quarta-feira, 31 de agosto de 2016

LARGO DA AJUDA [ X ]

«PALÁCIO DA AJUDA SUA ARQUITECTURA E DECORAÇÃO(2)»
 Largo da Ajuda - (2016) - (O "LARGO DA AJUDA" ao fundo o "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA", tendo a sua construção sido iniciada em 1795 com algumas paragens por meio, embora ainda hoje se encontre por concluir)  in      GOOGLE EARTH 
 Largo da Ajuda - ( 2012 ) - Foto gentilmente cedida por GLÓRIA ISHIZAKA - (A escadaria que dá acesso ao andar Nobre do "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA"  in  CLIC PORTUGAL 
 Largo da Ajuda - (2012) - Foto gentilmente cedida por GLÓRIA ISHIZAKA - ( Palácio Nacional da Ajuda, a "SALINHA VERDE", pequena antecâmara que dá acesso aos corredores interiores) in  CLIC PORTUGAL 
 Largo da Ajuda - (2012) - Foto gentilmente cedida por GLÓRIA ISHIZAKA - ((Palácio Nacional da Ajuda, "SALA DE MÁRMORE" , sala com plantas exóticas, uma fonte ao centro com mobiliário original dando-lhe um ambiente de tranquilidade)  in   CLIC PORTUGAL 
 Largo da Ajuda - (c. de 1927) Foto de António Passaporte - Neste vestíbulo do "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA" existe 26 estátuas, mais duas na Sala dos Archeiros, de diversos artistas, algumas sem dúvida da autoria do Mestre MACHADO CASTRO ) ( ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 
Largo da Ajuda - (2012) - Foto gentilmente cedida por GLÓRIA ISHIZAKA - (Abóbada do átrio de acesso à porta principal do "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA")  in  CLIC PORTUGAL  

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DA AJUDA [ X ]

«O PALÁCIO DA AJUDA SUA ARQUITECTURA E DECORAÇÃO(2)»

O corpo central possui dois pisos, o inferior rasgado por três arcos de volta perfeita, a que se endossam sete colunas toscanas que sustentam um entablamento em que se apoia a varanda do segundo piso, com guarda balaustrada e para onde se abre, três PORTAS-JANELAS de verga recta, com molduras simples, encimadas por friso de festões e um tímpano de troféus que se liga a pequena abóbada de apainelados, envolvida por arco de volta perfeita, que descarrega em colunas TOSCANO-JÓNICAS ( 1 ), com festões entre as volutas do capitel; as janelas são divididas por seis colunas TOSCANO-JÓNICAS, surgindo, entre as exteriores, duplas, vãos elípticos de arejamento. Cada um dos panos intermédios possui dois pisos e MEZANINO ( 2 ), divididos em oito panos de duas ordens de pilastras, as inferiores toscanas e as superiores TOSCANAS-JÓNICAS; no piso inferior, oito janelas de peitoril com moldura recortada, que se prolongam em falso brinco e rematadas em cornijas, surgindo, no superior, o mesmo número de janelas de varandim , com MODINATURAS ( 3 )  semelhantes e guardas balaustradas, sobrepujadas por oito janelas rectangulares.  O Torreão têm três pisos divididos por entablamento, apresentando as faces tripartidas, divididas por pilastras toscanas e TOSCANAS-JÓNICAS, no intermédio; no primeiro piso, surgem três janelas de peitoril no primeiro, com moldura recortada e remates em cornijas angulares nas exteriores e curvas nas interiores; no piso intermédio, três janelas de peitoril, semelhantes às anteriores, encimadas por vão quadrangulares, surgindo, no quarto piso, três janelas de varandim.
Na fachada lateral esquerda, virada a SUL, com três pisos, em cada um dos quais se rasgam dezanove janelas, numa sucessão semelhante à da fachada principal, surgindo na base, uma série de nichos, que compensam o desnível do terreno.

A fachada posterior inacabada, possuindo vestígios de várias dependências e algumas janelas de peitoril, tendo ao centro três arcos de volta perfeita, assentes em pilares toscanos almofadados, de acesso ao pátio central surgindo, recuada, parede de alvenaria de tijolo, rebocada e com vãos retilíneos rasgados, com molduras simples em cantaria. Ambas as fachadas possuem nichos de arco de volta perfeita rasgados, os do lado OESTE vazios e os do lado oposto, inseridos em amplo vestíbulo com abóbadas de arestas apoiadas em pilares toscanos, possuem 26 estátuas de mármore, algumas assinadas e datadas.

- ( 1 ) - TOSCANO-JÓNICAS - Toscano adj. ( do Ital. Toscano) Relativo à Toscana. à sua arquitectura. - JÓNIO, adj. ( do LAT. ionicus ). Relativo à JÓNIA, que vem da JÓNIA, que se imitou dos JÓNIOS.

- ( 2 ) - MEZANINO -  (do italiano MEZZANINO - Andar pouco elevado, entre dois andares altos/ Pequenas Janelas dessa espécie de andar / Janela de porão de edifício.

- ( 3 ) - MODINATURA - (do ital.  modanatura) s. f. conjuntos das molduras de uma construção, segundo o carácter das ordens arquitectónicas.

COMO CURIOSIDADE

Os materiais para esta grande construção eram provenientes de :

"PEDRA" que vinha de MONSANTO, a "AREIA" do ALFEITE, a "CAL" era cozida em "ALCÂNTARA", o "TIJOLO" originário de ALHANDRA, a "PEDRA CALCÁRIA" de PERO PINHEIRO", BELAS, VILA  CHÃ e MONSANTO.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA AJUDA [ XI ] O PALÁCIO DA AJUDA SUA ARQUITECTURA E DECORAÇÃO ( 3 )».

sábado, 27 de agosto de 2016

LARGO DA AJUDA [ IX ]

«PALÁCIO DA AJUDA SUA ARQUITECTURA E DECORAÇÃO( 1 )»
 Largo da Ajuda - (2016) - (Panorâmica do "PALÁCIO DA AJUDA", Largo da Ajuda, Largo da Torre e Estátua do Rei Dom Carlos no centro do Largo)   in   GOOGLE EARTH
 Largo da Ajuda - (2012) - Foto gentilmente cedida por GLÓRIA ISHIZAKA - (Palácio Nacional da Ajuda "SALA DO TRONO", que durante dois séculos esta foi a sala da alta representação da nação)  in  CLIC PORTUGAL 
 Largo da Ajuda - (2012) - Foto gentilmente cedida por GLÓRIA ISHIZAKA - ( Palácio Nacional da Ajuda, "SALA DOS ARCHEIROS" - Quando um novo Embaixador chegada a PORTUGAL, tinha de apresentar ao REI as suas credenciais) in   CLIC PORTUGAL
 Largo da Ajuda - (2012) - Foto gentilmente cedida por GLÓRIA ISHIZAKA - (Estátua na entrada do "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA" representando a "INOCÊNCIA" de Barros Laborão (filho) - este escultor filho de outro grande escultor J.J. de Barros Laborão-pai, trabalharam em várias esculturas para o engrandecimento deste PALÁCIO. O autor de "INOCÊNCIA" e também criador de "HUMANIDADE", revela-se dentro de um gosto novo que exprime com elegância rara nas suas duas obras)  in   CLIC PORTUGAL 
 Largo da Ajuda - (2012) - Foto gentilmente cedida por GLÓRIA ISHIZAKA - (Estátua no átrio do "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA" representando a "CONSIDERAÇÃO"  in  CLIC PORTUGAL
 Largo da Ajuda - ( 19--) Foto de autor não identificado - ( O "PALÁCIO DA AJUDA", a "SALA DE TRONO") ( ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 
Largo da Ajuda - (2016) - Foto gentilmente cedida pela amiga HELENA AGUIAR - (Parte do Corpo Central do "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA" na parte de cima rematada por "Frontão Triangular", com as armas reais ao centro, ladeadas por duas figuras femininas representando a simbologia Nacional )  in  ARQUIVO/APS

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DA AJUDA [ IX ]

«O PALÁCIO DA AJUDA SUA ARQUITECTURA E DECORAÇÃO( 1 )»

De arquitectura residencial, neoclássica, o  PALÁCIO REAL de planta rectangular simples, desenvolvendo-se em quatro alas em torno de pátio rectangular, possuindo, nas alas NORTE e SUL, pequenos pátios interiores. Fachada em cantaria calcária, evoluindo em dois e três pisos, aproveitando o desnível acentuado do terreno.
 Divididos por entablamentos e com diferentes ordens arquitectónicas, mas de base toscana, possuindo mezzanino, no último ou no primeiro piso, rematando em entablamento e platibanda balaustrada, ostentando panóplias sobre os corpos torreados que flanqueiam a fachada principal.
Esta apresenta o primeiro piso forrado a silharia, dando um aspecto rústico, com arcadas de acesso ao pátio, através de um amplo vestíbulo coberto por abóbodas de arestas e assentes em pilares toscanos; no segundo piso, surge varanda balaustrada, para onde abrem portas-janelas rectilíneas, envolvidas por arcos de volta perfeita, rematando em frontão triangular sem retorno. 
O pátio é simples, tendo as alas laterais rasgadas por vão rectilíneos com molduras recortadas, algumas rematadas por cornija. 
O interior possui, em cada ala, escadaria de aparato, antecedida por amplo vestíbulo, que dá acesso aos vários pisos, marcados por dependências de ambos os lados e corredor central.
 A zona museológica do PALÁCIO REAL apresenta pisos em "parquet", paredes pintadas ou forradas a seda, com lambris de madeira pintada de branco e dourado, ostentando tectos com pinturas neoclássicas, originais, ou pinturas do final do século XIX.

Edifício de planta rectangular irregular, formando quatro alas, encontrando-se a do lado Oeste incompleta, em torno de um amplo pátio quadrangular, pavimentado a CALÇADA À PORTUGUESA, formando desenhos geométricos.
 As várias alas têm ocupações distintas, sendo  parte delas a ESTE e a SUL ocupadas pela exposição MUSEOLÓGICA do PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA.

De massas simples e articuladas, de disposição horizontal, possui coberturas diferentes em telhados de duas águas. O edifício evolui em dois e três pisos adaptando-se ao declive do terreno, com mezzanino. Fachadas em cantaria de calcário Lioz  aparente, com remates do entablamento.

Fachada principal virada a Nascente, de disposição simétrica, com corpo central rematando em frontão triangular sem retorno, em cujo tímpano surgem as figuras de, que centram, a que sucedem dois panos reentrantes e, nos exteriores dois corpos torneados rematados em platibanda e panóplias.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA AJUDA [ X ] O PALÁCIO DA AJUDA SUA ARQUITECTURA E DECORAÇÃO ( 2 )».

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

LARGO DA AJUDA [ VIII ]

«O PALÁCIO DA AJUDA ( 3 )
 Largo da Ajuda - (2016) - ( O "LARGO DA AJUDA" no centro com a estátua do rei DOM CARLOS I feita pelo escultor "TEIXEIRA LOPES"  in  GOOGLE EARTH 
 Largo da Ajuda - (2016) - ( O "LARGO DA AJUDA" seu Jardim no centro com a estátua de bronze com pedestal em pedra do REI DOM CARLOS I)     in      GOOGLE EARTH
 Largo da Ajuda - ( 2016) - ( A parte de trás , zona Poente do Palácio que ainda não foi concluída)  in  GOOGLE EARTH
 Largo da Ajuda - (1964) Foto de Garcia Nunes - ( Cerimónias de Inauguração da Estátua do REI DOM CARLOS I no "LARGO DA AJUDA")   in    AML 
Largo da Ajuda - (28-09-1963) Foto de Garcia Nunes - ( Guarda de Honra no "PALÁCIO DA AJUDA", no acto de inauguração da estátua do REI DOM CARLOS I)  in     AML 


(CONTINUAÇÃO)- LARGO DA AJUDA [ VIII ]

«O PALÁCIO DA AJUDA ( 3 ) »


Numa brevíssima viagem ao passado, lembre-se a história desta construção que domina a parte Ocidental de LISBOA, está implantado numa plataforma horizontada artificialmente, em zona de forte declive, possuindo uma excelente vista sobre o RIO TEJO e a BARRA DE LISBOA.
A fachada principal encontra-se virada para o amplo "LARGO DA AJUDA", rectangular conformado, no topo este por casas de habitação e no restante por muro e por árvores de grande porte fronteiro ao PALÁCIO, uma estrada, pavimentada a paralelo e basalto, entre a qual se desenvolve duas zonas ajardinadas, com relvado e algumas árvores. 

No topo da via uma ROTUNDA, no centro da qual se encontra uma estátua de bronze do "REI DOM CARLOS I", com pedestal em pedra. A obra foi executada pelo escultor "TEIXEIRA LOPES". O monumento deve-se à iniciativa estatal e foi inaugurada em 28 de Setembro de 1963, o plinto apresenta, na face principal, virada a nascente, a coroa Real e a inscrição "D. CARLOS I REI DE PORTUGAL (28.09.1863-01.02.1908)".

Tudo começou com com o desejo de DOM JOÃO V de estender os domínios da COROA para o arrabalde de BELÉM. Por ali comprou, o monarca três quintas, pensando construir residência de Verão, mas tudo foi ficando (já nessa altura), em projecto.
Assim, só com DOM JOSÉ começou a história a valer. Este soberano apanhou um tremendo susto com o terramoto que destruiu meia LISBOA, do qual escapou por andar passeando por terras de BELÉM. Achou assim segurar a colina da AJUDA, que ficara ilesa do cataclismo, e lá mandar construir o seu PAÇO, inteiramente de madeira para que, se viesse a abater, não soterrasse os seus ocupantes.

Ali fixou residência o soberano, obrigado na prática a que os fidalgos da CORTE passassem a morar nas imediações; o próprio SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO, futuro MARQUÊS DE POMBAL, lá arranjou casa. DOM JOSÉ I manteve-se na sua "REAL BARRACA" até à morte, ocorrida e, 1777.
Embora de madeira por fora, o PAÇO DA AJUDA continha riquezas no seu interior: tapeçarias, bons móveis, pinturas, tudo o que convinha a uma residência REAL. No entanto, um fogo tudo consumiu em 1794, já reinava nessa altura DONA MARIA I.
O "PALÁCIO DA AJUDA" começou a ser construído em 1795, após o incêndio que destruiu o "PAÇO DE MADEIRA". no "ALTO DA AJUDA". Colaboraram no inicio da construção os Arquitectos: MANUEL CAETANO E SOUSA (1795-1802) e FRANCISCO XAVIER FABRI (1801-1817), tendo a primeira pedra sido colocada por DOM JOÃO VI, ainda príncipe, a 9 de Novembro de 1795. Tendo começado logo a grande série de interrupções nas obras: em 1807, aquando das INVASÕES NAPOLEÓNICAS, a CORTE partiu para o BRASIL, pararam os trabalhos; recomeçados com o regresso, deixaram a casa habitável, mas voltaram a parar em 1833. Depois entrou-se num "para-arranca", com mais "para" do que "arranca" até aos dias de hoje.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA AJUDA [IX]-O PALÁCIO DA AJUDA SUA ARQUITECTURA E DECORAÇÃO ( 1 )».

sábado, 20 de agosto de 2016

LARGO DA AJUDA [ VII ]

«O PALÁCIO DA AJUDA ( 2 )»
 Largo da Ajuda - (1876) - (Pintura do francês JOSEPH LAYRAUD-(1833-1913) - (A família Real portuguesa, pintada pela grande e talentoso francês ; DOM LUÍS, DONA MARIA PIA, o Infante Afonso e o Príncipe Carlos) in WIKIPÉDIA
 Largo da Ajuda - (2010) - Foto de autor não identificado - ( A SALA VERDE do Palácio Nacional da Ajuda)   in   WIKIPÉDIA
 Largo da Ajuda - (2012) - Foto gentilmente cedida pela amiga GLÓRIA ISHIZAKA - (Palácio Nacional da Ajuda "SALA DO DESPACHO". Nesta sala o REI concedia audiências diárias)  in   CLIC PORTUGAL 
 Largo da Ajuda - (2014) - ( O "LARGO DA AJUDA" com o seu "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA"   in   GOOGLE EARTH 
Largo da Ajuda - (2016) - (O "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA" no seu lado Nascente virado para o "LARGO")   in     GOOGLE EARTH 

(CONTINUAÇÃO) - "LARGO DA AJUDA [ VII ]"

«O PALÁCIO DA AJUDA ( 2 ) »

Era necessário esperar até ao reinado de DOM LUÍS I para o PALÁCIO DA AJUDA ganhar um novo folgo. Esta é uma das suas melhores épocas de esplendor.
Quando em 1861 o REI DOM PEDRO V sucumbe vítima de febre tifóide, o seu irmão, DOM LUÍS, sobe ao trono. Retomam-se então as obras estruturais no PALÁCIO DA AJUDA.  Mas é em 1862, com o casamento de DOM LUÍS com a princesa de SABOIA, DONA MARIA PIA, que o Palácio ganha finalmente a aura e o estatuto de residência Real.

A remodelação foi entregue ao Arquitecto JOAQUIM POSSIDÓNIO NARCISO DA SILVA (1862-1865) que, seguindo de perto as instruções precisas de "DONA MARIA PIA", tornou o PALÁCIO confortável e sofisticado, pronto para ser habitado pela família Real.
Conhecida pela seu espírito caridoso, DONA MARIA PIA não deixava de ser uma princesa do seu tempo. Sensível à beleza e que gostava de rodear-se de objectos especiais. 
POSSIDÓNIO DA SILVA converteu a fachada nascente na fachada principal, e introduziu importantes alterações na disposição e decoração das salas, compartimentos e ornamentando o espaço, sempre seguido o gosto italiano da elegante princesa de SABÓIA.
As reformas estenderam-se por todo o PALÁCIO; paredes revestidas, estucadas, forradas, soalhos em "parquet" ou alcatifado. Os interiores enchiam-se de peças de requintado mobiliário, encomendados pelos monarcas recém-casados (DONA MARIA PIA deu início à moda da compra por catálogo, na época pouco comum)  ou trazidas de ITÁLIA no enxoval da rainha consorte.
O gosto burguês pela intimidade e o conforto na esfera doméstica, no auge nesta segunda metade do século XIX, estendia-se também a outras esferas da sociedade e a residência real adaptou-se aos novos tempos. Introduziram-se novos espaços de carácter mais privado e destinado ao lazer, como a SALA DE ESTAR, a SALA AZUL e a SALA DE BILHAR, todas no piso térreo, onde também ficavam os aposentos da família REAL e as modernas casas de banho com águas quentes e fria.
O piso superior estava reservado ao lado mais público da vida do PALÁCIO; era aí que se desenrolavam os grandes banquetes e recepções oficiais, e também, as reuniões do CONCELHO DE ESTADO.
O PALÁCIO DA AJUDA foi sem dúvida, palco privilegiado onde se cruzaram a história, a vida pública e a vida familiar de DOM LUÍS e DONA MARIA PIA.  Foi na AJUDA que nasceram os filhos do casal. DOM CARLOS e DOM AFONSO, foi aí que passaram a sua infância e foi esta a  derradeira morada de DONA MARIA PIA em PORTUGAL. Após a morte do marido, DOM LUÍS, em 1889, a rainha-mãe permaneceria, até à sua partida para o exílio em 1911, no PALÁCIO que ajudara a construir, a seu gosto, e que por isso era a sua verdadeira casa. 
Enquanto DONA MARIA PIA aí viveu, foram feitas várias remodelações no PALÁCIO. Por exemplo para o casamento do príncipe DOM CARLOS, com DONA AMÉLIA, fizeram-se novos melhoramentos, entre eles a aquisição de novo mobiliário para a SALA DA CEIA e o revestimento da SALA DO TRONO. Este último melhoramento esteve envolto num episódio bastante caricato. A dada altura era necessário substituir a seda que revestia as paredes da SALA DO TRONO, pois já não se entrava em condições de receber altos dignitários que tantas vezes visitaram o PALÁCIO, mas a situação económica da família REAL não era das melhores. A MARQUESA DE RIO MAIOR num momento de perspicácia lembrou-se que, dada a escassez financeira, o melhor seria virar a seda do avesso, o que permitiu forrar a sala. 
Durante o reinado de DOM CARLOS, que até ser REI vivia em BELÉM, a família REAL muda-se para as NECESSIDADES, e o PALÁCIO DA AJUDA mantém-se activo apenas para cerimónias oficiais. É nos salões Nobres do PALÁCIO DA AJUDA que DOM CARLOS recebe os monarcas do seu tempo, como EDUARDO VII de INGLATERRA ou GUILHERME II da ALEMANHA. 

A 5 de Dezembro de 1903, o REI AFONSO XIII de ESPANHA visita PORTUGAL e é no PALÁCIO que se realiza um jantar de gala em  honra do monarca.
Ainda hoje o PALÁCIO DA AJUDA continua a ser palco de recepções oficiais a grandes figuras de ESTADO que visitam o nosso país. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA AJUDA [ VIII ] O PALÁCIO DA AJUDA ( 3 )».

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

LARGO DA AJUDA [ VI ]

«O PALÁCIO DA AJUDA ( 1 ) »
 Largo da Ajuda - (2016) - (Aproximação aérea do "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA" e sua entrada a nascente)  in   GOOGLE EARTH 
 Largo da Ajuda - (2012) - Foto gentilmente cedida pela amiga GLORIA ISHIZAKA do Blogue CLIC PORTUGAL - (Maqueta do Real Paço da Ajuda -realizado segundo o projecto Neoclássico do Real Paço da Ajuda (1802) do Arquitecto José da Costa e Silva (1747-1819) in CLIC PORTUGAL 
 Largo da Ajuda - (2012) - Foto gentilmente cedida pela amiga GLÓRIA ISHIZAKA - (PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA, SALA DO CORPO DIPLOMÁTICO)  in  CLIC PORTUGAL 
 Largo da Ajuda - ( c. de 1952) Foto de António Passaporte - (PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA , SALA DE BAILE)   in     AML 
Largo da Ajuda - (195-) Joto de Judah Benoliel - (Arcos com nichos de um vestíbulo que não chegou a ser executado, ao fundo do pátio do PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA, antes de remodelado)  ( ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 

(CONTINUAÇÃO) - «LARGO  DA AJUDA  [ VI ]»

«O PALÁCIO DA AJUDA ( 1 )»


O "PALÁCIO DA AJUDA" foi mandado construir pelo príncipe DOM JOÃO (futuro DOM JOÃO VI) no topo da colina da AJUDA, no mesmo local onde outrora tinha existido a "REAL BARRACA" ou o "PAÇO DE MADEIRA", que foram destruídos por um incêndio no ano de 1794.
Dois anos mais tarde, em 1796, será iniciada a construção do seu substituto um Palácio de pedra e cal que viria a ser o "PALÁCIO DA AJUDA", que apesar da sua beleza estética passou a ser conhecido pelo PALÁCIO inacabado.

No início esteve à frente do projecto o Arquitecto TENENTE-CORONEL MANUEL CAETANO E SOUSA, homem responsável das obras públicas do REINO, desenhou o edifício de acordo com alguns padrões BARROCOS. Cinco anos mais tarde o projecto é entregue a dois Arquitectos formados em ITÁLIA, "FRANCISCO XAVIER FABRI" e "JOSÉ DA COSTA E SILVA", que romperam com o projecto original adaptando-o à nova linguagem neoclássica, mais depurada e de uma solenidade simples, embora o projecto de "FABRI" e "COSTA" nunca tivessem chegado inteiramente a ser concluído.

Com as invasões francesas, e a partida da CORTE para o BRASIL, em 27 de Novembro de 1807, dá-se uma paragem nas obras da AJUDA. O Arquitecto "FABRI" dirige os trabalhos entre 1813 e 1817, introduzindo novas alterações, até que em 1818 o Arquitecto "ANTÓNIO FRANCISCO ROSA" assume a condução do projecto, reduzindo ainda mais o edifício ao essencial.

Quando a família REAL regressa do BRASIL, em 1821, o Palácio ainda não estava concluído servindo apenas para albergar algumas cerimónias protocolares. Com a morte do REI DOM JOÃO VI, a infanta regente D. ISABEL MARIA (1801-1876) faz uma nova tentativa de tornar o Palácio habitável.
Juntamente com as suas irmãs "D. MARIA DE ASSUNÇÃO" (1805-1834) e "D. MARIA FRANCISCA BENEDITA" (1800-1834), escolhem este espaço para a sua residência. Sendo a primeira vez que membros da FAMÍLIA REAL habitam, verdadeiramente no "PALÁCIO DA AJUDA".

Outro protagonista do "PALÁCIO DA AJUDA" foi "DOM MIGUEL", filho de "D. JOÃO VI, e um dos herdeiros que disputavam o trono de PORTUGAL.
Como  "ABSOLUTISTA" escolheu a "SALA DAS CORTES" em 1828 para ser aclamado REI, e como residência real; as obras foram retomadas, e DOM MIGUEL chegou a habitar o PALÁCIO durante seis meses, acabando por se mudar para as NECESSIDADES, enquanto as obras progrediam. DOM MIGUEL não regressaria ao PALÁCIO DA AJUDA, pois a guerra entre irmãos interpôs-se no seu caminho.
Em 1833, a vitória LIBERAL altera o rumo dos acontecimentos, e é o irmão de "DOM MIGUEL", "DOM PEDRO" (o IV), que regressado do BRASIL, passa pela SALA DO TRONO do PALÁCIO DA AJUDA, para aí jurar a CARTA CONSTITUCIONAL em 1834.
Durante o reinado de DONA MARIA II, herdeira de "DOM PEDRO IV", o PALÁCIO DA AJUDA passa para segundo plano, fixando-se a residência da família REAL no PALÁCIO DAS NECESSIDADES. 

O PALÁCIO DA AJUDA ficava reservado para episódio especial, como a aclamação e casamento de DOM PEDRO V com DONA ESTEFÂNIA de HOHENZOLLERN - SIGMARINGEN que se realizou a 18 de Maio de 1858. O reinado de DOM PEDRO duraria, pouco tempo.  Mas o PALÁCIO DA AJUDA ficaria sempre ligado a este REI bondoso que aí recebia, com frequência, o seu e bibliotecário Real "ALEXANDRE HERCULANO. Os retratos de DOM PEDRO V e de DONA ESTEFÂNIA encontram-se condignamente expostos no PALÁCIO DA AJUDA.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA AJUDA [ VII ]- O PALÁCIO DA AJUDA (2)».

sábado, 13 de agosto de 2016

LARGO DA AJUDA [ V ]

«A TORRE DA AJUDA »
 Largo da Ajuda - (2016) - (A "TORRE DA AJUDA" ou "TORRE DO GALO" é actualmente o "ex-líbris" da Freguesia da AJUDA)   in    GOOGLE EARTH
 Largo da Ajuda - (2016) - (A Estátua do Rei DOM CARLOS I no "LARGO DA AJUDA" foi inaugurada a 28 de Setembro de 1963. A "TORRE DA AJUDA" poderá ser vista ao fundo, por detrás das árvores)   in    GOOGLE EARTH 
 Largo da Ajuda - (2016) - Foto gentilmente cedida pela amiga HELENA AGUIAR - (Pormenor na parte de cima da "TORRE DA AJUDA", com o seu belo galo encimado por uma cruz)  in  ARQUIVO/APS
 Largo da Ajuda - (2016) - Foto gentilmente cedida pela amiga HELENA AGUIAR - (A"TORRE DA AJUDA" também conhecida como "TORRE DO GALO", um pormenor da torre sineira)  in  ARQUIVO/APS
 Largo da Ajuda - (2010) - ("TORRE DA AJUDA"  ou "TORRE SINEIRA DA AJUDA" ou ainda "TORRE DO GALO")  in   LISBOA MONUMENTOS 
 Largo da Ajuda - (2010) - (A "TORRE SINEIRA DA AJUDA" também chamada de "TORRE DO GALO")  in  LISBOA MONUMENTOS
Largo da Ajuda - (1960?) - Foto de Arnaldo Monteiro Madureira - ("TORRE SINEIRA", construída por volta de 1792, integrava-se numa IGREJA (a Capela Real da Ajuda) destruída no século XIX. Motivado esse facto, a TORRE encontra-se isolada no espaço, apresentando um aspecto singular.)  in  BELÉM-REGUENGOS DA CIDADE 


(CONTINUAÇÃO) - LARGO DA AJUDA [ V ]

«A TORRE DA AJUDA»

Próximo da "REAL BARRACA" e outros edifícios fabricados em madeira, foi edificada a IGREJA  PAROQUIAL DA AJUDA, e que serviu de CAPELA REAL de 1792 até 1834, que tinha uma tribuna destinada à família REAL e acesso ao PAÇO.
Em 1792 sob o traçado e direcção do Arquitecto Tenente-Coronel MANUEL CAETANO DE SOUSA, era erigida a "TORRE" (única edificação em cantaria), feita em pedra de lioz, de estilo barroco e de planta rectangular, apresenta uma forma poligonal, com entrada no lado Oriental.
Esta "TORRE" conhecida por "TORRE DA CAPELA REAL DA AJUDA" ou "TORRE DO GALO", isto pelo facto de ter um cata-vento em forma de galo.   A "TORRE" é o único elemento que resta desta IGREJA, que era construída em madeira e foi demolida em 1834, por ordem do Ministro COSTA CABRAL

O acesso ao campanário é feito por uma escada interior em caracol, de 80 degraus e aberta na parte Noroeste. O andar de 8 sinos apresenta quatro aberturas estreitas e altas, e é encimado por fogaréus barrocos nos ângulos.
Os sinos foram sagrados em 25 de Março de 1793 e tocaram, pela primeira vez, no dia do nascimento da PRINCESA DA BEIRA, D. MARIA TERESA, em 29 de Abril daquele ano.(Esta princesa que mais tarde seria a viúva do Infante de ESPANHA, D. PEDRO CARLOS, que depois veio a casar com seu primo e cunhado "CARLOS V"; mãe do INFANTE D. SEBASTIÃO, filho do seu primeiro casamento).

Em Março de 1934, os sinos caíram durante um temporal, mas sem consequências graves. Permaneceram durante anos, antes de serem colocados, assentes na plataforma sineira, no alto do campanário, no 67.º degrau, acedendo por uma  escada a uma porta na face Norte, que dá para o recinto onde está instalado o relógio, com uma corda de 48 horas, que tem a inscrição; "JOZÉ DA SILVA MAFRA, O fez no anno de 1796", tem uma enorme cavidade no lado Sul para os pesos, em cuja base há uma porta para o exterior. Os sinos do relógio, um - o maior - para as horas, e os outros dois de timbre e tamanhos diferentes, para os quartos, estavam suspensos no alto da TORRE.  O acesso era feito dificilmente por três escadas de madeira, a primeira das quais estava adossada à face Nordeste.

Os sinos tinham ainda as seguintes inscrições: SALVADOR DO MUNDO; Nª. Sª. DA CONCEIÇÃO; S. TOMÉ APÓSTOLOS; S. FRANCISCO DE BORJA; S. VICENTE MÁRTIR; SANTO ANDRÉ; S. ROQUE E SANTA BARBARA.

Nas faces da TORRE ainda se vê mitra patriarcal; nos quatro cantos onde deveria haver quatro fogaréus ( 1 ) , já só se encontram dois e, no alto um galo de metal sobre uma bola, rematando o conjunto uma cruz, lembra aos crentes a vigilância e a Cruz a Oração.
Esta "TORRE" exemplo da arquitectura BARROCA TARDIA, com afinidades com as TORRES laterais da IGREJA DA ESTRELA e com a "TORRE SINEIRA DAS NECESSIDADES", mais antigas, o último resto da PATRIARCAL E CAPELA REAL DA AJUDA, e sobreviveu seguramente por ser o único elemento em cantaria, dado que o restante era de madeira. Como, em 1834, a Capela foi demolida, dela só ficou a "TORRE", conhecida por "TORRE DO GALO" sendo hoje o "EX-LIBRIS" da freguesia da AJUDA.

- ( 1 ) - FOGARÉU- s.m. - facho, lumeeira, archote, fogueira, fogacho. Tijela, vaso em que se acendem matérias inflamáveis, Ornato de pedra que termina em labareda.(Arq.)

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA AJUDA [ VI ]-O PALÁCIO DA AJUDA ( 1 )»

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

LARGO DA AJUDA [ IV ]

«A BIBLIOTECA DO PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA»
 Largo da Ajuda - (1955) Foto 00521292 - (Vista aérea do lado Nascente do "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA" no século passado)   in    SIPA-MONUMENTOS 
 Largo da Ajuda - (1968) Foto de F. Gonçalves (Fachada da casa de "Alexandre Herculano" - no Largo da Torre-, onde viveu grande parte da sua vida. Em 1977 foi colocada uma lápide lembrando o centenário da morte do escritor, historiador e conservador da Biblioteca da Ajuda) in BELÉM REGUENGOS DA CIDADE
 Largo da Ajuda - Desenho possivelmente de início do século XX - (Planta dos Estacionamentos no "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA")   in   SIPA-MONUMENTOS
 Largo da Ajuda - (2006) - Foto de autor não identificado ( A "BIBLIOTECA" do PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA no século vinte e um)  in   BIBLIOTECA DA AJUDA
 Largo da Ajuda - ( 2016) - (O "LARGO DA AJUDA" e o "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA" , servidos por carreiras de autocarros)  in   GOOGLE EARTH 
Largo da Ajuda - (2016) - (Vista do "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA" no lado Nascente e fronteiro para o "LARGO DA AJUDA")   in  GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO) - LARGO DA AJUDA [ IV ]

«A BIBLIOTECA DO PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA» 

A "BIBLIOTECA DA AJUDA" foi construída no tempo do "MARQUÊS DE POMBAL" (1756) perto do VELHO PALÁCIO DE MADEIRA, em consequência do incêndio que devorou o "PAÇO DA RIBEIRA" e a sua Biblioteca, após o Terramoto do ano anterior.
O edifício terá sido construído em pedra e cal e situado entre o "PAÇO" e a "PATRIARCAL", estes de madeira. Dividia-se em dois corpos: um o da BIBLIOTECA propriamente dita, e o outro àquele ligado através de um passadiço que comunicava entre  edifícios, até 1877, e dava para a casa do Director. Com o desaparecimento do recheio da LIVRARIA REAL , DOM JOSÉ, constituiu um fundo para a BIBLIOTECA DA AJUDA. A compra em 1756 da colecção deixada por NICOLAU FRANCISCO XAVIER DA SILVA. No ano seguinte é negociado com um membro da família do CONDE DE REDONDO a totalidade dos manuscritos daquela casa.  Em 1760, adquiriu os livros deixados por JOSÉ FREIRE MONTARROYO MASCARENHAS. Em 1772, o bibliófilo BARBOSA MACHADO ofereceu ao Monarca os seus livros. Assim, sucessivamente a BIBLIOTECA DA AJUDA foi enriquecendo o seu património em obras de grande valor, como o arquivo e livros da CASA DE AVEIRO e os livros dos cónegos  regentes de SÃO VICENTE DE FORA, quando estes foram transferidos para o MOSTEIRO DE MAFRA.
Entraram também os manuscritos da CASA DO INFANTADO, grande parte dos livros e documentos da COMPANHIA DE JESUS, aquando da sua expulsão (incluindo originais escritos por Jesuítas da ÍNDIA e da CHINA, alguns pelo punho de SÃO FRANCISCO XAVIER, e livros de registo da correspondência da Casa professa de "SÃO ROQUE".  Dezoito volumes da chancelaria de FILIPE II com anotações do próprio REI e muita outra documentação. Embora por pouco tempo, a biblioteca beneficiou daquilo a que hoje se chama "DEPÓSITO LEGAL". Com a ida da FAMÍLIA REAL PARA O BRASIL, em 1807, o príncipe Regente ordenou a saída da BIBLIOTECA REAL, que logo começava a ser encaixotada, seguindo em três remessas. No regresso, não conseguiu o REI remeter para PORTUGAL a totalidade dos livros, por seu filho D. PEDRO o ter impedido, tendo ficado no BRASIL (onde constituíram o fundo da BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO), mais de mil manuscritos da coroa e outras preciosidades bibliográficas. O que veio ficou armazenado ou empilhado sem qualquer classificação, até que D. LUÍS, aproveitando as comemorações do TRICENTENÁRIO DE CAMÕES, destinou três salas do PALÁCIO DA AJUDA para ali instalar a BIBLIOTECA REAL.
Por ser insuficiente o espaço escolhido, foram ampliadas as instalações com mais quatro salas. Quanto à residência do director da BIBLIOTECA, ainda hoje se encontra. no "LARGO DA TORRE". Trata-se de um edifício relativamente pequeno, mas agradável, de rés-do-chão, com cinco janelas e porta de entrada na extremidade direita e 1.º andar com 6 janelas, hoje pertença da CASA PIA DE LISBOA. O hóspede mais ilustre desta casa foi sem dúvida ALEXANDRE HERCULANO, nomeado bibliotecário da BIBLIOTECA DA AJUDA pelo REI DOM FERNANDO II (Cargo do PAÇO e não do ESTADO), com o fim de lhe dar uma independência modesta que o habilitasse a prosseguir livremente as suas investigações históricas.
A «BIBLIOTECA DA AJUDA», além de preciosas obras portuguesas, tem magníficos espécimes estrangeiros e uma colecção de pinturas de ópera do antigo "TEATRO DA AJUDA".
A BIBLIOTECA DO PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA está estruturada para prestar apoio aos conservadores e técnicos de MUSEU, podendo disponibilizar consultas das suas publicações a outros utilizadores mediante marcação prévia.
O seu acervo é especializado em HISTÓRIA DE ARTE e nas diferentes temáticas relacionadas com as suas colecções. Até ao momento estão catalogadas cerca de 3 350 monografias e 40 títulos de publicação periódicas.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA AJUDA [ V ] -A TORRE DA AJUDA»

sábado, 6 de agosto de 2016

LARGO DA AJUDA [ III ]

«A REAL BARRACA ( 2 )»
 Largo da Ajuda - ( 2016 ) - ( O "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA" fachada no lado Nascente e principal entrada)   in   GOOGLE EARTH
 Largo da Ajuda - ( 2016) - ( O "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA" e seu jardim, no "LARGO DA AJUDA")  in   GOOGLE EARTH
 Largo da Ajuda - ( 198-) Foto de Artur Pastor - (Panorâmica da colina da AJUDA,  onde se insere o "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 
 Largo da Ajuda - ( 195-) Foto de Judah Benoliel - (Palácio da Ajuda, arcos com nichos vazios e um vestíbulo que não chegou a ser concluído (na época), situado ao fundo do pátio depois de renovado)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 
Largo da Ajuda - (195-) Foto de Judah Benoliel - ( Fotografia aérea com a Panorâmica da AJUDA, vendo-se o PALÁCIO, a IGREJA DA MEMÓRIA o MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS e a TORRE SINEIRA do Largo da Torre, o AQUEDUTO DAS ÁGUAS LIVRES e o VIADUTO DUARTE PACHECO, já construído)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML  
Largo da Ajuda - (1933) - Foto de Eduardo Portugal - (Outro aspecto junto do PALÁCIO na época, o carácter pouco citadino desta situação, completa-se através da observação de imagem na qual se identifica a fachada Sul do Palácio, e a nítida ocupação agrícola dos terrenos que o envolviam) in   AML

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DA AJUDA [ III ]

«A REAL BARRACA ( 2 )»

Mas o que interessa salientar de momento é que, entre 1755 e 1777 - ou seja, enquanto DOM JOSÉ foi vivo - a HISTÓRIA do País passou forçosamente pela AJUDA: todas as leis, todas as determinações. mesmo todas as conspirações nasceram ou cresceram entre o "PÁTIO DAS DAMAS" e o "PALÁCIO DE MADEIRA".  ( De todas as conspirações que existiram neste reinado, não queria deixar passar, sem nos referimos a uma que marcou bastante este período; é o caso da "CONSPIRAÇÃO DOS TÁVORAS" que, segundo várias opiniões, não foi justa).
O "MARQUÊS DE POMBAL" ia ali diariamente a despacho e deslocava-se frequentemente à BAIXA para verificar o andamento dos trabalhos da reconstrução da cidade. "DOM JOSÉ" pelo contrário, segundo rezam as crónicas, só voltou a ver a zona do seu antigo palácio, quando se deslocou ao "TERREIRO DO PAÇO" para assistir à inauguração da estátua equestre ali erguida em sua honra. Embora tivessem de ver as cerimónias de uma janela sorrateiramente, bem assim como a família Real, porque quem descerrou o "MONUMENTO" ( e teve as maiores honras ) foi o «MARQUÊS DE POMBAL». Conta-se que nunca mais DOM JOSÉ saiu da AJUDA.

Com a morte de "D. JOSÉ", o exílio forçado de "SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO" "MARQUÊS DE POMBAL" e, sobretudo, com a partida da família Real para o "BRASIL", o poder foi deixando a "AJUDA".
A "PRAÇA DO COMÉRCIO", entretanto, ganhara foros de sede do poder. Os vários departamentos de Governação do Reino ali se fixaram e permaneceram durante a MONARQUIA e depois na REPÚBLICA. Todo o País se habituou a falar do "TERREIRO DO PAÇO" - como causa de tudo o que acontece, mau ou bom. Da estrada esburacada ou inexistente até à fonte que está seca ou deita água imprópria, tudo é pecado do "TERREIRO" que, segundo o acusam, ignora a NAÇÃO...

No entanto os MINISTÉRIOS que foram crescendo em número e em funcionários, espalharam-se pela cidade; para a "AVENIDA CINCO DE OUTUBRO", para a "PRAÇA DE LONDRES", para o "LARGO CONDE DE PENAFIEL", até para a "AJUDA", onde o "MINISTÉRIO DA CULTURA" lembrava velhos tempos do GOVERNO lá no alto.

A Majestade e simultânea graciosidade da "PRAÇA DO COMÉRCIO", a magnifica toalha líquida que lhe serve de antecâmara e as arcadas que sugerem bom acolhimento, têm proporcionado ideias várias a muitos que "sonham" ver ali desde esplanadas e galerias de arte, exposições e estabelecimentos de qualidade, ditos de "charme". Para pôr em prática essa verdadeira revolução urbana, será preciso contudo que os inquilinos mais antigos do local, os "MINISTÉRIOS", peguem nos "tarecos" e procurem casa noutros lados. Esta "antevisão" afinal, ou o que lhe queiram chamar, era escrita no ano de 2004. Doze anos depois, parece que está a realizar-se.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DA AJUDA [ IV ] A BIBLIOTECA DO PALÁCIO DA AJUDA».