sábado, 24 de outubro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ X ]

«O PALÁCIO PALMELA ( 1 )»
 Rua da Escola Politécnica - ( 1993 ) Foto de FOTOVOO - (Panorama do "PALÁCIO PALMELA" na Rua da Escola Politécnica, hoje "PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA) in SÉTIMA COLINA
 Rua da Escola Politécnica - (1945) Foto de Eduardo Portugal - ( O "PALÁCIO PALMELA" foi vendido em 1822 ao Barão TEIXEIRA, que casou com uma filha dos DUQUES DE PALMELA) in AML
Rua da Escola Politécnica - (19--) Foto de Paulo Guedes - ( "PALÁCIO DOS DUQUES DE PALMELA", porta principal onde se encontra a estatuária de "A FORÇA" e "O TRABALHO") (Abre em tamanho grande) in  AML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ X ]

«O PALÁCIO PALMELA ( 1 )»

O primeiro edifício levantado neste lugar data da última década do século XVIII. O famoso arquitecto das "OBRAS PÚBLICAS" da "CASA DO INFANTADO", MANUEL CAETANO DE SOUSA, aqui fez erguer a sua casa, em terrenos que lhe foram cedido pela "RAINHA D. MARIA I". Instalado entre "S. MAMEDE" e o "RATO", em terrenos que tinham sido do "NOVICIADO DOS JESUÍTAS" e as traseiras  viradas para a "RUA DO SALITRE". Terá eventualmente edificado uma casa bastante modesta, que no dizer de "RATON" em sua "MEMÓRIAS"; "ser tão destituída de ordem e de gosto". 
"CAETANO DE SOUSA" beneficiou ainda, dado a boa vontade da rainha, da doação das sobras de água do «CHAFARIZ DO RATO» que ficava encostado ao muro da propriedade, bem como a pedra  não utilizada nas obras da "BASÍLICA DA ESTRELA".
Com estes apoios, o arquitecto MANUEL CAETANO DE SOUSA iniciou a construção da sua casa a partir do ano de 1792.
A casa tinha menos um andar, além de não ostentar nem revestimento em pedra, que hoje cobre grande parte da fachada, nem os elementos decorativos que agora rodeiam a porta principal.
Como um prédio vulgar, abria no rés-do-chão mais quatro portões, dois de cada lado, dando serventia às cavalariças e outras dependências, podendo até ser autonomizada para aluguer.
É no interior, no entanto, que as mudanças viriam a ser mais radicais.
O edifício primitivo organizava-se em torno de um pátio, ou saguão, com acesso a partir do átrio, sendo os andares superiores servidos por escadas vulgares, próprias de um prédio de rendimento. Este edifício não terá sido pensado como uma estrutura palaciana. Facto decisivo para se perceber o carácter das transformações posteriores, destinadas a fazer dele um palácio.
Depois da morte de MANUEL CAETANO DE SOUSA, herdou a casa seu filho "FRANCISCO ANTÓNIO DE SOUSA", também arquitecto, que aqui habitou. Infeliz nas escolhas políticas, foi incriminado em 1817, na conjura de GOMES FREIRE DE ANDRADE, vindo a ser deportado para ÁFRICA. Para a casa ficou a aura de ter sido um dos locais de reuniões dos conjurados, facilitada por GOMES FREIRE seu vizinho no SALITRE.
O Edifício foi confiscado, ficando por alguns anos na posse do ESTADO, que ali instalou a "INTENDÊNCIA GERAL DA POLÍCIA". Mais tarde, em 1822, foi à praça, sendo arrematada por "HENRIQUE TEIXEIRA DE SAMPAIO" 1.º BARÃO DE TERCEIRA e 1.º CONDE DA PÓVOA, um dos homens mais ricos do seu tempo. Fortuna continuada de seu pai, negociante passando pelos AÇORES, sendo ele COMISSÁRIO DOS FORNECIMENTOS AO EXÉRCITO, nas guerras do principio do século, desde a proveitosa "Campanha do ROSSILHÃO" ( 1 ).
O nome do bisavô era FERREIRA, mas o avô já usou o de TEIXEIRA SAMPAIO da bisavó; em 1789, o pai obteve carta e brasão com os dois apelidos ( e mais dois maternos, AMARAL e GUEDES), embora com uma "brica"( 2 ) distintiva no TEIXEIRA adoptado, e essa forma as armas do BARÃO de 1818, CONDE DA PÓVOA, em 1823 (com riquíssimo Morgado instituído na "PÓVOA" DE SANTA IRIA"), sendo nesse ano PRESIDENTE DO REAL ERÁRIO e MINISTRO DA FAZENDA do MARQUÊS DE PALMELA que entrara brilhantemente na política do reino de D. JOÃO III.
O CONDE DA PÓVOA iniciou o processo de transformação do antigo prédio de MANUEL CAETANO DE SOUSA, em residência palaciana condigna com a sua grandeza. Subiu-lhe um andar, aumentando os cómodos e envolvendo uma magnifica capela que ali fez adaptar e, sobretudo, criou novos acessos internos.

( 1 ) - CAMPANHA DO ROSSILHÃO- Também chamada "GUERRA DOS PIRENÉUS" ou GUERRA DA CONVENÇÃO". Foi uma campanha militar que PORTUGAL participou ao lado da ESPANHA e REINO UNIDO, contra a FRANÇA de (7 de Março de 1793 - 22 de Julho de 1795).

( 2 ) - BRICA -s. f. (Heráldica) Pequeno espaço nos brasões para distinguir a linhagem dos filhos segundos.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XI ]O PALÁCIO PALMELA ( 2 )». 

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