quarta-feira, 28 de maio de 2014

LARGO DO CARMO [ IX ]

 Largo do Carmo - (2001) Foto de Teresa Vale (Fachada principal e portal do "PALÁCIO VALADARES". Nesta local foi instalada a primeira Casa da "UNIVERSIDADE DE LISBOA" com o nome de "ESTUDO GERAL" nos finais do século XIII"  in  SIPA 
 Largo do Carmo - (2001) Foto de Teresa Vale  (Fachada principal Oeste do "PALÁCIO VALADARES" na "Calçada do Sacramento" in  SIPA
 Largo do Carmo - (2013) - Fachada do "PALÁCIO VALADARES" já dentro da "Calçada do Sacramento")  in  GOOGLE EARTH
Largo do Carmo - (2013) - (O "PALÁCIO VALADARES" entrada principal vista da "Calçada do Sacramento")  in   GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO CARMO [ IX ]

«O PALÁCIO VALADARES ( 2 )»

"D. ÁLVARO ABRANCHES DA CÂMARA" este nobre tinha-se mostrado valente e patriota durante a conspiração de 1640. Na verdade, rezam as crónicas que foi ele quem fez desfraldar a bandeira portuguesa no CASTELO DE SÃO JORGE em 1 de Dezembro daquele ano, mostrando com esse gesto que LISBOA estava firmemente ao lado do Monarca Português.
E só agora vamos chegar aos VALADARES que deram nome ao PALÁCIO: a única filha de "D. ÁLVARO A. CÂMARA, "DONA MADALENA MARIA LANCASTRE" nasceu em a 29.01.1630 e veio a casar-se, a 29.01.1654 com o primeiro CONDE DE VALADARES - D. MIGUEL LUÍS DE MENESES, que veio a falecer em 01.11.1714.
Por este nome de PALÁCIO DE VALADARES não será tão fácil alguns alfacinhas que o identifiquem. Mas se aos mais idosos se falar no LICEU DO CARMO e aos que já atingiram um pouco mais que a meia idade  se nomear a ESCOLA VEIGA BEIRÃO já muita  gente sabe onde fica.
O PALÁCIO VALADARES na antiga "PEDREIRA" foi objecto de várias obras de profundo restauro, foi sendo alvo ao longo dos séculos não se conseguindo achar notícia, não sendo de espantar no entanto que algumas fossem de grande volume. Sabe-se, porém, que o grande sismo de 1755 o destruiu praticamente por completo, tal como fez aos edifícios vizinhos entre os quais, como tem sido frequentemente repetido nestes últimos escritos, uma boa parte do CONVENTO DO CARMO, e arruinada a sua Igreja.
Os VALADARES não desistiram, contudo, do seu Palácio. Tinham aliás já raízes no local, sendo nomeadamente juízes perpétuos da Irmandade do Santíssimo da freguesia ao antigo SACRAMENTO
O quinto CONDE D. ÁLVARO DE NORONHA CASTELO BRANCO, decidiu reconstruir o edifício. As medições de terrenos e a marcação de limites deram azo a uma demanda entre o CONDE e os FRADES CARMELITAS. Mas vencida a querela, a casa foi reerguida e D. JOSÉ LUÍZ E MENESES ABRANTES CASTELO BRANCO - 6º CONDE VALADARES, que alguns anos andou pelo BRASIL ao serviço de PORTUGAL, regressou e em 1785 ainda foi a MADRID como Ministro plenipotenciário, foi GENTIL-HOMEM da CÂMARA DA RAINHA D. MARIA I, veio a morrer em 1792 já instalado no que fora o solar dos seus antepassados.
Má sina parecia acompanhar a casa: em Fevereiro de 1798 sofreu um Incêndio, já no tempo de D. ÁLVARO ANTÓNIO, Sétimo CONDE DE VALADARES, tendo ardido por completo, nada restando sequer do seu rico interior. Ainda desta vez não houve desistência: o PALÁCIO voltou a ser reerguido, embora os VALADARES não tivessem voltado a residir naquele local; talvez impressionados com o azar, mudaram-se para o outro PALÁCIO no sítio do CAMPO DE SANTANA, onde já residiam em 1803 ou 1804.

Na sua descrição a configuração do PALÁCIO VALADARES apresenta uma planta em " U " composta pela articulação de corpos de planta rectangular em redor de um pátio também rectangular, sendo a cobertura constituída por telhado diferenciado de duas e três águas. Com pano de muro em reboco pintado e punhais em cantaria.
O alçado principal a (SO), de três pisos, dos quais se demarca o embasamento, com revestimento em placagem de cantaria e de pé-direito crescente no sentido (NO-SE), dado o declive do terreno em que se encontra implantado, já na CALÇADA DO SACRAMENTO.
A fachada de dois corpos separados por pilastras de cantaria, no corpo principal a (NO), o portal nobre, de verga curta articulado lateralmente com molduramento de cantaria em chanfro e mourões e superiormente, com janelas de sacada de bandeira curva sobrepujada por ática animada pela pedra de armas dos CONDES DE VALADARES, servida por varanda de grande contracurvada em ferro forjado. 
O edifício é construído por paredes de alvenaria de pedra e de frontal, pavimentos em abóbada de tijolo e madeira, e cobertura em madeira. Apresentando um estado de conservação e a pouca adequabilidade das soluções existentes no que diz respeito à resistência sísmica do edifício, e os condicionalismos arquitectónicos, teve recentemente uma intervenção de substituição das coberturas, que consistiu em asnas de madeira lamelada colada, com elementos estruturais ligados através de chapas, parafusos e pinos metálicos embutidos.
O trabalho foi desenvolvido pelo INSTITUTO DA CONSTRUÇÃO DA FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO (através do então NCREP-NÚCLEO DE CONSERVAÇÃO E REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS E PATRIMÓNIO) (hoje - NCREP-CONSULTORIA EM REABILITAÇÃO DO EQUIPAMENTO E PATRIMÓNIO, LDA.).

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO [ X ]- O PALÁCIO VALADARES (3)»

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