quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ II ]

 Rua de Dona Estefânia - (2012) (A entrada da extensa "Rua de Dona Estefânia" pelo lado Norte) in GOOGLE EARTH
 Rua de Dona Estefânia - (2012) (A "Rua de Dona Estefânia" no seguimento do muro do "Hospital" à direita e na esquerda a "Travessa de Dona Estefânia") in GOOGLE EARTH
 Rua de Dona Estefânia - (2012) (A "Rua de Dona Estefânia" no sentido Sul para Norte, junto ao muro do "Hospital dona Estefânia" na nossa direita) in GOOGLE EARTH
 Rua de Dona Estefânia - (2012) - (A "Rua de Dona Estefânia" na parte Norte junto da "Avenida Duque de Ávila") in GOOGLE EARTH 
Rua de Dona Estefânia - (1961) Foto de Arnaldo Madureira (Edifício na "Rua de Dona Estefânia" nº 17, esquina com a "Rua Joaquim Bonifácio") in AFML 
 Rua de Dona Estefânia - (1961) - Foto de Artur Goulart (Antiga "Agência do Banco Pinto & Sotto Mayor" na "Rua de Dona Estefânia, número 48-A) in AFLM
Rua de Dona Estefânia - (ant. a 1961) Foto de Arnaldo Madureira - (Prédio para demolir, revestido de azulejos, com varandas de sacada em ferro forjado assentes em mísulas, na "Rua de Dona Estefânia" número 19, esquina para a "Rua Joaquim Bonifácio") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ II ]

«A RUA DE DONA ESTEFÂNIA E SEU ENQUADRAMENTO(2)»

A Quinta da rainha «D. CATARINA DE BRAGANÇA» era realmente muito espaçosa, faziam parte dela o «BAIRRO ESTEFÂNIA» e ainda seguia para os lados do "Matadouro" (hoje "Praça José Fontana") esta quinta beneficiava de um grande pitoresco com ares aprazíveis.
A família de «D. PEDRO IV» não pretenderam habitar o "Palácio da Bemposta" mandado construir possivelmente no ano de 1701, por vontade de "D. CATARINA" (Infanta de Portugal e Rainha de Inglaterra, viúva de "CARLOS II") para sua residência. Apenas «D. PEDRO IV» ali permaneceu algum tempo, embora pouco, pois optou pelo «PALÁCIO DAS NECESSIDADES».
No ano de 1853 o governo entregou o edifício para a «ESCOLA DO EXÉRCITO», e a grande «QUINTA DA BEMPOSTA», parte dela passou para o «INSTITUTO AGRíCOLA» e para o «HOSPITAL DE DONA ESTEFÂNIA», fundado pelo rei «D. PEDRO V» em 1860, como homenagem à gentilíssima e ideal princesa que tão breve tempo compartilhou o trono, mas que passou nesta terra portuguesa como um meteoro de amorosa luz. 
Com a edificação do «PAÇO DA BEMPOSTA» começou a afluir concorrência ao local, e de campo propriamente dito, com terras de semeadura e raros moradores, veio a fazer-se um sítio aristocrático, procurado pela fidalguia, que começou a construir casas para si e para os familiares.
A "ESCOLA DO EXÉRCITO" tem sido aumentada e é um bom Instituto, perfeitamente instalado, porquanto, apesar da qualidade de prédios, uns de boa aparência, outros nem tanto, o sítio é agradável e desafogado. De há uns anos para cá tem-se realizado grandes melhoramentos. A actividade da segunda metade do século XIX produziu obras que nem sonhadas foram durante séculos.
À uniformidade pesada, matemática, das edificações pombalinas, sucedeu a arquitectura ligeira, caprichosa e sorridente de Lisboa. Quem viu aqueles terrenos do «BAIRRO ESTEFÂNIA» nem quase os reconhece! Terras de semeadura, aqui e além uma pequena habitação de caseiros, noras gemendo melancolicamente em noites de luar. 
Belas ruas cruzam agora aquelas propriedades agrícolas; palacetes de gracioso aspecto, estabelecimentos de todos os géneros, é uma pequena cidade aquele bairro sadio e vistoso.
Mas também existiram tempos que passar por aqueles sítios era muitíssimo arriscado, principalmente de noite.
Passando o belo «HOSPITAL DE DONA ESTEFÂNIA», era nesse tempo quase tudo deserto. Existiu um determinado anúncio dessa época, no qual se oferecia uma professora para estabelecer residência por ali, caso lhe assegurassem determinado número de aulas. Era como se fosse questão de ir assentar arraiais nos sertões africanos... Hoje as dificuldades para estabelecimentos de colégios no «BAIRRO ESTEFÂNIA» são justamente motivados pela concorrência, tantas são as casas de ensino particular que por ali se instalaram.
Se da «RUA DE DONA ESTEFÂNIA», descendo, tomarmos a direcção da "ESCOLA AGRÍCOLA", e nos orientarmos para "S. SEBASTIÃO DA PEDREIRA", passando pelo "LARGO DO MATADOURO" (hoje "Praça José Fontana"), onde existe um jardim elegante. No cimo estava um grande edifício, onde eram abatidas as reses para consumo público. Dizem que era o estabelecimento à altura dos melhores que existia, e o processo usado para matar os animais nada deixava a desejar. 
Por esses sítios encontra-se agora o gigante das comunicações a "PORTUGAL TELECOM, SGPS, S.A." ou "Grupo PT".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ III ] - A RAINHA DONA ESTEFÂNIA».  

sábado, 23 de fevereiro de 2013

RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ I ]

 Rua de Dona Estefânia - (2013) (Desenho adaptado da «RUA DE DONA ESTEFÂNIA» e seu enquadramento - Sem Escala - APS - LEGENDA - 1)Rua de Dona Estefânia - 2)Cinema TRIANON-PALÁCIO-AVIS - 3)IPR-Instituto Português de Reumatologia - 4)Antiga Escola Artística António Arroio - 5)Hospital Dona Estefânia (Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE) - 6)Escola Secundária de Camões - 7)Escola Superior de Medicina Veterinária - 8)Academia Militar e Palácio da Bemposta in ARQUIVO/APS
 Rua de Dona Estefânia - (1856-1858) - (Conjugação das cartas topográficas de Lisboa Nº 13 e Nº 20, elaboradas sob a direcção de «FILIPE FOLQUE» durante os anos de 1856 a 1858, dão-nos a conhecer que: A chamada «TRAVESSA DO PINTOR», assinalada a "laranja", faz sensivelmente o percurso da actual «RUA DE DONA ESTEFÂNIA» e a vasta extensão da «QUINTA DA BEMPOSTA», que na parte Norte era conhecida pela "QUINTA VELHA" que chegava possivelmente até onde hoje se encontra a «RUA PASCOAL DE MELO». A letra " A " representa o local aproximado do «LARGO DE DONA ESTEFÂNIA») in ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA 
 Rua de Dona Estefânia - (2007) - (A "RUA DE DONA ESTEFÂNIA" no seu prolongamento, atravessando o "LARGO DE DONA ESTEFÂNIA" que serve de rotunda) in GOOGLE EARTH
 Rua de dona Estefânia - (2012) - (A "Rua de Dona Estefânia" de Norte para Sul,  junto à "Avenida Praia da Vitória") in GOOGLE EARTH
 Rua de Dona Estefânia - (Década de 50 do século XX) Foto de Artur Goulart (Um troço da "RUA DE DONA ESTEFÂNIA" próximo do número 151) in AFML
 Rua de Dona Estefânia - (1960) Foto de Arnaldo Madureira (Na década de 60 a "Direcção dos Serviços Industriais dos CTT" funcionavam na "Rua de Dona Estefânia" no número 173) in AFML
 Rua de Dona Estefânia - (1961) Foto de Arnaldo Madureira (A "Rua de Dona Estefânia" nos anos sessenta do século passado junto do número 25) in AFML
Rua de Dona Estefânia - (1961?) Foto de Arnaldo Madureira (O "Externato Fernando Vieira" para o sexo masculino, na "Rua de Dona Estefânia" no número 117) in AFML

RUA DE DONA ESTEFÂNIA  [ I ]

«A RUA DE DONA ESTEFÂNIA E SEU ENQUADRAMENTO ( 1 )»

A «RUA DE DONA ESTEFÂNIA» pertencia em 2012 a duas freguesias: "PENA" e "SÃO JORGE DE ARROIOS", hoje integradas na freguesia de «ARROIOS», juntamente com a freguesia dos "ANJOS", na sequência da REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA de 2013.
Pertencia à antiga freguesia da "PENA" do número 1 a 15-C e do lado par a "Academia Militar". À antiga freguesia de "SÃO JORGE DE ARROIOS" do número 8 em diante, assim como do número 17 até ao seu final. Por deliberação Camarária de 18.08.1879 e Edital de 22.08.1879 foi dada à antiga "TRAVESSA DO PINTOR" mais tarde "RUA DO HOSPITAL DE DONA ESTEFÂNIA" o topónimo de «RUA DE DONA ESTEFÂNIA».
Começa na «RUA GOMES FREIRE» junto do número 130 e termina na «AVENIDA DUQUE DE ÁVILA» no número 35.
É uma rua bastante comprida, sendo interrompida no seu percurso pelo «LARGO DE DONA ESTEFÂNIA» (que lhe serve de rotunda).
Nesta longa artéria convergem: duas AVENIDAS, um CASAL, uma PRAÇA, nove RUAS e duas TRAVESSAS.
Iniciando de Sul para Norte no seu lado direito encontramos a «RUA JACINTA MARTO» desde (1984) (antigo percurso, agora encurtado da "RUA JOAQUIM BONIFÁCIO", seguindo para Norte temos a «TRAVESSA DA ESCOLA ARAÚJO», «RUA ALEXANDRE BRAGA», «RUA PASCOAL DE MELO», «RUA CIDADE DA HORTA», uma pequena «PRAÇA DA ILHA DO FAIAL», com seu jardim chamado de "CESÁRIO VERDE», finalizando este lado com a «RUA DA PONTA DELGADA». No lado esquerdo, começando igualmente de Sul para Norte temos a «RUA JOAQUIM BONIFÁCIO», «TRAVESSA DE DONA ESTEFÂNIA», «RUA GENERAL GARCIA ROSADO», «RUA DA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA», o "CASAL DE SANTA LUZIA" (actualmente demolido), «RUA ALMIRANTE BARROSO», «AVENIDA CASAL RIBEIRO» e a «AVENIDA PRAIA DA VITÓRIA».

A «RUA DE DONA ESTEFÂNIA» que quando ainda "azinhaga" era chamada do "PINTOR", representava para o sítio de «ARROIOS» uma agradável artéria arborizada, simétrica, alinhada e como já dissemos, vai de "GOMES FREIRE" à "DUQUE DE ÁVILA".
Ainda em tempos um pouco mais recuados esta antiga artéria nos conduzia de "LISBOA" ao "LUMIAR". Corria nessa altura entre magnificas quintas, terrenos urbanos, alguns aproveitados para edificações, como o «BAIRRO ESTEFÂNIA» verdadeiras jóia de LISBOA na época.
No século XVII quase todos os terrenos a norte da «RUA JOAQUIM BONIFÁCIO» eram constituídos por azinhagas, caminhos de valados, com uma ou outra rua rústica, estando assim na base primitiva da actual «RUA DE DONA ESTEFÂNIA»
A grande maioria dos terrenos que hoje envolvem a «RUA DE DONA ESTEFÂNIA», principalmente desde o «LARGO DA RAINHA» até sensivelmente ao sítio onde hoje se encontra a «RUA PASCOAL DE MELO», foram terrenos adquiridos a "D. Francisca Pereira Teles" e todas as casas circundantes, por «DONA CATARINA DE BRAGANÇA» viúva de "CARLOS II" (Rei de Inglaterra), após seu regresso a PORTUGAL em 1693. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [II]-A RUA DE DONA ESTEFÂNIA E O SEU ENQUADRAMENTO(2)» 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ X ]

 Praça Aires de Ornelas - (2007) - (Panorama da "Praça Aires de Ornelas", virada para a "Avenida Mouzinho de Albuquerque") in GOOGLE EARTH
 Praça Aires de Ornelas - (2007) - (Uma Panorâmica da "Praça Aires de Ornelas" ligada com a "Avenida Mouzinho de Albuquerque") in GOOGLE EARTH
 Praça Aires de Ornelas - (2012) - (A parte Norte da "Praça Aires de Ornelas" na antiga freguesia de "S. João") in  GOOGLE EARTH
 Praça Aires de Ornelas - (2012) - (A "Praça Aires de Ornelas" na antiga freguesia de "S. João" desde 1954) in GOOGLE EARTH
 Praça Aires de Ornelas - (1961) Foto de Artur Goulart (A "Praça Aires de Ornelas" ainda na sua fase de construção) in AFML 
Praça Aires de Ornelas - (1961) Foto de Artur Goulart ( A "Praça Aires de Ornelas" ainda em construção) in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ X ]

«A PRAÇA AIRES DE ORNELAS»

A «PRAÇA AIRES DE ORNELAS» pertencia à antiga freguesia de «SÃO JOÃO», hoje na consequência da Reforma Administrativa de Lisboa  de 2013, passou a chamar-se «PENHA DE FRANÇA», ficando entre entre o número 25 e o 27 da «AVENIDA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE». 

Em edital de 23 de Março de 1954, mandou que um largo aberto, muito a propósito, junto da «AVENIDA MOUZINHO DE ALBUQUERQUE», tivesse o nome deste militar valente, que foi também jornalista.
«AIRES DE ORNELAS», político, oficial do exército e jornalista, agraciado com as mais altas condecorações entre elas a «TORRE E ESPADA» e as mais honrosas medalhas comemorativas das «CAMPANHAS DE ÁFRICA».
Ora este funchalense nascido em 1866 faleceu em «LISBOA» em 14 de Dezembro de 1930.
Veio cedo para LISBOA, onde frequentou o "COLÉGIO DE CAMPOLIDE", depois a "ESCOLA POLITÉCNICA" e a seguir a "ESCOLA DO EXÉRCITO" onde tirou o curso do ESTADO MAIOR.
Terminado o curso fez parte da delegação portuguesa à "CONFERÊNCIA DA PAZ" reunida em MADRID em 1892.
E logo no começo da sua carreira militar manifestou indícios do seu gosto pela palavra escrita, ao fundar, com um grupo de camaradas, a «REVISTA DO EXÉRCITO E DA ARMADA», onde publicou, por exemplo, um estudo sobre o processo de guerra de "NAPOLEÃO":
Seguiu-se o período mais intenso da sua vida, que lhe deu maior projecção: as «CAMPANHAS DE ÁFRICA». Braça direito de «MOUZINHO DE ALBUQUERQUE», combate em "MARRACUENE", "COOLETA" e "MACONTENTE". Mas ao regressar à então metrópole no ano de 1898, o seu primeiro cuidado foi voltar a escrever na «REVISTA DO EXÉRCITO».
No ano de 1901 deu-se uma remodelação no «JORNAL DO COMÉRCIO E DAS COLÓNIAS».  «AIRES DE ORNELAS» foi, no âmbito dessa renovação, convidado para a direcção política daquele diário, ocupando -se especialmente das questões coloniais. 
Só interrompeu essas funções durante um período curto em que esteve de novo em «MOÇAMBIQUE», como governador do distrito de «LOURENÇO MARQUES» em 1905, ainda sobraçou a pasta da MARINHA e do ULTRAMAR de 1906 a 1908. Voltou para LISBOA e regressou ao "JORNAL DO COMÉRCIO E DAS COLÓNIAS" em 1910.
Depois da queda do regime monárquico é convidado por «D. MANUEL II» para seu lugar-tenente. Chefiou a malograda tentativa de restauração monárquica efectuada em LISBOA (MONSANTO) em 24 de Janeiro de 1919.
Das suas  obras principais destacamos: "RAÇAS E LÍNGUA INDÍGENA DE MOÇAMBIQUE" (1901) e "AS IDEIAS POLÍTICAS DE CHARLES MAURRAS"(1914). 

Suspendemos por um período, esta fase de «RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS» nas "RUAS DE LISBOA". Prometemos voltar mais tarde, com outra gente,  que também souberam dignificar a classe de jornalista, profissão que durante muitos anos, (principalmente nos jornais) não era encarada como profissão autêntica, antes servindo para que escritores e políticos se entregassem a uma actividade que bem se coadunava com os seus objectivos. [ FINAL  DA PRIMEIRA PARTE]

BIBLIOGRAFIA

- NOVA ENCICLOPÉDIA LAROUSSE - Círculo de Leitores - 1998 - LISBOA

- PORTUGAL SÉCULO XX - Portugueses Célebres - Cood. Leonel de Oliveira-Círculo de Leitores - 2003 - LISBOA

- SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo - DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA -    1994 - Carlos Quintas & Associados-Consultores, Lda. - SACAVÉM.

INTERNET

(PRÓXIMO)-«RUA DE DONA ESTEFÂNIA [ I ] -A RUA DE DONA ESTEFÂNIA E SEU ENQUADRAMENTO(1)»

sábado, 16 de fevereiro de 2013

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ IX ]

 Rua Agostinho de Campos - (2012) - (A "Rua Agostinho de Campos" antiga "Rua C" à "Rua dos Lusíadas", vista da sua parte Sul) in GOOGLE EARTH
Rua Agostinho de Campos - (2012) - ( A "Rua Agostinho de Campos" desde 1949, vista da parte Norte) in GOOGLE EARTH 
 Rua Agostinho de Campos - (2012) - (A "Rua Agostinho de Campos" na parte Norte, junto da "Rua Filinto Elísio") in GOOGLE EARTH
 Rua Agostinho de Campos - (2007) - (Vista Panorâmica da zona de "Alcântara" onde se pode ver a "Rua Agostinho de Campos" assinalada com "X") in GOOGLE EARTH
 Rua Agostinho de Campos -  (2007) - A "Rua Agostinho de Campos" vista aérea) in GOOGLE EARTH
Rua Agostinho de Campos - (2007) - (Panorâmica da zona de "Alcântara" de Norte para Sul, onde podemos observar a "Rua Agostinho de Campos") in GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ IX ]

«A RUA AGOSTINHO DE CAMPOS»

A «RUA AGOSTINHO DE CAMPOS» pertence à freguesia de «ALCÂNTARA». Tem início na «RUA DOS LUSÍADAS» no número oitenta-A e finaliza na «RUA FILINTO ELÍSIO» no número um.
Por Edital de 13 de Maio de 1949, foi atribuído este topónimo ao arruamento anteriormente designado por "Rua C" à "Rua dos Lusíadas".
Mais um homem de jornais com nome numa Rua de LISBOA, este natural do Norte.

«AGOSTINHO CELSO AZEVEDO DE CAMPOS» nasceu no PORTO em 21 de Julho de 1870 e faleceu em LISBOA em 24 de Janeiro de 1944. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, exerceu o ensino sobretudo na cidade alemã de «HAMBURGO» e em LISBOA, depois passa um tanto furtivamente, pela advocacia e pela magistratura.
Estudioso da língua alemã foi autor de várias obras destinadas a facilitar o seu conhecimento. Regressado da Alemanha, concorreu a professor, tendo obtido a primeira classificação.
Foi Director-Geral da Instrução Pública no período de 1906-1910 e ainda professor na «CASA PIA», no «LICEU PEDRO NUNES» e, quase no final da sua carreira, leccionou por convite, na «FACULDADE DE LETRAS» de COIMBRA e de LISBOA.

Mas foi também mordido pelo "bichinho" da imprensa. Começou no jornal «O PRIMEIRO DE JANEIRO» e «O COMÉRCIO DO PORTO», com artigos sobre literatura e viagens. Passou depois por vários jornais de LISBOA, nomeadamente o «DIÁRIO DE NOTÍCIAS» e pelo «DIÁRIO ILUSTRADO)( 1 ), ocupando-se ainda da educação, nomeadamente de temas linguísticos. Foi coordenador de 24 volumes da «ANTOLOGIA PORTUGUESA» e entre outras obras publicadas temos:"ANALFABETISMO E EDUCAÇÃO"(1903); CASA DE PAIS, ESCOLA DE FILHOS"(1916); "EDUCAÇÃO E ENSINO"(1911); "CIVISMO E POLÍTICA"(1935); "GLOSSÁRIO"(1938); "LÍNGUA E MÁ LÍNGUA" e "GRAÇA DA FALA E NÓDOAS DA ESCRITA"(1944).
Conta-se que «AGOSTINHO DE CAMPOS» fez certo dia uma longa prelecção sobre o emprego correcto da preposição "de". Um dos ouvintes, estudante irreverente, fez-lhe no final uma pergunta: "Fiquei, senhor Doutor, sem perceber uma coisa: Se V. Exª. é "AGOSTINHO CAMPOS", DE CAMPOS ou DOS CAMPOS?".
Uma curiosidade avulta na sua relação com LISBOA: proferiu uma conferência sobre a tomada da cidade aos mouros, a convite da CML. Recolhida num opúsculo, a palestra revela um apreciável sentido de humor, com o qual fugiu apreciavelmente às questões históricas que lhe eram propostas e se ocupou da LISBOA dos anos 30, salientando a necessidade da sua "conquista" para os cidadãos. Acreditem já nessa altura...

( 1 ) - DIÁRIO ILUSTRADO-Órgão oficioso do Partido Regenerador Liberal (in infopédia)

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS[ X ] - PRAÇA AIRES DE ORNELAS» 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ VIII ]

 Rua Alfredo Pimenta - (194_)? - ("Alfredo Pimenta" possivelmente  nos anos quarenta) in                  O REACCIONÁRIO
 Rua Alfredo Pimenta - (2000) - (A "RUA ALFREDO PIMENTA" na antiga "RUA 1" do "Bairro de Santa Cruz") in A CAPITAL
 Rua Alfredo Pimenta - (1940)? - (Fotografia de "Alfredo Pimenta" in O PORTAL DA HISTÓRIA
Rua Alfredo Pimenta - (2007) - (Uma panorâmica do "Bairro de Santa Cruz" onde podemos observar a "Rua Alfredo Pimenta" com um "X") in GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ VIII ]

«A RUA ALFREDO PIMENTA ( 2)»

«ALFREDO PIMENTA» começou por ser militante anarquista, mas em breve aderia ao evolucionismo republicano, aproximando-se assim do futuro presidente «ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA» e tornando-se, por isso, colaborador assíduo do jornal «REPÚBLICA», fundado por aquele político.
Depois, utilizando o pseudónimo de "LORD HENRY", passou a escrever no jornal «A RESTAURAÇÃO», de "Homem Cristo filho", personalidade também controversa, com começos no anarquismo e mudança para ideias monárquicas e mais tarde para o fascismo. 
O seu feitio irrequieto e a "VERVE" ( 1 ) espontânea predestinavam-no para a polémica. Ficou célebre, por exemplo, a disputa que travou no jornal «O DIA», com o respectivo director, o jornalista «José Augusto Moreira de Almeida». Aí garantia "PIMENTA" que a «REPÚBLICA» tinha todas as condições para ser um regime de tranquilidade e ordem.
Tal convicção não o impediu, porém, de acabar por aderir ao "INTEGRALISMO LUSITANO" e através deste, ao "PARTIDO MONÁRQUICO". Extremista começou e assim foi sempre.
Conta-se que uma vez quis ZURZIR ( 2 ) num então jovem escritor que usava o apelido de seu pai, um dos maiores vultos da Literatura Portuguesa. Escreveu "ALFREDO PIMENTA" que certos nomes deveriam morrer com as pessoas, para evitar o despudor dos descendentes. O ofendido reagiu e, numa tarde no "CHIADO", agrediu o polemista.  Veio a polícia de giro, que tentou apaziguar as coisas, censurando o facto de "dois Cavalheiros andarem ali em zaragata". Perguntou então a ambos se tudo podia ficar por ali ou se queriam alguma coisa um do outro. O candidato a escritor respondeu desdenhosamente que nada pretendia; "ALFREDO PIMENTA", limpando o chapéu que caíra da refrega, resmungou: "Se quero alguma coisa desse senhor? Só queria que ele aprendesse a escrever... Mas não consigo!"
A par da actividade literária (foi poeta e historiador), exerceu cargos públicos (esteve na TORRE DO TOMBO em 1913 e no ARQUIVO MUNICIPAL DE GUIMARÃES no ano de 1931).
A sua obra perdurável situa-se no campo da HISTÓRIA, sobretudo na "IDADE MÉDIA".
Obras principais: "HISTÓRIA DE PORTUGAL", 1934; "D. JOÃO III, 1936; "SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DE PORTUGAL", 1937 e "ESTUDOS HISTÓRICOS", 1937-1948 (série de 25 pequenos ensaios).
Os jornais e as polémicas estavam-lhe, contudo na massa do sangue.
No ano da sua morte (1950), ainda mantinha uma coluna regular no jornal "DIÁRIO DE NOTÍCIAS", sobre "CULTURAS ESTRANGEIRAS E CULTURA PORTUGUESA".
LISBOA acabou por consagrar o seu nome numa RUA, na freguesia de BENFICA.

( 1 ) - "VERVE" - (do Francês verve) - imaginação ardente; vivacidade no escrever e no falar; vigor de expressão; facúndia.

( 2 ) - "ZURZIR" -Açoitar; afligir; azorragar; bater; castigar; chicotear; coçar; criticar; desancar; escovar; espancar; flagelar; fustigar; injuriar; magoar; maltratar; molestar; verberar; verdascar; vergastar; zimbar e zunir. (Dicionário de Sinónimos - Ex-Tertúlia Edípica - Porto Editora - 1977.

Apalear; atormentar; azurzir; chicotar; criticar severamente; dizer ou escrever asperamente; exprobar; fazer mal a; malhar; maltratar com chibata, vara ou pancada; maltratar com palavras ásperas; punir; responder com aspereza; zumbar. (Dicionário de Sinónimos e Locuções da Língua Portuguesa de AGENOR COSTA - 1959.

Açoutar; bater em, espancar; afugentar fustigando; dizer ou escrever palavras ásperas contra alguém.(Dicionário da Língua Portuguesa - Coordenação de JOSÉ PEDRO MACHADO - Soc. de Língua Portuguesa - 1958 - LISBOA.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ IX ]-RUA AGOSTINHO DE CAMPOS».

sábado, 9 de fevereiro de 2013

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ VII ]

 Rua Alfredo Pimenta - (2012) (Desenho de Miguel Salazar) (Caricatura do ilustre VIMARANENSE "Alfredo Pimenta) in MIGUEL SALAZAR
 Rua Alfredo Pimenta - (início do século XX) (Foto do Dr. "ALFREDO PIMENTA" no início da sua carreira) in PONTE VERTICAL
 Rua Alfredo Pimenta - (2007) (Panorama da "RUA ALFREDO PIMENTA" no "Bairro de Santa Cruz" na freguesia de "Benfica") in GOOGLE EARTH
 Rua Alfredo Pimenta - (2009) foto de Joseolgon (Uma frase de "ALFREDO PIMENTA" retratada num painel de azulejos de "Jorge Colaço" in WIKIPÉDIA
Rua Alfredo Pimenta - (1948) - (Um livro de "ALFREDO PIMENTA" composto e impresso no "JORNAL DO COMÉRCIO" nos anos quarenta para a "Livraria Sá da Costa") in ARQUIVO/APS

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ VII ]

«RUA ALFREDO PIMENTA ( 1 )»

A «RUA ALFREDO PIMENTA» pertence à freguesia de «BENFICA», começa na «RUA JÚLIO VAZ JÚNIOR» no número três e finaliza na «RUA EDUARDO SCHWALBACH» no número sete, é atravessada pela «RUA ALBINO SOUSA CRUZ» e «RUA MOREIRA ALMEIDA». Por Edital de 10.04.1969 foi atribuído à antiga «RUA 1» do (Bairro de Santa Cruz) o topónimo de «RUA ALFREDO PIMENTA».

Nas redacções dos jornais existe um fraquinho por jornalistas polémicos. A tendência é facilmente compreensível: pode um honesto repórter andar a coligir, com trabalhos afamados e espírito de sacrifício, elementos para construir a sua "peça" - e, no final das contas, quedar-se o resultado pela mediania do interesse; pode um editorialista alinhar conceitos luminosos e justos, a elevar a Pátria ou a consagrar os bons sentimentos - e o leitor comentar apenas num bocejo.
Diferente é o caso do articulista com disposição natural para a polémica: a ele, que está praticamente e sempre no contra, nascem-lhe argumentos como cogumelos, tem a língua afiada e o verbo pronto para uma boa trepa naqueles que opinam de forma diferente. Usando da ironia fina ou do vocabulário mais grosso, todo ele se pela por contradizer, por demonstrar como o adversário é pequenino e mal pensante ou, pelo menos, mal informado. 

Uma boa polémica num jornal por ser razão de aumento de vendas. Claro que a polémica tem de ser limitada no tempo e não escambar no insulto puro e simples. Prolongadas, enjoa; afastando-se muito do tema central, enfastia. E por isso seja tão escassa a espécie do bom polemista. Rara avis in terra" (1).

«ALFREDO PIMENTA» um escritor portador de convicções e de contradições, disposto a bater-se por elas, é sempre bem aceite numa redacção. «ALFREDO PIMENTA» tinha pois êxito assegurado, este minhoto (natural de GUIMARÃES, onde nasceu a 3 de Dezembro de 1882), logo deu em COIMBRA, (onde cursou DIREITO), ideia do que viria a ser: esteve sempre mais ou menos ligado a meios extremistas. Uma vez formado, veio para LISBOA, onde foi professor no «LICEU PASSOS MANUEL». E, entretanto, ia dando corpo à sua carreira literária.
Mas é da sua relação com os jornais que especialmente aqui vamos tratar. Assim, «ALFREDO PIMENTA» emprestou aos órgãos em que trabalhou, algum turbilhão em que o seu espírito se revolvia.

(1) - Rara avis in terra - (loc. Latina) = ave rara na Terra. (Aplica-se extensivamente a tudo o que é singular e extraordinário).

(CONTINUA) - (PRÓXIMO)-«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ VIII ]-RUA ALFREDO PIMENTA(2)». 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ VI ]

 Rua Alfredo Guisado - (1977) (Placa toponímica da "RUA ALFREDO GUISADO" na freguesia de "São Domingos de Benfica") in CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA
 Rua Alfredo Guisado - (1921) (Fotografia de "Alfredo Guisado" possivelmente após a sua formatura em Direito) in PORTUGUESES CÉLEBRES
 Rua Alfredo Guisado - (192_?) Foto de autor não identificado (Foto do Poeta e Jornalista "Alfredo Guisado) in  BLOGUE DO MINHO 
 Rua Alfredo Guisado - (1964) - (Plano de ilustração de "ALBERTO SOUZA" com texto de vários autores entre eles "ALFREDO GUISADO") in ALFACINHAS
 Rua Alfredo Guisado - (depois de 1975) - (Um livro dedicado a "ALFREDO GUISADO" cidadão de LISBOA, editado pelos "Livros Horizonte") in  BULHOSA
 Rua Alfredo Guisado - (2000) Foto de Pedro Cruz Gomes (Placa evocativa a "ALFREDO GUISADO" colocada no número 108 da "Praça D. Pedro IV" (vulgo Rossio) in IÉ  IÉ
Rua Alfredo Guisado - (2007) (Vista panorâmica de "SÃO DOMINGOS DE BENFICA" onde está inserida a "RUA ALFREDO GUISADO") in GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ VI ]

«RUA ALFREDO GUISADO»

A «RUA ALFREDO GUISADO» pertence à freguesia de "SÃO DOMINGOS DE BENFICA».
Tem início na «ESTRADA DE BENFICA» e finaliza na «RUA MARIANO PINA», converge para esta artéria a «RUA MANUEL FERREIRA ANDRADE». Uma carta do "CENTRO ESCOLAR REPUBLICANO - ALMIRANTE REIS", solicita à "COMISSÃO CONSULTIVA MUNICIPAL DE TOPONÍMIA", que seja dado o nome de «ALFREDO GUISADO» ao actual «LARGO DA GRAÇA».
A Comissão analisou e deu o seu parecer. Embora reconhecendo a justiça de ser consagrada na toponímia de LISBOA a figura do «DR. ALBERTO GUISADO»,notável republicano e homem de letras, esta "Comissão" entendeu que o topónimo «LARGO DA GRAÇA» é tradicional e não deve, por isso, ser alterado.
Nesta conformidade sugere que o nome de «ALFREDO GUISADO» seja atribuído ao arruamento de ligação entre a «ESTRADA DE BENFICA» e a «RUA MARIANO PINA». Por Edital de 10 de Outubro de 1977 passou a denominar-se assim o topónimo: «RUA ALFREDO GUISADO - Escritor - 1891-1975».
Nesta nossa ronda pela gente ligada aos jornais com nome numa rua de LISBOA, surge-nos um homem, este, porém, de uma só crença política em toda a sua vida.
«ALFREDO GUISADO» nasceu em LISBOA na freguesia de "SANTA JUSTA" (hoje SANTA MARIA MAIOR), em 30 de Outubro de 1891 e faleceu no dia 2 de Dezembro de 1975, foi poeta e jornalista de ascendência galega, formou-se em Direito na Universidade Clássica de Lisboa, mas nunca chegou a exercer a profissão de advogado (senão a título gratuito e individual para pessoas pobres.
Publicou obras relativamente numerosas, desde "Rimas da Noite e da Tristeza (1913)", "As Treze Baladas das mãos Frias (1916)", "Mais alto (1917)", "Ânfora (1918)", "A Lenda do Rei Boneco (1920)", "As cinco Chagas de Cristo (1927)", sendo algumas obras de Poesia escrita com o pseudónimo de «PEDRO MENEZES». O seu último trabalho " A Pastora e o Lobo", editado em 1974, um ano antes da sua morte.
A sua intensa actividade política levou a desempenhar vários cargos, entre os quais o de deputado, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e "Governador Civil" (Substituto), militante do "Partido Republicano Português".
Particularmente interessado pelo Municipalismo, esteve ligado à organização de Congressos sobre o tema.
As suas relações com a comunicação Social tiveram uma dupla vertente; no aspecto político, como difusor de ideias, foi colaborador do «REBATE» e, durante longos anos na «REPÚBLICA» (onde chegou a ser o seu Sub-Director), jornal que era o mais conhecido - a às vezes o único - órgão de oposição ao ESTADO NOVO.
Como literato, a sua ligação foi feita à revista «ORFEU», efémera mas célebre iniciativa de «FERNANDO PESSOA», «MÁRIO DE SÁ CARNEIRO» e «LUÍS DE MONTALVOR».
A este poeta e jornalista, que foi também criador e coleccionador de pássaros, a edilidade dedicou-lhe uma rua na freguesia de "SÃO DOMINGOS DE BENFICA». No dia 22 de Janeiro de 2000 patrocinado pela CML, foi descerrada uma placa evocativa, colocada no número 108 da «PRAÇA D. PEDRO IV»(vulgo Rossio), por cima da «TABACARIA LUSITÂNIA», onde se pode ler: "No 4º. andar deste prédio, nasceu em 30 de Outubro de 1891, o poeta do "ORFEU" «ALFREDO PEDRO GUISADO»

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ VII ]-RUA ALFREDO PIMENTA (1)»

sábado, 2 de fevereiro de 2013

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ V ]

 Rua Angelina Vidal - (2012) - (A "RUA ANGELINA VIDAL" já próxima da "Rua Forno do Tijolo" na freguesia dos "Anjos" (hoje ARROIOS) in GOOGLE EARTH
 Rua Angelina Vidal - (2012) - (Um troço na parte de cima da "RUA ANGELINA VIDAL" na freguesia da "Graça"(hoje SÃO VICENTE) in GOOGLE EARTH
 Rua Angelina Vidal - (2007) (Parte panorâmica da "RUA ANGELINA VIDAL", vendo-se no lado direito o "Mercado do Forno do Tijolo") in GOOGLE EARTH 
 Rua Angelina Vidal - (2012) (Um dos livros de "ANGELINA VIDAL" "LISBOA ANTIGA E LISBOA MODERNA", obra que eu tomo como referência nos meus escritos das Ruas de Lisboa) ARQUIVO/APS 
Rua Angelina Vidal - (2009) (A jornalista "ANGELINA VIDAL" representada numa emissão de selos dos CTT, dedicado às "Mulheres da República" in BE/CRE MARIA VELEDA

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [ V ]

«RUA ANGELINA VIDAL ( 2 )

«ANGELINA VIDAL» juntava a esta qualidade de escrever, a de ser boa oradora, e em breve se tornou notada nos meios literários e políticos.
Como é nosso propósito "retratar" aqui, sobretudo gente ligada a jornais e que tenha o seu nome numa rua de LISBOA, «ANGELINA VIDAL» preenche exactamente essas características.
Embora correndo o risco de enfadar um tanto o benévolo leitor, crê-se que basta indicar a lista de publicações que contaram com artigos desta autora para se avaliar da sua ligação à imprensa.
Entre semanários revistas e diários, estão os seguintes títulos: «DOMINGO ILUSTRADO», «PARTIDO DO POVO», «O TECIDO», «O TRABALHADOR», «A LUZ», «O TRABALHO», «PARTIDO OPERÁRIO», «VANGUARDA», «CONSTRUTOR», «LIBERDADE», «MARSELHESA», «OFICINA», «DIÁRIO METALÚRGICO», «REVOLUÇÃO», «COMÉRCIO DE LISBOA», «VOZ DO OPERÁRIO», «Jornal O SÉCULO» etc..
E o rol não fica por aqui. Não se quedando pela redacção de artigos, esta mulher de armas experimentou também os jornais "por dentro". Assim, foi proprietária e redactora principal dos periódicos «SINDICATO E JUSTIÇA DO POVO».
Coube-lhe ainda o encargo de ser a grande impulsionadora da «EMANCIPAÇÃO», publicado na cidade de TOMAR, por sinal o primeiro jornal a ser editado na terra nabantina. A vida pessoal não lhe correu, porém, de feição: faleceu-lhe o marido muito cedo, em 1894, quando prestava serviço na «GUINÉ». Em circunstâncias normais, teria «ANGELINA VIDAL» direito a uma pensão. Mas não o entenderam assim as autoridades do tempo, já que "se tratava de uma inimiga das instituições", que "andava a combater o regime monárquico".

Como o negócio dos jornais (nessa época) não tinha fama de deixar ricos os que o praticavam, em breve se viu a escritora com grandes dificuldades financeiras.
Morava então numa rua próxima da que hoje tem o seu nome, a de «SÃO GENS», junto à «SENHORA DO MONTE».
Chegou a viver da caridade da vizinhança, sendo tratada gratuitamente por um médico amigo.
Como curiosidade podemos dizer que «ANGELINA VIDAL» teve cinco filhos, viveu em vários sítios da cidade de LISBOA. «RUA DO VALE DE SANTO ANTÓNIO» (aos Caminhos de Ferro), na «RUA DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS» no número 127-1º, nas imediações de «SÃO TOMÉ», no "CAMINHO DO FORNO DO TIJOLO"  e na «RUA DE S. GENS, 41-r/c», onde faleceu em 1917.
(Alguns autores atribuem a data do seu falecimento o ano de 1927, mas erradamente. Sabe-se que lhe foi atribuída uma RUA por deliberação Camarária em 04.02.1922 e Edital de 1924, assim podemos deduzir que a data do seu falecimento teria de ser anterior à deliberação).

O seu caso foi falado no Parlamento, já em 1917, em plena "REPÚBLICA", de que ela fora uma das paladinas. Foi-lhe finalmente atribuída a pensão a que tinha direito, mas não chegou a receber porque faleceu em 1 de Agosto daquele ano, sendo o seu funeral custeado pelo jornal O SÉCULO.
Foi colocado em circulação no dia 5 de Outubro de 2009, uma emissão de selos dos CTT, representando a jornalista «ANGELINA VIDAL», uma propagandista de direitos dos operários, nomeadamente das mulheres. Republicana assumida com intervenções de cariz social.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)-RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS [VI]-RUA ALFREDO GUISADO»