sábado, 29 de julho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ XVII ]

«PALACETE NO "ALTO DE SANTA CATARINA" ( 1 )»
 Rua Alfredo da Silva - ( 1996)  -  (O "PALACETE DE SANTA CATARINA" mandado construir em 1862 por José Pedro Colares Pereira, foi depois comprado pelo INDUSTRIAL "ALFREDO DA SILVA" em finais do século XIX. Pertence actualmente à Associação Nacional de Farmácias, onde funciona o "MUSEU DA FARMÁCIA")  in   FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - ( 191_) - Foto de Joshua Benoliel  -  (Palácio do Industrial "ALFREDO DA SILVA" no ALTO DE SANTA CATARINA)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 
 Rua Alfredo da Silva - (1856-1858) Filipe Folque -  (Panorâmica da CARTA Nº. 49 de FILIPE FOLQUE vendo-se o enquadramento da IGREJA DE SANTA CATARINA)  in  ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
Rua Alfredo da Silva - ( 2013 )  -  (Portão do Palacete de Santa Catarina onde residiu o Industrial "ALFREDO DA SILVA")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   PORTUGAL 


(CONTINUAÇÃO) -RUA ALFREDO DA SILVA [ XVII ]

«PALACETE NO ALTO DE SANTA CATARINA ( 1 )»


Embora "ALFREDO DA SILVA" tivesse três esplêndidas residências; uma no MONTE ESTORIL mandada construir de raiz ao gosto da época (cerca de 1920), a de VERÃO na VILA DE SINTRA (onde faleceu) e o PALACETE datado do século XIX no "ALTO DE SANTA CATARINA" de que lhe iremos revelar alguma história.
Teve o seu início este lugar numa pequena "ERMIDA DE SANTA CATARINA", a quem o povo de LISBOA fazia devotas romagens e a "RAINHA DONA CATARINA", mulher do REI "DOM JOÃO III", pela grande devoção que teve a esta SANTA, lhe erigiu em 1557, no mesmo sítio a «IGREJA DE SANTA CATARINA DO MONTE SINAI".
Esta IGREJA passou a dar o nome ao "ALTO DE SANTA CATARINA" e à própria PARÓQUIA, (encontrando-se desde 1835, no antigo "CONVENTO DOS PAULISTAS" na "CALÇADA DO COMBRO"). Antes de  "ALTO DE SANTA CATARINA" era conhecido pelo "MONTE" ou "PICO DE BELVER".  
Neste ALTO se descobre a parte do TEJO até à barra de LISBOA e uma grande parte do OCEANO ATLÂNTICO, avistando-se juntamente as nobres vilas de : ALDEIA GALEGA (hoje  MONTIJO),  PALMELA, BARREIRO e ALMADA, com os lugares do SEIXAL, ARRENTELA, CACILHAS, PORTO BRANDÃO e TRAFARIA, formando este dilatado mapa, uma das mais deliciosas vistas, bastante frequentado por nacionais e estrangeiros. 
A IGREJA era de três naves, elevadas em colunas, magnificas na grandeza e primorosa no ornato, à qual,  deu o CABIDO DE LISBOA, o título de "PARÓQUIA" e a dita RAINHA a doou aos "LIVREIROS DA CIDADE", unidos em Irmandade da mesma SANTA.

Com o terramoto de 1755 a IGREJA ficou bastante danificada; toda a parte da Capela-Mor, Cruzeiro; Naves, Torre e frontispício ruíram, só o corpo da IGREJA ficou ileso, mas foi necessário ser arrasado para nele se fazer uma "IGREJA BARRACAL", das  maiores que teve LISBOA (na época) e seria das mais excelentes e primorosas da corte.  Destruída por um incêndio em 1835, foi finalmente demolida já totalmente em ruínas, entre 1856 e 1862.
As ruínas da IGREJA e respectivo terreno acabaram por ser vendidos, e adquiridos por "JOSÉ PEDRO COLARES PEREIRA" um industrial, proprietário da "METALÚRGICA VULCANO E COLARES", que ali mandou construir o seu PALACETE.
Foi este vendido no final do século XIX, a outro grande INDUSTRIAL, "ALFREDO DA SILVA" o  homem da "CUF-COMPANHIA UNIÃO FABRIL"


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XVIII ]-PALACETE NO "ALTO DE SANTA CATARINA ( 2 )»

quarta-feira, 26 de julho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ XVI ]

«A C.U.F. NO BARREIRO ( 4 )»
 Rua Alfredo da Silva - (1941)   - (Postado em 09.07.2007-G.CUF)  -  (Quadro a óleo da figura do Industrial "ALFREDO DA SILVA" pintado pelo artista HENRIQUE MEDINA)  in  O GRUPO CUF 
 Rua Alfredo da Silva - ( 1908 )  -  (O "BAIRRO OPERÁRIO" da CUF no BARREIRO ou "BAIRRO DE SANTA BARBARA" ou ainda o "BAIRRO VELHO")  in  ALFREDO DA SILVA A  CUF  E O BARREIRO
 Rua Alfredo da Silva  - (1911)  - (Interior da Sala de Espectáculos e Ginásio da CUF, junto do Bairro Operário)   in    RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua Alfredo da Silva - (18.01.1942) Foto de Luís Ferreira da Luz  -  (O Refeitório da CUF no BARREIRO)  in  ALFREDO DA SILVA A  CUF  E O BARREIRO
 Rua Alfredo da Silva - ( 2011)  -  (Panorâmica do BAIRRO OPERÁRIO da CUF, já com as casas ocupadas pelo pequeno comércio) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in O GRUPO CUF 
 Rua Alfredo da Silva - (2011 )  - ( Um pormenor do "BAIRRO OPERÁRIO" da CUF do BARREIRO  a sua "RUA LIEBIG")   in  O GRUPO CUF
 Rua Alfredo da Silva - (2011)  -  (Mais um pormenor do Bairro Operário da CUF do BARREIRO, já com algumas casas dos antigos operários transformadas em escritórios e outras actividades. Ao fundo a Papelaria Universal. A "RUA GAY-LUSSAC" - nome de um químico francês, que foi um dos primeiros a formular a "Lei dos Gases")   in   O GRUPO CUF
Rua Alfredo da Silva - (2011)  -  (Edifício da antiga CRECHE DA CUF no BARREIRO em estado de abandono, na "RUA LIEBIG)    in   O GRUPO CUF


(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ XVI ]

«A C.U.F. NO BARREIRO ( 4 )»

Localizado dentro da COMPLEXO FABRIL DA C.U.F., no antigo "ALTO DE SANTA BARBARA" ( 1 ) e na vetusta «QUINTA DO ABREU» ( 2 ) no BARREIRO, o "BAIRRO OPERÁRIO" foi das primeiras preocupações da Administração da COMPANHIA, surgindo logo, aquando do arranque das primeiras fábricas em 1908. Destinado a parte do pessoal das instalações fabris, era composto maioritariamente de casas de piso térreo de formato igual, de grande simplicidade dando ao local um aspecto de continuidade e sequência arquitectónica. Continuidade apenas interrompida pelos "CHALETS" do "DIRECTOR DAS FÁBRICAS" e para o pessoal superior, hoje já bastante alterados, da sua tipologia inicial. Para servir tal massa populacional, foram edificados vários serviços, tais como: BALNEÁRIO, DISPENSA, FARMÁCIA, POSTO MÉDICO, PADARIA, SERVIÇOS DE INCÊNDIO, ESCOLA PRIMÁRIA, O CINEMA GINÁSIO e a SEDE DA LIGA DE INSTRUÇÃO E RECREIO DA CUF, mais tarde "GRUPO DESPORTIVO DA CUF".

Em 1909 era preciso ser-se um empresário «Progressista» para se construir BAIRROS destinados aos seus operários.  Dezanove empresas dispunham desta novidade. A CUF ocupava o "terceiro lugar", com 92 CASAS, seguido já de perto a "COMPANHIA DA FÁBRICA DE ALGODÃO DE XABREGAS" com 106 e a "COMPANHIA LISBONENSE DE ESTAMPARIA E TINTURARIA DE ALGODÕES" com 111.
 Novas habitações serão construídas pela CUF posteriormente, acompanhando o ritmo de crescimento da COMPANHIA, mas ao que parece, a intensidade da afluência de trabalhadores ao BARREIRO não impediu que a "VILA" (hoje CIDADE) vivesse numa constante falta de casas. 
Segundo a administração o "BAIRRO OPERÁRIO" servia para aproximar o funcionário ao local de trabalho, vantagem a que se juntavam as rendas baixas e as casas higiénicas. Mas atenção: era exigido que as habitações fossem asseadas. Os ocupantes todas as semanas eram visitados por fiscais. É que o modelo paternalista procurava em todas as frentes moralizar; a concessão de benefícios era o instrumento valioso desta «CRUZADA».

Infelizmente a parcela mais antiga deste "BAIRRO OPERÁRIO" que se prolonga a SUL para além da antiga sede do "GRUPO DESPORTIVO DA CUF" já desapareceu há muito, quer por exigências de modernização fabril, quer por exigência de tráfego rodoviário. Era nesse local , que se poderiam encontrar os topónimos mais curiosos de "RUAS", ligadas aos produtos da CUF: "RUA DA JUTA", "RUA DOS ÓLEOS", "TRAVESSA DA PIRITE", "AVENIDA DOS SUPER-FOSFATOS" e havia até, uma "RUA DO DINHEIRO", toponímia certamente já esquecida por muitos barreirenses. Apenas sobrou uma, a "RUA DO ÁCIDO SULFÚRICO" que ainda persiste. 
A "RUA LIEBIG" nome de um grande químico do século XIX, cujas experiências permitiram o desenvolvimento dos fertilizantes, Sabões, explosivos e alimentos desidratados. Como professor, foi também um impulsionador dos modernos LABORATÓRIOS DE QUÍMICA. RUA essencialmente composta por casas de habitação, sendo que no seu final se encontra uma casa verde, em estado de abandono, onde funcionou a "CRECHE DA CUF" [FONTE: O GRUPO CUF - Ricardo Ferreira -14.01.2011].

- ( 1 ) - Nestes terrenos existiu no século XVII uma Ermida, cuja invocação era "SANTA BARBARA" e, por esse facto, durante muitos anos assim foi chamado [Fonte: cm-barreiro].

- ( 2 ) - Revista "UM OLHAR SOBRE O BARREIRO" Nº. 1 II SÉRIE JUNHO de 1989.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XVII ]- PALACETE NO "ALTO DE SANTA CATARINA ( 1 ) ».

sábado, 22 de julho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ XV ]

«A C.U.F. NO BARREIRO ( 3 )
 Rua Alfredo da Silva -(07.11.2014)  -  ("ALFREDO DA SILVA -"1871.1942"-150 ANOS no D,N,- Foi um Industrial ímpar em Portugal fundador da CUF, tendo criado um Império que empregava milhares de pessoas)   in   DIÁRIO DE NOTÍCIAS 
 Rua Alfredo da Silva - (1919) -  (Reportagem da "ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA" sobre o atentado falhado contra "ALFREDO DA SILVA", em Novembro de 1919 no "ALTO DE SANTA CATARINA" em LISBOA)   in   FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva -  ( 1953 )  -  (ANÚNCIO da frota de barcos da "SOCIEDADE GERAL DE COMÉRCIO,  INDUSTRIA E TRANSPORTES - SG", nos anos 50 do séc. XX. Sua tonelagem, além das carreiras que fornecia de LISBOA para:)  in   RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua Alfredo da Silva - (Década de 60/70 do século XX)  -  (Vista aérea do complexo Industrial da CUF no BARREIRO  ainda no seu apogeu)  in   AMIZADE DE INFÂNCIA -FACEBOOK
 Rua Alfredo da Silva - (Década de 60 início de 70 do séc, XX)  - (Vista aérea do Complexo da CUF, para Norte dos Silos, ao fundo a FISIPE e o LAVRADIO com a sua praia, na lado esquerdo ainda se pode ver um pouco a Ilha do Rato) in  AMIZADE DE INFÂNCIA-FACEBOOK
 Rua Alfredo da Silva -  ( 1963 )   -   (Aspecto nocturno da Sede Administrativa da C.U.F. nos anos sessenta do século passado, na Avenida 24 de Julho)  in  DA FÁBRICA QUE SE DESVANECE À BAÍA DO TEJO
Rua Alfredo da Silva - (1961) - Foto de Armando Serôdio  -  (Edifício Sede da CUF visto do lado nascente, na Avenida 24 de Julho em LISBOA)   in    AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ XV ]

«A C.U.F. NO BARREIRO ( 3 )»


A crise do país em 1919, tempos de instabilidade política, "ALFREDO DA SILVA" sofre um atentado.
Uma reportagem fotográfica da "ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA" sobre o atentado falhado contra "ALFREDO DA SILVA" em Novembro de 1919, junto a sua casa no ALTO DE SANTA CATARINA, um dos vários em que tentaram liquidá-lo.

Diz assim a publicação: "O senhor "ALFREDO DA SILVA", o conhecido Industrial que LISBOA tão bem conhece, foi ultimamente vítima de um atentado que só o não vitimou por um acaso providencial. "ARTUR PINHO" com outros que se evadiram esperaram aquele senhor quando ele, à saída do seu Palacete do "ALTO DE SANTA CATARINA", onde se deu o incidente, ia para se meter no automóvel, e alvejaram-no à pistola e à bomba.  A pistola não se disparou por se ter encravado, mas os estilhaços da bomba deixaram ferido o "chauffer"  "RAÚL DE SOUSA", que está  no hospital onde foi fotografado para a "ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA".
O estucador "ARTUR PINHO" também está bastante ferido, como a nossa gravura mostra, por o povo o ter agredido, escapando ele com dificuldade às iras populares, devido à intervenção da polícia.  Geralmente os populares não são bolchevistas nem compreendem o crime como um ideal".

Ainda nesse ano a crise do país não obrigaria  "ALFREDO DA SILVA" a "arrepiar-caminho". Este dado é fundamental e relevante. A concentração vertical e horizontal da empresa dá então passos largos.  Em 1919, cria a primeira empresa associada, a "SOCIEDADE GERAL DO COMÉRCIO, INDUSTRIA E TRANSPORTES, LDA." (que ficará na história apenas conhecida por «SOCIEDADE GERAL» ou "SG", mais tarde servirá ainda para representar uma das mais conhecidas marcas de tabaco português o "SG"), com um capital social fixado em 2 000 contos-ouro. E no seu estatuto pode ler-se:  "É objectivo da sociedade o exercício de qualquer comércio, à excepção do bancário.  Em especial é seu objectivo contribuir para o capital ou aumento de quaisquer empresas industriais ou de transportes". A «SOCIEDADE GERAL» inicia desde logo actividade na área do COMÉRCIO COLONIAL.  Desde o arranque do BARREIRO, em 1908, o grupo começou a interessar-se mais de perto pela actividade COLONIAL e por todos os ramos de comércio de produtos subtropicais.

Chegou então o tempo e a oportunidade de "ALFREDO DA SILVA" entrar no Mundo bancário; quando em Março de 1921 é modificada a constituição e elevada o capital da "CASA HENRIQUE TOTTA & Cª.", que passa a denominar-se «JOSÉ HENRIQUE TOTTA, LDA".  Neste aumento de capital participa a SOCIEDADE GERAL, com uma quota de Cinco Mil e Cinquenta contos. A C.U.F. tinha iniciado mais uma actividade, a bancária. Este processo de integração de capitais Industriais  e bancários tinha porém uma característica: não subordinar a Industria à Banca.
Ainda em Agosto de 1921 a sede da C.U.F. é transferida da "AVENIDA  24 DE JULHO" para a "RUA DO COMÉRCIO".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XVI ]-A CUF NO BARREIRO ( 4 )»

quarta-feira, 19 de julho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ XIV ]

«A C.U.F. NO BARREIRO ( 2 )»
 Rua Alfredo da Silva - ( 1930 )  -  ( Até o  "ZÉ POVINHO" já anda de "charrete" puxada a cavalos, depois de ter usados os nossos ADUBOS)  in   FOTOBIOGREFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - (1907)  -  (Início da construção do grande armazém fabril, que resultaria no complexo Industrial no BARREIRO)  in  FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - (1909)  -  (O desenvolvimento das obras, enquanto avança o projecto e se adquirem os alvarás para as fábricas)  in    FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - (1916)  -  ("ALFREDO DA SILVA" -à direita- com o Embaixador "BIRCH", numa visita às instalações da fábrica da CUF no BARREIRO)  in  UM OLHAR SOBRE O BARREIRO
 Rua Alfredo da Silva - ( 1932) -  (Vista parcial, tirada de avião, à fábrica e porto fluvial da CUF no BARREIRO que, com menos de três décadas, sob a constante direcção do seu principal impulsionador "ALFREDO DA SILVA") in    RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua Alfredo da Silva - (1983)  -  (Uma fotografia do Centro Informático da CUF/QUIMIGAL no BARREIRO, computador UNIVAK 90/30)   in  RESTOS DE COLECÇÃO
Rua Alfredo da Silva  - ( Século XX)  -  (Cinzeiro uma oferta do grupo CUF aos seus clientes)  in   ARQUIVO/APS


(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ XIV ]

«A C.U.F. NO BARREIRO ( 2 )»

Nesse sentido, ele estuda o problema e enceta os trabalhos preliminares para a sua concretização do que tem em mente. Percorre o ALENTEJO, numa tentativa para encontrar o melhor local para edificação do que pretende. Hesita entre CASA BRANCA e VILA NOVA DE BARONIA, chegando mesmo a adquirir alguns terrenos nesta última localidade, já que a falta de água que ali se fazia sentir, logo o obriga a por a hipótese de parte. Contudo, surge nova ideia: O BARREIRO.  Na certeza de ter ali encontrado o locar ideal, logo entra em negociações na compra de uma faixa de terreno pertencente à firma "BENSAÚDE & Cª." (uma antiga fábrica de cortiça), era perfeito para a futura expansão da Empresa, além de uma ligação com o CAMINHO DE FERRO, existindo ainda um "CAIS ACOSTÁVEL", o que equivale a dizer que reunia dois factores que o tornavam muito valioso.
Ultimadas as negociações e assinada a escritura de compra, "ALFREDO DA SILVA" com o intuito de se documentar perfeitamente sobre as técnicas mais evoluídas, parte para a ALEMANHA em visita ao que, na altura, existia de mais aperfeiçoado em matéria de fabrico de  óleos.  De passagem por PARIS, entra em contacto com o Engenheiro francês "A. L. STINVILLE" que viria, depois, a ser o principal orientador das obras a realizar.
Essas obras de uma grandeza ímpar até então no País, são orçadas em 500 Contos de réis, importância que embora elevadíssima para a época, ainda acabaria por ser largamente excedida, ultrapassando os MIL CONTOS DE RÉIS.
O trabalho árduo a que, depois se procede durante cerca de dois anos, torna possível que, no dia 2 de Dezembro de 1909, "ALFREDO DA SILVA" e alguns dos seus mais directos colaboradores, tais como o secretário "AARÃO ANAHORY", o médico "DR. COSTA", VICTOR BELO, os engenheiros "PALLET" e "LACOMBE", o Engº. agrónomo "AMANDO DE SEABRA", "JOÃO SILVA", "ÁLVARO MIRANDA", o francês "DEBROU", encarregado dos carpinteiros, e outros, recebam, no BARREIRO, os accionistas a fim de que todos assistam à inauguração da OBRA.

No entanto, em 19 de Setembro de 1908 é inaugurada a sua primeira unidade fabril no BARREIRO, a "FÁBRICA DE EXTRACÇÃO DE ÓLEO DE BAGAÇO DE AZEITONA" (destinada ao fabrico de sabões) e um pequeno conjunto de unidades fabris que visavam fundamentalmente produções aplicáveis na agricultura: FABRICA DE ENXOFRE (moídos e sublimados) na produção de insecticidas, uma "FÁBRICA DE ADUBOS" (Super-fosfatos), obtido do fabrico do ácido Sulfúrico, a partir da "USTULAÇÃO" ( 1 ) das "PIRITES" ( 2 ).
A breve trecho, este veio fundamentar por reacção com o sal, a produção de sulfatos de cobre e de sódio e também de ácido clorídrico.
Em menos de 10 anos, com o início de ramos industriais coadjuvantes, tratamentos então rudimentar, das cinzas do minério (entre 1911 e 1916), tecelagem e fiação de fibras africanas com que se obtêm sacos para o armazenamento de adubos, estavam lançadas as bases da empresa que viria a ser o primeiro complexo português com nível europeu.

A partir de 1930 apta-se pela concentração fabril no BARREIRO dentro da região de LISBOA; é nessa data que se conclui uma nova ponte-cais que permite a acostagem de vapores com 1 500 Toneladas; é em 1933 que se transfere a "FÁBRICA DE TAPETES DO RATO" e em 1934 que se instala a de "FARINHA E DE ÓLEO DE AMENDOIM", de produção destinada às fábricas de conserva de SETÚBAL e do ALGARVE. 

( 1 ) - USTULAÇÃO - Acto ou efeito de "USTULAR"; Calcinação.   - USTULAR -v. tr. -Secar ao fogo; queimar levemente;queimar um sulfureto metálico, em presença do ar, para obter o anidrido sulfuroso e um óxido do metal.

( 2 ) PIRITES (do Lat pyrites ou pyríte «Grego pyr, pyrós, fogo) - s.f.- Sulfureto metálico, que se encontra no estado natural. Quim. - Combinação de enxofre e de um metal que se encontra no estado natural. PIRITE DE COBRE, sin. de CALCOPIRITE. PIRITE BRANCA, sin. de MARCASSITE. Existe em Portugal.

Com a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, voltou a intensificar-se no séc. XIX a exploração mineira, tendo funcionado largas dezenas de minas que exploravam principalmente "PIRITES".
Sendo a faixa PIRITOSA IBÉRICA que constitui uma vasta área geográfica do Sul da Península Ibérica na designação "ZONA SUL PORTUGUESA". Tem cerca de 250 km de comprimento e 30 a 50 km de largura, desenvolvendo-se desde "ALCÁCER DO SAL" (PORTUGAL) a NOROESTE, até "SEVILHA" (ESPANHA), a SUDESTE. Sendo a mais importante e mais antiga a "MINA DE ALJUSTREL" cuja actividade mineira é anterior aos ROMANOS.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA[ XV ]-A CUF NO BARREIRO ( 3 )»

sábado, 15 de julho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ XIII ]

«A C.U.F. NO BARREIRO ( 1 ) 
 Rua Alfredo da Silva - ( 1971 )  -  (Vista aérea do complexo da C.U.F. no BARREIRO, uma obra pensada por ALFREDO DA SILVA)  in  RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua Alfredo da Silva - ( 1907)  - (Construção do complexo Industrial da CUF do Barreiro. O empreendimento deve-se à persistência de ALFREDO DA SILVA, que escolheu a VILA (hoje CIDADE), fez uma opção decisiva para o progresso da margem Sul)  in   FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva -  (1908)  -  (Uma das fases de construção da Fábrica de Adubos da CUF no BARREIRO)  in  UM OLHAR SOBRE O BARREIRO
 Rua Alfredo da Silva - (ant. 1909)  -  (Assentamento de linhas Férreas para servir as fábricas da Companhia na CUF do BARREIRO)  in  FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
 Rua Alfredo da Silva - (01.01.1901)  -  Retrato de HENRIQUE BURNAY 1838-1909, par do Reino, empresário, Banqueiro e Industrial português, possuía inicialmente em LISBOA, a "COMPANHIA UNIÃO FABRIL)   in  WIKIPÉDIA
 Rua Alfredo da Silva - (1927) -  (Companhia de Adubos da CUF. Um cartaz para cada ano, mostrando o agricultor "ZÉ POVINHO" cada vez mais prospero)  in  FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX
Rua Alfredo da Silva  - (1931)  - (E assim vão prosperando com a campanha de Adubos dos "PHOSPHATOS" da CUF)  in  FOTOBIOGRAFIAS SÉCULO XX


(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ XIII ]

«A  C. U. F. NO BARREIRO ( 1 ) »


A "ALIANÇA FABRIL" e a "UNIÃO FABRIL", duas companhias congéneres e rivais, tinham alguns accionistas em comum, a começar pelo próprio "1.º CONDE DE BURNAY - HENRIQUE BURNAY " (1838-1909), que "ALFREDO DA SILVA terá conhecido na CARRIS.
A "UNIÃO FABRIL", fundada em 1865, tinha as suas fábricas em ALCÂNTARA e os escritórios na RUA DA ALFANDEGA. Dedicava-se ao fabrico e venda de produtos similares aos produzidos pela "ALIANÇA FABRIL".

Depois da fusão entre a "COMPANHIA ALIANÇA FABRIL" e a "COMPANHIA UNIÃO FABRIL" em 1898, como resultado surge uma "C.U.F."  mais reforçada, passando "ALFREDO DA SILVA" a ser o Administrador Gerente da nova empresa.

Em poucos anos a "C.U.F."  impor-se-à como uma referência no âmbito do programa produtivo nacional. A história e a laboriosa construção do grupo económico a que deu origem surge como o cumprimento dos desígnios de uma lógica concebida, interpretada e executada pelo seu criador.
A C.U.F. continuou a sua actividade dentro dos mesmos produtos ( velas, óleos, adubos...), enfrentando algumas dificuldades, até colocadas pela concorrência, mas beneficiando da pauta proteccionista de 1892, que lhe permitiu um período auspicioso. "ALFREDO DA SILVA" prossegue a sua cruzada; melhora as instalações da fábrica de sabão das FONTAÍNHAS, abre uma Agência em TOMAR para venda de ADUBOS. No final do ano de 1902 apresenta ao Conselho de Administração um projecto e a respectiva planta de um apeadeiro ou Estação de Caminho de Ferro dentro da fábrica das FONTAÍNHAS, que será concretizado em 1903. São-lhe atribuídos alguns galardões, diplomas de honra e medalhas de ouro. Crescem a importância e o respeito pelo INDUSTRIAL que se vai impondo nas diversas esferas da  SOCIEDADE PORTUGUESA; não apenas pelo seu dinamismo e actuação na C.U.F., como participando na vida pública; intervindo no que se refere a matérias económicas junto dos poderes públicos através da sua representação junto da CÂMARA DOS DEPUTADOS e encontros com o "MINISTRO DA FAZENDA" ou participando na actividade da ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESA.  "ALFREDO DA SILVA" não hesita em acompanhar "JOÃO FRANCO", que em 1901 tinha provocado uma cisão dentro do PARTIDO REGENERADOR, dando origem ao PARTIDO REGENERADOR-LIBERAL. 
"JOÃO FRANCO" é chamado para o GOVERNO e contava já com o apoio de ALFREDO DA SILVA entre outros notáveis. ALFREDO DA SILVA foi eleito deputado "FRANQUISTA". Sabe-se que  "JOÃO FRANCO" em 1907, começa a governar em DITADURA, num ambiente de profundo isolamento e crescente contestação, cai em profundo desamor do povo. Na história, como se sabe, conduz-nos ao regicídio de DOM CARLOS I, a 1 de Fevereiro de 1908. "JOÃO FRANCO" sai da cena política e o homem da C.U.F. vê chegar ao fim esta experiência política em que se envolvera.

Finalmente é tomada a decisão de instalar a C.U.F. no BARREIRO, por volta de 1907, tinha a CUF então já mais de quarenta anos de existência, limitada às suas velhas instalações fabris de LISBOA (com as Fábricas SOL e UNIÃO) e a de ALFERRAREDE; mas a visão de "ALFREDO DA SILVA" fê-lo antever a conveniência da criação, também, de uma instalação na margem esquerda do TEJO, donde pudesse difundir, para o SUL do País, a sua produção de ADUBOS.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XIV ]-A CUF NO BARREIRO (2)» 

quarta-feira, 12 de julho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ XII ]

«ALFREDO DA SILVA  E A  C.C.F.L. (2 )»
 Rua Alfredo da Silva - (Século XIX-Gravador J. Novaes)  -  (O antigo "CHAR-À-BANCS" do SALAZAR, era um veiculo de menores dimensões e praticava preços mais baixos)  in  LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
 Rua Alfredo da Silva - (1880) Foto de José Chaves Cruz  -  (O "CARRO AMERICANO" no sítio do ATERRO, com destino a BELÉM)  (Abre em tamanho grande)  in    AML 
 Rua Alfredo da Silva - (C. 1890) Foto de Louis Levy Prova em Albumina-Colecção de Eduardo Portugal  -  ("PRAÇA D. PEDRO IV-ROSSIO" junto ao TEATRO D. MARIA II, dois "CARROS AMERICANOS" e um outro tipo "Charrette", todos eles um meio de transporte dos lisboetas)   in  AML
 Rua Alfredo da Silva - (Início da segunda década do século XX)  -  (Caricatura de EMMERICO NUNES, na "A ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA 2.º Semestre-1911", nomeadamente aos transportes de Lisboa e em especial aos "CARROS CHORA")  in    EM VOLTA DA TORRE DE BELÉM
 Rua Alfredo da Silva - (Post. a 1901)  -  (Panorâmica da zona da "ROCHA DO CONDE DE ÓBIDOS" e a passagem de um "CARRO AMERICANO" e um "ELÉCTRICO", existindo a particularidade de nesta época circularem pela esquerda)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE )   in  AML
 Rua Alfredo da Silva - (1901)  -  (Eléctrico da linha de BELÉM passando no ATERRO (actual Avenida 24 de Julho) no início do século XX)  in   LISBOA 125 ANOS SOBRE CARRIS
 Rua Alfredo da Silva - (1909) Foto de Joshua Benoliel  -  ("LARGO DO CONDE BARÃO" um "ELÉCTRICO DA CARRIS" e um "CARRO DE EDUARDO JORGE", ambos circulando na época pelo lado esquerdo no sentido Nascente,  um nos carris o outro no empedrado, à esquerda o "PALÁCIO DO ALVITO")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 
Rua Alfredo da Silva - (1912) - Foto de Joshua Benoliel  -  ("CARRO DA EMPRESA SALAZAR" com destino ao "CONDE BARÃO", já circulando pela direita)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ XII ]

«ALFREDO DA SILVA E A C.C.F.L. ( 2 )»

No século XIX mais próximo da segunda metade, LISBOA possuía uma péssima rede de transportes urbanos, baseada particularmente em carruagens de tracção animal de várias configurações e pertença de 15 Companhias diferentes.  O serviço era péssimo, as carruagens muito sujas e os horários bastante irregulares.

Em 1877 é fundada a COMPANHIA CARRIS DE FERRO LISBOA- CCFL, tendo logo obtido da CML autorização para implementar, um novo sistema de transporte em carruagens sobre carris instalados na via pública e conhecidos por "TRAMWAYS" ou "CARROS AMERICANOS". Estes carros eram igualmente de tracção animal, no entanto mais cómodo para o passageiro, deslizando sobre carris, evitava assim o mau estado das RUAS.
A 17 de Novembro de 1873 era inaugurada a primeira linha de carros americanos entra "SANTOS" e "SANTA APOLÓNIA" com um horário determinado de uma regularidade de 15 minutos das seta horas da manhã às dezanove, o que era considerado já muito bom para a época.
Em 17 de Outubro de 1887 a CARRIS consegue finalmente obter da CML uma concessão de exploração e o monopólio virtual por 99 anos findos os quais todo o material e animais passariam a pertencer ao Município. Ainda no ano de 1887 a "CARRIS" chegou a fazer uma experiência nos "CARROS AMERICANOS", movidos a "electricidade". Mas as baterias não tinham a duração desejável. Sob o ponto de vista técnico o carro funcionava bem mas era um desastre sob o ponto de vista económico.

Finalmente no ano de 1892 a CARRIS adquire todas as  empresas de carruagens "OMNIBUS" (que por mau serviço, não lhes são renovadas as concessões) ainda sobreviventes, excepto a Empresa EDUARDO JORGE. Esta Empresa acabou com os "CARROS CHORA" em 1917 e transformou-se numa Empresa de Camionagem de passageiros, ligando LISBOA aos arredores.

Os primeiros eléctricos chegaram no dia 24 de Janeiro de 1901 no VAPOR "ÓSCAR II" proveniente de "NOVA IORQUE".  O primeiro "CARRO ELÉCTRICO" a fazer a experiência foi o Nº. 248 no dia 1 de Agosto de 1901, tendo levado 19 minutos entre SANTO AMARO e as portas de "RIBAMAR" (hoje ALGÉS), fazendo algumas paragens.
Finalmente no dia 31 de Agosto de 1901, pelas 4 horas e 40 minutos da manhã saia da estação de SANTO AMARO o primeiro "CARRO ELÉCTRICO" de LISBOA com o dístico "EXPERIÊNCIA". Ás 6 horas da manhã saia do CAIS DO SODRÉ o primeiro eléctrico em serviço regular com passageiros com destino a RIBAMAR (ALGÉS). Ao longo do dia circularam 16 carros ligando estes dois pontos da cidade, via ATERRO (actual Avenida 24 de Julho). Os resultados foram notáveis e o público passou a gostar dos eléctricos da sua cidade.

Os "CARROS AMERICANOS " foram retirados da circulação em 1905, embora desde 1901 algumas das carruagens mais recentes, pudessem servir de atrelados aos eléctricos, e em boa parte esta decisão coube à vontade intransigente de "ALFREDO DA SILVA" quando director da C.C.F.L..
Numa entrevista em Dezembro de 1904, ALFREDO DA SILVA deixara clara outra etapa do desenvolvimento da rede, agora no CHIADO. Nem todos, no entanto receberam com agrado a decisão. Os comerciantes, por exemplo criticavam o facto de as ruas serem demasiado estreitas para a circulação de eléctricos e peões, podendo assim diminuir o volume dos seus negócios. Mas o Director continuava... quando se estabeleceu a COMPANHIA tínhamos os "velhos americanos puxados a mulas",  os passageiros ouvindo as chicotadas estalantes, e, de quando em vez, asneiras, obscenas. Agora tal situação estava ultrapassada. E, como se provaria pelo aumento substancial de passageiros, a C.C.F.L. vai alterando os hábitos dos lisboetas, quanto à utilização dos transportes públicos.  


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XII ]-A CUF DO BARREIRO ( 1 )».

sábado, 8 de julho de 2017

RUA ALFREDO DA SILVA [ XI ]

«ALFREDO DA SILVA  E A  C.C.F.L. ( 1 )»
 Rua Alfredo da Silva - (189...) (Prova em albumina) - ("CARRO AMERICANO" na "PRAÇA D. PEDRO IV -vulgo ROSSIO- frente ao TEATRO NACIONAL)  (Abre em tamanho grande)  in  AML
 Rua Alfredo da Silva - (finais do século XIX) Foto de Eduardo Portugal  - ( Os "CARROS AMERICANOS" de tracção animal sobre carris, passando na "PRAÇA DO COMÉRCIO") (Abre em tamanho grande)   in   AML 
 Rua Alfredo da Silva - (Finais do Século XIX) Fotografo não identificado, Colecção de Eduardo Portugal  -  (O "CHORA" transporte público de tracção animal e de baixo preço, cheio de passageiros com destino a BELÉM, fazendo publicidade à Sapataria Cintra da Rua de São Paulo)  in   AML
 Rua Alfredo da Silva - (depois de 1873)  -  (Um dos primeiros "CARROS AMERICANOS" a circular em LISBOA, retirados da circulação em 1905 embora desde 1901 alguns carros fossem adaptados para servir de atrelados aos Eléctricos)   in  LISBOA 125 ANOS SOBRE CARRIS
 Rua Alfredo da Silva - (1882) -Gravador J. Novaes  -  (Os "CARROS RIPPERT" que possuíam as carruagens cujos eixos tinham a mesma largura "bitola" usada pelos "CARROS AMERICANOS" "1,435m", teimavam em utilizar as linhas da CARRIS. A polémica só foi resolvida quando a CARRIS alterou a sua "bitola" para  "0,90m", depois usada pelos "CARROS ELÉCTRICOS")  in   LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
 Rua Alfredo da Silva - (séc. XIX) Gravador J. Novaes  -  (Os "CARROS DE JOSÉ FLORINDO", veículos de menores dimensões e preço mais acessível)   in  LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
 Rua Alfredo Silva - (1901) -31 de Agosto de 1901  -  (Abertura da primeira linha electrificada da CARRIS, entre a PRAÇA DO COMÉRCIO e ALGÉS, quando "ALFREDO DA SILVA" era um dos seus directores)      in  LISBOA 125 ANOS SOBRE CARRIS
 Rua Alfredo da Silva - (depois de 1901) Gravador J. Novaes  -  ( "ELÉCTRICO DA CARRIS" com destino a BELÉM, passando no ATERRO, "mais tarde a RUA,  depois AVENIDA 24 de Julho")   in    LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
Rua Alfredo da Silva - (Início da primeira década do século XX)  -  ("CARRO ELÉCTRICO" da CARRIS com bandeira para BELÉM. Os resultados da Carris foram notáveis e o povo passou a gostar dos eléctricos da sua cidade)   in   LISBOA DE ALFREDO MESQUITA

(CONTINUAÇÃO) - RUA ALFREDO DA SILVA [ XI ]

«ALFREDO DA SILVA E A  C.C.F.L.  ( 1 )»

Um contracto de 28 de Março de 1892 com a CML concedeu-lhe grandes privilégios, devido a 30 acções que detinha na CARRIS, tendo-se mesmo falado na detenção de um monopólio virtual dos transportes públicos por tracção animal na cidade de LISBOA.
Cedo "ALFREDO DA SILVA" começou a frequentar as assembleias Gerais da empresa, das quais, pelos Estatutos, fazia parte dos accionistas possuidor de dez ou mais acções do capital social. Essa presença ficou bem marcada desde o início, daí resultando o convite para a sua deslocação ao estrangeiro com o objectivo de estudar os processos relativos à mecânica e aconselhar qual deles poderia ser adoptado em LISBOA com maior vantagem, o que, para espanto de muitos, aceitou e gratuitamente.
Não demorou muito tempo a apresentar dados com vista à adaptação das suas ideias à realidade local.
A desenvoltura de "ALFREDO DA SILVA", e a sua vontade de vencer conduziram-no mais longe, sendo então eleito como Director de C.C.F.L. em 15 de Novembro de 1895.
ALFREDO DA SILVA altera grande parte dos planos da administração em funções na sua Direcção. Necessitava agora de trabalhar em várias frentes com vista à monopolização do ramo. Progressivamente, foram sendo eliminadas as companhias concorrentes. Para tal contribuiu um contracto estabelecido, mais uma vez. entre a C.M.L. e a C.C.F.L.. Datado de 5 de Junho de 1897, e assinado por ALFREDO DA SILVA e CARLOS KRUS (outro Director), na presença do presidente do Município « ZÓFINO GOMES DA SILVA», visava autorizar a "substituição do actual sistema de tracção nas linhas da Companhia pela tracção eléctrica", sendo este segundo o Relatório de 1897 (no qual ALFREDO DA SILVA surge como accionista Nº. 9, detentor de 50 acções). Neste sentido era dado licença pela C.M.L. para a colocação de postes na via pública em todas as RUAS que tenham suficiente largura para que se não tornem incomodativos para o livre transito.
No dia seguinte, a 16 de Agosto, a Direcção de ALFREDO DA SILVA dava outro passo importante para a vida da empresa, ao obter a exclusividade de utilização da rede eléctrica nas zonas que já explorava.  Devido ao escasso financiamento da firma, a Direcção decidiu em 02.02.1899 recorrer a uma firma estrangeira, a inglesa "WERNHER, BEIT & Ca.",  para cumprir o encargo a partir de 7 de Julho seguinte. Passados dias esta cedia à LISBON ELECTRIC TRAMWAYS, LTD., todos esses direitos e obrigações. A C.C.F.L. tirou bastante proveito com estas alterações, os quais vieram a ter a maioria das 500.000 acções ordinárias, chegando HENRIQUE BURNAY e ALFREDO DA SILVA, a serem directores da "LISBON ELECTRIC TRAMWAYS LTD.".

Os transportes públicos de tracção animal mais utilizados no século XIX e que alguns sobreviveram até à segunda década do século XX, foram: o "CHORA", "FLORENTINO", SIMPLÍCIO", EDUARDO JORGE", "SALAZAR", "LUSITANA" e "JACINTO". Eram mais concorridos que os carros "AMERICANOS" por praticar preços mais económicos e assegurarem as viagens entre a "MOURARIA"  o "LARGO DO INTENDENTE" e "BELÉM". Durante um longo período fizeram parte do cenário característico da cidade de LISBOA, principalmente da "RUA DA PALMA", por onde passavam regularmente.

A linha de "CAMINHOS DE FERRO AMERICANO", de tracção animal e "TRANVIAS" sobre carris com percurso entre o "ROSSIO" e "BELÉM", foi inaugurada a 6 de Fevereiro de 1873. Particularmente concorrida aos DOMINGOS, os CARROS AMERICANOS viam-se bastante assediados nos tempos de Verão, em virtude dos grandes pólos de atracção que eram as PRAIAS e a "FEIRA DE SETEMBRO", que se realizava no Largo fronteiro ao "MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS".
Como o trajecto se fazia junto ao mar, à componente lúdica da viagem, juntava-se, então, uma forte componente turística, tão do agrado dos seus passageiros.

(CONTINUA)-(PRÓXIMA)«RUA ALFREDO DA SILVA [ XII ]-ALFREDO DA SILVA  e a C.C.F.L. ( 2 )».