras máquinas motoras. A localização da máquina a vapor fez-se em casa própria, exterior ao edifício, virada a Sul. Com a máquina moviam-se os 4 600 fusos iniciais.
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- (1) - A «COMPANHIA DE FIAÇÃO E TECIDOS LISBONENSE», foi a primeira fábrica a instalar-se no «CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DE XABREGAS». Depois do violento incêndio de 1844, foi transferida para o vizinho «PALÁCIO DOS MARQUESES DE NISA», no ano seguinte era instalada definitivamente nos terrenos do «CONDE DA PONTE» na Junqueira.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DE XABREGAS [ XII ] - FÁBRICA DE FIAÇÃO DE XABREGAS (Vulgo) "FÁBRICA DA SAMARITANA" (2)».

quarta-feira, 17 de março de 2010

RUA DE XABREGAS [ X ]

Rua de Xabregas - (1989) - Foto de APS - A Companhia NACIONAL de moagem permaneceu parada desde o incêndio de 1947, nos seus terrenos foi aberta a «RUA BISPO DE COCHIM» ARQUIVO/APS.
Rua de Xabregas - (1946) - (Foto de Ferreira da Cunha) (Antigo mercado de Xabregas depois de uma cheia em Xabregas, ao fundo o edifício da antiga Aliança, antes do incêndio) in AFML

Rua de Xabregas - (1939-07) Foto de Eduardo Portugal - (Antigo Mercado de Xabregas no Largo Marques de Nisa, vendo-se em segundo plano as instalações da antiga Fábrica de Moagem a Vapor Aliança) in AFML


Rua de Xabregas - (1938) - Foto de Eduardo Portugal ( Viaduto de Xabregas a Fábrica de Moagem a Vapor Aliança, mais tarde Nova Companhia NACIONAL de Moagem) in AFML



Rua de Xabregas - (1903) Foto de autor desconhecido (Anúncio da Fábrica a Vapor Aliança no Anuário Comercial de 1903) in FARINHAS, MOINHOS E MOAGENS.
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(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ X ]
«FABRICA DE MOAGEM A VAPOR ALIANÇA»
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Em «XABREGAS» situada junto ao viaduto ferroviário em terrenos roubados ao Tejo, funcionava desde 1877 a «FABRICA DE MOAGEM A VAPOR ALIANÇA», num vasto edifício de três andares, expressamente construído para esta fim.
Era uma fábrica de moagem de trigo pelo sistema Austro-Hungaro, e empregava uma máquina e caldeira a vapor com força de 15 cavalos. Em 30 de Julho de 1900 temos a informação de que tinha um sistema de trituração e conversão de quatro nós e de cilindros.
A sua força produtiva anual era de 21 300 000Kg/trigo. No ano de 1903 surge com a designação de «FÁBRICA A VAPOR ALIANÇA» de «JOÃO LUÍS DE SOUSA E FILHO».
Por despacho de 14 de Janeiro de 1905 esta firma, proprietária da «FABRICA DE MOAGEM DE SANTARÉM», foi autorizada a farinar, por um ano, na fábrica que possuía em XABREGAS.
Depois de 1908 integrou-se na «NOVA COMPANHIA NACIONAL DE MOAGEM» e foi avaliada em quinhentos mil réis.
No ano de 1917 esta empresa é integrada na firma de «JOÃO DE BRITO, LDA.», e em 17 de Dezembro de 1919, constitui-se a «COMPANHIA INDUSTRIAL DE PORTUGAL E COLÓNIAS, S.A.R.L.», através da fusão da «NOVA COMPANHIA NACIONAL DE MOAGEM» e da «COMPANHIA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO». No início dos anos 80 é transformada em Sociedade Anónima, com a designação «NACIONAL-COMPANHIA INDUSTRIAL DE TRANSFORMAÇÃO DE CEREAIS, SA»(ver mais aqui).
No ano de 1843 o industrial »João de Brito» instala no «CONVENTO DO BEATO» uma moenda de cereais. A utilização da marca «NACIONAL» foi-lhe concedida pela rainha «D. MARIA II». no ano de 1840, devido à relevância dos serviços prestados à Nação pelo empresário, através dos produtos comercializados na época.
A fabrica de moagem da «COMPANHIA INDUSTRIAL DE PORTUGAL E COLÓNIAS» sucessora da «NOVA COMPANHIA NACIONAL DE MOAGEM» situada perto do Viaduto Ferroviário de Xabregas, em 28 de Fevereiro de 1947 foi destruída totalmente por um violento incêndio.
Quanto à «FÁBRICA DE MOAGEM A VAPOR ALIANÇA» integrada nesta grande empresa «NACIONAL» e depois do incêndio, esteve largos anos em ruínas. Foi demolida e o seu espaço aproveitado para a «RUA BISPO DE COCHIM» para fazer a ligação entre a «RUA DE XABREGAS» e a «AVENIDA INFANTE D. HENRIQUE».
Desde o ano de 1990 que a «NACIONAL» faz parte do «GRUPO EMPRESARIAL DE AMORIM» e em 2005 sofreu outra reestruturação.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DE XABREGAS [ XI ] -FÁBRICA DE FIAÇÃO DE XABREGAS (vulgo)-FÁBRICA SAMARITANA (1)»


sábado, 13 de março de 2010

RUA DE XABREGAS [ IX ]

Rua de Xabregas - (2005) Foto de APS (Rua de Xabregas e Viaduto visto da Rua Bispo de Cochim) ARQUIVO/APS
Rua de Xabregas - (1989) - Foto de APS ( Rua de Xabregas, ao fundo o Viaduto Ferroviário e parte do Palácio Marques de Nisa) ARQUIVO/APS

Rua de Xabregas - ( 1970 ?) Foto de João H. Goulart (O último edifício que se vê à direita, era a Cozinha Económica Nº 4) in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ IX ]
«A COZINHA ECONÓMICA Nº4 EM XABREGAS»
Na «RUA DE XABREGAS» frente ao antigo «CONVENTO DE S.FRANCISCO DE XABREGAS», existiu um edifício (hoje um pouco alterado) que a «SOCIEDADE PROTECTORA DAS COZINHAS ECONÓMICAS DE LISBOA», mandou construir, sendo inaugurada a 20 de Fevereiro de 1896 com o nome de: «COZINHA ECONÓMICA Nº4» de XABREGAS.
Deve-se a iniciativa desta prestigiosa acção de beneficência a «MARIA LUÍSA DE SOUSA HOLSTEIN» 3ª Duquesa de Palmela, neta do primeiro «DUQUE DE PALMELA».
Nasceu em Lisboa na freguesia dos «MÁRTIRES» a 4 de Agosto de 1841 e faleceu na sua Quinta de Sintra em 2 de Setembro de 1906.
Dama de grande cultura, tinha estudado em França e conhecia vários países, privava com embaixadores, falando-lhes normalmente na língua deles. Interessada por tudo o que a rodeava estava sempre bem informada. Dai, podermos afirmar que conhecia bem o que se passava no resto do mundo e a evolução que a Sociedade Portuguesa iria sofrer.
A 8 de Dezembro de 1893 foi inaugurada a primeira «COZINHA ECONÓMICA» na «TRAVESSA DO FORNO» aos «PRAZERES», zona de grande população de operários na altura.
Depois desta cozinha, outras se lhe seguiram: Em 1893 a 1 na «TRAVESSA DO FORNO-PRAZERES»; - 1894 a 2 nos «ANJOS»; - 1895 a 3 em «ALCÂNTARA»; - 1896 a 4 em «XABREGAS»; - 1897 a 5 na «RIBEIRA VELHA»; - 1898 a 6 na «RUA DE SÃO BENTO».
Nestes locais era garantido, um mínimo de alimentação a muitas famílias operárias, que viviam numa situação onde as condições de vida, trabalho e habitação eram cheias de dificuldades.
A partir do ano de 1918, estas instituições viriam a ser conhecidas pela «SOPA DO SIDÓNIO».
Os tempos da guerra (1914-1918) trouxeram a miséria a muitas famílias portuguesas e em particular na zona operária de Xabregas.
Conta-se que era o próprio «SIDÓNIO PAIS», (que foi Presidente da República Portuguesa entre 1917 e 1918 e morreu assassinado) e um seu filho que, de noite, iam fornecer as «COZINHAS ECONÓMICAS» para que, pelo menos, a sopa não faltasse aos mais pobres.
Estas cozinhas depois da República, passaram a ser geridas pela «SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA».
Presentemente funciona no número 49 da «RUA DE XABREGAS» um departamento da «CASA PIA DE LISBOA» com o nome de «LAR DE SANTO ANTÓNIO».
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DE XABREGAS [ X ] - FÁBRICA DE MOAGEM A VAPOR ALIANÇA».



quarta-feira, 10 de março de 2010

RUA DE XABREGAS [ VIII ]

Rua de Xabregas - (1755 ?) ( O Poeta de Xabregas - Frade Mariano Desequilibrado) (Biblioteca Nacional de Lisboa) in "ALFACINHAS" os lisboetas do passado e do presente - Plano e Ilustrações de ALBERTO SOUSA.
Rua de Xabregas - (1989) - Foto de APS (Convento de S. Francisco de Xabregas, na sua antiga Igreja está hoje instalado o «TEATRO IBÉRICO DE LISBOA» - ARQUIVO/APS

Rua de Xabregas - ( 194_?) Foto de Eduardo Portugal (Convento de São Francisco de Xabregas) in AFML
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(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ VIII ]
«O FRADINHO DE XABREGAS»
Uma das mais curiosas e típicas imagens de «XABREGAS» em meados do século XVIII foi, sem dúvida, «O FRADINHO DE XABREGAS» também conhecido pelo «POETA DE XABREGAS» chamado de «FREI JOÃO DE NOSSA SENHORA». Um frade Mariano de quem há muito se perdeu a memória desta figura típica e popular da crédula e piedosa LISBOA setecentista.
Pregador inflamado tinha uma especialíssima devoção pela «VIRGEM MARIA», calcorreava as ruas de Lisboa (com grande recreação dos garotos que o seguiam e agrupavam), ostentando uma imagem de «VIRGEM MÃE DOS HOMENS», aspergindo santidade num mundo que, para o seu olhar piedoso e inocente, se atolara nas sendas mais ínvias do pecado.
Pregava sempre que podia e o deixavam e, por tudo e por nada, arremedava versos de "pé-quebrado".
Em 1755, pouco antes do Terramoto, havendo touradas no ROSSIO, «O FRADINHO DE XABREGAS» foi logo pregar à «IGREJA DA VITÓRIA» contra o pecado.
Estes são os versos que tal lhe mereceu:
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"No Rossio se faz festa,
Na Vitória pregação;
Pouca gente assiste nesta,
Mas naquela multidão.
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Três meses divertimento,
Bem se poderá escusar;
Tanto rir, tanta folgar,
Pode parar em tristeza.
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Na doutrina de Maria
Tenha LISBOA certeza
Que toda a sua alegria
Há-de parar em tristeza".
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Querendo o bom do frade pregar um sermão sobre «SANTA BÁRBARA», fez a divulgação do seguinte anúncio: «Esmola que se dá no dia de "SANTA BÁRBARA" no "REAL CONVENTO DE SANTA MARIA DE JESUS DE XABREGAS" (...)» e concluía: «venham cedo que das 10 horas até ao meio dia, pouco mais ou menos, se hão-se repartir as esmolas». O povo julgou que se tratava de esmolas em dinheiro, e como não há melhor engodo para atrair que prometer-lhes alguma coisa, a notícia espalhou-se velozmente e, em LISBOA, já não se falava de outra coisa. De tal modo que a "nova", já adulterada, chegou mesmo ao Paço do Rei. O monarca temeu que o povo, sentindo-se ludibriado, intentasse contra o frade e, ouvido o seu Conselho, fez destacar, por precaução, uma força militar para as imediações do Convento. Mas qual quê... o nosso «FREI JOÃO DE NOSSA SENHORA» esgrimiu-se com tal eloquência, naquele seu jeito de pregador realizado, transformando as esmolas da terra em dádivas do Céu, que o povo acabou por aplaudi-lo.
O mesmo autor dá-nos estas informações, de um retrato do bom frade, pela leitura da tela que publicados e que existe na Biblioteca Nacional de Lisboa. Descreve ele assim o frade patusco: " O seu retrato parece uma caricatura. Imagine-se um homem excessivamente obeso; a cabeça é como uma imensa mole sobre um pescoço curto e grosso; as faces, assopradas e rubicundas; os lábios grossos; sobre o lábio superior um buço virginal; a barriga colossal; e tudo isto embrulhado no hábito XABREGANO. E para lhe dar mais relevo, tem na mão direita uma espécie de relicário com a figura da virgem, entre flores; pendentes ao pescoço, uma verónica com outra imagem de virgem; e na mão esquerda um bordão singular, porque tem como uns ferros metidos no pau, em forma de ganchos. A figura tem um metro e cinquenta de altura, que julgamos ser tamanho natural" (1).
Com a nota humana deste retrato, se dá por encerrado este capitulo a um lugar esquecido, «Convento de S. Francisco de Xabregas antes Convento de Santa Maria de Jesus de Xabregas» onde perpassou tanta história, situado outrora nos arrabaldes de Lisboa.
(1) - Ribeiro Guimarães (Sumário de Várias Histórias) - 1872
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DE XABREGAS [ IX ] - COZINHA ECONÓMICA Nº4 EM XABREGAS»



sábado, 6 de março de 2010

RUA DE XABREGAS [ VII ]

Rua de Xabregas - (2009) - Foto de Dias dos Reis (Convento de S. Francisco de Xabregas) in DIAS DOS REIS
Rua de Xabregas - (2009) - (LEGENDA: - A - Antigo Convento de São Francisco - B - Palácio de OLHÃO - C - Antiga fábrica de Fiação e Tecidos (vulgo) Fábrica das Varandas) in WIKIMAPIA

Rua de Xabregas - (1998 ?) - Fotógrafo não identificado - (Convento de Santa Maria de Jesus, Convento de S. Francisco, Convento de Xabregas, Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense, Companhia dos Tabacos Lisbonense, Companhia dos Tabacos de Portugal, Companhia Portuguesa de Tabacos e em 1980 é instalada a Companhia do Teatro Ibérico). in FACULDADE DE ARQUITECTURA DA UTL


Rua de Xabregas - (1989) - Foto de APS (Rua de Xabregas no lado direito o antigo Convento de S. Francisco, ao fundo o Viaduto de Xabregas e o "Edifício Concorde" implantado no "Baluarte de Santa Apolónia") ARQUIVO/APS.



Rua de Xabregas, 52 a 60 - ( 1970?) Foto de João H. Goulart (Antigo Convento de S. Francisco na Rua de Xabregas, hoje uma dependência da MEDIATECA de FORMAÇÃO PROFISSIONAL) in AFML.
(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ VII ]
«CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DE XABREGAS (2)»
Foi desde sempre o «CONVENTO DE XABREGAS» lugar escolhido por gente ilustre para sepultura. Logo a Condessa de «ATOUGUIA» fundadora deste Convento, reservou para si e seus descendentes a capela-mor.
Ali repousavam, pois, tanto o Vice-Rei da Índia, «D. LUÍS DE ATAÍDE», Conde de Atouguia como a Condessa «D. FILIPA DE VILHENA», figura mítica da Restauração.
Outro ilustre sepultado foi «TRISTÃO DA CUNHA», o da Embaixada ao Papa, e vizinho nas suas casas de Xabregas (Palácio Olhão). E muitos outros aqui jazeram, entre eles «D. JOÃO GALVÃO» Arcebispo de Braga e seu irmão «DUARTE GALVÃO», cronista-mor e o primeiro embaixador a «PRESTE JOÃO».
Nada ficou de tanto trabalho e tanta canseira. As velhas paredes de «D. Guiomar», readornadas pelas gerações sucessivas, ruíram como um castelo de cartas com o terramoto de 1755. Mas os frades não esmoreceram e a casa renasceu das cinzas muito maior e imponente. Alargaram-na, viraram a Nova Igreja ao rio e ladearam-na de dois vastos corpos simétricos.
Inicia-se a sua reconstrução no ano de 1766 por determinação do «MARQUÊS DE POMBAL».
Na sequência da extinção das «ORDENS RELIGIOSAS» em 1834, a Igreja é profanada e por isso, são instaladas nas dependências conventuais algumas Corporações do Exército. Designadamente: O «REGIMENTO DE INFANTARIA Nº1», o «BATALHÃO NAVAL DE ARTÍFICES ENGENHEIROS», que em 1839 é transferido para «ALCÂNTARA».
No ano de 1838 são arrendadas estas dependências do Convento à «COMPANHIA DE FIAÇÃO E TECIDOS LISBONENSE» (foi a primeira fábrica a instalar-se neste espaço).
Um violento incêndio em 12 de Janeiro de 1844 destroi grande parte do antigo Convento salvando-se a Igreja. Reconstruído o Convento no ano seguinte e por ordem Governamental, em 1845 é instalada a «COMPANHIA DOS TABACOS LISBONENSE».
Em 1891 o edifício passa a ser propriedade da «COMPANHIA DOS TABACOS DE PORTUGAL».
"Em 1917 a maior empresa da Industria transformadora portuguesa era a «COMPANHIA DOS TABACOS DE PORTUGAL», empregando 3 316 trabalhadores e explorando 4 fábricas em duas cidades diferentes. Também por essa altura, eram menos de 10 as empresas com uma população operária superior a mil trabalhadores"(1)
No ano de 1927 passou a chamar-se «COMPANHIA PORTUGUESA DE TABACOS» que laborou até finais dos anos 50 do século XX.
Realizaram-se obras nos anos de 1929 e 1932 dando continuidade ao processo de transformação do primitivo edifício numa unidade Industrial.
A actual fisionomia do edifício resulta do restauro integral sofrido pós-terramoto de 1755, caracterizando-se por uma fachada rectangular, de grandes dimensões, com Igreja ao centro. A fachada da Igreja é marcada por elegante trabalho de cantaria e rematado por um frontão contra curvado apresentando as armas reais.
Em 1980 na Igreja do antigo Convento (Nº 54) foi instalada a «COMPANHIA DO TEATRO IBÉRICO», que comemora este ano trinta anos de existência.
Presentemente encontra-se ali a funcionar neste antigo Convento no número 52, sob a alçada do «MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA SOLIDARIEDADE SOCIAL» o «IEFP-INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL»
(1) - (Pedro Neves - ISEG/UTL) (Propriedade e Gestão nas grandes Empresas num pequeno país: Portugal, 1850-1917) - Comunicação apresentada no XXII Encontro da Associação Portuguesa de História Economia e Social em Aveiro, 15 e 16 de Novembro de 2002).
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DE XABREGAS [ VIII ] - O FRADINHO DE XABREGAS».

terça-feira, 2 de março de 2010

RUA DE XABREGAS [ VI ]

Rua de Xabregas - (1989) - Foto de APS (Fachada do antigo Convento de S. Francisco obra pombalina, reconstruída em 1766) ARQUIVO/APS
Rua de Xabregas - (1989) - Foto de APS (Convento de S. Francisco de Xabregas, depois Fábrica de Tabaco actual Mediateca de Formação Profissional na Rua de Xabregas) ARQUIVO/APS

Rua de Xabregas - (ant. 1895) - Foto de Francesco Rocchini (Convento de S. Francisco em Xabregas) in AFML


Rua de Xabregas - (Século XIX) - (Desenho - Estúdio Mário Novais) (Fábrica de Tabaco em Xabregas no antigo Convento de S. Francisco de Xabregas) in AFML



Rua de Xabregas - (Gravura de B. Lima Coelho) (Fábrica do Tabaco de Xabregas no antigo Convento de Santa Maria de Jesus em Xabregas) (Publicado em 1864 no Archivo Pittoresco, Volume VII, página 205) in A FREGUESIA DO BEATO NA HISTÓRIA - JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO.
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(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ VI ]
«CONVENTO DE S. FRANCISCO DE XABREGAS ( 1 )»
No local do futuro «CONVENTO DE SANTA MARIA DE JESUS», junto ao Tejo em Xabregas, foi construída uma residência campestre onde «D. AFONSO III» e os monarcas que lhe seguiram passavam largas temporadas.
No século XIV era um lugar recatado cheio de beleza, não existiam edifícios nas proximidades que lhe roubassem as vistas, estava no extremo do vale, recostado numa colina levemente elevada, que o abrigava do vento Norte. Na parte da frente existia um extenso areal, onde as ondas do Tejo se espraiavam à vontade.
Aquando do «CERCO DE LISBOA» em 1373 os «CASTELHANOS» na impossibilidade de entrarem na cidade, vingaram-se incendiando grande número de propriedades dos arredores. O «PAÇO REAL DE XABREGAS» foi uma das mais atingidas, isto já no reinado de «D. FERNANDO».
Em 17 de Outubro de 1455, «D. AFONSO V», por alvará passado na «VILA DE SANTARÉM», doou as ruínas do antigo «PAÇO REAL» a «D. GUIOMAR DE CASTRO», mulher do primeiro «CONDE DE ATOUGUIA». No mesmo ano eram iniciadas as obras para a construção de um Convento, dedicado a «SANTA MARIA DE JESUS».
Concluído no ano de 1460, tomaram posse do «CONVENTO DE SANTA MARIA DE JESUS DE XABREGAS», os frades da Ordem de «SÃO FRANCISCO», vindos da «ILHA TERCEIRA» e desde então esta casa religiosa passou a ser conhecida por «CONVENTO DE SÃO FRANCISCO» ou «CONVENTO DE XABREGAS».
Dizia-nos CRISTÓVÃO RODRIGUES DE OLIVEIRA no seu «SUMÁRIO DE 1551» que: (...) "O Mosteiro de São Francisco de Enxobregas está fora dos muros (ou parte) a um terço de légua. É de frades menores de observância. Há nele cinquenta frades. Tem algumas Capelas, primeiramente uma de invocação dos Reis, sepulturas de muitas pessoas nobres, na qual os padres tem algumas obrigações de missar".
Em 1652 são realizadas obras na Igreja e claustro, conforme projecto de «JOÃO NUNES TINOCO».
Com o terramoto de 1 de Dezembro de 1755, o Convento ficou totalmente destruído, sendo os frades obrigados a viverem largos anos na cerca, em barracas de madeira. Mais tarde as paredes em ruínas acabaram por ser demolidas por questões de segurança.
No ano de 1757 a parte da Igreja (improvisada) do Convento funcionava no antigo celeiro, dentro dos limites da cerca conventual.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DE XABREGAS [VII]-CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DE XABREGAS (2)»