Largo do Intendente Pina Manique - (2014) Foto de David Kong (O antigo Presidente da CML quer ver o LARGO DO INTENDENTE com mais cafés, para a continuação da reabilitação urbana daquela zona) in O CORVO
Largo do Intendente Pina Manique - (1964-03) Foto de Arnaldo Madureira (A "Associação da Soc. Mútuos Almirante Cândido dos Reis" no LARGO DO INTENDENTE. Edifício de traça arquitectónica do século XIX - a placa refere a data de 1863 - evocando uma instituição de carácter social, típico das estruturas institucionais da 1ª. República) in AML
Largo do Intendente Pina Manique - (1968) Foto de Armando Serôdio (O "CHAFARIZ DO INTENDENTE/DESTERRO" depois de mais de cinquenta anos passados da sua transferência do LARGO DO INTENDENTE) (Abre em tamanho grande) in AML
Largo do Intendente Pina Manique - (entre 1898 e 1908) Foto de autor não identificado ("LARGO DO INTENDENTE" e "RUA DO BENFORMOSO" o prédio virado para o Largo "FLOR DO INTENDENTE"-Vinhos Comidas e Tabacos) (Abre em tamanho grande) in AML
(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VI ]
«EPISÓDIOS NO "LARGO DO INTENDENTE" NO FINAL DO SÉCULO XX ( 1 )»
Uma reportagem que o "JORNAL INDEPENDENTE" publicou em 12 de Junho de 1998, escrita pelo grande jornalista «LUÍS PEDRO CABRAL».
"No dia anterior aquilo mais parecia um "FAR-WEST". Na "RUA DO BENFORMOSO" e "INTENDENTE", havia polícia em tudo o que era canto, um movimento pouco habitual para uma véspera de 10 de JUNHO. Nas dezenas de BARES que proliferam neste sítio, o ambiente era o de sempre. Tal como os residentes do bairro, os "habitiés" parecem já imunes às grandes cenas de pancadaria, às vezes da pesada, que estalam no calor da bebida à mínima faísca de provocação.
A porteira do "MOURO BAR" estava de avental e roupa branca, a destoar com as suas carnes mais do que generosas. E com a grossa cortina vermelha por trás.
Lá dentro encontrava-se a sua irmã gémea, acomodada num dos incómodos lugares em frente ao balcão. Pousou um olhar intrigante e atento nas caras novas que acabavam de entrar e lançou de imediato a primeira informação: "MEUS QUERIDOS, A "BEJECA" É A 350 PAUS". Só estava um cliente no estabelecimento, bem atestado, por sinal. Ao fundo do bar, sobressai uma máquina de dados electrónicos. Um pouco antes, sem nunca abdicar de umas quantas mesas, improvisou-se uma pista de dança. Dá-se pela sua existência por ser onde "aterra" uma mistura de luzes berrantes, que brotam de uma bola de espelhos a cair de podre.
Um cliente, desconfiado de que a polícia tinha escolhido o mesmo bar, quis sair de imediato. Mas a empregada de mesa, também dama de companhia, agarrou-o por um braço, antes que este tombasse para o vácuo. Por muito que tentasse não conseguiu convencer o homem de que não estaria para acontecer ali uma rusga. Ela própria não estava muito certa. À cautela, foi debitando o seu sorriso desdentado para manter alguma ordem no estabelecimento, o que não conseguiu.
A música, na circunstancia, não estava a ajudar. Mais uma cerveja ali para o senhor que ia tropeçando, que precisava equilíbrio para sair.
Antes de o "MOURO BAR" ficar às moscas, eis que penetra um trio ruidoso em formação ordenada. O da frente tinha uma boina, camisa às riscas, um "pullover" azul às costas. Este cliente não parecia no seu elemento. Mas o mesmo não acontecia com os outros, que cumprimentaram o dono da casa e as respectivas meninas como já se conhecessem de outras noites.
No "MOURO", tal como nos outros locais da especialidade, não se deu muita importância ao facto de nem há um dia terem andado aos tiros mesmo em frente à sua porta. "Acontece", comenta a porteira, também já não seria a primeira vez que acontecia com clientes da casa. às vezes, basta que um homem dedique um olhar mais prolongado à acompanhante de outro.
Outras, nem é preciso tanto.
NICOLAU tinha 17 anos, fumava SG fltro e já completara o ensino preparatório quando conheceu a "ISILDA", que já atingira a maioridade e um estado de adição à heroína que deixou de ser segredo. Os amigos, esqueceram-na. Os seus pais, antes que desaparecesse o que ainda restava de valioso em casa, deram-lhe ordem de despejo. Que voltasse quando estivesse livre da droga. "ISILDA" conheceu um rapaz, 15 anos mais velho, que compreendia bem a situação em que ela se encontrava. "Já tinha passado pelo mesmo", diz.
Aceitou o convite para experimentar num bar. O seu homem movimentava-se ali com grande à vontade. Através dele "ISILDA" conheceu outras raparigas como ela, conheceu homens sem fim, bêbados, drogados, técnicos de Contas, empregados de escritório, estivadores, camionistas, ladrões da pior espécie, até polícias".
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VII ]-EPISÓDIOS NO LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE NO FINAL DO SÉCULO XX (2)».
A porteira do "MOURO BAR" estava de avental e roupa branca, a destoar com as suas carnes mais do que generosas. E com a grossa cortina vermelha por trás.
Lá dentro encontrava-se a sua irmã gémea, acomodada num dos incómodos lugares em frente ao balcão. Pousou um olhar intrigante e atento nas caras novas que acabavam de entrar e lançou de imediato a primeira informação: "MEUS QUERIDOS, A "BEJECA" É A 350 PAUS". Só estava um cliente no estabelecimento, bem atestado, por sinal. Ao fundo do bar, sobressai uma máquina de dados electrónicos. Um pouco antes, sem nunca abdicar de umas quantas mesas, improvisou-se uma pista de dança. Dá-se pela sua existência por ser onde "aterra" uma mistura de luzes berrantes, que brotam de uma bola de espelhos a cair de podre.
Um cliente, desconfiado de que a polícia tinha escolhido o mesmo bar, quis sair de imediato. Mas a empregada de mesa, também dama de companhia, agarrou-o por um braço, antes que este tombasse para o vácuo. Por muito que tentasse não conseguiu convencer o homem de que não estaria para acontecer ali uma rusga. Ela própria não estava muito certa. À cautela, foi debitando o seu sorriso desdentado para manter alguma ordem no estabelecimento, o que não conseguiu.
A música, na circunstancia, não estava a ajudar. Mais uma cerveja ali para o senhor que ia tropeçando, que precisava equilíbrio para sair.
Antes de o "MOURO BAR" ficar às moscas, eis que penetra um trio ruidoso em formação ordenada. O da frente tinha uma boina, camisa às riscas, um "pullover" azul às costas. Este cliente não parecia no seu elemento. Mas o mesmo não acontecia com os outros, que cumprimentaram o dono da casa e as respectivas meninas como já se conhecessem de outras noites.
No "MOURO", tal como nos outros locais da especialidade, não se deu muita importância ao facto de nem há um dia terem andado aos tiros mesmo em frente à sua porta. "Acontece", comenta a porteira, também já não seria a primeira vez que acontecia com clientes da casa. às vezes, basta que um homem dedique um olhar mais prolongado à acompanhante de outro.
Outras, nem é preciso tanto.
NICOLAU tinha 17 anos, fumava SG fltro e já completara o ensino preparatório quando conheceu a "ISILDA", que já atingira a maioridade e um estado de adição à heroína que deixou de ser segredo. Os amigos, esqueceram-na. Os seus pais, antes que desaparecesse o que ainda restava de valioso em casa, deram-lhe ordem de despejo. Que voltasse quando estivesse livre da droga. "ISILDA" conheceu um rapaz, 15 anos mais velho, que compreendia bem a situação em que ela se encontrava. "Já tinha passado pelo mesmo", diz.
Aceitou o convite para experimentar num bar. O seu homem movimentava-se ali com grande à vontade. Através dele "ISILDA" conheceu outras raparigas como ela, conheceu homens sem fim, bêbados, drogados, técnicos de Contas, empregados de escritório, estivadores, camionistas, ladrões da pior espécie, até polícias".
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE [ VII ]-EPISÓDIOS NO LARGO DO INTENDENTE PINA MANIQUE NO FINAL DO SÉCULO XX (2)».
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