Rua do Terreiro do Trigo - (1963) (Recorte do Diário Popular de 4 de Dezembro de 1963, referente ao encerramento da FONTE DAS RATAS.
Rua do Terreiro do Trigo - (c. de 1951) Foto de Eduardo Portugal (Local dos antigos "Banhos de J.A. Baptista" na Rua do Terreiro do Trigo do 78 ao 84, hoje uma agência do BPI. in AFML
Rua do Terreiro do Trigo - (entre 1898 e 1908) Fotógrafo não identificado (Balneário público "Banhos do Doutor" nas traseiras do "Chafariz de Dentro") in AFML
Rua do Terreiro do Trigo - s/d (Adaptado de DRHG) (Planta do "Balneário público dos Banhos do Doutor", licenciado pela inspecção de Águas no ano de 1894. Escala original 1:100).
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(CONTINUAÇÃO)
RUA DO TERREIRO DO TRIGO [ XII ]
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«AS ÁGUAS DE ALFAMA ( 4 ) »
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BANHOS DO DOUTOR
Estes «BANHOS DO DOUTOR» (FERNANDO) localizavam-se nas traseiras do «CHAFARIZ DE DENTRO», nos números 19 e 20 e tiveram a sua origem provável na época filipina. Tinha o balneário mais pequeno com apenas cinco quartos e a temperatura das suas águas não ia além dos (27ºC).
As estruturas de apoio aos banhos foram reformadas em 1776. O pedido da concessão foi feita em meados de 1893 por «DOMINGOS JOSÉ VIEIRA».
Levamos a admitir que as águas destes banhos é de todas a mais baixa em temperatura e de menor mineralização.
Actualmente encontra-se neste local um restaurante, o edifício guarda um portão ladeado de imponentes colunas.
ALCAÇARIAS DO BAPTISTA
As «ALCAÇARIAS DO (J.A.) BAPTISTA» estavam situadas na «RUA DO TERREIRO DO TRIGO» nos números 78 a 84, não muito longe das «ALCAÇARIAS DA D. CLARA» e muito perto do «LARGO DO TERREIRO DO TRIGO» antigo «CAMPO DA Lû.
Foi pedida a concessão em nome de «MARIA JOSÉ DA CONCEIÇÃO BAPTISTA» em meados de 1893. Tinha sete quartos e a temperatura das suas águas era de (32ºC) a (34ºC).
Presentemente está instalado neste local uma agência bancária do grupo BPI.
O preço dos banhos nestas «ALCAÇARIAS», dependiam do balneário escolhido pelo cliente. No século XIX, um banho quente nas «ALCAÇARIAS DE D. CLARA» podia atingir os 400 réis. Nas «ALCAÇARIAS DO DUQUE», a despesa podia variava entre 200 e os 300 réis, dependendo da nascente que abastecia a tina.
Para os MONTEPIOS, ASILOS e outras instituições, cada banho rondava os 100 réis. Os indigentes tomavam banho sem pagar, caso apresentassem um atestado de pobreza passado pelo padre e reconhecido pelo Notário. Todas as termas tinham um quarto para portadores de doenças contagiosas. (Mais documentação inerente ao assunto ver aqui).
Para os MONTEPIOS, ASILOS e outras instituições, cada banho rondava os 100 réis. Os indigentes tomavam banho sem pagar, caso apresentassem um atestado de pobreza passado pelo padre e reconhecido pelo Notário. Todas as termas tinham um quarto para portadores de doenças contagiosas. (Mais documentação inerente ao assunto ver aqui).
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«A FONTE DAS RATAS»
Durante o período de três séculos, o espaço hoje conhecido como «FONTE DAS RATAS», no «LARGO DAS ALCAÇARIAS», foi utilizado como «LAVADOURO PÚBLICO».
No ano de 1880 a Companhia das Águas de Lisboa fechou o tanque e transformou-o em depósito. Mais tarde o local da nascente foi posto a descoberto devido à demolição de um muro, ao lado do edifício onde se localizavam as «ALCAÇARIAS DO DUQUE» no «BECO DOS CURTUMES».
A popularidade desta nascente, que de acordo com a crença popular "tinha múltiplas virtudes terapêuticas" e cuja reputação da água se espalhou rapidamente, atingiu o auge no início da década de 60 do século passado, quando milhares de pessoas esperavam horas para encher os seus garrafões. A média era de 360 garrafões por hora e o ritmo só abrandava entre as 3 e as 5 da manhã. A contaminação detectada pela «INSPECÇÃO DE ÁGUAS», ainda na década de 60, levou ao seu encerramento, apesar da resistência popular.
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Assim, os chafarizes, bicas, poços e cisternas ainda visíveis em «ALFAMA» atestam a importância que a água teve na zona e que era a mais mineralizada e abundante de toda a cidade de Lisboa.
Hoje, contudo, essa imensa riqueza está desaproveitada e, em maior parte dos casos, oculta e destruída de forma irrecuperável ou a correr para o Tejo.
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BIBLIOGRAFIA
(Fontes e Obras consultadas)
- ARAÚJO, Norberto de - 1993 - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA - Livro X - Lisboa - Vega.
- ATAÍDE, Manuel José Maia - 1979 - ANTIGO CELEIRO PÚBLICO - MONUMENTOS E EDIFÍCIOS NOTÁVEIS DO DISTRITO DE LISBOA - Volume V - 1º TOMO - Junta Distrital de Lisboa.
- PINTO, Luís Leite - 1972 - HISTÓRIA DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA A LISBOA - Imprensa Nacional Casa da Moeda - Lisboa .
- RAMALHO, Elsa Cristina e LOURENÇO, Maria Carla - (Técnicas Superiores do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI) - "As águas de Alfama - memórias do passado da cidade de Lisboa" - Zambujal - Alfragide.
- SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo - 1994 - Dicionário da História de Lisboa - Lisboa.
- SILVA, A. Vieira da - 1987 - A Cerca Fernandina de Lisboa - Volume II - Lisboa - CML.
- SILVA, A. Vieira da - 1987 - As Muralhas da Ribeira de Lisboa - Volume I-Lisboa - CML.
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