quarta-feira, 30 de março de 2016

RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA [ V ]

«A IGREJA DE SÃO JOÃO DA PRAÇA»
 Rua São João da Praça - ( 2009 )- Foto de APS - (Fachada da "IGREJA DE SÃO JOÃO DA PRAÇA", coroada por um frontão com óculo de tímpano e fogaréus no cimo das prumadas)  in ARQUIVO/APS
 Rua São João da Praça - (2010) - Foto de autor não identificado - (Interior da "IGREJA DE SÃO JOÃO DA PRAÇA" no século XXI, em ALFAMA)  in  GUIA DA CIDADE
 Rua São João da Praça - (2009) Foto de APS - ( A "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA" no sentido poente, vendo-se no final ao nosso lado direito, o início da "SÉ PATRIARCAL DE LISBOA" in  ARQUIVO/APS
Rua São João da Praça - (2009) - Foto de APS - ( A antiga porta do "CHAFARIZ DE EL-REI" é hoje, apenas, um corredor entre a "RUA DO CAIS DE SANTARÉM" e a "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA", com passagem pelas "TRAVESSA SÃO JOÃO DA PRAÇA" ou "TRAVESSA CHAFARIZ DE EL-REI")  in   ARQUIVO/APS


(CONTINUAÇÃO) - RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA [ V ]

«A IGREJA DE SÃO JOÃO DA PRAÇA»

O lugar da edificação da actual «IGREJA DE SÃO JOÃO DA PRAÇA" é o mesmo que a tradição atribui à ERMIDA (nada restando dela) consagrada pelo pai de "SANTO ANTÓNIO" a "SÃO JOÃO DEGOLADO", em acção de graças pela comprovação da sua inocência.
A IGREJA data do princípio do século XIV, pelo menos, e teve por orago "SÃO JOÃO DEGOLADO", ou seja "SÃO JOÃO BAPTISTA"; existiram ainda padroeiros de nomeação real, o último dos quais foi "D. PEDRO ANTÓNIO DE NORONHA DE ALBUQUERQUE", 1.º MARQUÊS DE ANGEJA (Século XVII), 2.º CONDE DE VILA VERDE (1661-1731).

O templo, que tinha sido alterado no reinado de D. DINIS, não resistiu ao Terramoto de 1755 que o destruíra por completo. Esta IGREJA era relativamente pequena e pobre, no entanto foi reconstruida  no 3.º quartel do século XVIII, ficando concluída no ano de 1789. Depois de ser construída em pleno reinado de "DONA MARIA I (1734-1777-1816), encontra-se hoje de pé, embora também tenha ardido em parte, sofrendo grande ruína, em 3 de Maio de 1896, aquando do incêndio da "FÁBRICA A VAPOR ALLIANÇA" de "JOÃO LUÍS DE SOUSA & FILHO, na "RUA DO BARÃO", 7 a 19.
Fez-se então sob o patrocínio da "RAINHA D. AMÉLIA DE ORLEAN" (1865-1951) e do "CARDEAL PATRIARCA DE LISBOA", "D. JOSÉ NETO (1841-1920), uma subscrição pública para reedificação e restauro da "IGREJA DE SÃO JOÃO DA PRAÇA" .

A sua parte exterior não torna notável o edifício, apresentando uma certa sobriedade no seu conjunto. A fachada é coroada por um frontão com óculo no tímpano e fogaréus na prumada da "pseudapilastra". O portal, de frontão semicircular é interrompido por um medalhão com relevo do "AGNUS DEI".
O interior é de uma só nave oitavada, altares sob tribunas,coro-alto e capela-mor rectangular. é de salientar a decoração de dois altares rococó do cruzeiro, num dos quais, o do lado da "EPISTOLA", pode ver-se a "VIRGEM DA MÃO" da autoria do escultor "MACHADO DE CASTRO".
Nos altares do lado da "EPISTOLA" estão quatro imagens barrocas de grande qualidade, entre as quais o "SÃO JOÃO BAPTISTA" e o "SÃO SEBASTIÃO", do altar de "N. S. dos DONS". Das três imagens do lado do "EVANGELHO" é especialmente louvável o "SÃO JOSÉ COM O MENINO", no altar de "SÃO RAFAEL".
 na Capela-mor, duas imagens concorrem com o "SÃO JOÃO BAPTISTA" do altar; a "VIRGEM COM O MENINO" e o "SÃO JOÃO EVANGELISTA".
São ainda de mencionar a alizar rococó de azulejos policromos  da Sacristia, com coroamentos recortados e as duas credências seiscentista, de embrechados, proveniente da desaparecida "IGREJA DO LARGO DE SÃO RAFAEL".

Diz-nos "NORBERTO DE ARAÚJO" nas suas "PEREGRINAÇÕES EM LISBOA" que: "na Sacristia guardam-se algumas pedras expressivas que faziam parte da pequenina Ermida de Nossa Senhora do Rosário, sobre o Arco deste nome na "RUA DA JUDIARIA".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«EUA SÃO JOÃO DA PRAÇA[ VI ]NOTÍCIAS HISTÓRICAS DA FREGUESIA DE SÃO JOÃO DA PRAÇA»

sábado, 26 de março de 2016

RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA [ IV ]

«INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NA "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA ( 2 )»
 Rua São João da Praça - (2009) - Foto de APS - (Primeiro e segundo lance de escadaria do "ARCO DE JESUS" que nos leva à "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA", no lado direito o início do "BECO DOS ARMAZÉNS DO LINHO")  in   ARQUIVO/APS
 Rua São João da Praça - ( 2009) - Foto de APS - (Saída do "ARCO DE JESUS" para o "CAMPO DAS CEBOLAS", quem desce a escadaria vindo da "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA")  in  ARQUIVO/APS
 Rua São João da Praça - (2001) - Foto de autor não identificado - (Intervenção arqueológica na "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA", com os resultados publicados na "REVISTA PORTUGUESA DE ARQUEOLOGIA" número 8 de 2005 páginas 313-334)  in REVISTA PORTUGUESA DE ARQUEOLOGIA
Rua São João da Praça - ( 1907-7) Foto de autor não identificado - (A "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA" na primeira década do século XX. No 1º andar existia uma placa anunciando a ASSOCIAÇÃO DE SOCORROS MÚTUOS-PERSEVERANÇA" fundado em 12 de Julho de 18__)  (Abre em tamanho grande)  in  AML 

(CONTINUAÇÃO)- RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA [ IV ]

«INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NA " RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA (2)»

As típicas ânforas destinadas à exportação do vinho produzido nas grandes "VILLAE" republicanas de ROMA antiga,  zona da "ETRÚCIA", "CAMPÂNIA" e "LACIO" (Tchernia, 1986) encontram-se bem documentadas na cidade de LISBOA    ( PIMENTA 2003 e 2004) ( 1 ). Estes modelos correspondem a uma das formas mais bem conhecidas e difundidas do mundo romano, encontrando-se a sua difusão normalmente conotada com os avanços militares itálicos.
Na cidade de LISBOA, o início da sua importação encontra-se bem datado, no terceiro quartel do século II a. C., sendo a sua cronologia compatível com a primeira grande campanha militar romana no Extremo Ocidental da Península Ibérica desencadeada em 138 a. C. pelo novo GOVERNADOR da ulterior, o procônsul DÉCIMO JÚNIO BRUTO.

CONSIDERAÇÕES FINAIS


Os novos dados que as intervenções na COLINA DO CASTELO, nomeadamente esta na "RUA  SÃO JOÃO DA PRAÇA", têm revelado, assim como a sondagem aqui em estudo permitem começar a antever a real dimensão do povoado pré-Romano e a sua importância no contexto da fachada atlântica.
Ainda que os dados disponíveis não permitam esclarecer qual o tipo de ocupação dado a este sector do "oppidum" ( 2 ), a sua implantação junto ao RIO perto de um ancoradouro com abundantes nascentes, poderão corroborar a hipótese de estarmos perante uma área de cariz portuário, onde os armazéns e as actividades industriais deviam pautar o enquadramento urbano. Efectivamente, a concentração de contentores de armazenamento assim como a abundância de ânforas em todas as unidades estratigráficas, poderá sustentar esta interpretação.
Por último, a importância dos dados agora apresentados sugerem a hipótese da produção local ou regional de contentores ibero-púnicos do tipo (PELLICER-D) e subgrupo (MANÁ-PASCUAL) desde a época pré.romana até inícios do século I a. C..  Não obstante, esta questão só poderá ser confirmada ou infirmada com a realização de estudos arqueométricos.

- ( 1 ) - Encontra-se publicado um bordo de "greco-itálica", dois bordos e um fundo de "DRESSEL 1" exumados em níveis de aterro no TEATRO ROMANO (DIOGO, 2000; DIOGO e TRINDADE, 1999), uma ânfora "DRESSEL 1" de pasta «CAMPANIENSE» da CASA DOS BICOS ( AMARO, 2002), um fragmento de fundo de "DRESSEL 1" do Núcleo. Arqueológico da "RUA DOS CORREEIROS" (BUGALHÃO e SABROSA, 1995) e mais de duas centenas de ânforas provimentos do CASTELO DE SÃO JORGE (PIMENTA, 2004).

- ( 2 ) - OPPIDUM - Termo genérico em LATIM que significa um lugar alto, uma colina, etc..

LINK: - Que permite a consulta completa do artigo  em PDF: - http://www.patrimoniocultural.pt/media/uploads/revistaportuguesadearqueologia/8_2/5/12.p.313-334.pdf

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA [ V ]-A IGREJA DE SÃO JOÃO DA PRAÇA».

quarta-feira, 23 de março de 2016

RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA [ III ]

«INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NA "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA ( 1 )»
 Rua São João da Praça - (2009) - Foto de APS - (Placa Toponímica tipo I da "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA" na actual freguesia de "SANTA MARIA MAIOR"  in  ARQUIVO/APS
 Rua São João da Praça - (2005) - Foto de autor não identificado (Intervenção Arqueológica na "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA", resultados publicados na "REVISTA PORTUGUESA DE ARQUEOLOGIA", Nº 8 de 2005 pág. 313-334) in REVISTA PORTUGUESA DE ARQUELOGIA
 Rua São João da Praça - (2005) - Foto de autor não identificado - (Intervenção Arqueológica de  emergência, pelo "SERVIÇO DE ARQUEOLOGIA DO MUSEU DA CIDADE" na "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA")  in  MUSEU TEATRO ROMANO 
Rua São João da Praça - (2014) - (Fachada principal do prédio em reabilitação na "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA", número 77)  in  REABILITA


(CONTINUAÇÃO)-RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA [ III ]

«INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NA "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA" ( 1 )»

Publicado na "REVISTA PORTUGUESA DE ARQUEOLOGIA" em 2005 por "JOÃO PIMENTA", "MARCO CALADO" e "MANUELA LEITÃO", deram-nos a conhecer dados sobre a ocupação pré-Romana em LISBOA, nomeadamente na "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA".


No ano de 2001 intervenções realizadas na "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA", decorrendo de 30 de Julho a 4 de Outubro, na sequência do projecto de substituição e remodelação de esgotos e outros equipamentos urbanos, paralelamente foi assumida uma intervenção da "DIVISÃO DE MUSEUS E PALÁCIOS DA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA. A área de intervenção compreendeu a "RUA S. JOÃO DA PRAÇA" até ao "LARGO DE SÃO RAFAEL" e o troço inicial da "RUA DA ADIÇA", bem como à área de implantação da PORTA DE ALFAMA (ou SÃO PEDRO) inserida na designada "CERCA VELHA" ( 1 ).
Baseados na análise do topónimo pré-romano, desde cedo se vislumbrou uma forte ligação ao mundo mediterrânico, procurando-se uma hipotética origem etimológica no mundo fenício. No entanto foi preciso esperar pelas escavações arqueológicas dos anos noventa (AMARO, 1993; ARRUDA, 2000), para clarificar essa ligação com o mundo meridional, demonstrada nos vestígios arqueológicos, onde o espólio apresenta claras influências orientais.
Essa ligação com o mundo mediterrânico e o sul peninsular irá marcar durante todo o primeiro milénio antes de CRISTO as relações comerciais, não se verificando nenhuma ruptura clara até à chegada dos primeiros exércitos romanos.
Apesar de todos os problemas inerentes a uma escavação de emergência em meio urbano numa das ruas mais movimentadas do bairro histórico de ALFAMA, o desenrolar desta intervenção permitiu identificar e escavar contextos preservados associados a estruturas positivas. A sondagem Nº 2 visava obter uma leitura da estratigrafia interna ao troço de muralha romana descoberto durante a abertura das valas de remoção do sistema de esgotos desta artéria.
Apesar da exiguidade da área escavada, foi possível efectuar o registo de uma ampla diacronia de ocupação, desde meados do século III a.C. até ao século XX, que se materializa numa enorme potência estratigráfica de mais de 4 metros, não tendo sido possível atingir os níveis de base, por questões de segurança.
Sob o alicerce da muralha romana, foi possível identificar quatro unidades estratigráficas correspondentes a três momentos distintos de ocupação.
Entre os materiais identificados, destacam-se, pelo seu número e estado de conservação, as ânforas, que nos permitem reconstituir e identificar diversos tipos morfológicos e ensaiar uma primeira análise para a dinâmica comercial do povoado da Colina do Castelo, num momento crucial de transição com os primeiros contactos com o mundo itálico.
Os três exemplares de "SÃO JOÃO DA PRAÇA" foram todos exumados em contexto de deposição secundária. A análise macroscópica das pastas permite caracterizar um único grupo de fabrico, que identificámos hipoteticamente como produções do "GRUPO VILLARICOS", definido por "RAMON TORRES"(1995).

( 1 ) - Para uma análise mais exaustiva da ocupação deste espaço desde a época Medieval ver a obra de VIEIRA DA SILVA, 1987, páginas 162-166.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA [ IV ]-INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NA "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA ( 2 )».

sábado, 19 de março de 2016

RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA [ II ]

«RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA»
 Rua São João da Praça - (2009) - Foto de APS - (Um troço da "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA", lateral esquerda da IGREJA e à direita a entrada para a "TRAVESSA DE SÃO JOÃO DA PRAÇA", antigo "BECO DAS MOSCAS")  in  ARQUIVO/APS
 Rua São João da Praça - (2009) -  Foto de APS - (O "ARCO DE JESUS" a parte de escadaria que liga à "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA", com seus frades de pedra, no topo da escadaria).  in  ARQUIVO/APS
 Rua São João da Praça - (2013) - Foto de Artur Matos - ( A "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA", nome adquirido por ter sido a morada medieval da "IGREJA DE SÃO JOÃO DA PRAÇA")  in TOPONÍMIA DE LISBOA
 Rua São João da Praça - (2014) - Foto de autor não identificado - Lateral do prédio virado para a escadaria do "ARCO DE JESUS", um prédio na época, em reabilitação)  in  REABILITA
 Rua São João da Praça - (2014) Foto de autor não identificado - (Lado poente do prédio em reabilitação, na "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA" número 77)  in  REABILITA
Rua São João da Praça - ( 1901-5) Foto de autor não identificado - (A "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA" próximo da IGREJA do mesmo nome. Ao fundo, no final depois do marco do correio, o edifício com um portão dissimulado, provavelmente fazia parte do Palácio do velho "CONDE DE VILA FLOR") ( Abre em tamanho grande)  in   AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA [ II ]

«A RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA»

Diz-nos o mestre "NORBERTO DE ARAÚJO" nas suas "PEREGRINAÇÕES EM LISBOA" quando dedicou algumas páginas à "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA". "A entrada principal do velho "PALÁCIO VILA-FLOR" fazia-se por esta porta com o número 19, no pequeno Largo que a Calçada desenha, já perto de "São João da Praça".
Estas reentrâncias ou pátios, sem nome no Roteiro, e a que chamaram da «VISCONDESSA», constituía o vestíbulo das cocheiras da casa".

Seguindo para poente na "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA" o prédio revestido a azulejo de cor azul, defronte da face lateral da IGREJA, notando-se uma elegante fachada, com varandas de com tipo no primeiro andar, destaca-se de entre a banalidade dos edifícios circundantes.
Em 2014 este edifício foi submetido a uma reestruturação interna, conforme descrevemos parcialmente o seu caderno de encargos da firma REABILITA.
Descrição do imóvel: Um edifício importante revestido a azulejos (azul forte), datado da primeira metade do século XIX, composto por onze habitações distribuídas por seis pisos. As zonas, comuns deste edifício estão em estado próximo ao original, os apartamentos foram usados para diversos fins, o que lhes confere diferentes configurações actuais. A vista é de 180º  para o RIO TEJO.
Âmbito de intervenção: Substituição integral da cobertura, reposição de azulejos danificados nas fachadas, substituição das prumadas de esgotos, substituição das colunas eléctricas e água.  Substituição dos caixilhos de madeira por caixilhos em pvc. Inserção  de elevador no edifício.
Para venda encontrava-se naquela altura, apenas o apartamento do r/c Dt.º com a área bruta de 128 m2 e cujo valor de venda era estimado em 300.000,00 €. Todos os restantes pisos já tinham sido comercializados.
Este prédio tem a sua frente principal virada para a "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA" e faz esquina com a ESCADARIA que dá acesso ao "ARCO DE JESUS" (a mais antiga "PORTA DO MAR" aberta na "CERCA MOURA"), tendo no topo das escadas "três frades" de pedra para protecção. Descendo até ao segundo lance das escadas (separadamente por um corrimão de tubo de ferro), virando para o lado esquerdo, vamos encontrar o "BECO DOS ARMAZÉNS DO LINHO" (representando também as traseiras do referido prédio. Antes do Terramoto de 1755 este "BECO DOS ARMAZÉNS DO LINHO" era chamado "RUA DOS ARMAZÉNS". Consta que no século XVI seria esta a "RUA DO CONDE DE LINHARES, onde teriam existido dois séculos antes, os «PAÇOS DO MESTRE».

Ainda na "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA" podemos encontrar a "LEITARIA SÃO JOÃO DA PRAÇA" no número 48, pastelaria, "Snacks", de bom aspecto e com um horário muito flexível das 7,00h às 24,00h. O "LUSITANO CLUBE" no número 81 r/c, fundado em 1 de Dezembro de 1905, com o lema "INSTRUIR PARA CONSTRUIR". Tendo acabado de fazer no passado mês de Dezembro de 2015, 110 anos de existência.


(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA [ III ] -INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NA RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA( 1 )».

quarta-feira, 16 de março de 2016

RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA [ I ]

«RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA E SEU ENQUADRAMENTO»
Rua São João da Praça - (antes de 1755 e 1899) - Lanço da Cerca de LISBOA ao longo do TEJO, onde incluímos só a parte da "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA". O traçado a preto mais carregado representa a planta actual. O traçado mais desvanecido (que devia ser vermelho) representa a parte antes de 1755. O tracejado oblíquo na muralha representa a parte da "CERCA MOURA" já demolida. LEGENDA - 1) Igreja de São João da Praça; - 2)Prédio reabilitado; - 3)Travessa São João da Praça (antigo BECO DA MOSCA).  in A CERCA MOURA DE LISBOA
Rua São João da Praça - (1950) Foto de Eduardo Portugal - (A "RUA S. JOÃO DA PRAÇA" no sentido nascente, parte da CERCA MOURA e TORRE na época ainda visível) (Abre em tamanho grande)  in   AML 
Rua São João da Praça - (1901) Foto de autor não identificado (A "RUA S. JOÃO DA PRAÇA" no sentido poente, à nossa esquerda 4 portas de um "talhante", no início do século XX) (Abre em tamanho grande)  in  AML 
Rua São João da Praça - (2009) - Foto de APS - ( Placa toponímica Tipo I, final do "ARCO DE JESUS", esquina com a "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA")  in   ARQUIVO/APS
Rua São João da Praça - (2009) Foto de APS - (A "TRAVESSA S. JOÃO DA PRAÇA" antigo "BECO DAS MOSCAS" ou "BECO DA MOSCA" e seu aspecto "Medieval").  in  ARQUIVO/APS
Rua São João da Praça - (2009) Foto de APS - (Passagem do antigo "Postigo do chafariz de el-REI" hoje chamado de "TRAVESSA S. JOÃO DA PRAÇA" que liga a "RUA DO CAIS DE SANTARÉM" à "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA")  in  ARQUIVO/APS


(INICIAL) - RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA  [ I ]

«A RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA E SEU ENQUADRAMENTO»

A «RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA» pertencia às freguesias de "SÃO MIGUEL" e "SÉ", que pela "REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012", passou a pertencer à freguesia de "SANTA MARIA MAIOR".
A "RUA" tem início na "RUA DA ADIÇA" e finaliza na "RUA CRUZES DA SÉ".
A "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA" não tinha a extensão actual, ganhou o espaço para nascente da antiga artéria que existia chamada "RUA DE TENTELA (ou tem-te-lá)". [SUMÁRIO 1551].
São convergentes a esta RUA, as seguintes artérias no lado direito; "BECO DO GUEDES" e "RUA DO BARÃO".  No seu lado esquerdo; a "TRAVESSA CHAFARIZ DE  EL-REI"; "TRAVESSA SÃO JOÃO DA PRAÇA"(antigo "BECO DAS MOSCAS"), "ARCO DE JESUS"(Norte) e "LARGO MARQUÊS DO LAVRADIO".
Em "LISBOA de 1551-Sumário de Cristóvão Rodrigues Oliveira" esta parte da rua era chamada de "RUA DIREITA DE SÃO JOÃO". Mais tarde seria alongada, embora o nome se relacione com o templo ali existente que remonta ao tempo "MEDIEVAL". O "BECO DAS MOSCAS" passou para "TRAVESSA SÃO JOÃO DA PRAÇA", pelo EDITAL do Governo Civil de LISBOA de 17 de Outubro de 1863.

Na "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA" o seu monumento de maior relevo será, possivelmente a "IGREJA DE SÃO JOÃO DA PRAÇA". A parte Norte do antigo PALÁCIO dos "VILA FLOR" (depois DUQUES DA TERCEIRA) como uma grande parte da sua propriedade virada para esta RUA. Existe nesta artéria uma TRAVESSA EM ESCADARIA de EL-REI, chamado em tempos antigos "BECO DA SILVA", que fazia a ligação com o "CAIS DE SANTARÉM".
Igualmente na "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA" fica a saída do "ARCO DE JESUS" ou BECO DO MENINO JESUS" ( é a mais antiga "PORTA DO MAR" aberta na "CERCA MOURA" do lado do RIO). Mais para poente e perto da "SÉ" mas ainda nesta artéria, abre-se o "LARGO MARQUÊS DO LAVRADIO" que igualmente ligava com o RIO, agora "CAMPO DAS CEBOLAS", dando assim, mais uma entrada para o "BAIRRO DE ALFAMA".
Ainda nesta RUA, existe uma TRAVESSA muito pitoresca na sua arquitectura, trata-se da "TRAVESSA DE SÃO JOÃO DA PRAÇA" (antigo BECO DAS MOSCAS) este enfiamento que vai ligar à "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA" passando pela travessa e comunica em forma arqueada o antigo "POSTIGO DO CHAFARIZ DE EL-REI", era considerada a última porta na "MURALHA MOURA" que abria também para o "CAIS DE SANTARÉM". Sob os passadiços que antigamente ligavam os dois corpos do velho PALÁCIO dos "VILA FLOR", têm um aspecto medieval, com arranjos e enxertos do século XX. O teto do passadiço, sobre arcos de alvenaria e madeira, dá-nos uma perspectiva do enfiamento, ganhando ainda como ilusão de uma "ALFAMA" Quinhentista.
A "RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA" deste local até à "SÉ" tem o aspecto urbano característico de meados do século XIX, prédios sólidos de transição pombalina para o feitio trivial novecentista da construção.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA S. JOÃO DA PRAÇA [ II ]-A RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA»

sábado, 12 de março de 2016

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ XV ]

«RUA EDUARDO SCHWALBACH ( 2 )»
Rua Eduardo Schwalbach - (2015) - (A "RUA EDUARDO SCHWALBACH" no BAIRRO DE SANTA CRUZ, na freguesia de "BENFICA") in GOOGLE EARTH  
 Rua Eduardo Schwalbach - (1925) Desenho de AMARELHE - (Uma caricatura de "EDUARDO Schwalbach vista por AMARELHE)  in  HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL
 Rua Eduardo Schwalbach - (2015) -(A "RUA EDUARDO SCHWALBACH" ao fundo a "RUA DA CASQUILHA")  in   GOOGLE EARTH
 Rua Eduardo Schwalbach - (2015) - (A Rua Eduardo Schwalbach no sentido poente, à sua esquerda a Rua Alberto Pimenta, também um grande Jornalista)  in   GOOGLE EARTH
 Rua Eduardo Schwalbach - (1944) - (O livro "À LAREIRA DO PASSADO"-memórias de Eduardo Schwalback, primeira edição)  in  LIVROS ANTIGOS 
Rua Eduardo Schwalback - (1897) Desenho de Rafael Bordalo Pinheiro (Revista "O REINO DA BÔLHA" de Eduardo Schwalbach, com música de F. Gazul e Del Negro, estreado no Teatro Condes) in HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL


(CONTINUAÇÃO)-RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ XV ]

«A RUA EDUARDO SCHWALBACH ( 2 )»

O Teatro foi sempre uma constante na sua vida. Depois de estrear, ano após ano, seis revistas entre 1896 e 1901, que lhe garantiram o direito de sucessão ao "trono" até então ocupado por "SOUSA BASTOS", "EDUARDO SCHWALBACH regressou em 1910 com a "SÁTIRA ARREVISTADA" - ou revista satírica - "A FEIRA DO DIABO", estreada no "TEATRO D. AMÉLIA", alguns meses antes da implantação da REPÚBLICA. Este "TEATRO D. AMÉLIA" depois de 1910 passou a chamar-se " TEATRO DA REPÚBLICA" e em 1921 foi-lhe dado o nome de "TEATRO SÃO LUÍS", em homenagem ao seu antigo empresário, o VISCONDE DE SÃO LUÍS DE BRAGA.
Um dos seus grandes êxitos foi "O ÍNTIMO", levado à cena no TEATRO D. MARIA II.
A peça mais conhecida será, no entanto "A BISBILHOTEIRA". 
Só para um apontamento algumas obras deste autor: (1914) - "TANGO CORDEL" texto de sua autoria, musica de ALVES COELHO (Pai), estreado no TEATRO REPÚBLICA; (1915) - "O DIA DE JUÍZO" com música de DEL NEGRO e ALVES COELHO (Pai), estreado no TEATRO TRINDADE;  (1916) - "CASTELOS NO AR" uma parceria com A.DE PAIVA, música de DEL NEGRO e ALVES COELHO (Pai), estreado no TEATRO TRINDADE; a 31.05.1917, "O OVO DE COLOMBO", música de DEL NEGRO e ALVES COELHO (Pai), estreado no TEATRO TRINDADE;  (1918) - "AO DEUS DARÁ" com igual elenco e lugar de estreia.  Em (1919) - "AUTO DA BARRICA" com música de DEL NEGRO e ALVES COELHO (Pai), estreado no TEATRO DA REPÚBLICA. No termo de grande labor, veio a despedir-se com "AS DUAS MÁSCARAS". Pelo meio, ficaram peças infantis, dramas, operetas e revistas.
Era quase lendária a sua sensibilidade. A demonstrá-lo está a história da admissão da actriz «MARIA MATOS» (que as novas gerações conhecem do filme "O COSTA DO CASTELO") no CONSERVATÓRIO.
A candidata chegara tímida, nervosa e, consequentemente, esquecida. No Júri de admissão estavam SCHWALBACH e D. JOÃO DA CÂMARA. Convidaram-na a que dissesse uns versos. "MARIA MATOS" não se lembrava. Que recitasse um trecho em prosa. Não sabia... O júri pediu-lhe que, pelo menos, rezasse uma AVÉ MARIA.  A jovem rezou. Com tal sentido o fez que os dois examinadores aprovaram por unanimidade...  
O humor era outra das suas facetas. Assim, de outra ocasião foi abordado, como sucedia frequentemente, por um colega com pretensões a literato, que não largava SCHWALBACH com perguntas insistentes sobre todos os assuntos.
O pertinaz perguntador queria, nessa nova incursão, saber que obra tinha o mestre em preparação. O Escritor-Jornalista respondeu candidamente: "obras em preparação? Tenho, realmente. Tenho um fato a fazer no alfaiate e já deve estar em prova".
Conta-se também que SCHWALBACH foi consultar um médico, daqueles que marcam determinada hora para o atendimento e entram no consultório horas depois.
Pontual, o Jornalista chegou no tempo exacto. Esperou, leu, conversou para o lado. O médico chegara entretanto, mas nunca mais o chamava, Ás tantas, o doente (mas não paciente) levantou-se e dirigiu-se à empregada, avisando-a: "Diga ao senhor Doutor que se não me atender dentro de um quarto de hora, passo a considerar-me irremediavelmente curado".

Escreveu "EDUARDO SCHWALBACH", nos seus últimos anos, um livro de memórias «Á LAREIRA DO PASSADO», que é um verdadeiro tesouro de factos e histórias passadas com enumeras personalidades da sua época, que com ele se foram cruzando ao longo de uma vida de 86 anos: JÚLIO CÉSAR MACHADO, BULHÃO PATO, GERVÁSIO LOBATO, RAFAEL BORDALO, JOSÉ LUCIANO DE CASTRO, El-REI D. CARLOS, JOÃO FRANCO, HINTZE RIBEIRO, ARRIAGA, AFONSO COSTA, ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA e outros.
[ FINAL ]

BIBLIOGRAFIA

- ACTAS DA COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA DE LISBOA - 1943-1974-CML - 2000 - LISBOA.
- "ALFACINHAS" OS LISBOETAS DO PASSADO E DO PRESENTE-Plano de Ilustração de "ALBERTO SOUSA"-Edição de FERNANDO SOUSA - 1964 - LISBOA.
- CARVALHO, Jorge Rua de, - e MÁRIO DIAS (Ilustrador)- LISBOA SAUDADE - Pregões e Figuras Típicas de Lisboa (anos 20-40) - ED. Universidade Editora - 1999 - LISBOA.
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena - 1994 - LISBOA.
- HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA - A. J. SARAIVA e OSCAR LOPES - Porto Editora - 17.ª Ed. - 1996 - PORTO.
- "HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL" de Luiz Francisco Rebello- 1.º e 2.º Volumes - Ed. DOM QUIXOTE - 1984-1985 - LISBOA.
- OLHAR DE PEDRA - ESTÁTUAS PORTUGUESAS - Global Notícias - 2004 - LISBOA.
- PLANO DE URBANIZAÇÃO DE CHELAS - CML - Gabinete Técnico da Habitação - Agosto de 1965 - LISBOA.

INTERNET

- WIKIPÉDIA
- CASAL DAS LETRAS


(PRÓXIMO)-«RUA SÃO JOÃO DA PRAÇA [ I ] -A RUA DE S. JOÃO DA PRAÇA E SEU ENQUADRAMENTO».

quarta-feira, 9 de março de 2016

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ XIV ]

«RUA EDUARDO SCHWALBACH ( 1 )»
 Rua Eduardo Schwalbach - (2015) - (Entrada da "Rua Eduardo Schwalbach" na parte Nascente, junto da "Rua da Casquinha")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Eduardo Schwalbach - (2015) - ( A "Rua Eduardo Schwalbach" no "BAIRRO DE SANTA CRUZ" em BENFICA)  in  GOOGLE EARTH
 

Rua Eduardo Schwalbach - (1970) - Foto de Arnaldo Madureira     ("BAIRRO DE SANTA CRUZ", moradia na esquina da "Rua Eduardo Schwalbach")  in   AML 
 Rua Eduardo Schwalbach - (1961) Foto de Artur Inácio Bastos - (A antiga "RUA - 9" do "BAIRRO DE SANTA CRUZ" que em 1969 viria a ostentar o nome do jornalista "EDUARDO SCHWALBACH" in   AML 
 Rua Eduardo Schwalbach - (Março de 1917) - (Rosto da edição gráfica de um dos números musicais da revista de "Eduardo Schwalbach" "O DIA DE JUÍZO", com música de ALVES COELHO "Pai"). in HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL 
Rua Eduardo Schwalbach - (1944) - (Foto do Jornalista "EDUARDO SCHWALBACH" inserida no seu livro de memórias "À LAREIRA DO PASSADO")  in  LIVREIRO MONASTICON

(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ XIV ]

«RUA EDUARDO SCHWALBACH ( 1 )»

A «RUA EDUARDO SCHWALBACH» pertence à freguesia de «BENFICA».  Começa na "RUA DA CASQUILHA" no número 53 e finaliza na "RUA COMANDANTE AUGUSTO CARDOSO" no número 76 no "BAIRRO DE SANTA CRUZ".  São convergentes para esta rua a "RUA CORONEL CAMPOS GONZAGA" a "RUA IRENE LISBOA" e a "RUA ALFREDO PIMENTA"(também ele jornalista).
Lisboa, deu o nome da RUA ao jornalista, 23 anos após sua morte.
Por EDITAL de 10 de Abril de 1969 foi transformada a "RUA-9" do então recente "BAIRRO DE SANTA CRUZ" na "RUA EDUARDO SCHWALBACH".
Tanto a Política como o Teatro eram, Geralmente, os outros amores dos jornalistas de gerações passadas. Ao que parece, a primeira terá ganho a batalha, já que, nos tempos que correm, mais frequente é ver a gente das redacções a ser mordida pelo micróbio político-partidário do que a deixar-se contagiar pelo gosto daquela a que era uso chamar-se a nobre " ARTE DE TALMA".
Com "EDUARDO SCHWALBACH" não se sabe, ainda hoje, como classificar: se foi um homem de teatro e também jornalista, ou foi um jornalista que também escrevia para o Teatro. Possivelmente,  nem ele sabia... Entre o "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" e o "TEATRO NACIONAL", fosse alguém capaz de escolher a sua segunda casa.
"EDUARDO FREDERICO SCHWALBACH" nasceu em LISBOA, na antiga "RUA FORMOSA" (hoje Rua de "O SÉCULO") em 18 de Maio de 1860, tendo falecido em 08 de Novembro de 1946 também em LISBOA. A sua mãe faleceu quando ele mal completara oito dias, acabou depois por viver com uma avó, na "TRAVESSA DO COLÉGIO" (antiga freguesia da PENA, hoje "ARROIOS").Fez os seus primeiros estudos em escolas que ao tempo funcionavam no PALÁCIO ALMADA ( ou da INDEPENDÊNCIA) e na "RUA DO OURO", no sítio onde veio a ter lugar o GRANDELLA.
À semelhança de seu avô, ingressou na carreira militar e chegou mesmo ao posto de Alferes.
Apesar do seu apelido Alemão, este homem de letras era lisboeta de nascimento, e neto do "GENERAL JOÃO SCHWALBACH", um militar de origem germânica que viera para PORTUGAL com o exército inglês, para dar uma ajuda contra as invasões francesas, e se batera nas batalhas de ROLIÇA e do BUÇACO. Acabando por se naturalizar português e combatendo pelos liberais, o general fora mais tarde feito VISCONDE DE SETÚBAL.

"EDUARDO SCHWALBACH" queria bastante mais que a carreira militar. Foi seu amigo "GERVÁSIO LOBATO" que o introduziu nos meios literários e jornalísticos. Estava lançada a sua nova vida, tendo visto os seus primeiros escritos publicados no "DIÁRIO DA MANHÃ". Lançou-se em seguida na aventura do lançamento de um vespertino chamado " A TARDE". Em 1902 era Director da "REVISTA DO CONSERVATÓRIO REAL DE LISBOA". Mas, em 1924, tendo "AUGUSTO DE CASTRO" sido chamado a desempenhar funções diplomáticas, acabou por ser convidado para a direcção do "DIÁRIO DE NOTÍCIAS", função que desempenhou durante toda a permanência do jornalista-embaixador lá por fora.
Assim, esteve naquele matutino ( que então era feito no BAIRRO ALTO) até 1930 e depois em novo período, bastante mais curto, nos anos 40.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-3.ª SÉRIE [ XV ]-RUA EDUARDO SCHWALBACH (2 )» 

sábado, 5 de março de 2016

RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ XIII ]

«RUA EDUARDO COELHO ( 2 )»
 Rua Eduardo Coelho - (20015) - (A "RUA EDUARDO COELHO" na recente freguesia da "MISERICÓRDIA" com ligação à "RUA DO SÉCULO")  in   GOOGLE EARTH
 Rua Eduardo Coelho - (2015) - (Final da "RUA EDUARDO COELHO" na "RUA DO SÉCULO" no número 166 próximo do "Alto do Lombo")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Eduardo Coelho - (2015) - (A "RUA EDUARDO COELHO" no sentido Sul) in   GOOGLE EARTH
 Rua Eduardo Coelho - (Post. a 1904) Foto de Fernando Martinez Pozal - (Monumento a EDUARDO COELHO no JARDIM de S. PEDRO DE ALCÂNTARA, uma obra da autoria do Arquitecto ÁLVARO MACHADO e escultura do mestre COSTA MOTTA(tio) - (Abre em tamanho grande)  in  AML
 Rua Eduardo Coelho ( 1964) Foto de Arnaldo Madureira - (A "RUA EDUARDO COELHO na antiga freguesia das Mercês)  in  AML 
Rua Eduardo Coelho - (1967) - Foto de João H. Goulart - (A "RUA EDUARDO COELHO" na actual freguesia da "MISERICÓRDIA")  in  AML 


(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS - 3.ª SÉRIE [ XIII ]»

«A RUA EDUARDO COELHO ( 2 )»

«EDUARDO COELHO» estreou-se nos jornais escrevendo para um semanário denominado "JARDIM LITERÁRIO", onde publicou um pequeno romance " O PASTOR DA FLORESTA". Mas quis viver este mundo por dentro, indo então para tipógrafo, tendo trabalhado em várias oficinas até ingressar na "IMPRENSA NACIONAL" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA".


Decidiu depois correr o risco de viver do que escrevia: foi correspondente de um jornal do PORTO, "O NACIONAL", redactor da "CRÓNICA DOS TEATROS", colaborador de "O CONSERVADOR" e da "REVOLUÇÃO DE SETEMBRO".
Entretanto escrevia peças de Teatro, Romances e fazia traduções.
Na "TIPOGRAFIA UNIVERSAL" era impresso "O CONSERVADOR", jornal onde, trabalhava "EDUARDO COELHO". Veio daí o conhecimento entre ele e  "QUINTINO" e a intimidade suficiente para que o primeiro propusesse ao segundo a concretização de um sonho: a fundação de um jornal de características diferentes.
Assim apareceu o grande jornal "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" periódico de características populares, a preço baixo, com noticiário dado o mais possível em cima do acontecimento. Foi apresentado em 29 de Dezembro de 1864, saindo o primeiro exemplar formal no dia 1 de Janeiro de 1965.
Criou assim, um novo conceito de informação, apoiado pela publicidade e distribuído na RUA, por vendedores os chamados ( ARDINAS).

[Com versos de JORGE RUA DE CARVALHO (ao qual lhe prestamos aqui a nossa homenagem) do seu livro "LISBOA SAUDADE"-Pregões e Figuras Típicas de Lisboa, anos 20-40 -  Universitária Editora - 1999 - LISBOA - página 91].
                                              O ARDINA
                                                   Olha o SÉCULO ... E O NOTÍCIAS!...
                         Um dos pregões matinais
                         que fazia as delícias
                         de quem lia os jornais.

                                                   Ainda mal rompia o dia
                         Do BAIRRO ALTO p'ra BAIXA
                         Vinha O ARDINA em correria
                         Pé descalço ou de chinelos de borracha.

O dinamismo de "EDUARDO COELHO" ficou aí bem patente . Não só "viciou" o público na compra diária do jornal, como se soube rodear dos melhores colaboradores.
O êxito foi de tal ordem que até a CÂMARA decidiu mudar o nome dos velhos "CALAFATES" passando a RUA a chamar-se quando o jornal fez 20 anos, "RUA DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS", e ainda por lá se circula em pleno BAIRRO ALTO, embora o jornal já não tenha ali a sua residência.
Foi, evidentemente a obra da sua vida. Mas "COELHO" não se ficou por ali fez parte da "COMISSÃO DO CENTENÁRIO DE CAMÕES (1880), foi co-fundador de uma "ASSOCIAÇÃO DE JORNALISTAS E ESCRITORES PORTUGUESES", presidente da "ASSOCIAÇÃO TIPOGRÁFICA", sócio de mérito de numerosas agremiações de todo o País.
Dirigiu o «DIÁRIO DE NOTÍCIAS» até à morte, ocorrida em 14 de Março de 1889.
«EDUARDO COELHO» (1835 - 1889), tem um busto e estátua (do ardina) de bronze, com pedestal em pedra. A obra é da autoria do escultor "ANTÓNIO AUGUSTO DA COSTA MOTTA (tio) e do ARQUITECTO ÁLVARO MACHADO (Pedestal). O Monumento foi erigido por subscrição pública promovida pelo "DIÁRIO DE NOTÍCIAS". Está localizado no "JARDIM" (hoje ANTÓNIO NOBRE) em SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA, inaugurado em 1904, mostrando à posteridade o busto do fundador do "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" e um ardina que parece apregoar o jornal.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-3.ª SÉRIE [XIX]-A RUA SCHWALBACH».