sábado, 27 de setembro de 2014

TERREIRO DO PAÇO [ VI ]

TERREIRO DO PAÇO
 Terreiro do Paço - (1572) Gravura em cobre (Visão em perspectiva aérea ou voo de pássaro, semi-panorâmica, semi-topográfica. A cidade de LISBOA está limitada a Oriente pelo Campo de Santa Clara; a Ocidente, pela zona da Esperança; e a Norte pelos montes da Graça, Penha de França e Sant'Ana, vendo-se todas as ruas, ruelas e becos, na sua irregularidade. Nela de desenham nitidamente a Praça do Pelourinho Velho, o TERREIRO DO PAÇO e o Rossio. Na parte inferior da gravura e nos cantos superiores, estão registados 140 referencias aos edifícios mais significativos de LISBOA. É a única gravura conhecida, que representa o "PAÇO DA RIBEIRA" antes das remodelações feitas por FILIPE TERZI. Na parte superior esquerda tem o título OLISSIPO, e foi inserida na obra de JORGE BRAUNIO - CIVITATES ORBIS TERRARUM - Vol. V - 1572.) in  MUSEU DA CIDADE
 Terreiro do Paço - (Século XVI) (Fragmento da panorâmica de LISBOA obra de "Braunio", que colocou no "TERREIRO DO PAÇO" umas tercenas cuja a existência se dúvida)  in LISBOA REVISTA MUNICIPAL
 Terreiro do Paço - (Século XVI) (Em primeiro plano o TERREIRO DO PAÇO, com seu Palácio Manuelino da Ribeira e o Cais da Pedra) in ENCYCLOPÉDIA PELA IMAGEM - LIVRARIA CASTRO E SILVA
 Terreiro do Paço - (1637)  (Em 1637 ocorreu o tumulto do Manuelino de Évora, um pronúncio do que viria a ocorrer três anos mais tarde, em 1640, com a Restauração da Independência de 1 de Dezembro de 1640. Na imagem, uma formatura no Terreiro do Paço) in  GUERRA DA RESTAURAÇÃO
Terreiro do Paço - (antes de 1755 provavelmente) (Maqueta virtual do "PALÁCIO DO PAÇO DA RIBEIRA" um projecto de ANA CRISTINA LEITE, chefe da Divisão de Museus e Palácios da C.M.L.)  in  MUSEU DA CIDADE - SÉTIMA COLINA

(CONTINUAÇÃO - TERREIRO DO PALO [ VI ]

«O TERREIRO DO PAÇO»

Faltava ainda dizer mais umas palavras sobre a célebre PRAÇA que, ( por mais que teimem em lhe alterar o velho nome) sempre para o povo de LISBOA, lhe chamam de "TERREIRO DO PAÇO".

Esteve ali estabelecido um açougue, talvez fosse para lá transferido para estar próximo do TERREIRO DO PAÇO, por ter maior facilidade no desembarque do gado.
Em 1730 escreve um certo autor estrangeiro: "Notável é o açougue principal de LISBOA (situado no Terreiro do Paço) tanto pela sua largueza, como pelo seu asseio e ordem. São as paredes interiores revestidas a azulejo, e cobertas de grossa quantidade de peças de carne, penduradas na altura de seis pés, e dali para cima". Cada comprador aponta para a "fazenda" que deseja, e logo os moços, colocados nuns balcões ou estrados em volta, entregam o material pedido.

Vamos agora descrever as várias portas da cidade, rasgadas na muralha mandada construir por  El-Rei D. FERNANDO (ou MURALHA FERNANDINA), e que desembocavam no "TERREIRO DO PAÇO".
Primeiro, junto do corpo da "GUARDA REAL", na face Ocidental do Terreiro, abrindo-se, no edifício do PAÇO, a porta denominada "ARCO DAS PAZES" ou "PORTA DO ARCO DOS PAÇOS" (65), a qual comunicava com o dito Terreiro com o pátio interior da residência régia chamado "PRAÇA DO RELÓGIO".
Já na face setentrional da  PRAÇA abria-se outra porta, a que o povo dava o nome de "ARCO DA MOEDA" ou "PORTA DA MOEDA"(66).
Segue-se a porta ou "ARCO DOS PREGOS"(67) demolido em 1755 e muito próximo do local onde existe hoje o ARCO DA RUA AUGUSTA. Este e o seguinte, chamados "DOS BARRETES", tiveram os seus nomes ligados a "Dez tendas de mercearias abastadas" que ali existiam.
Ao "ARCO DOS BARRETES" (68) que no tempo de FREI APOLINÁRIO (1750) se costumava chamar de "ARCO DO AÇOUGUE". O arco dos barretes era o arruamento dos carapuceiros, que nas suas tendas ofereciam aos transeuntes todas as formas de barretes e gorras.
E chegámos à mais Oriental das portas rasgada na linha setentrional do TERREIRO a Nº 69 do MAPA DE BRAUNIO "PORTAS DA RIBEIRA", (duas contíguas) no tempo ainda do TERREIRO DO PAÇO que em 1755 chegava mais a Oriente, deixara de existir em 1619. As outras eram serventias mais ou menos usadas; esta era maior, a mais elegante, a mais concorrida. Quando em 1581 veio a Portugal D. FILIPE I, já se podia considerar arruinada a porta, que (a bem dizer) eram duas a par, segundo muito bem nos mostra "BRAUNIO" e outros. 
Em 1691 tivemos a visita de FILIPE III, o SENADO DA CÂMARA mandou demolir alguns casebres que tinham trepado acima desta porta (como em cima de outras), e derrubar a própria porta.
Comunicava esta porta entre si com duas PRAÇAS: a grande área do TERREIRO DO PAÇO, com o mesquinho recinto do célebre "PELOURINHO VELHO"; por isso FREI NICOLAU DE OLIVEIRA, no livro GRANDEZAS (1804), não duvidou escrever "PORTA DO PELOURINHO", ou "picola", era a "COLUMNA MAENIA" dos povos medievos. No foro romano a COLUMNA MAENIA era o lugar do castigo dos criminosos, nas cidades e vilas cristãs tinham igual emprego, e figurava, além disso, como insígnia de Jurisdição Municipal.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«TERREIRO DO PAÇO [ VII ]-A PRAÇA DO COMÉRCIO (1)»

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

TERREIRO DO PAÇO [ V ]

O PAÇO DA RIBEIRA ( 5 )
 Terreiro do Paço - (1707) - Desenho de autor não identificado (O Terreiro do Paço e o seu Palácio do Paço no século XVIII)  in  AS MURALHAS DA RIBEIRA DE LISBOA
 Terreiro do Paço - (século XVIII- Banda Desenhada) (A vista da cidade de  LISBOA, acrescentado o pormenor das suas localizações serem assinaladas numericamente. Esta obra, feita por dois artistas Belgas para a BD e retirada do Facebook de JOSÉ VALENTE)  in  FACEBOOK - JOSÉ VALENTE 
 Terreiro do Paço - (Século XVI) Gravura em cobre (Vista geral de Lisboa. A cidade de LISBOA já então se alastrava consideravelmente e mirava o Tejo do alto das suas colinas) in  LISBOA - LELLO & IRMÃOS - ENCYCLOPÉDIA PELA IMAGEM
Terreiro do Paço - (1682) (Gravura de autor não identificado) (Uma execução no Terreiro do Paço pela Inquisição Portuguesa. Eram condenados em cerimónias chamadas de auto-de-fé, a morrer na fogueira)  in  LISBOA DO SAPO 

(CONTINUAÇÃO - TERREIRO DO PAÇO [ V ]

«O PAÇO DA RIBEIRA ( 5 )

Essa varanda comunicava com "outro quarto, não menos majestoso, com suas galerias, eirados e torreões"; ali assistiam habitualmente os infantes, irmãos ou filhos dos Reis, e em 1754, quando o autor escrevia, servia este quarto de residência à Rainha-mãe, a senhora D. MARIA ANA DE ÁUSTRIA. Existiam ali "grandes e preciosas antecâmaras, com tapeçarias e móveis inestimáveis, e pinturas dos mais notáveis autores", observa o nosso cronista.
Residia El-Rei D. JOSÉ I, como alguns dos seus antecessores, no torreão filipino chamado "DO FORTE"; era este torreão a melhor habitação de todo o Palácio. "as sua antecâmaras, salas e gabinetes, encerram - diz o autor - o mais precioso que pode a terra dar, porque as tapeçarias de oiro, prata, veludo, damasco e outras sedas, quadros de admiráveis pinturas, e toda a mobília, dão a conhecer a soberania da Majestade que o ocupa". Que pena não ter querido descer a mais pormenores topográficos.
"A casa dos Embaixadores é a melhor da Europa" (ficava no segundo andar do Torreão).  Diz ainda que existia neste palácio uma notável BIBLIOTECA que constava de muitos livros e manuscritos raros ou únicos, que para o seu enriquecimento muito contribuiu o senhor Rei D. JOÃO V.
Continuemos a relatar este bom informador: 
"Para o lado do RIO  - prossegue ele, em 1754 - tem este Palácio um belo jardim com grande eirado, com viveiro abundante de todo o género de aves raras, tendo as suas vistas sobre o mar".
"O Senhor Rei D. João V acrescentou outro quarto a este Palácio: é o que fica no largo da Patriarcal, e corre até ao Teatro da Ópera. Consta estes augustos edifícios de vários corpos e muitas galerias, todas de apuradíssima arte, obra do famoso Arquitecto FREDERICO LUDOVICE, em que os mármores colocados teriam duração eterna".
"Dois lanços deste quarto abrem para o largo do Patriarcal, e em meia de cada um avulta um pórtico grandioso, levantado em grossas colunas marmóreas, com capitéis coríntios excelentemente folheados".
"Todo o restante deste primoroso edifício é feito de polidissimas cantarias, com formosos lavores e remates, com óculos romanos na cimalha, que lhe dão graça e beleza. O saguão que vai do Largo da Patriarcal e atravessa este quarto para a campainha, é a melhor peça de arte desta cidade, porque as quatro colunas de jaspe que tem na frente de duas escadas laterais, são perfeitíssimas no trabalho de lavores". (CAMILO CASTELO BRANCO - NOITE DE INSÓNIAS, Nº 8, AGOSTO 1874).

O Terramoto de 1755 deixou feito um montão de destroços o vasto PAÇO DA RIBEIRA, e o incêndio subsequente acabou de destruir preciosidades sem conta.
Aquele edifício, que El-Rei D. MANUEL I tinha erguido sobre os opulentos armazéns da CASA DA MINA, e acrescentado com tanto gosto; aquele PAÇO marinho, onde ele habitou com as suas três rainhas e seus filhos, aquela casa de família tão considerada por El-Rei D.JOÃO III, e habitada por ele, pela Rainha D. CATARINA, e pelos REIS D. SEBASTIÃO e D.FILIPE I em 1581, D. FILIPE II em 1619, essa importante casa, a melhor do REINO, em que moravam GOVERNADORES, o CARDEAL ARQUIDUQUE e a DUQUESA DE MÂNTUA; esse Palácio, tão melhorado pelo senhor D. JOÃO IV, e por seus filhos D. AFONSO e D. AFONSO e D. PEDRO; esse ninho que o mágico D. JOÃO V transformou numa espécie de "QUELUZ À BEIRA TEJO", e que El-REI D.JOSÉ dotou com um Teatro riquíssimo; esse museu de primores, de opulências, e de obras de arte nacionais e estrangeiras, que era o espanto da Península... Tudo isso... Bastou meia hora para ser destruído.

Considerando globalmente tudo que nestes derradeiros capítulos ficou tão laboriosamente armazenado, e fazendo um apanhado geral da pitoresca e variada crónica do PAÇO DA RIBEIRA, sobram motivos de lamentar a nossa incúria!
Contra os Terramotos, não há que dizer; e o de 1755 foi uma calamidade sem par, a que não se pode resistir.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«TERREIRO DO PAÇO [ VI ]-O TERREIRO DO PAÇO»

sábado, 20 de setembro de 2014

TERREIRO DO PAÇO [ IV ]

O PAÇO DA RIBEIRA ( 4 )
 Terreiro do Paço - (Primeira metade do século XVIII)(Tinta-da-China com aguada sobre papel, atribuído a FRANCISCO ZUZARTE possivelmente em 1740) (Em primeiro plano o edifício da VEDORIA, ao fundo o Palácio do Paço da Ribeira, salientando-se o imponente torreão mandado construir por FILIPE II, bem como a Torre do Relógio. Em rodapé uma legenda remissiva relativa aos principais edifícios representativos, interrompida ao centro pelas armas Joaninas) in  MUSEU DA CIDADE
 Terreiro do Paço - (Século XVIII) (Banda Desenhada de Jacques Martin e Luís Diferr) (O "PALÁCIO DO PAÇO DA RIBEIRA" com seu torreão e parte do Terreiro do Paço, desenhado em BD, por dois artistas Belgas, retirado do Facebook de JOSÉ VALENTE) in  JOSÉ VALENTE - FACEBOOK 
 Terreiro do Paço - (Século XVIII-Gravura) (O "PALÁCIO DO PAÇO DA RIBEIRA" que no tempo do rei D. Manuel I era seu passatempo favorito ver os barcos saírem dos estaleiros reais. Ninguém se admirou quando o monarca mandou concluir o "PAÇO DA RIBEIRA", mesmo ao lado da fábrica de navios o ARSENAL) in (O Link encontra-se em espelho)  REVISTA MUNICIPAL DE LISBOA - C.M.L.
Terreiro do Paço - (Século XVIII) Gravura de autor não identificado (Palácio dos Paços da Ribeira, a gravura representa os Paços Manuelinos já modificados pelas obras empreendidas por D. João III e Filipe II. Nas águas do TEJO,  vinha reflectir-se o pavilhão monumental de FILIPE TORZI, com sua cúpula coroada ) in  COM JEITO E ARTE

(CONTINUA) - TERREIRO DO PAÇO [ IV ]

«O PAÇO DA RIBEIRA ( 4 )»

Em 1874 publicava "CAMILO CASTELO BRANCO"(1825-1890) uma obra "NOITES DE INSÓNIA" extracto de um manuscrito que encontrou, e cujo autor infelizmente não é referido, onde um erudito do século XVIII considerava em termos minuciosos a descrição do PAÇO em tempo de El-REI D. JOSÉ. "É a mais detida descrição que ainda vimos" - diz CAMILO.
Pois esse tal autor anónimo, que parece ter conhecido de perto o edifício, e com os seus pormenores nos vinga de silêncio de outras testemunhas oculares. 
Segundo tão bom informador, continha o edifício dentro em si três grandes quadras ou pátios, com galerias à volta. (CASTILHO refere-se que tem na sua Colecção de estampas um plano, que perfeitamente designa todas as três quadras ou pátios).
O pátio que ficava junto da IGREJA Patriarcal, chamado "PÁTIO DA CAPELA", era rodeado de arcadas com longas janelas no andar superior. Por baixo das arcadas existiam lojas de tudo quanto se podia imaginar precioso, entre oiro e até diamantes. Deste pátio comunicava-se por um vasto pórtico voltado ao Sul, com outro pátio em corredor, não menos rodeado de galerias, e também com lojas ricas; sobre essa galeria ficavam as janelas do chamado "QUARTO DA RAINHA". Junto ficava o quarto de El-Rei D. JOÃO V e a  ala  majestosa da  torre de mármore, com dois sinos para os quartos de hora, e outro de timbre mais grave para as horas.
Sobre a RIBEIRA DAS NAUS edificara o mesmo soberano outra ala chamada "QUARTOS DOS INFANTES", e terminada ao Poente por uma formosa varanda, ou terraço, gradeada de balaústres de mármore primorosamente lavrado, sobre pilares onde assentavam vasos cheios de murtas e outras flores. Tudo do mais apurado estilo da época. 
Toda a fachada Oriental do Palácio, isto é, a que dava sobre o TERREIRO DO PAÇO, era ocupada por uma espaçosa galeria, que pegava pelo lado Sul com o magnifico pavilhão denominado "O FORTE", obra de FILIPE TERZI por ordem de FILIPE II.
É esse justamente a galeria a que alude "SOUSA", e que partia "do Canto da Torre que fica na parte do RIO, até ao outro canto da varanda de pedraria que fica na parte da terra".
Diz ainda o anónimo redactor do manuscrito de CAMILO, que se tinha delineado fechar com o mesmo risco toda a Praça em volta, com outro pavilhão fronteiro, no sítio da ALFÂNDEGA. Nunca vi esta notícia, mas é curioso notar como esse plano veio a realizar-se, graças ao lápis de EUGÉNIO DOS SANTOS DE CARVALHO, e ao quero-posso-e- mando do MARQUÊS DE POMBAL.
Contígua a este lanço (diz no manuscrito) corria uma varanda de arcos que dava serventia para a "SALA DOS TUDESCOS". Essa varanda de arcos era chamada de "VARANDA DE PEDRARIA", e aparece em quase todas as estampas da época.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«TERREIRO DO PAÇO [ V ] O PAÇO DA RIBEIRA ( 5 )»

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

TERREIRO DO PAÇO [ III ]

O PAÇO DA RIBEIRA ( 3 )
 Terreiro do Paço - (Primeiro Quartel do século XVIII) autor desconhecido (Painel de azulejos representando a vista de LISBOA entre o Palácio dos Condes de Miranda, o lugar mais a Ocidente, e o Convento de Stª. Maria de Jesus de Xabregas. Nesta caso no particular temos só o TERREIRO DO PAÇO, lugar do poder político  e económico. A sua produção data entre 1700 e 1725, sendo em azulejos de faiança azul e branca. O painel pertenceu ao antigo Palácio dos Condes de Tentúgal no Largo de Santiago, em Lisboa. A sua venda foi anunciada no D.G. em 11 de Abril de 1843 e a aquisição feita pelo Marquês de Sousa Holstein para a Real Academia de Belas-Artes, tendo dado entrada nas colecções do Museu de Belas-Artes e Arqueologia instalado no Palácio Alvor em Lisboa, actual Museu Nacional de Arte Antiga, onde esteve exposto desde 1903 na entrada principal do Museu. O painel foi transferido em 1965 para o MUSEU DO AZULEJO, aberto ao público em 1970, por sinal instalado no Convento da Madre de Deus, na zona Oriental de Lisboa-Xabregas) in MUSEU NACIONAL DO AZULEJO 
 Terreiro do Paço - (Século XVIII) Banda Desenhada (O aspecto de LISBOA no século XVIII em Banda Desenhada, vista  pelos olhos e pincéis de dois Belgas: JACQUES MARTIN e LUÍS DIFERR, publicado no Facebook de JOSÉ VALENTE)  in JOSÉ VALENTE - FACEBOOK
 Terreiro do Paço - (Séc. XVIII) Desenho de autor não identificado (O "PALÁCIO DA RIBEIRA" no Terreiro do Paço, no início do século dezoito)  in   WIKIPÉDIA
Terreiro do Paço - (Século XVII) (Gravura em cobre de Ioam Schorquens-1619-1622) (Esta gravura representa o desembarque de FILIPE III no Terreiro do Paço, em 29 de Junho de 1619. Lisboa que se encontra engalanada, desde a casa do Marquês de Castro Rodrigo a Ocidente, até à zona do Mercado a oriente. Este já se encontrava instalado na Ribeira Velha para onde, entretanto, foi transferido. Vê-se com relativo pormenor, as barracas das vendedeiras. O Torreão encontra-se já com as remodelações introduzidas por FILIPE TERZI, por ordem de FILIPE II. Na parte superior, ao centro, lê-se: DESEMBARCACION de SV. M. EN LISBOA ) in  MUSEU DA CIDADE

(CONTINUAÇÃO) - TERREIRO DO PAÇO [ III ]

«O PAÇO DA RIBEIRA ( 3 )»

Nem o esforço de renovação da arquitectura portuguesa, em que D. JOÃO V pôs bastante empenho, produziu alterações significativas no PAÇO DA RIBEIRA.
O rei preferiu, então, a construção de um novo Palácio em LISBOA, para o que foi chamado, de TURIM, o arquitecto FILLIPPO JUVARRA. Abandonando a ideia, consagrou-se às obras de MAFRA e do PALÁCIO DAS NECESSIDADES.
Não deixou, no entanto, D. JOÃO V de adaptar interiormente o velho edifício ribeirinho à CORTE BARROCA, onde os rituais de encenação do poder eram cada vez mais complexos.
Nas obras JOANINAS trabalhavam o arquitecto italiano ANTÓNIO CANAVARI que, além da escadaria  de acesso aos aposentos da rainha e das obras de construção de água para o Paço, riscou uma nova Torre Sineira - Conhecida por TORRE DO RELÓGIO - e JOÃO FREDERICO LUDOVICE, que acrescentou ao Palácio um novo corpo.
No PAÇO funcionou, desde sempre, uma capela Real.  Remodelada em 1610, foi transferida para o andar superior em 1619, aquando da visita de FILIPE III.
Sucessivamente adaptada a novos gostos, um viajante estrangeiro considerava, em 1730, nulo o seu valor arquitectónico, embora lhe notasse a vastidão e a excelência dos ornatos. A Capela real, que funcionava como  SÉ PATRIARCAL, era então um templo de três naves e Capela-mor muito profunda.
Nas naves laterais, mais estreitas, distribuíam-se. de cada lado, quatro altares de talha dourada alternando com painéis de azulejos. Á CAPELA-MOR, de profundidade igual à do corpo da Igreja, depois das obras JOANINAS, era enriquecida com um ciclo pictórico de iconografia mariana, em relação, aliás com o orago da Capela, dedicado a NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO.
Em 1755 o conjunto palaciano foi enriquecido pela construção de um imenso TEATRO DE ÓPERA, segundo projecto feito pelo arquitecto e cenógrafo GIOVANNI CARLO BIBIENA  e realizado por JOÃO PEDRO LODOVICE.
Com capacidade para seiscentos espectadores e uma riquíssima decoração interior, a "ÓPERA DO TEJO" - nome pelo qual também ficou conhecida - era uma das obras mais importantes da EUROPA.
O "PALÁCIO DA RIBEIRA" e todo o seu conjunto de anexos foram completamente destruídos pelo terramoto que abalou LISBOA no dia 1 de Novembro de 1755.
O REI D. JOSÉ, sucedendo ao trono de seu pai, nunca imaginou que cinco anos depois, todas aquelas grandezas, acumuladas por D. MANUEL, D. JOÃO III, D. SEBASTIÃO, o CARDEAL, os FILIPES, D. JOÃO IV, D. AFONSO VI, D.PEDRO e D. JOÃO V e algumas que ele próprio terá arranjado, haviam de desaparecer tão nefasto. Todas aquelas opulências se haviam de aluir, alargar-se de terriça, arder, sumir-se para sempre, com o terramoto. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«TERREIRO DO PAÇO [ IV ] O PAÇO DA RIBEIRA (4)» 

sábado, 13 de setembro de 2014

TERREIRO DO PAÇO [ II ]

O PAÇO DA RIBEIRA (2)
 Terreiro do Paço - (1650) (Óleo sobre tela de Dirk Stoop-Londres) ( O "TERREIRO DO PAÇO" com destaque para fidalgos, Cavaleiros e crianças, alguns criados ou moços militares, homens do clero e diversos tipos populares; negros, criadas e vendedores. O chafariz "APOLO", alguns aguadeiros enchem as bilhas, enquanto outros se envolvem em algumas brigas) (Este quadro pode ser visto no MUSEU DA CIDADE)(Abre em tamanho grande)  in WIKIPÉDIA
 Terreiro do Paço - (Século XVI)  (Panorâmica Geral de Lisboa, durante o cerco de D. Afonso Henriques, na iluminura da Crónica de Duarte Galvão, atribuída a António de Holanda) (Museu  dos Condes de Castro Guimarães, Cascais - 1520) in THE APRICITY 
 Terreiro do Paço - (1598) Gravura de cobre (Pormenor da planta de JORGE BRAUNIO , do TERREIRO DO PAÇO e RIO TEJO, com os navios da época gloriosa dos Descobrimentos, que partiam do Tejo) in  MUSEU DA CIDADE
Terreiro do Paço - (Terceiro quartel do século XVI) (Pormenor da planta de Jorge Baunio. Nos estaleiros da Ribeira das Naus construíam-se os melhores navios do mundo, êxito que muito se deve ao rio, com condições perfeitas para acolher e proteger embarcações de diversos calados. Era frequente trabalharem no empreendimento centenas de carpinteiros, ferreiros e calafates, que tornaram Portugal um dos mais poderosos países da Europa na época) in  MUSEU DA CIDADE  

(CONTINUAÇÃO) - TERREIRO DO PAÇO [ II ]

«O PAÇO DA RIBEIRA ( 2 )»

O "PALÁCIO DA RIBEIRA" vinha ordenar urbanisticamente uma zona organizada em função das necessidades logísticas das viagens  oceânicas e, dispondo no piso térreo os armazéns das CASAS DA ÍNDIA e MINA, juntar num mesmo edifício, a administração política e económica do reino. Em 1505 já a família real o habitava. Tratava-se, na altura, de um corpo perpendicular ao TEJO, segmentado no eixo pela torre sineira da capela. Em 1508 o Arquitecto DIOGO DE ARRUDA dirigiu a construção de um baluarte adossado ao Paço Manuelino. Voltado ao TEJO e com a base rebatida, tratava-se essencialmente de uma estrutura defensiva, com terraço guarnecido de guaritas, nos ângulos. Em meados do século não existia já, mas a sua memória foi decerto recuperada quando FILIPE II, decidiu a reforma profunda dos PAÇOS DA RIBEIRA DE LISBOA. A autoria dos trabalhos do Torreão, que substituiu o baluarte Manuelino, já concluído no essencial,  em 1584, não está perfeitamente esclarecida. O Italiano FILIPE TERZI, à época Engenheiro-mor do reino, tem sido tradicionalmente apontado como um dos responsáveis do projecto, mas o mais provável é que o seu papel tenha limitado à direcção do estaleiro.
Para obras desta dimensão FILIPE II contava naturalmente com os seus arquitectos e, talvez para suprir às necessidades da Corte, JUAN DE HERRERA, autor do ESCORIAL, esteve em LISBOA entre 1580 e 1583, período que  corresponde com exactidão à construção do TORREÃO
Contribuição decisiva, também, foi a do arquitecto Castelhano FRANCISCO MORA. Como aposentador dos PAÇOS REAIS dirigiu, na RIBEIRA, entre 1605 e 1608, uma importante campanha de obras, e os seus apontamentos ainda foram seguidos quando se preparou a visita de FILIPE III de PORTUGAL , em 1619. 
A estrutura do PALÁCIO REAL DA RIBEIRA estava, por essa altura, completa. A imagem que dele nos ficou, fixada na gravura do pintor DOMINGOS VIEIRA SERRÃO, incluída no relato oficial da viagem de FILIPE III, mostra uma longa fachada orientada a nascente, dominada pela massa do TORREÃO, debruçado à beira-rio. Esta preponderância volumétrica tinha, aliás, uma leitura simbólica, pois num dos andares nobres dispunha-se a SALA DO TRONO, decorada com um programa iconográfico de exaltação dinástica, elaborado pelo Engenheiro LEONARDO TURRIANO. Outro piso ainda era ocupado pela BIBLIOTECA, tendo sido o piso baixo reservado para canhoeiras (espingardas), tal como o apresenta um projecto de FRANCISCO DE MORA, recentemente identificado.Na sua configuração arquitectónica o TORREÃO surgiu como um corpo estranho, inspirado em desenhos do francês JACQUES ANDROUET DU CERCEAU ou em alguns exemplos de Arquitectura Medieval Portuguesa. A utilização da gramática das ordens clássicas é, porém, aqui mais definida do que nos protótipos de DU CERCEAU e o ritmo dos alçados enriquecidos pela alternância de frontões, tratamento que se estendia ao resto da construção palacial. Não se conhecendo , em pormenor, as alterações levadas a cabo nos períodos seguintes.
A estrutura oficial das obras régias contemplou sempre o cargo de mestre do "PAÇO DA RIBEIRA", mas o exercício do lugar não tinha conteúdo prático muito expressivo, dadas as dificuldades financeiras que afligiram a Coroa após a RESTAURAÇÃO.
Os pagamentos que se conhecem dessa época, como os de 1663, a TEODÓSIO DE FRIAS, e os de 1679, a MATEUS DO COUTO, se evidenciam intervenções regulares de manutenção não deixando, também de provar a incapacidade de transformar a residência da COROA portuguesa num Palácio de verdadeira dimensão europeia.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«TERREIRO DO PAÇO [ III ] -O PAÇO DA RIBEIRA ( 3 )» 

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

TERREIRO DO PAÇO [ I ]

 Terreiro do Paço - (Século XVI) - Gravura em madeira - anónimo (Panorama de LISBOA vista desde o Campo de Stª. Clara, a Oriente até à Esperança a Ocidente. Limitada a Norte pelos Montes da Graça, Penha de França e Santa Ana, nela estão representados os mais importantes edifícios deste século XVI. Ao centro tem o título de: LISBONA - Inserida na obra de Seb. MUNSTER (1489-1552) Volume II(1541) in  MUSEU DA CIDADE 
 Terreiro do Paço - (Séculos XVI  e XVIII) (Desenho de Matthaus Santer) (LISBOA antes e depois do terramoto de 1755. Inspirada pela perspectiva Quinhentista de BRAUNIO)  in MUSEU DA CIDADE
 Terreiro do Paço - (anterior a 1147) - (Planta que mostra o local, exacto ou aproximado de alguns edifícios ou monumentos de LISBOA anteriores à Conquista CRISTÃ no ano de 1147, o traçado da MURALHA MOURA à direita baixa, e a situação do esteiro do Tejo que penetrava por onde é agora a BAIXA POMBALINA, e que desapareceu por completo até aos finais do século XIII) in BIC LARANJA
 Terreiro do Paço - (século XII) - (Localização do esteiro do TEJO na época, e o traçado a vermelho da CERCA MOURA) in  GEOLOGIA AUGUSTA 
Terreiro do Paço - (1147) - Engº A. Vieira da Silva ( Fragmento da planta topográfica de LISBOA, mostrando o "ESTEIRO DO TEJO", que penetrava pelo vale da baixa e a "CERCA MOURA". Nesta planta conhecem-se aproximadamente os sítios com letras a preto e o edifício a vermelho, onde os romanos tinham algumas edificações na sua "FELICITAS JULIA". LEGENDA- (A) Anfiteatro romano - (B) Estabelecimento termal dedicado a CASSIOS - (C) Termas AUGUSTAIS no cruzamento entre a actual RUA DA PRATA e a RUA DOS RETROSEIROS ou da "CONCEIÇÃO" etc.. Encontram-se mais pormenores no livro do ilustre Engº A. Vieira da Silva em "A CERCA MOURA DE LISBOA" Publicações da CML, nas páginas 7 e 8) in A CERCA MOURA DE LISBOA

-TERREIRO DO PAÇO [ I ]

«O PAÇO DA RIBEIRA ( 1 )»

"O ESTEIRO DO TEJO"
Nos tempos pré-históricos o vale da cidade de LISBOA terá sido um esteiro do RIO TEJO, onde vinham desaguar as ribeiras de "SANTO ANTÃO" (que descia a zona de VALVERDE  hoje AVENIDA DA LIBERDADE) e a  "RIBEIRA DE ARROIOS", que passava no (REGUEIRÃO DOS ANJOS), juntando-se um pouco abaixo da actual "RUA DO OURO", sensivelmente dois quarteirões depois do ROSSIO, seguindo todo o percurso da RUA DO OURO em direcção ao RIO TEJO. Podem notar-se as boas defesas naturais do CASTELO DE SÃO JORGE, com suas encostas escarpadas e protegidas por água a Oeste e Sul, proporcionando, certamente um refúgio seguro para os seus primeiros habitantes.

Na época do domínio ROMANO o esteiro já se encontrava parcialmente assoreado e com dimensões mais reduzidas. Vestígios arqueológicos encontrados até hoje mostram que a ocupação no alto da colina de S. JORGE descera até ao rio, e se estendia pelo vale a Oeste.

Os ÁRABES terão fortificado com novas muralhas LISBOA, a chamada CERCA VELHA ou CERCA MOURA, protegendo uma área aproximadamente de 16 hectares; reforçaram igualmente a "ALCÁÇOVA",( 1 ) e aí instalaram o palácio do Alcaide e uma Mesquita.
Com a conquista de LISBOA pelos CRISTÃOS em 1147, os vencidos que mantiveram a  sua fé, tiveram que deixar o núcleo fortificado e instalarem-se num arrabalde, sendo hoje conhecido por MOURARIA.
A comunidade JUDAICA também saiu e constituiu os seus bairros próprios; a JUDIARIA GRANDE no vale a Oeste, e duas JUDIARIAS PEQUENAS, uma no vale e outra em ALFAMA.
Duzentos anos mais tarde, em 1373, o Rei D. FERNANDO construiu novas muralhas, a "CERCA FERNANDINA", que ocupava 104 hectares, incluindo não só casas mas também terrenos para cultivo. Tanto a CERCA MOURA como a CERCA FERNANDINA, ainda hoje existem pedaços, incorporados em edifícios ou muros.
No final do século XIII LISBOA tinha aproximadamente vinte e sete mil habitantes, tendo aumentado a sua população para mais do dobro até início do século XVI.
O rei D. MANUEL residia no PAÇO DA ALCÁÇOVA mas descia constantemente à beira rio. Assim, ainda em finais do século XV este rei inicia a construção do "PAÇO DA RIBEIRA" reforçando a deslocação do centro em direcção ao rio e às zonas ribeirinhas. 
Os desenhos de "JORGE BRAUNIO", embora do século XVI, ilustram bem o aspecto da cidade na época Medieval.
A planta mais antiga de LISBOA que se conhece é a de JOÃO NUNES TINOCO data de 1650.
Não deixa de ser interessante analisar estes desenhos em conjunto com outras gravuras de JORGE BRAUNIO, que se reproduz parcialmente. Na densa malha construída destacam-se dois amplos espaços públicos, o ROSSIO a Norte, abrindo para o campo e os arredores, e o "TERREIRO DO PAÇO" junto ao RIO. TINOCO mostra já o renovado "PALÁCIO REAL" e os melhoramentos nos edifícios ribeirinhos.

O PAÇO DA RIBEIRA

A primeira residência régia da cidade de LISBOA, situava-se desde os tempos da conquista da cidade, no interior do CASTELO DE S. JORGE, aproveitando não só a capacidade defensiva do sítio, mas integrando-se perfeitamente no núcleo do burgo primitivo. Em finais do século XV, D. MANUEL decidiu abandonar o PAÇO DE ALCÁÇOVA e mandar construir, junto do RIO, um novo palácio. A medida teve razões práticas e dimensão simbólica.

- ( 1 ) - ALCÁÇOVA -(s.f. - Árabe "ALKASABA", Cidadela), Castelo antigo, fortaleza principal de um Castelo, último reduto da fortaleza Medieval, constituindo a zona habitacional do Castelo.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«TERREIRO DO PAÇO[ II ]-O PAÇO DA RIBEIRA (2)» 

sábado, 6 de setembro de 2014

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XXII ]

RUA MARIA LALANDE
 Rua Maria Lalande - (2010) Foto de André Barragon (A "RUA MARIA LALANDE" no novo Polo do "BAIRRO DOS ACTORES" na freguesia de BENFICA) in PANORAMIO
 Rua Maria Lalande - (2010) Foto de André Barragon  (A "RUA MARIA LALANDE" na freguesia de BENFICA) in PANORAMIO
 Rua Maria Lalande - (depois de 1978) Foto de autor não identificado (A "RUA MARIA LALANDE" no Bairro das Pedralvas) in  TOPONÍMIA DE LISBOA
 Rua Maria Lalande - (2007)  (Vista panorâmica da "RUA MARIA LALANDE" na freguesia de BENFICA) in GOOGLE EARTH
 Rua Maria Lalande - (1938) (A inesquecível "MARIA LALANDE" no filme " ROSA DO ADRO" de Chianca de Garcia, publicado na revista CINÉFILO) in OS ANOS DE OURO DO CINEMA PORTUGUÊS
 Rua Maria Lalande - (1948) - (Maria Lalande numa cena do filme "NÃO HÁ RAPAZES MAUS" de Eduardo Garcia Maroto) in OS ANOS DE OURO DO CINEMA
Rua Maria Lalande - (1950) - (Capa da Revista FLAMA com MARIA LALANDE numa cena do filme "FÁTIMA TERRA DE FÉ" de Jorge Brum do Canto de 1943) in OS ANOS DE OURO DO CINEMA PORTUGUÊS


(CONTINUAÇÃO)-RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XXII ]

«RUA MARIA LALANDE»

A «RUA MARIA LALANDE» pertence à freguesia de «BENFICA». Começa na "ESTRADA DE BENFICA" e finaliza na "RUA AUGUSTO COSTA(Costinha)". São convergentes a esta rua pelo lado esquerdo a "RUA LUCÍLIA SIMÕES" e "RUA AURA ABRANCHES", também duas distintas actrizes. E por EDITAL de 31 de Janeiro de 1978, a CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA designou que o topónimo desta actriz fosse dado à "RUA - D" da Zona a nascente do BAIRRO DAS PEDRALVAS, que faz a ligação com a ESTRADA DE BENFICA.


«MARIA ADELAIDE DA SILVA LALANDE» nasceu a 7 de Novembro de 1913 em SALGUEIRO DO CAMPO - CASTELO BRANCO e faleceu em LISBOA em 21 de Março de 1968. Entre para o CONSERVATÓRIO DE LISBOA com apenas 13 anos, onde fez os cursos de teatro (ou de Arte Dramática) e de Bailado, tendo obtido o 1º prémio quando terminou o curso de teatro. Ainda aluna, estreou-se no TEATRO DA TRINDADE na peça "A COVA DA PIEDADE", contracenando com ADELINA ABRANCHES.  
MARIA LALANDE integra a Companhia AMÉLIA REY-COLAÇO/ROBLES MONTEIRO, depois da reposição das peças; "PERALTAS" e "SÉCIAS", sendo a sua estreia como profissional  no ano de 1931, no TEATRO NACIONAL D. MARIA II, interpretando a peça "ROMANCE" de Sheldon.
Pela sua aparência terna e cândida (de olhos muito grandes e febris), passa a desempenhar um papel especifico de "ingénua dramática" desta companhia, onde permanecerá durante mais de uma década.
Seguiram-se depois a peça de Eduardo SCHWALBACH a "CAROCHINHA", "FREI LUÍS DE SOUSA" de Almeida Garrett no entanto foi em "A ASCENÇÃO DE JOANINHA"(1944) de Gerhart Hauptmann, que revelou o grande talento para esta área artística, estando na origem, o seu maior êxito. Representou ainda "A DAMA DAS CAMÉLIAS "(1936) de Alexandre Dumas e outras.
É constituída a Companhia de ANTÓNIO LOPES RIBEIRO e seu irmão FRANCISCO RIBEIRO (Ribeirinho), que alugam o TEATRO DA TRINDADE para sua representações. Chamava-se "OS COMEDIANTES DE LISBOA" e levaram à cena um reportório cheio de novidades e de grande qualidade. 
MARIA LALANDE estava descontente com a ideologia praticada no D. MARIA II, tal como muitos dos seus colegas grandes actores, que resolveram juntar-se a LALANDE e à nova COMPANHIA no TRINDADE. São representados "PIGMALEÃO"(1945) de Bernard Shan, "MISS BÁ" e "BÂTON", entre outras. Durante o seu percurso em "OS COMEDIANTES DE LISBOA" onde contracenou com o actor FRANCISCO RIBEIRO (Ribeirinho), com quem casou e de quem teve uma filha, "MARIA MANUELA LALANDE LOPES RIBEIRO".
Com a extinção da Companhia de "OS COMEDIANTES DE LISBOA" em 1950, MARIA LALANDE não pretende voltar ao NACIONAL e decide percorrer outras casas de TEATRO (VARIEDADES e MARIA VITÓRIA). É neste contexto que entre 1952 e 1953 que representa "A HIPÓCRITA" de Emlyn Wiliams e "O MILAGRE DA RUA" de Costa Ferreira.
No ano de 1955 marca a sua presença no "TEATRO D'ARTE DE LISBOA", destacando-se na peça "A CASA DOS VIVOS" e "YERMA", após o que fica parada durante uns anos.
Retoma a sua actividade de actriz em 1965 nas comemorações do CENTENÁRIO DE GIL VICENTE, é convidada para fazer o "AUTO DA ALMA" no TEATRO DE SÃO CARLOS com encenação de Almada Negreiros. Em 1966 MARIA LALANDE reaparece. Ninguém sabe mas é o seu derradeiro folgo, numa série de espectáculos memoráveis que com outros actores integra a COMPANHIA PORTUGUESA DE ACTORES, no TEATRO VILLARET, com as peças "AS RAPOSAS" e "FUMO DE VERÃO". A sua última aparição foi em "ANTÓNIO MARINHEIRO" de Bernardo Santareno no TEATRO SÃO LUÍS, representando o papel (embora já doente) da "BERNARDA", com a qual se despede dos palcos.
No CINEMA (embora ainda mudo) integrou o elenco de "LISBOA CRÓNICA ANEDÓTICA"(1930) de Leitão de Barros, "CAMPINOS DO RIBATEJO"(1932) de ANTÓNIO LOPES RIBEIRO. Na era do cinema sonoro teve interpretações em "ROSA DO ADRO"(1938) de Chianca de Garcia, "FÁTIMA TERRA DE FÉ"(1943) de Jorge Brum do Canto e "NÃO HÁ RAPAZES MAUS"(1948) de Eduardo Garcia Maroto. Ao longo da sua vida ganhou os prémios EDUARDO BRAZÃO e de LUCÍLIA SIMÕES.
MARIA LALANDE foi uma figura de primeiro plano no TEATRO português contemporâneo. [ FINAL ]

BIBLIOGRAFIA
- 2ªs. Jornadas sobre Toponímia de Lisboa-Coord. António Trindade e Teresa Pereira - Edição da CML-DMAGGRH/Departamento de Administração Geral 1997- LISBOA.
- 3ªs. Jornadas sobre Toponímia de Lisboa- Coord. Antº. Trindade, Paula Machado e Teresa Sancha Pereira - Edição da CML-Dep. de Administração Geral - 2000 - LISBOA.
- 4ªs. Jornadas sobre Toponímia de LISBOA -Coord. Paula Levy, Jorge Pereira da Silva e Antº. Trindade-Edição da CML - Dep. de Serviços Gerais- 2004 LISBOA.
- ACTAS da Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa - Edição da CML- anos 1943-1974; 1974-1989;1990-2000 - LISBOA.
- ALEXANDRE, Paulo - Duas Vidas uma só-Esquilo-2010-LISBOA.
- ANTÓNIO SILVA - Edição da CINEMATECA PORTUGUESA - 1986 - LISBOA.
- AS NOVAS RUAS DE LISBOA 102 TOPÓNIMOS(1998-2001)-CML- 2001- LISBOA.
- CINEMATECA PORTUGUESA  - CICLO DE ANTÓNIO SILVA - Cinemateca-1986 - LISBOA
- MACHADO, Paula - As Novas Ruas de LISBOA "102 topónimos(1998/2001)-Comissão Municipal de Toponímia - Ed. da CML - 2002 - LISBOA.
- PORTUGAL SÉCULO XX - Portugueses Célebres - Ed. Círculo de Leitores - 2003-LISBOA.
- REBELLO, Luiz Francisco - História do Teatro de Revista em Portugal- Vol. I e II - Publicações Dom Quixote - 1985 - LISBOA.
- REIS, António - Portugal contemporâneo-Vol.I- Publicações ALFA- 1996 - LISBOA
- SANTOS, Salvador - No Palco da Saudade recorda "Helena Félix".
- SARAIVA, A. J., e LOPES, Óscar - HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA - 17ª ed. Porto Editora - 1996 - PORTO.
- SOBREIRA, Rosa Maria - Os Jornalistas Portugueses 1933-1974 uma profissão em construção - Livros Horizonte - 2003 - LISBOA.
- TRINDADE, Luís - ANTÓNIO SILVA - Temas e Debates - 2005 - LISBOA.
- TRINDADE, Luís - VASCO SANTANA - Círculo de Leitores - 2008 - LISBOA
INTERNET
CAVALO SELVAGEM
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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XXI ]

RUA LUCÍLIA SIMÕES
 Rua Lucília Simões - (2012) - Foto de André Barragon (A RUA LUCÍLIA SIMÕES próximo da Rua Maria Lalande na freguesia de BENFICA) in  PANORAMIO
 Rua Lucília Simões - (2012) Foto de André Barragon (A RUA LUCÍLIA SIMÕES no BAIRRO DAS PEDRALVAS) in  PANORAMIO
 Rua Lucília Simões - (2010) Foto de Lampião2000 (Um troço da RUA LUCÍLIA SIMÕES no segundo Bairro dos Actores, na freguesia de BENFICA) in  SKYSCRAPERCITY
 Rua Lucília Simões - (1977) Foto de autor não identificado (Placa Toponímica TIPO II indicando que mais uma actriz, tem uma RUA em LISBOA) in  O INFERNO
 Rua Lucília Simões - (Década dos anos 40 do século XX) (Um retrato da actriz LUCÍLIA SIMÕES antes do final da sua carreira)  in  OS ANOS DE OURO DO CINEMA PORTUGUÊS
Rua Lucília Simões - (1945) - ("LUCÍLIA SIMÕES" e "NASCIMENTO FERNANDES" numa cena do filme "A VIZINHA DO LADO" direcção de António Lopes Ribeiro)  in OS ANOS DE OURO DO CINEMA PORTUGUÊS

(CONTINUAÇÃO)-RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XXI ]

«RUA LUCÍLIA SIMÕES»

A «RUA LUCÍLIA SIMÕES» pertence à freguesia de «BENFICA». Começa na RUA MARIA LALANDE número 7 e finaliza na RUA PAZ DOS REIS.
A Acta Nº 122 de 14 de Novembro de 1977, da COMISSÃO CONSULTIVA MUNICIPAL DE TOPONÍMIA, dava parecer favorável que a "RUA-E" da zona Nascente do BAIRRO DAS PEDRALVAS, entre a "CALÇADA DO TOJAL" e a "ESTRADA DE BENFICA", seja designada por "RUA LUCÍLIA SIMÕES" - ACTRIZ - (1879-1962), sendo aprovado pelo EDITAL de 31 de Janeiro de 1978.

«LUCÍLIA CÂNDIDA SIMÕES FURTADO COELHO» nasceu no RIO DE JANEIRO (BRASIL) a 2 de Abril de 1879 e faleceu em LISBOA a 8 de Junho de 1962. Filha da actriz "LUCINDA SIMÕES" e do actor-empresário LUÍS FURTADO COELHO, estreou-se como amadora em 5 de Abril de 1895 na peça "FREI LUÍS DE SOUSA" de Almeida Garrett, no papel de MARIA, representada no TEATRO AVENIDA em COIMBRA. Pouco tempo depois abraça a carreira profissional em LISBOA, na peça "MADAME DE SANS-GENÉ" de SARDOU em Dezembro de 1895, no TEATRO DA RUA DOS CONDES. Contracenou com os principais actores portugueses do final do século XIX e princípio do século XX como: EDUARDO BRAZÃO, ÂNGELA PINTO, ROSA DAMASCENO, ADELINA ABRANCHES e sua mãe, LUCINDA SIMÕES.
LUCÍLIA SIMÕES na interpretação do papel de NORA, em "CASA DE BONECAS"(1897) do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, terá sido um dos seus primeiros grandes sucessos da sua carreira.
Em Fevereiro de 1899, a Companhia de sue mãe LUCINDA SIMÕES, estreou este texto em COIMBRA, no TEATRO-CIRCO PRÍNCIPE REAL. A partir da tradução de CRISTIANO DE SOUSA a peça foi ensaiada por "LUCINDA SIMÕES", tendo o par NORA/HELMER sido desempenhado por "LUCÍLIA SIMÕES" e CRISTIANO DE SOUSA, e a personagem da senhora LINDE representada por "LUCINDA SIMÕES". A "CASA DE BONECAS" foi o primeiro espectáculo baseado numa peça de Henrik Ibsen feito por uma Companhia portuguesa e representada em Portugal e no Brasil. Depois desta representação, um crítico de teatro teceu alguns elogios a "LUCÍLIA SIMÕES" referindo-se ao seu papel na personagem de NORA, dizendo: "Que deve lutar (...) para ter longa vida de triunfos".
Apesar destas críticas, LUCÍLIA SIMÕES teve ainda outra fase de grandes sucessos, até que, por razões particulares afasta-se do teatro durante treze anos. 
Reaparece nos palcos em 1921, à frente da sua própria COMPANHIA, tinha-se associado ao actor ERICO BRAGA, (com quem tinha casado entretanto) formando assim a COMPANHIA LUCÍLIA SIMÕES/ERICO BRAGA. São inúmeras as listas de obras a que LUCÍLIA SIMÕES ligou o seu nome, mas recordemos as mais recentes: "O BÂTON" de Alfredo Cortês, escrita para ela e para JOÃO VILLARET e a "PERDOAI-NOS SENHOR", de Mendonça Alves, "FOGUEIRAS DE S. JOÃO", onde o seu trabalho mereceu justamente os louvores da crítica.
Interpreta magnificamente a peça "RAÇA" de Lenhares Rivas e de "GARÇONNE" extraída do romance de Victor Marguerite. Depois de uma temporada brilhante em que levou à cena todo o género de teatro, apresentou também "MAR ALTO" de António Ferro, que serviu para mostrar que desejava lançar novos ares no teatro com a Companhia. LUCÍLIA afirmava não ser possível trabalhar no palco do D. MARIA II porque "a lei que rege esse teatro mo proíbe, por ser brasileira". Em 1936, após a separação com ERICO BRAGA, esta Companhia dissolve-se e LUCÍLIA SIMÕES vai para a COMPANHIA REY COLAÇO/ROBLES MONTEIRO substituir a sua mãe, na peça "A CONSPIRADORA" de Mendonça Alves. 
Durante dois anos esteve como ensaiadora teatral no BRASIL, na COMPANHIA DE EVA TUDOR. Regressou a PORTUGAL e integrou-se nos COMEDIANTES DE LISBOA (dirigido por RIBEIRINHO) onde deu o seu melhor, tendo representado em 1951 no TEATRO MONUMENTAL a sua penúltima peça "O HOMEM QUE VEIO PARA O JANTAR". Teve ainda  a sua festa de despedida a 8 de Junho de 1951, acabando por deixar definitivamente o TEATRO.
No CINEMA colaborou nos filmes: "A VIZINHA DO LADO"(1945) de António Lopes Ribeiro, "NÃO HÁ RAPAZES MAUS"(1948) de Eduardo Garcia Maroto e "ERAM DUZENTOS IRMÃOS"(1952) de Armando Vieira Pinto. 
Ao longo da sua carreira recebeu inúmeros prémios, destacando-se a "COMENDA DA ORDEM DE SANTIAGO" em PORTUGAL e as "PALMAS DE OURO" da ACADEMIA FRANCESA e bastantes homenagens que o BRASIL lhe prestou.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES[XXII]-RUA MARIA LALANDE