Largo do Carmo - (Finais do séc.XIX)Gravador J. Novais (As ruínas da IGREJA DO CONVENTO DO CARMO" e a passagem para o futuro elevador, com o seu gradeamento) in LISBOA de Alfredo Mesquita
Largo do Carmo - (1959) Foto dos Estúdios de Mário Novais ( A Abside da "IGREJA DO CONVENTO DO CARMO" vista do lado Nascente) (Abre em tamanho grande) in AFML
Largo do Carmo - (1960) Foto de Armando Serôdio (Panorama da "IGREJA DO CONVENTO DO CARMO", visto do lado Nascente) (Abre em tamanho grande) in AFML
Largo do Carmo - (2006) Foto de Georges Jansonne ("Igreja e Convento do Carmo" visto de Nascente) in WIKIPÉDIA
Largo do Carmo - (2013) (O actual aspecto do antigo "Convento do Carmo" hoje quartel da GNR, e uma parte do "Largo do Carmo") in GOOGLE EARTH
(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO CARMO [ VII ]
«O CONVENTO E A IGREJA DO CARMO (3)»
O traçado da Capela-mor é um pouco compacto para modelo gótico, com panos de parede pouco rasgados, que deverá ter sido devido às preocupações com a estabilidade do conjunto. A fachada principal chegou a ser modificada antes do terramoto, mas não deixa de manter muita da feição original. Possuía ao centro um coroamento de empena triangular; hoje fica pelo começo da moldura da rosácea.
Datam de 1523 as lápides visíveis no corpo saliente do portal, altura em que se fizeram algumas modificações na fachada.
A composição do portal, de perfil tardo-gótico, lembra a do portal axial da BATALHA. Da iconografia gótica do interior, uma mísula figurativa subsiste, na base dos arcos primitivos, logo à entrada, junto à parede ocidental: dois anjos, esguios, de excelente recorte.
A parte habitada do CONVENTO DO CARMO, foi convertida em instalações militares, zona ocupada inicialmente para se tornar no QUARTEL DA GUARDA MUNICIPAL em 1834. Passado anos foi neste mesmo lugar instalada a Sede do COMANDO DA GNR. Foi ainda no QUARTEL DO CARMO que o Presidente do Concelho de Estado, Dr. MARCELO CAETANO, se refugiou dos militares revoltosos, durante a Revolução de 25 de Abril de 1974. Neste CONVENTO DO CARMO foi apresentada a capitulação do Governo, então chamado de "ESTADO NOVO". Durante a rendição o QUARTEL DO CARMO esteve cercado por populares, e militares sob o comando do Capitão "SALGUEIRO MAIA" (1944-1992).
Falando ainda da sua arquitectura, apenas a sacristia, que mantém a abóbada de cruzaria de ogiva e os dois janelões góticos, terá sido edificada na primeira campanha de obras. As outras divisões são de datas posteriores, como o confirmam algumas aduelas ornamentadas e um portal quinhentista de pedraria, de arco abatido e de decoração complexa, que mostra motivos vegetalistas e cabeças aladas de querubim.
Confiando mais uma vez no testemunho de FREI JOSÉ, deviam seguir-se para oriente desta IGREJA as seguintes secções do CONVENTO: a Sacristia, de planta regular; o seu acrescento seiscentista; o CAPÍTULO DOS BISPOS, (espaço hoje devoluto), a pequena capela, desaparecida; o CAPÍTULO NOVO, cuja entrada era o portal referido; o refeitório e, correndo sobre estas divisões, o dormitório. O Claustro é já do século XVII, em estilo característico, de arcos e pilastras de modelo toscano muito simplificado. A frontaria antiga do CONVENTO desapareceu. Pode ser vista numa gravura de "GUILHERME DEBRIE" incluída na edição de 1745 na crónica de FREI JOSÉ, que mostra a porta de recorte tardo-renascentista, com uma pedra de armas sobre a verga recta. Após o terramoto de 1755, tornado necessário o restauro, principalmente na IGREJA, o resultado das obras foi mais o de uma imitação superficial do gótico do que uma verdadeira restituição, apesar de certamente ter ficado utilizável uma parte do material derrubado.
A cobertura da CAPELA-MOR, as colunas da IGREJA, o revestimento interno dos muros, os arcos divisórios, as capelas "à face" das arcadas cegas das paredes laterais e outros pormenores são obras setecentistas, em cuja inspiração gótica é possível ir assinalando prevaricações barrocas.
Na IGREJA está hoje instalado o MUSEU ARQUEOLÓGICO DO CARMO, da ASSOCIAÇÃO DOS ARQUEÓLOGOS PORTUGUESES. O Arqº SIZA VIEIRA, principal responsável da renovação do CHIADO, posterior ao incêndio de 1988, decidiu ligar o topo da RUA DO CARMO às traseiras dos prédios do lado poente, através de uma escada interior aberta numa das fachadas. O novo pátio teria, em consequência, ligação natural ao portal SUL da IGREJA DO CARMO, pelo que foi projectada uma série de compensações de desníveis que impedia esse acesso. Curiosamente, no decurso do debate público do projecto, alguém revelou ao arquitecto a existência de uma gravura anterior ao Terramoto que representa uma escadaria exactamente entre os dois pontos, afinal reencontrados.
Assim, o CONVENTO DO CARMO E SUA IGREJA, que foi de "CARMELITAS DESCALÇAS", era um primor de arquitectura gótica, e poucos monumentos existirão no seu género que se lhe aproximem em obra de arte e riqueza material.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO [ VIII ] O PALÁCIO VALADARES (1)»
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