Terreiro do Paço - (2011) Foto gentilmente cedida por ONDINA CASTELAR ( A ESTÁTUA EQUESTRE DE D. JOSÉ I, obra do Mestre MACHADO DE CASTRO) in ONDINA CASTELAR
Terreiro do Paço - (2003) Foto de Dias dos Reis ( A ESTÁTUA EQUESTRE DE D. JOSÉ I na PRAÇA DO COMÉRCIO, ao entardecer) in DIAS DOS REIS
Terreiro do Paço - (2014) -21.06.2014-Foto gentilmente cedida pela amiga ONDINA CASTELAR (Vista da ESTÁTUA EQUESTRE DE D. JOSÉ I, captada do Miradouro do ARCO TRIUNFAL DA RUA AUGUSTA) in ONDINA CASTELAR
Terreiro do Paço - (2005) Foto de Osvaldo Gago (Estátua Equestre de D. José I, a primeira estátua do género feita em Portugal) in WIKIPÉDIA
(CONTINUAÇÃO)-TERREIRO DO PAÇO [ XV ]
A ESTÁTUA EQUESTRE DE D. JOSÉ I ( 2 )»
A alegoria correspondente à face do pedestal, virada ao RIO, representa o retrato de POMBAL, posteriormente apeado e substituído pelas ARMAS DA CIDADE, quando o Ministro caiu em desgraça (reinado de D. Maria I) e novamente colocado pelos liberais, em 1834.
A Estátua Equestre foi inaugurada com uma cerimónia afectivamente presidida por POMBAL e apenas espreitada pelo REI desde uma janela próxima. Ao escultor não será permitido entrar no recinto da cerimónia, ao contrário do fundidor, o tenente BARTOLOMEU DA COSTA, de um modo muito ignorante considerado, em relação ao monumento, com uma paternidade acrescida face ao escultor.
A recompensa do fundidor será igualmente superior, enfim, um conjunto de peripécias que concorrem par fazer de MACHADO DE CASTRO uma personagem algo atormentada para o resto da sua vida, conforme se depreende da sua literatura que, por vezes, roça a confidencialidade.
Mas esta estátua equestre, de difícil gestão, irrompe por entre a monotonia concentracionária do urbanismo da BAIXA como um monumento de singular qualidade, beneficiando ainda de uma localização ímpar face ao RIO TEJO, embora sujeita à crua luz lisboeta.
Retrata um REI ( D. JOSÉ I vigésimo quinto REI de PORTUGAL, filho de D. JOÃO V que, subiu ao trono em 1750 por morte de seu pai), que vicissitudes várias fizeram "déspota" (1) e «iluminado», numa PRAÇA DO COMÉRCIO (actividade que o voluntarismo de POMBAL seria o motor primeiro da sociedade), enquadrada por prédios iguais e por um ARCO DO TRIUNFO (mais tarde concluído). Cumpre-se neste percurso icónico a sua vocação ideológica principal onde a afirmação persuasiva não se faz sem alguma ambiguidade. A falta de demonstração programática e, sabemos à "posteriori", a falência do modelo propagandeado, são compensados pelo rigor artístico da obra executada. O programa arquitectónico das novas igrejas da BAIXA, obedecendo a princípios de simplicidade exterior, (com excepção da sua frontaria), constitui uma oportunidade perdida quanto ao incremento de uma vasta campanha de escultura.
São por isso, escassas as peças escultóricas aí encontradas, circunstância agravada por alguma falta de exigência quanto à concepção e elaboração.
A estátua Equestre de D. JOSÉ I em LISBOA inscreve-se, bem entendido, na tradição francesa, definida entre "HENRIQUE IV" e "LUÍS XIV", que foi seguida em toda a EUROPA no século XVIII. A estátua de D. JOSÉ I, sendo «a última pedra» de LISBOA pombalina e, além disso, o símbolo de PORTUGAL POMBALINO.
Dizia MACHADO DE CASTRO que só teve oito dias para estudar o cavalo, do qual deixou muitos desenhos no seu álbum. A posição «piafé»( 2 ) foi escolhida: o cavalo, fogoso e retido, tem um aspecto tenso, e nisso as suas linhas ganham uma qualidade nervosa. O animal esculpido defende-se, no entanto, é demasiado pequeno para o cavaleiro e a sua cabeça grande demais. O REI, coberto com uma armadura leve e com o manto ao vento, tem certa dignidade. A rainha, a primeira vez que viu a escultura, na oficina do artista, achou-a horrível, mas isso era devido a um efeito de luz, se acreditarmos nas justificações do escultor, aflito com uma tal crítica. De resto, o infeliz artista nunca fora admitido à presença do REI para retocar a imagem, que por maus retratos fizera. No entanto, o elmo emplumado que domina a cabeça de D. JOSÉ I, pelo contrário, é bem modelado.
( 1 ) - DÉSPOTA - (do Gr. "despótes", dono de casa, senhor) 2.gen. pessoa que governa com autoridade absoluta e arbitrária; ditador, dominador, opressor, tirano e usurpador.
( 2 ) - PIAFÉ - s.m. (do fr. "piaffé"). Movimento que o cavalo faz, batendo com as mãos e os pés no chão, mas sem avançar.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«TERREIRO DO PAÇO [ XVI ] - A ESTÁTUA EQUESTRE DE D. JOSÉ I ( 3 )».