Largo do Carmo - (2001) Foto de Teresa Vale ( Fachada principal da "Igreja da Ordem Terceira do Carmo" voltada para o "Largo do Carmo") in SIPA
Largo do Carmo (195_) Foto de António Castelo Branco (Fachada da "Igreja da Ordem Terceira do Carmo) in AFML
Largo do Carmo (194_) Foto de Ferreira da Cunha (Procissão do Triunfo ou dos Santos Nus da Ordem Terceira do Carmo) in AFML
Largo do Carmo - (1944) Foto de J. C. Alvarez (Fachada da "Igreja da Ordem Terceira do Carmo" no "Largo do Carmo") in AFML
Largo do Carmo - (1907) Foto de autor não identificado ("Procissão do Triunfo ou dos Santos Nus" saindo da "IGREJA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO") in AFML
(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO CARMO [ XI ]
«A CAPELA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO (1)»
A face Norte do "LARGO DO CARMO" é formada por um prédio tipo pombalino onde está instalada desde 1780, a "VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO CARMO", entre a "RUA DA OLIVEIRA AO CARMO" (Antiga RUA DO OLIVAL) e a "RUA DA CONDESSA" (da Vidigueira).
O prédio está ornado na fachada, ao alto, por um motivo de carácter religioso sobrepujado de cruz. Veio substituir o local do PALÁCIO DOS TEIVAS, dos ELVAS e dos COUTINHOS destruídos pelo terramoto de 1755 ( 1 ).
Os herdeiros destes fidalgos, senhores sucessivos da propriedade, eram, ao tempo do sismo, RUI DA SILVA COUTINHO e AIRES ANTÓNIO DA SILVA. O primeiro, e o segundo como seus imediatos sucessores (eram irmãos) doaram, por escritura de 18 de Dezembro de 1763 e de 3 de Janeiro de 1764, feitas perante o tabelião INÁCIO MATIAS DE MELO, à VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA e ao HOSPITAL DO CARMO, os chãos e ruínas do seu palácio que constituíam um prazo foreiro ao Mosteiro do CONDESTÁVEL, em 100 réis cada ano. Feita a doação, a propriedade foi oficialmente adjudicada à ORDEM, em 27 de Janeiro de 1771, livre de encargo do foro, por Decreto de 6 de Março de 1769, a 1$00 o palmo de frente com o fundo respectivo ( o que tudo importou em 720.000 réis, conforme a verba exarada no TOMBO DA CIDADE e entregue em 9 de Dezembro de 1774.
É de estranhar que tendo a ORDEM recebido por doação tais chãos e ruínas, tivesse de os adjudicar à razão de 1.000 réis o metro. A explicação está em que os herdeiros dos doadores, não concordaram com a doação, tinham movido uma demanda à Mesa DA ORDEM TERCEIRA, com o fundamento de que os chãos eram bens de morgadio ( 2 ).
A ORDEM para não protelar a construção do novo hospital resolvera comprá-los, conseguindo tal autorização pela CARTA de 25 de Outubro de 1774, tomando posse do terreno e ruínas em 31 de Janeiro do ano seguinte. Era então Prior o VISCONDE DE PONTE DE LIMA.
Os caboucos abriram-se e a obra começou ( 3 ).
Os TERCEIROS DO CARMO tinham pois desistido definitivamente de reerguer o HOSPITAL no antigo local, apesar de terem tomado posse (em 5 de Janeiro de 1768) dos terrenos da RUA DAS ESCADINHAS DO CARMO, RUA NOVA DO CARMO, RUA DE VALVERDE, RUA NOVA DO ESPÍRITO SANTO e RUAS do MESTRE GONÇALO, dos SAPATEIROS e das ORTAS que correspondiam, no novo traçado, ao antigo assento do edifício, por quatro sentenças cíveis de adjudicação, julgadas pelo Desembargador MANUEL JOSÉ GAMA ( 4 ).
Ficara encarregado de todo este expediente legal de escrituras, adjudicações e obras o Procurador da Mesa LUÍS JOAQUIM FERNANDES, e diligentemente conseguiu que o soberano consentisse que todo o entulho do terreno dos "SILVAS COUTINHOS" e a construção de um muro de suporte do lado da RUA DA OLIVEIRA, se fizesse à custa do ESTADO.
Por autorização, dada em 6 de Fevereiro de 1776 pelo PATRIARCA, o CARDEAL DA CUNHA, e pela "sentença" do Desembargador JERÓNIMO DE LEMOS MONTEIRO, de 17 de Agosto de 1775, fez-se desistência dos outros chãos na ribanceira do CARMO para VALVERDE que tinham sido adjudicados em 1768 recebendo a ORDEM alguma quantia.
Em 21 de Junho de 1775 tinham sido lançados os fundamentos para o novo edifício. Festa solene. Mas dinheiro para a obra não existia. No cofre só estavam 2.693$775 réis já desfalcados com a compra dos chãos, e tivera. de recorrer a peditórios.
Fizeram-se cartas rogatórias a todas as ORDENS TERCEIRAS DO CARMO espalhadas pelo país, em 13 de Setembro de 1775, distribuíram-se "BOLSAS DE PEDIR" aos irmãos, e até se obteve dos operários da obra e dos fornecedores de materiais, algumas reduções nos salários e preços. Mas apesar de todos os esforços, chegava-se a Março de 1779 tinha-se gasto tudo o que se apurara - oito contos de réis - e já existia mais de cinco emprestados à ORDEM, e a dívida de mais dois à Dízima do PAÇO DA MADEIRA. O Terceiro MANUEL SIMÕES que falecera em 16 de Outubro de 1780 deixara 300$000 réis para as obras do HOSPITAL e para serem logo utilizados, foram gastos na erecção da CAPELA DA ORDEM, fiando na Virgem do CARMO as esperanças da possibilidade da continuação da obra. A Mesa aprovou-a, o procurador do Carmo entendeu-se com o arquitecto MANUEL CAETANO DE SOUSA, autor do risco, e das obras da CAPELA começaram em 29 de Outubro desse ano.
( 1 ) - Em 1844 eram representantes destes fidalgos, a quem chamaram "OS CAINS", ANTÓNIO DE SOUSA COUTINHO MENDES PINTO e ELVAS. Uma herdade de que ele era senhorio directo, no termo da Azambuja, chamava-se, ainda, "COHORTE DO CAHIM"(anúncio do Diário do Governo de 22 de Julho de 1844).
( 2 ) - Códice 92 do Arquivo da Ordem Terceira do Carmo, intitulado "LIVRO DA RECEITA E DESPESA GERAL NA REEDIFICAÇÃO DO HOSPITAL DA VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA DE NOSSA SENHORA DO MONTE DO CARMO DE LISBOA - ano de 1784, pág. 406-v.
( 3 ) - Idem, idem.
( 4 ) - Idem idem.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO CARMO [ XII ] A CAPELA DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO (2)»
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