Rua Acúrcio Pereira - (2013) - (Um troço da "RUA ACÚRCIO PEREIRA" na actual freguesia dos "OLIVAIS") in GOOGLE EARTH
Rua Acúrcio Pereira - (2007) (Panorama dos "OLIVAIS SUL" em particular a "RUA ACÚRCIO PEREIRA") in GOOGLE EARTH
Rua Acúrcio Pereira - (2013) (Um troço da "Rua Acúrcio Pereira" na actual freguesia dos "Olivais") in GOOGLE EARTH
Rua Acúrcio Pereira- (2013) ( Mais um troço da "Rua Acúrcio Pereira" in GOOGLE EARTHRua Acúrcio Pereira - (2013) - (A "Rua Acúrcio Pereira" nos "Olivais Sul" in GOOGLE EARTH
Rua Acúrcio Pereira - (1967) Foto de Vasco Gouveia de Figueiredo (Rua F. Planta 14170, tipos 15 e 20, actuais ruas "ACÚRCIO PEREIRA" e "CÂNDIDO DE OLIVEIRA") in AFML
(CONTINUAÇÃO) - RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS-2ª SÉRIE [ II ]
«RUA ACÚRCIO PEREIRA ( 2 )»
"ACÚRCIO PEREIRA" entrou no "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" dirigido por ALFREDO CUNHA, e, aos 27 anos , já era chefe de redacção. As modificações no jornal (a propriedade mudara de mãos e o escritor AUGUSTO DE CASTRO entrou como director) não lhe trouxeram qualquer alteração de estatuto.
Ainda no "DIÁRIO DE NOTÍCIAS", pelo Inverno de 1919, no dia 13 ou 14 de Dezembro "ACÚRCIO" recebeu uma carta no jornal remetida pelo "CONDE DE NOVA GOA", o professor LUÍS DE CASTRO, antigo colunista do jornal. A carta era longa e alarmante. "o ilustre professor comunicava que, em Lisboa, havia troupes de malandros que se dedicavam a roubar crianças, transportando-as para sítios desconhecidos, para o estrangeiro até, aviltando-as no crime, mergulhando-as em podridão", lembrou o jornalista. Conhecedor das rotinas profissionais do jornalismo, o CONDE DE NOVA GOA juntava provas ao que alegava. E contava a história de JOSÉ ANTÓNIO LUÍS BISPO, rapaz de 13 anos, aluno do LICEU GIL VICENTE, morador na RUA DO PASSADIÇO, 148 - 3º Dtº.
Segundo o relato pungente, o DIÁRIO DE NOTÍCIAS dispunha ali de um "furo" jornalístico.
Mais nenhuma redacção tivera acesso ao relato. ACÚRCIO PEREIRA fechou-se no gabinete do director e escreveu uma prosa pungente. Na Edição de 17 de Dezembro, o jornal assegurava: "UM PERIGO PÚBLICO, LADRÕES DE CRIANÇAS. O DIÁRIO DE NOTÍCIAS DESCOBRE A EXISTÊNCIA DUMA TEMÍVEL QUADRILHA DE BANDIDOS".
Mas este caso não passou de um gigantesco logro, narrado depois à polícia pelo próprio rapaz de 13 anos, de imaginação muito fértil. Publicamente humilhado, o "DN" não deu facilmente a mão à palmatória. Em LISBOA, não se falava de outra coisa e o "DN" voltou ao tema no dia seguinte. E, com o tempo, o próprio "ACÚRCIO PEREIRA" modificou a sua memória da história, ao escrever sobre ela em 1928, em "UMA HORA DE JORNALISMO" e na sua biografia, infelizmente mal conhecida ("UMA NO CRAVO... OUTRA NA FERRADURA", s/d, edição do autor), reviu o episódio com grande humor e espírito desportivo.
Assim, em 1924, vamos encontrá-lo como redactor de "O MUNDO", jornal - de que aqui já se falou-, e que tinha a sua sede num prédio que dava para a "RUA DA MISERICÓRDIA" e para a "RUA DAS GÁVEAS". Mas também não chegou a aquecer o lugar. Fez ainda uma incursão pelo jornal "O PAÍS", dirigido por MEIRA E SOUSA. No entanto, o seu destino estava traçado: em Março de 1925, entrava para a redacção do jornal "O SÉCULO", assumindo então um lugar de subchefe de redacção.
Aquele diário passou a ser a segunda casa de ACÚRCIO PEREIRA. Voltou a trabalhar com MANUEL GUIMARÃES quando terminou a primeira série de "A CAPITAL" e o seu velho director regressou ao jornal "O SÉCULO".
Em 1950 passava o mestre "ACÚRCIO" a chefiar a redacção daquele matutino já desaparecido à cerca de 35 anos.
Não se dispensou, contudo, o jornalista de outras deambulações pela escrita. Assim, como autor, além de ter publicado livros com memórias, reportagens e crónicas de viagens, trabalhou com frequência para o teatro.
Fez parte de parcerias, sendo co-autor de revistas como "CABAZ DE MORANGOS" ou de opereta como "FLOR DE LIS".
Cultivava o dito de espírito, a "blague"( 1 ). Dele conta OLIVEIRA GUIMARÃES que rejeitou a notícia de um casamento de gente importante porque tinha para esse espaço o relato de uma catástrofe, que achou mais relevante.
Esteve no activo durante sessenta e dois anos. Em 1972, ainda editou um livro "DA VIDA DE UM REPORTER".
Faleceu na sua terra, em 1977, Em 1979 era nome de RUA, nos "OLIVAIS".
- ( 1 )-BLAGUE -(do Fr. Blague) s.f. Arola, embuste, facécia, galga, gracejo, logro, maranhão, mentira, patranha, peta, piada, pilhéria - (dito xistoso) e (galicismo inútil).
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS COM NOMES DE JORNALISTAS -2ª SÉRIE [ III ]-RUA ADELAIDE FELIX»
Nossa, os olivais tem uma identidade tão própria que reconheci de imediato pela flora, pelo desenho das ruas, os materiais... Olivais sul na sua maioria foi baptizado não com nomes de jornalistas mas com nomes de cidades e locais das ex-colónias. É curioso.
ResponderEliminarCaro Anónimo
ResponderEliminarPode parecer curioso, mas estes nomes não vieram tirar os que já existiam. Tudo se deve ao facto da necessidade de preencher as ruas designadas por letras nos Olivais Sul, lembrar pessoas que merecem nomes de RUAS, motivado da urbanização agressiva que nessa zona se desenvolveu.
Poderá ainda constatar que junto à "Rua Acúrcio Pereira" se encontra a "Rua Cândido de Oliveira" jornalista desportivo, e iremos "postar" brevemente "Almada Negreiros".
Cumprimentos
APS
É interessante.
ResponderEliminarSei que não tiraram nomes pré-existentes apenas desconhecia os nomes de ruas dessa zona e que eram de jornalistas (deve ter sido uma profissão mais conceituada noutros tempos).
Virei espreitar mais vezes, sempre se aprende mais umas coisinhas :) Aliás, andei a tentar descobrir uma rua de Lisboa que não existe hoje. Talvez um dia saiba me dizer se existiu mesmo!
PS: desculpe pelo anonimato
Caro PT
ResponderEliminarCongratulo-me que este blogue possa eventualmente contribuir para o esclarecimento de algumas ruas. Sei que não é fácil a algumas pessoas saber quem foi aquela personagem, o que fazia ou o que terá feito por LISBOA, para figurar nesta ou naquela placa toponímica.
Com o complemento deste blogue, talvez se possa identificar mais algum pormenor do topónimo em causa.
É verdade, apesar de algumas vezes o trabalho não ser fácil, penso que os jornalistas eram mais conceituados e respeitados no passado. Embora nos dias de hoje terem uma formação académica mais elaborada, direccionada essencialmente à "Comunicação Social".
Pode, em qualquer momento, indicar o nome da RUA que presentemente não figura nas ruas de Lisboa. Devo dizer-lhe que não deve ser a única: veio a 1ª
República, substituiu os nomes que estivessem relacionados com a Monarquia e alguns com a Igreja. Apareceu o Estado Novo e igualmente começou a substituir nomes que não lhes agradavam. Finalmente com o 25 de Abril aconteceu a mesma situação.
Quanto ao anonimato para mim é indiferente... desde que não seja lesivo.
Despeço-me com amizade
APS