sábado, 27 de fevereiro de 2016

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-3.ª SÉRIE [ XI ]

«RUA CÂNDIDO DE FIGUEIREDO»
 Rua Cândido de Figueiredo - (2015) - (Início da "RUA CÂNDIDO DE FIGUEIREDO" vista da " RUA PADRE FRANCISCO ÁLVARES") in  GOOGLE EARTH
 Rua Cândido de Figueiredo - (2015) - (Panorâmica da "Freguesia de S. Domingos de Benfica" onde esta inserida a "RUA CÂNDIDO DE FIGUEIREDO") in GOOGLE EARTH 
 Rua Cândido de Figueiredo - (2015) - (Um troço da "RUA CÂNDIDO DE FIGUEIREDO" in GOOGLE EARTH
 Rua Cândido de Figueiredo - (2015) - (Mais um troço da "RUA CÂNDIDO DE FIGUEIREDO" na freguesia de "S. DOMINGOS DE BENFICA") in GOOGLE EARTH
 Rua Cândido de Figueiredo - (2015) - ( A "RUA CÂNDIDO DE FIGUEIREDO" no sentido de Poente para Nascente)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Cândido de Figueiredo - (1961) Foto de Artur Inácio Bastos - (A "RUA CÂNDIDO DE FIGUEIREDO" na freguesia de "SÃO DOMINGOS DE BENFICA") (Abre em tamanho grande)  in AML 
 Rua Cândido de Figueiredo - (1965) Foto de Artur Goulart - (A "RUA CÂNDIDO DE FIGUEIREDO" na década de sessenta do século vinte) in  AML 

Rua Cândido de Figueiredo - (1965) - Foto de Artur Goulart (A "RUA CÂNDIDO DE FIGUEIREDO" e o "EXTERNATO S. JORGE DE BENFICA" na freguesia de "SÃO DOMINGOS DE BENFICA") in   AML


(CONTINUAÇÃO)- RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ XI ]

« RUA CÂNDIDO DE FIGUEIREDO»

A «RUA CÂNDIDO DE FIGUEIREDO» pertence à freguesia de «SÃO DOMINGOS DE BENFICA». Inicia no "LARGO MONSENHOR DELGADO" no número 10 e finaliza na "RUA PADRE FRANCISCO ÁLVARES. (Uma chamada de atenção para esta RUA que tem início com a numeração de POENTE para NASCENTE, o que não é muito habitual. Também para o facto de que em determinada altura a RUA sofreu uma alteração para nascente. Em tempos terminava na "RUA GONÇALVES VIANA" no número 13, agora com o seu prolongamento termina na "RUA PADRE FRANCISCO ÁLVARES").
O "ALTO DO MOINHO" desde 1959 pertence à freguesia de "SÃO DOMINGOS DE BENFICA" é uma zona célebre e remonta ao século XVIII.
Por um EDITAL Camarário de 29 de Janeiro de 1932, foi determinado que passasse a ostentar o nome do Dicionarista e jornalista «CÂNDIDO DE FIGUEIREDO» na antiga RUA-"B" ao "ALTO DOS MOINHOS".

«ANTÓNIO CÂNDIDO DE FIGUEIREDO» nasceu em "LOBÃO DA BEIRA" uma freguesia do Concelho de TONDELA, em 19 de Setembro de 1846 e faleceu em LISBOA a 26 de Novembro de 1926, este mestre da língua portuguesa, que foi poeta e jornalista mas ficaria para a posteridade como lexicólogo, autor de um dos mais reputados dicionários da língua portuguesa. (Nos anos cinquenta e sessenta do século XX, quando na minha fase de CHARADISTA adoptei sempre para os trabalhos de produção e decifração, o "PEQUENO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA" de "CÂNDIDO DE FIGUEIREDO" - 10.ª Edição).
"CÂNDIDO DE FIGUEIREDO" estudou em VISEU, onde frequentou até ao termo do curso o seminário local. Não seguiu, porém, a vida eclesiástica e preferiu seguir para COIMBRA onde se formou em DIREITO. Correu várias terras do país no exercício de cargo  diversos, até se fixar em LISBOA, primeiro como professor de LICEU e depois como funcionário do MINISTÉRIO DA JUSTIÇA.
Estreando-se nas letras como poeta ("QUADROS CAMBIANTES" foi o seu primeiro livro) acabaria por acumular os seus trabalhos no funcionalismo uma intensa prática em jornais e revistas. A enumeração , não exaustiva, das publicações em que trabalhou, dá uma ideia desse labor: "PANORAMA", "ALJUBARROTA", "LUSITANO", "PROGRESSO", "BEM PÚBLICO", "VOZ FEMININA", "REV. DOS MONUMENTOS SEPULCRAIS", "DIÁRIO POPULAR", "PAÍS", "TRIBUTO POPULAR", "GAZETA SETUBALENSE", "O CENÁCULO", JORNAL DO NORTE", "JORNAL DO COMÉRCIO", no BRASIL... Foi ainda director do "DIÁRIO DE PORTUGAL" e, em 1886 fundou uma REVISTA contemporânea dos sucessos políticos; económicos, sociais e literários, chamada "A CAPITAL". Saía esta aos Domingos. Depois, foi ainda publicada uma segunda série, cujo dia de saída era à quinta.feira. Em 1887 terá acabado.
«CÂNDIDO DE FIGUEIREDO» lançou-se em novas iniciativas com o diário "O GLOBO". E, mais tarde, fixou-se como colaborador do "DIÁRIO DE NOTÍCIAS", praticamente até ao fim da sua vida. Foi um dos fundadores da "SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA".
No entanto, a obra que o celebrizou foi, contudo, o "DICIONÁRIO", com quatro edições em vida do autor. Conta-se que teve uma incursão teatral, a pedido de seu amigo "CASTILHO". Este teria prometido a uma actriz do "GINÁSIO", "EMÍLIA DOS ANJOS", uma peça traduzida de propósito para a sua festa ( o seu "benefício", como se dizia na época). Mas o poeta não teve tempo e pediu ao seu jovem e circunspecto colega "CÂNDIDO DE FIGUEIREDO" que traduzisse as "DUAS VIÚVAS". E que remédio havia se não fazer a vontade ao seu amigo e mestre.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-3.ª SÉRIE [ XII ]-RUA EDUARDO COELHO».

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ X ]

«RUA BRITO CAMACHO ( 2 )»
 Rua Brito Camacho - (2015) -  (Uma vista do início da "RUA BRITO CAMACHO" na parte SUL) in GOOGLE EARTH
 Rua Brito Camacho - (2015) - (Panorama mais aproximado do sítio onde se encontra a "RUA BRITO CAMACHO" na freguesia do "LUMIAR") in  GOOGLE EARTH 
 Rua Brito Camacho - (2015) - (Um troço da "RUA BRITO CAMACHO" vista de Norte para Sul)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Brito Camacho - (2015) - (Aspecto de "RUA BRITO CAMACHO" na freguesia do "LUMIAR") in GOOGLE EARTH
Rua Brito Camacho - (2015) - ( A parte Norte da "RUA BRITO CAMACHO") in GOOGLE EARTH 


(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ X ]

«RUA BRITO CAMACHO ( 2 )»

«BRITO CAMACHO» assinava os editoriais e era ainda geralmente o autor das secções "AO DE LEVE" e "ECOS", feitas de pequenas notas que, pela sua ironia e vivacidade, depressa se transformaram em leituras obrigatórias.
Tinha colaboradores de grande envergadura, como "BASÍLIO TELES", "AUGUSTO DE VASCONCELOS", " DUARTE  LEITE" e outros.
Entretanto, o jornalista foi eleito deputado pelo circulo de BEJA. Ele e o jornal "A LUTA" travaram combate em múltiplas campanhas, como o caso dos adiantamentos à CASA REAL, a questão dos TABACOS e o problema dos AÇUCARES.
Claro que, sendo como era, "A LUTA" e "CAMACHO" tiveram inimigos. Conta-se, por exemplo, que um movimento de jovens se reuniu numa agremiação que tinha a sua sede num prédio de uma rua próxima do CHIADO e se evidenciou como ferozmente "ANTI-CAMACHISTA". Em artigos na imprensa ou em comunicados, tentavam apoucar o jornalista e político. Acontecia, porém, que, no prédio onde o referido grupo se reunia, existia, num andar mais alto, um bordel mais ou menos reconhecido. Assim, ao fazerem notar a "CAMACHO" que "os garotos se andavam a meter com ele", logo a resposta explodiu: "Andam, andam... Ainda me obrigam a subir a escada e a fazer queixa às mãezinhas deles...".  

Proclamada a REPÚBLICA, "BRITO CAMACHO" fez parte do GOVERNO PROVISÓRIO", com a pasta do "FOMENTO" ( 1 ).
Fundou seguidamente o "PARTIDO REPUBLICANO UNIONISTA". Mais tarde, já nos anos vinte, foi alto-Comissário em Moçambique, ocasião em que deixou a Direcção efectiva do diário "A LUTA".
 Durante a primeira "GRANDE GUERRA" (1914-1918), manteve-se um tanto afastado do "GOVERNO DE UNIÃO SAGRADA", já que defendia que a intervenção de PORTUGAL no conflito deveria processar-se somente nas COLÓNIAS e não em FRANÇA ( 2 ).

Nos últimos anos de vida era frequentador do "CAFÉ CHIADO", aberto no local onde fora o "MARRARE" na "RUA GARRETT. Já então privado de tribuna parlamentar e jornalista, lá distribuía os seus ditos de espírito.

- ( 1 ) -"BRITO CAMACHO" como membro do Governo foi um dos mentores, conjuntamente com "JOAQUIM TEÓFILO DE BRAGA", "ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA", "AFONSO COSTA", "JOSÉ RELVAS", "ANTÓNIO XAVIER CORREIA BARRETO", "AMARO DE AZEVEDO GOMES" e "BERNARDINO MACHADO", que subscreveram  a "LEI DA SEPARAÇÃO DA IGREJA DO ESTADO", em 20 de Abril de 1911.
- (  ) - Na sequência da "REVOLUÇÃO DE 28 de Maio de 1926", "BRITO CAMACHO" foi obrigado a abandonar a actividade política, retirando-se para a vida privada.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-3ª.SÉRIE [ XI ] - RUA CÂNDIDO DE FIGUEIREDO».


sábado, 20 de fevereiro de 2016

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ IX ]

«RUA BRITO CAMACHO ( 1 )»
 Rua Brito Camacho - (2015) - (A "RUA BRITO CAMACHO" vista no seu início de Sul para Norte) in  GOOGLE EARTH
 Rua Brito Camacho - (2015) - (Panorama de parte da Freguesia do "LUMIAR" onde se insere a "RUA BRITO CAMACHO")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Brito Camacho - (2015) - A "RUA BRITO CAMACHO" ainda no seu prolongamento para Norte) in  GOOGLE EARTH
 Rua Brito Camacho - (2015) - (A "RUA BRITO CAMACHO" na freguesia do «LUMIAR») in  GOOGLE EARTH 
Rua Brito Camacho - (1911) - Foto de Joshua Benoliel - (A figura de Brito Camacho publicada na "Ilustração Portuguesa", jornalista e lutador político, fundador  do jornal "A LUTA")  in  WIKIPÉDIA 

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE

«RUA BRITO CAMACHO ( 1 )»

A «RUA BRITO CAMACHO» pertence à freguesia do « L U M I A R ». Esta RUA tem o início fechado e liga a Norte com a "RUA ABEL SALAZAR" ao "ALTO DA FAIA".
«BRITO CAMACHO» não teve o seu nome numa rua de LISBOA durante o ESTADO NOVO. Depois  andou esquecido durante anos.
Mas um EDITAL Camarário de 30 de Outubro de 1997, veio consagrar o seu nome na freguesia do LUMIAR, mais exactamente no  "ALTO DA FAIA".
Este Alentejano (natural de ALJUSTREL, onde nasceu a 12 de Fevereiro de 1862, veio a falecer em LISBOA em 19 de Setembro de 1934).
"BRITO CAMACHO" era médico militar (formado em LISBOA), embora as suas duas grandes paixões fossem sempre o jornalismo e a política.
 Na verdade, foi desde muito jovem um ardoroso militante republicano. E para servir esse seu ideal, fundou e dirigiu dois jornais e colaborou em vários.
Notabilizou-se em diversas facetas, pelos seus ditos e pelos seus feitos, no que respeita à transmissão para a posteridade. 
Conta-se que um dia "BRITO CAMACHO" foi ao Parlamento (chamado Câmara dos Deputados no tempo da "I REPÚBLICA"), ostentando na cabeça um chapéu de palha que já tinha conhecido melhores dias. Posto de lado, trémulo, quase sem forma, o "palhinhas" mais parecia peça de ferro-velho do que cobertura de cabeça de um homem que foi jornalista, deputado, chefe de partido, ministro...  Alguém fez notar, delicadamente a "CAMACHO" a  provecta idade do chapéu. Resposta imediata do "tribuno": "Se fosse de palha nova, já os meus opositores mo tinham comido...".
Na galeria de iluminados que têm sempre resposta pronta, mesmo na ponta da língua, e que disparam o comentário incisivo e ácido a tempo, «BRITO CAMACHO» teria lugar de honra.
«MANUEL BRITO CAMACHO» despertou para a política com o "ULTIMATO BRITÂNICO" de 1890. 
Começou a conviver com republicanos e em breve pronunciava em LISBOA, num "CENTRO SOCIALISTA" que existia nas AMOREIRAS, uma conferencia a que deu o titulo "A COROA SUBSTITUÍDA PELO CHAPÉU ALTO".

Destacado como militar para VISEU, lá fundou o jornal "INTRANSIGENTE", onde começou a afirmar as suas qualidades de propagandista da REPÚBLICA e de polemista.

Pode dizer-se sem receio de desmentido, que "A LUTA" foi um dos mais poderosos veículos das novas ideias e que muito trabalhou para a queda da "MONARQUIA".



(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-3.ª SÉRIE[ X ]-RUA BRITO CAMACHO ( 2 )».

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-3.ª SÉRIE [ VIII ]

«RUA BRITO ARANHA»
 Rua Brito Aranha ( 2015) - (um pormenor da "RUA BRITO ARANHA" no BAIRRO DO ARCO DO CEGO e o edifício da Segurança Social a "olhar" para esta Rua) in GOOGLE EARTH
 Rua Brito Aranha - (2015) - (Um troço da RUA BRITO ARANHA no Bairro do Arco do Cego, actual freguesia do AREEIRO)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Brito Aranha - (2015) - (A RUA BRITO ARANHA no antigo Bairro Social do Arco do Cego, ao fundo o belíssimo edifício da Segurança Social) in   GOOGLE EARTH 
 Rua Brito Aranha - (2015) - (Panorama do "BAIRRO DO ARCO DO CEGO" onde se insere a "RUA BRITO ARANHA" actual freguesia do AREEIRO. O Edifício que se apresenta de cor azul escuro e formando um rectângulo, são as instalações da C.G.D. no AREEIRO) in GOOGLE EARTH 
 Rua Brito Aranha - (década de 60 do século XX) Foto de Artur Goulart - (Em construção o edifício junto do "BAIRRO DO ARCO DO CEGO" vista da Rua Brito Aranha)  in  AML 
Rua Brito Aranha - (1964) - Foto de Artur Goulart - ( O edifício   para o antigo  Ministério do Emprego em construção, perto da RUA BRITO ARANHA, hoje "TORRE DA SEGURANÇA SOCIAL")  in  AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ VIII ]

«RUA BRITO ARANHA»

A «RUA BRITO ARANHA» pertencia à antiga freguesia de "SÃO JOÃO DE DEUS", pertence hoje à freguesia do «AREEIRO». Pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE 2012, esta nova freguesia passou a incorporar as freguesias de "SÃO JOÃO DE DEUS" e "ALTO DO PINA".
O Edital camarário de 18 de Julho de 1933, determinou que a "RUA Nº. 1" do BAIRRO SOCIAL DO ARCO DO CEGO, tivesse o nome deste Jornalista.
Este BAIRRO DO ARCO DO CEGO é um projecto da I REPÚBLICA possivelmente no ano de 1919. A sua construção foi iniciada no princípio da década de 30 do século XX, tendo a última edificação ficado concluída no ano de 1935.
A "RUA BRITO ARANHA"  começa na "RUA REIS GOMES" no número 10, e termina na "RUA BRÁS PACHECO" no número 19.
«PEDRO VENCESLAU DA SILVA ARANHA» era lisboeta, nascido em 28 de Junho de 1833, faleceu também em LISBOA em 8 de Setembro de 1914.
Jornalista. bibliógrafo e Tipógrafo, trabalhou toda a sua vida em Jornais. Começou como tipógrafo aprendiz aos 16 anos e foi singrando na profissão até ser admitido no quadro do pessoal artístico da "IMPRENSA NACIONAL".
Fazia da leitura e da conversação com gente culta os seus principais passatempos, tentando assim compensar a sua falta de estudos.
Estreou-se a escrever num jornal de nome comprido: o "JORNAL DO CENTRO PROMOTOR DOS MELHORAMENTOS DAS CLASSES LABORIOSAS". Colaborou depois na "TRIBUNA DO OPERÁRIO". O êxito dos seus escritos levou-o a trocar a tipografia pela redacção, passando a trabalhar para várias publicações.
E breve trecho, estava a colaborar no célebre "ARQUIVO PITORESCO", tendo mesmo dirigido os últimos volumes desta revista.
Foi depois o continuador de "INOCÊNCIO FRANCISCO DA SILVA" tendo ficado ligado ao "DICIONÁRIO BIBLIOGRÁFICO PORTUGUÊS" do qual completou 4 volumes. 

Boa parte da sua carreira foi, porém, dedicada ao "DIÁRIO DE NOTÍCIAS", jornal de que se tornou redactor principal desde a morte do fundador, "EDUARDO COELHO". Entretanto, foi ajudando a fundar a "SOCIEDADE DE GEOGRAFIA", o "ALBERGUE DOS INVÁLIDOS DO TRABALHO", a "ASSOCIAÇÃO DOS ESCRITORES E JORNALISTAS", a "ASSOCIAÇÃO TIPOGRÁFICA LISBONENSE E ARTES DECORATIVAS" e o "GRÉMIO ARTÍSTICO". Do conjunto das suas obras são de destacar, "MEMÓRIAS HISTÓRICAS-ESTATÍSTICAS DE ALGUMAS VILAS E POVOAÇÕES DE PORTUGAL (1871). "SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO JORNALISMO NAS PROVÍNCIAS ULTRAMARINAS"(1885). A "IMPRENSA DE PORTUGAL NOS SÉCULOS XV E XVI"(1898).
Foi galardoado com a medalha de prata de serviços humanitários da CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA. e a "ORDEM DE TORRE E ESPADA" enquanto vogal da "ASSOCIAÇÃO TIPOGRÁFICA" durante a epidemia da febre amarela de 1857.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS- 3.ª SÉRIE [ IX ]-RUA BRITO CAMACHO ( 1 )»

sábado, 13 de fevereiro de 2016

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ VII ]

«RUA BERNARDO DE PASSOS»
 Rua Bernardo de Passos - (2015) - (A entrada da "RUA BERNARDO DE PASSOS", para que se apresenta pela "Rua Brás Pacheco". Num pormenor do candeeiro do início da construção do "BAIRRO SOCIAL DO ARCO DO CEGO")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Bernardo de Passos - (2015) - (A "RUA BERNARDO DE PASSOS" a sua finalização na "RUA BRITO ARANHA" para Norte) in  GOOGLE EARTH
 Rua Bernardo de Passos - (2015) - (Panorâmica geral do "BAIRRO DO ARCO DO CEGO" onde está inserida a "RUA BERNARDO DE PASSOS" na actual freguesia do «AREEIRO») in GOOGLE EARTH
 Rua Bernardo de Passos - (2015) - (Panorâmica mais aproximada do "BAIRRO DO ARCO DO CEGO", vendo-se a "RUA BERNARDO DE PASSOS") in  GOOGLE EARTH
Rua Bernardo de Passos - (1962) Foto de Artur Goulart - (A "RUA BERNARDO DE PASSOS" no BAIRRO DO ARCO DO CEGO", junto da Escola Secundária 2,3 DONA FILIPA DE LENCASTRE) ( Abre em tamanho grande )  in    AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ VII ]

«RUA BERNARDO DE PASSOS »

A «RUA BERNARDO DE PASSOS» pertencia à antiga freguesia de "SÃO JOÃO DE DEUS", hoje pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, passou a  chamar-se freguesia do «AREEIRO», incorporando ainda a antiga freguesia do "ALTO DO PINA".
A este jornalista e poeta decidiu LISBOA homenagear, em 1955. Assim, um EDITAL CAMARÁRIO publicado em 31 de Dezembro daquele ano, deliberou que a "RUA - A" do "BAIRRO SOCIAL" do "ARCO DO CEGO" passasse a chamar-se " RUA BERNARDO DE PASSOS". Este arruamento tem início na "RUA BRÁS PACHECO" e finaliza na "RUA BRITO ARANHA" do BAIRRO SOCIAL.
E assim, mais um nome de jornalista passou a figurar nas esquinas da cidade de LISBOA.
«BERNARDO RODRIGUES DE PASSOS» (1876-1930) poeta e jornalista foi este um algarvio de gema, nascido em SÃO BRÁS DE ALPORTEL, em 29 de Outubro de 1876, e falecido em FARO em 1 de Junho de 1930.

Existe quem, tendo dos jornais e meios de comunicação em geral, uma ideia fria e concisa, suponha que a função de jornalista é incompatível com o estado de poeta. Quem pensar assim, basear-se-á  na ideia de que a missão de quem transmite, de quem relata acontecimentos, exige uma tal isenção, um tal distanciamento que este não se compadece com o compromisso que o poeta assume com os ideais e, por vezes, com algumas saudáveis utopias. 
O certo é que não rareiam os exemplos, nos dias de hoje como nos de ontem, de homens e mulheres que frequentam os domínios da musa poética e que não deixam por isso de bem escrever para os jornais, de bem transmitir por palavras e por imagem os acontecimentos. Se quisermos fazer sobre o caso uma pequena filosofia barata, poderíamos pensar que a poesia se torna numa necessidade de quem se cansa do desencanto do dia-a-dia e não quer esquecer que existem patamares mais elevados. Sendo uma fuga para a frente. E, como nestas coisas não há regras, também se dá o inverso:aqueles que são sobretudo, poetas genuínos e que não dispensam uma intenção activa na vida que os rodeia, escolhendo para tanto a vida da comunicação.

Terá sido o caso de "BERNARDO DE PASSOS"... rimava como respirava, o que não o impedia também de vasta actuação em jornais.
Tem havido em PORTUGAL poetas que se impõem pela facilidade aparente dos seus processos, pela espontaneidade com que conseguem encerrar conceitos profundos nos quatro versos de uma quadra.
"JOÃO DE DEUS" (o da CARTILHA MATERNAL e Algarvio), será possivelmente o mais conhecido, mas a esse grupo podemos juntar; AUGUSTO GIL, SILVA TAVARES, ANTÓNIO ALEIXO (também ele Algarvio) e BERNARDO DE PASSOS que, dotado de extraordinário poder emotivo, de sensibilidade fora do comum e com a capacidade de tudo  transformar em verso.
"GRÃO DE TRIGO", "A ÁRVORE E O NINHO" e "REFÚGIO" são algumas das suas obras poéticas. O ensaísta "FIDELINO DE SOUSA FIGUEIREDO" dedicou-lhe palavras entusiásticas, nas apreciações que fez das obras. Essa veia não o impedia, porém, de desde cedo se notabilizar na imprensa algarvia.
Publicou com pseudónimo de "BRÁS BRASIL" ou "PASSOS JÚNIOR", ia colaborando activamente nos jornais, fazendo sobretudo a apologia do regime republicano.  A sua doçura como poeta, contrapunha uma sanha de panfletário quando combatia pela sua dama, a REPÚBLICA. Que o diga, por exemplo, a sua obra "A REACÇÃO NO ALGARVE".
A dada altura, decidiu criar o seu próprio jornal, um semanário de nome «CORREIO DO SUL», que dirigiu, e que logo atingiu notoriedade em toda a província.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE[ VIII]-RUA BRITO ARANHA»

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ VI ]

«A RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA»
 Rua Augusto José Vieira - (2015) - O início da "RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA" para quem se apresenta pela "Rua da Penha de França", antiga "ESTRADA DA PENHA DE FRANÇA") in  GOOGLE EARTH
 Rua Augusto José Vieira - ( 2015) - (Panorâmica de parte da freguesia da "PENHA DE FRANÇA" onde está inserida a "RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA") in  GOOGLE EARTH
 Rua Augusto José Vieira - (2015) - (A "RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA" no sentido Nascente) in  GOOGLE EARTH
 Rua Augusto José Vieira - (2015) - (Um troço da "RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA" no "BAIRRO LAMOSA, ao fundo a "vestuta" "RUA DA PENHA DE FRANÇA" in  GOOGLE EARTH
 Rua Augusto José Vieira - (2015) - ( A "RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA" no sentido Poente) in GOOGLE EARTH
Rua Augusto José Vieira - ( 1964 ) Foto de Armando Serôdio - (Edifício antigo na "RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA" na década de sessenta do século XX)  in   AML  

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ VI ]

«A RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA»

A «RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA» pertence à freguesia da «PENHA DE FRANÇA» que pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, incorporou a freguesia de «SÃO JOÃO» ficando com mais espaço.
Esta Rua tem início na "RUA DA PENHA DE FRANÇA" no número 81 e termina na "RUA FEIO TERENAS" no número 37. 

"AUGUSTO JOSÉ VIEIRA" tem uma RUA com seu nome na "PENHA DE FRANÇA", na antiga "RUA - N.º 2" do BAIRRO LAMOSA,  foram colocadas as placas com esta designação, por força de um EDITAL CAMARÁRIO de 22 de Agosto de 1928. E assim, ficava consagrado mais um romântico nas artérias de LISBOA.
Os idealistas possuem, regra geral, a faculdade de suscitar grandes paixões e grandes ódios. Sejam eles homens ou mulheres que, por acreditarem piamente nos valores que defendem, não se dobram a facilidades nem a argumentos.

Na ronda que temos vindo a fazer pelas "RUAS DE LISBOA" que ostentam nomes de gente ligada aos jornais (jornalistas "strict sense" ( 1 ) (e não só),  vão-se deparando como exemplos desses persistentes cruzados, que defendem sua dama contra tudo e todos, não vergando. Alguns deles usaram como emblema absoluto a honestidade, não se deixando tentar pelos acenos da vida cómoda ou do aproveitamento de benesses. Fomos encontrar um que não se deixava corromper.

Em «AUGUSTO JOSÉ VIEIRA», encontramos neste professor e jornalista (nascido no FUNCHAL em 2 de Outubro de 1861) o exemplo máximo de quem dá a vida por algo em que acredita.
Vindo para LISBOA para estudar, pensou seguir a carreira das armas, verificando mais tarde que esta não se coadunava com ele. Dedicou-se então ao ensino e ao aprofundamento das suas ideias positivistas e humanitárias.

Mordido pelo bichinho da política, tomou parte nas reuniões republicanas que se realizaram no lisboeta "PÁTIO DO SALEMA" (a SÃO DOMINGOS, na antiga freguesia de "SANTA JUSTA").
Foi preso, perseguido, privado de tudo. A par das lições, ia trabalhando activamente em jornais, sobretudo em «O MUNDO», jornal republicano a que aqui se tem feito numerosas referências.
Com a proclamação da REPÚBLICA, via triunfar o seu ideal político. Nunca quis, porém, a mais pequena benesse. Foi, graciosamente, Presidente da Associação do Registo Civil.
Com a destruição do jornal «O MUNDO» e sem alunos, viu-se privado de todos os meios de subsistência.  Não querendo recorrer a nenhum dos seus correlegionários nem a instituições que ajudara a fundar, acabou na mais extrema miséria: foi apanhado na RUA, a morrer de fome e, levado ao HOSPITAL DE SÃO JOSÉ, onde deu entrada como indigente. Morreu pouco tempo depois.

( 1 ) - No sentido mais estrito.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS 3.ª SÉRIE [ VII ]-A RUA BERNARDO DE PASSOS»

sábado, 6 de fevereiro de 2016

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ V ]

«RUA ALBERTO DE SOUSA»
 Rua Alberto de Sousa - (1959) - (Aguarelas do mestre António de Sousa) - (Capa do livro "ALFACINHAS" os lisboetas do Passado e do Presente. Livro póstumo a "Alberto de Sousa" in  ALFACINHAS
 Rua Alberto de Sousa - (finais do século XIX início do século XX) Desenho a carvão de ALBERTO DE SOUSA - (Do livro de "ALBERTO DE SOUSA" "ALFACINHAS", no capitulo das profissões alfacinhas. Uma "LAVADEIRA"  de 1898 e o "CARROCEIRO" de 1900 desenhos a carvão do autor)  in  ALFACINHAS
 Rua Alberto de Sousa - (1951) Foto dos Estúdios Mário Novais - (Casa das Colunas na "RUA DE SÃO PEDRO" em ALFAMA, aguarela de ALBERTO DE SOUSA)  in  AML 
 Rua Alberto de Sousa - (1964-02 - Foto de Artur Goulart - (A "RUA ALBERTO DE SOUSA" no Bairro Santos próximo do sítio do "REGO")  in  AML 
 Rua Alberto de Sousa - (1966-08) - Foto de João H. Goulart  (Um aspecto da "RUA ALBERTO DE SOUSA" na década de sessenta do século XX)  in  AML 
Rua Alberto de Sousa - (1967) Foto de Arnaldo Madureira - (A "RUA ALBERTO DE SOUSA" na actual freguesia das "AVENIDAS NOVAS")   in  AML

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ V ]

«RUA ALBERTO DE SOUSA»

A "RUA ALBERTO DE SOUSA" pertencia à freguesia de «NOSSA SENHORA DE FÁTIMA», com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, esta freguesia passou a denominar-se das «AVENIDAS NOVAS», agrupando também a antiga freguesia de «SÃO SEBASTIÃO DA PEDREIRA».  Tem o seu início na "RUA JORGE AFONSO" e finaliza na "RUA DA BENEFICÊNCIA".
A CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA decide por EDITAL de 9 de Setembro de 1963, dar o nome de «ALBERTO DE SOUSA» à antiga "RUA - B" do "BAIRRO DE SANTOS".

O conceito do pensador "CONFÚCIO" diz-nos: "UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS". Estas palavras, terá levado os jornais a aperceberem-se da necessidade de  recorrer à ilustração, ganhando com isso dupla vantagem: por um lado, tornavam mais real a notícia;  por outro, embelezava mais as páginas, cortando a monotonia dos textos com a forma atractiva dos desenhos ou das fotografias.
Assim, nesta 3.ª SÉRIE que vimos fazendo de há um tempo para cá, pelas "RUAS DE LISBOA" com nomes de "JORNALISTAS", é altura de falar de um artista que ficou ligado às publicações como se de verdadeiro jornalista se tratasse. E, afinal mesmo que não tenha possuído "carteira profissional" que como tal o identificasse, não deixou de ser tão indispensável numa redacção como o mais profundo dos editorialistas. 

«ALBERTO AUGUSTO DE SOUSA», nascido em LISBOA a 6 de Dezembro de 1880, faleceu também em LISBOA, cinco dias antes de completar 82 anos, a 1 de Dezembro de 1961. Viria a notabilizar-se como aguarelista, desenhador, ilustrador e homem de jornais e revistas. Andou pelas "ESCOLA INDUSTRIAL " do "PRÍNCIPE REAL", na "RODRIGUES SAMPAIO" e na "MACHADO DE CASTRO" tendo também frequentado a "ESCOLA SUPERIOR DE BELAS-ARTES DE LISBOA".
Aos 16 anos, já trabalhava naquilo que mais lhe interessava: num atelier dirigido pelo mestre "ROQUE GAMEIRO". A sua 1.ª exposição individual que fez, em 1913, teve lugar na galeria privada que o vespertino republicano " A CAPITAL" possuía na sua sede,  na "RUA DO NORTE".
Não foi, no entanto, apenas com este jornal que se processaram as relações estreitas entre "ALBERTO DE SOUSA" e os jornais.
De facto, a sua participação teve início em 1903 quando "SILVA GRAÇA" que dirigia «O SÉCULO», convidou o artista a colaborar com desenhos na "ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA", revista semanal do grupo a que pertencia aquele diário. A sua permanência pela "RUA DO SÉCULO" não se alongou muito. Passou a dispensar a sua genialidade pelos jornais e revistas, desenhando páginas e apontamentos sobre os acontecimentos da época. Assim, são visíveis mostras do seu talento em "O MUNDO", "VANGUARDA", "NOVIDADES", "REPÚBLICA" e, na primeira  série do jornal "A CAPITAL".
O talento do aguarelista e ilustrador não se confinou, porém, às fronteiras. O atentado de 1 de Fevereiro de 1908, do qual resultaram as mortes do rei "D. CARLOS e do Príncipe "D. LUÍS FILIPE", foi reconstituído por "ALBERTO DE SOUSA" numa página notável que veio a ser publicada na revista francesa " L'ILLUSTRATION". O mesmo tema, desenhado a lápis, foi comprado e reproduzido por "THE ILLUSTRATED LONDON NEWS". Deixou vasta obra, parte da qual é visível em alguns MUSEUS DE LISBOA.

No livro "ALFACINHAS" os lisboetas do passado e do presente", que ALBERTO DE SOUSA ilustrou, tem a colaboração literária dirigida por "ARTUR INEZ", pesquisa iconográfica e legendas de "FERNANDO SOUSA" (filho do aguarelista). Num prefácio ao livro seu filho conta-nos que seu pai o presenteou em 1960, com uma volumosa pasta recheada de desenhos, fotografias e formosíssimas ilustrações que pintara para um álbum, a que logo deu o nome de «ALFACINHAS», documentação que espelha pela imagem, a história e a vida do "POVO DE LISBOA".
Encontrando-se a viver no RIO DE JANEIRO, não tinha possibilidade de o editar, era preciso, porém, um texto que não desmerecesse do valor artístico de cada, um dos capítulos. Procurou o amigo "ARTUR INEZ" e grande admirador de seu pai, aceitando a incumbência, soube juntar neste livro alguns dos mais gloriosos e prestigiados nomes da vida mental portuguesa. "O LIVRO FICOU MUITO BONITO".
Esta terá sido a intenção de "FERNANDO SOUSA" proporcionar a seu pai, uma bonita homenagem.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ VI ] RUA AUGUSTO JOSÉ VIEIRA».

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ IV ]

«A PRAÇA ARTUR PORTELA»
 Praça Artur Portela - (2015) - (Uma panorâmica da "PRAÇA ARTUR PORTELA" na antiga praceta da "QUINTA DO BRITO", à ESTRADA DO POÇO DO CHÃO)  in GOOGLE EARTH
 Praça Artur Portela - ( 2015 ) - (Panorâmica da "PRAÇA ARTUR PORTELA" próximo da "RUA DA REPÚBLICA DA BOLÍVIA", onde está colocado o busto do Jornalista) in GOOGLE EARTH
 Praça Artur Portela - (2015) - (Panorâmica da "PRAÇA ARTUR PORTELA" na freguesia de «BENFICA», onde se insere desde 11 de Abril de 1969)  in  GOOGLE EARTH
Praça Artur Portela - (1971) Foto de João Brito Geralda - ( Busto de Bronze sobre pedestal de pedra do jornalista"ARTUR PORTELA" obra executada por "LEOPOLDO DE ALMEIDA") in  AML

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ IV ]

«A PRAÇA ARTUR PORTELA»

A «PRAÇA ARTUR PORTELA» pertence à freguesia de «BENFICA». Numa antiga Praceta da "QUINTA DO BRITO", à ESTRADA DO POÇO DO CHÃO, mandou um EDITAL de 10 de Abril de 1969 criar a «PRAÇA ARTUR PORTELA», dez anos após a sua morte.
Esta "PRAÇA" formando um rectângulo, começa e acaba na "RUA DA REPÚBLICA DA BOLÍVIA".
No espaço ajardinado desta "PRAÇA", foi colocado o busto de Bronze sobre pedestal de pedra a figura de "ARTUR PORTELA", uma obra executada pelo escultor "LEOPOLDO DE ALMEIDA" em 1960, inaugurada em 11 de Outubro de 1971.
A maneira de escrever em jornais - mais viva ou mais sóbria, mais dirigida à satisfação de um gosto ou mais destinada a fazer reflectir - tem sido a marca de distinção entre os órgãos de Comunicação escrita, praticamente desde que eles existem.
O que é indesmentível é haver jornais que marcam os seus leitores fiéis. E, para falar apenas dos já desaparecidos, recordamos por exemplo, a influência que exerceu, durante muitos anos, entre certo público, talvez predominantemente urbano e dono de alguma cultura o extinto "DIÁRIO DE LISBOA". (nessa altura não existia a Internet, nem o FACEBOOK).
Além de emitir opiniões que iam de encontro ao pensamento de muito boa gente, aquele vespertino era geralmente um jornal bem escrito, servido por um corpo redactorial de grande nível. Lá escreviam, entre muitos outros; NORBERTO LOPES e MÁRIO NEVES; o alfacinha-mor NORBERTO DE ARAÚJO e o enciclopédico "ARTUR PORTELA".

O nosso homenageado de hoje chama-se "ARTUR PORTELA" (pai), nascido em LEIRIA no dia 24 de Abril de 1901. falecido em LISBOA no dia 12 de Março de 1959.
Começou muito cedo - ainda aluno do Liceu - a escrever em jornais estudantis. E daí passou para publicações mais "a sério" como o "COMBATE" ou jornal sindicalista " A BATALHA".
Deste homem de vasta cultura não se pode, aliás, imaginar que outra profissão pudesse ter tido que não a de jornalista. Na reportagem como na entrevista, na crítica literária como na artística, em todo o género se distinguiu e a sua assinatura em breve se tornou sinónimo de seriedade e de critério. Entre os seus entrevistados figuram personalidades como: WINSTON CHURCHILL (na altura primeiro-ministro inglês, dois meses antes de se iniciar a II GUERRA MUNDIAL), FRANCISCO FRANCO ou MIGUEL DE UNAMUNO. Passou "ARTUR PORTELA" (pai do escritor e jornalista do mesmo nome) por múltiplas redacções. Esteve em "A PÁTRIA", em "O MUNDO", na "ÚLTIMA HORA", no "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"; colaborou assiduamente nas revistas "DOMINGO ILUSTRADO", "NOTÍCIAS ILUSTRADO", "SÉCULO ILUSTRADO". Durante a "II GUERRA MUNDIAL", criou e foi director da publicação "MUNDO GRÁFICO", nitidamente favorável à causa dos Aliados contra o nazismo.
Foi, porém, no "DIÁRIO DE LISBOA" (para onde foi trabalhar em 1921) que mais se notabilizou. Ali tinha a sua tribuna, nomeadamente no tocante a notícias, recensões e críticas de carácter literário. É digna de registo a sua passagem por ESPANHA, como correspondente de guerra, tendo assistido ali à queda da monarquia. A tensão anglo-italiana por causa da ETIÓPIA, foi outro dos acontecimentos relatados por si. Foi ainda por ideia sua que o DIÁRIO DE LISBOA lançou nas suas páginas uma campanha a favor da transladação dos restos mortais de D. MANUEL II de PORTUGAL.
Apesar de "ARTUR PORTELA" ser um homem nitidamente de esquerda, não deixou de publicar um texto no seu "DIÁRIO DE LISBOA" em 6 de Julho de 1947, alusivo ao "CORTEJO HISTÓRICO DE LISBOA(1947)", cortejo comemorativo do "VIII centenário da Tomada de Lisboa aos MOUROS", em 1147. Dizia ARTUR PORTELA: " Cortejo de dois quilómetros e dois mil e quinhentos figurantes que perpassa incessantemente, entre a cidade atónica, (...) espectadores que densamente recobrem as ruas, as praças, os telhados, os edifícios, as árvores como enxames de abelhas, multidão absurda, (...) numa suprema glorificação, coroada com tiara de fogo este jubileu monumental de grandeza"».

O grande senão de ARTUR PORTELA era, ao que parece a sua caligrafia. Os tipógrafos eram inimigos declarados, não do jornalista mas dos seus "hieróglifos" quase indecifráveis. Atendendo às multiplas reclamações, acabou o homem de letras por se render e aderir à máquina de escrever. Agradecido, um tipógrafo do "DIÁRIO DE LISBOA" teceu um comentário que ficou célebre: "A escrita do senhor PORTELA é como certos bifes: só se conseguem mastigar depois de passados pela máquina".
Muito deve a este homem também o associativismo da classe jornalística. 
Com JAIME BRASIL e JULIÃO QUINTINHA, procedeu à renovação do SINDICATO, de que foi presidente, e ao lançamento da CAIXA DE PREVIDÊNCIA DOS PROFISSIONAIS DA IMPRENSA. Foi ainda um lutador persistente pela criação da CARTEIRA PROFISSIONAL.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ V ]-RUA ALBERTO DE SOUSA».