sábado, 8 de março de 2014

RUA DO GRILO [ XVIII ]

 Rua do Grilo - (2005) Foto de APS ("Palácio dos Duques de Lafões" o corpo primitivo que fica na "RUA DO GRILO", foto obtida da "Travessa do Grilo") (Abre em tamanho grande) in ARQUIVO/APS
 Rua do Grilo - (1856-1858) Filipe Folque (A propriedade dos "Duques de Lafões" no "Atlas da Carta Topográfica de Lisboa", estando bem marcado o perímetro inicial entre a "Estrada de Marvila" e a "Rua do Grilo". Notando-se o corte dos belos jardins, pela linha do Caminho-de-ferro) in CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA
 Rua do Grilo - (1999) Foto de António Sacchetti ("Palácio dos Duques de Lafões" vista sobre o pátio. Este conjunto foi erguido possivelmente já no século XIX, com acesso ao salão sobre o jardim) in CAMINHO DO ORIENTE
 Rua do Grilo - (2007) Foto de Autor não identificado ("Palácio dos Duques de Lafões", interior da sala do andar nobre) in IGESPAR
 Rua do Grilo - (2007) Foto de autor não identificado ("Palácio dos Duques de Lafões", interior da Sala da Academia; pintura no tecto da autoria de "CYRILLO VOLKMAR MACHADO") in IGESPAR
 Rua do Grilo - (2013) (Fachada do "Palácio dos Duques de Lafões" lado Sul e principal nascente, sobre a "RUA DO GRILO") in GOOGLE EARTH 
Rua do Grilo - (2013) - (Uma panorâmica da propriedade dos "Duques de Lafões" obtida de Poente para Nascente. Depois da linha do Caminho-de-ferro, a propriedade continuava, conforme se pode ver no "Atlas da Carta Topográfica de Lisboa" de Filipe Folque em 1858) in GOOGLE EARTH


(CONTINUAÇÃO - RUA DO GRILO [ XVIII ]

«O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES OU PALÁCIO DO GRILO ( 2 )»

Foi "PRIMEIRO DUQUE DE LAFÕES - "D. PEDRO HENRIQUE DE BRAGANÇA E LIGNE SOUSA TAVARES MASCARENHAS E SILVA) (1718-1761) primogénito do infante "D. MIGUEL DE BRAGANÇA" filho bastardo do rei "D. PEDRO II" e da francesa "ANA ARMANDA DU VERGE" que fora dama da rainha "D. MARIA FRANCISCA ISABEL DE SABÓIA" (a rainha portuguesa que casou com dois Reis portugueses).
"D. PEDRO DE BRAGANÇA" desempenhava na época conturbada em que viveu, além de princípe de sangue e parente chegado ao Rei "D. JOÃO V", tinha o importante cargo de hierarquia tradicional da Administração portuguesa. "Regedor das Justiças da Casa de Suplicação". De educação esmerada, distingue-se como músico tendo composto algumas missas e um ofício para a semana Santa. Nestes primeiros momentos, parece ter-se sabido adaptar ao emergente poder pombalino, vivendo com ele uma perfeita coabitação. Funções que naturalmente pressupunham uma directa e constante relação com o ministro "SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E MELO".
Assim, devido ao terremoto de 1755 o "DUQUE DE LAFÕES" ficou sem residência em LISBOA do sumptuoso Palácio que tinha perto do "CONVENTO DO CARMO", que com o cataclismo ficou em ruínas e não pode ou não entendeu reconstrui-lo.
Poderíamos pensar que se albergaria nesta "QUINTA DO GRILO", mas não: Andou por casas emprestadas pelo Rei, incluindo o "PALÁCIO DE ALCÂNTARA". Porque? "NORBERTO DE ARAÚJO" retira deste feito a certeza da inexistência no "GRILO" de qualquer Palácio.
Pela leitura da planta, já sabemos que o Palácio não só existia, como, curiosamente ainda lá está. Estamos pois em crer que a razão  do "DUQUE" não se recolher no "GRILO", simplesmente porque o Palácio estava em obras.

Em determinado momento tudo muda na vida do "DUQUE". Assim, em 1760 é desterrado da Corte, recolhendo-se à sua quinta da "GRANJA DE ALPRIATE", onde morreria no ano seguinte sem deixar descendentes.
A acusação que determinou a sentença é categórica. O "DUQUE" tinha-se recusado a iluminar a sua residência por ocasião do casamento da princesa do "BRASIL", futura "D. MARIA I", com seu tio o "INFANTE D. PEDRO III.  Reside neste enlace a chave do problema. O "DUQUE", primo do REI, era também candidato à mão da princesa. Perdeu na corrida com o INFANTE, certamente por defeito de bastardia de seu pai, mas também por ser notoriamente uma personalidade mais forte de que o concorrente, capaz de perturbar os projectos de "POMBAL".
Não nos podemos esquecer que o poder deste Ministro do REI, tinha sido recentemente reforçado, após o «CASO DOS TÁVORAS»(1759) e a concessão pelo monarca do título de "CONDE DE OEIRAS". 
O "DUQUE" foi o último a ser afastado por POMBAL na sua corrida, o que não deixa de reflectir a posição de destaque de que "D. PEDRO DE BRAGANÇA" até então gozava.
Não admira, pois, que se guardasse no "PALÁCIO DOS LAFÕES" uma pasta com o nome do arquitecto "EUGÉNIO DOS SANTOS". Era ao "DUQUE" que o arquitecto do "SENADO DA CÂMARA", principal responsável executivo pela "SALA DO RISCO", tinha de mostrar os seus projectos, depois  submetidos ao REI, ou melhor, a "POMBAL", que os assinava. Compreende-se pois, que os primeiros desenhos não aprovados estivessem nessa pasta, por isso só conhecidos na exposição em que foram divulgados os referentes ao "GRILO".
A posição social e política de relevo do "DUQUE", senhor de uma grande fortuna, ainda por cima com secretas ambições de eventual casamento, mexendo-se muito à vontade no meio dos arquitectos, que dele dependiam, era evidente que o "DUQUE" tinha de tratar com desvelo da imagem da sua casa. E, neste tempo, tal passava sempre pela pedra e cal.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO GRILO [ XIX ]-O PALÁCIO DOS DUQUES DE LAFÕES OU PALÁCIO DO GRILO ( 3 )»

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