Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (2006) Foto de APS (O interior do "PÁTIO DO CARRASCO" no ano do Mundial de Futebol, numa tarde de Sol) in ARQUIVO/APS
Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (1968) Foto de Armando Serôdio (O "PÁTIO DO CARRASCO", uma vista do seu interior) (Abre em tamanho grande) in AML
Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (Finais do século XIX) (Desenho de Roque Gameiro) (O "PÁTIO DO CARRASCO" desenho do mestre "ROQUE GAMEIRO" estampa Nº 63) in JCABRAL
Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (s.d.) Foto de Eduardo Portugal (O interior do "PÁTIO DO CARRASCO" vista pelo fotografo Eduardo Portugal) ( Abre em tamanho grande) in AML
(CONTINUA) - LARGO DO LIMOEIRO [ II ]
«O PÁTIO DO CARRASCO ( 2 )»
Possivelmente o "ÚLTIMO CARRASCO PORTUGUÊS" nasceu na freguesia de "CAPELUDOS", CONCELHO de VILA POUCA DE AGUIAR, e DISTRITO de VILA REAL.
"LUÍS NEGRO" levou uma vida atribulada, cheia de equívocos e ódios que a própria história tarda em explicar.
Nascido numa terra onde nunca se conhecera um delinquente, o jovem LUÍS não viria a imaginar um destino tão amargo para a sua alma. Paradoxalmente, foi bem cedo que entrou por caminhos tortuosos, feitos de armadilhas e falácias, que o conduziram inevitavelmente à negritude.
Existia já aos dez anos de idade um rol de peripécias numa fuga para LISBOA. Vende laranjas para sobreviver, mas ao fim de alguns meses volta à sua terra com saudades dos seus parentes. Nesta curto espaço os pais vão da consternação à alegria do regresso do filho pródigo.
No anos de 1822 com 16 anos alistou-se no REGIMENTO DE CAVALARIA 6. No final da recruta viu-se envolvido na revolução iniciada pelo general MANUEL DA SILVEIRA dentro de uma conjuntura política marcada pelas guerras liberais.
Com efeito, o jovem soldado LUÍS ALVES, "sem saber porquê encontra-se a servir um exército de realistas" ( 1 ). Combateu no CAMPO GRANDE e na ASSEICEIRA, foi ferido na "BATALHA DE SANTA MARIA DE ALMOSTER", terminando os serviços militares na capitulação da GOLEGÃ.
Finalizada a guerra, volta para a sua terra natal, no entanto um grupo de soldados do REGIMENTO 9 avançou para o capturar. Andou fugido pelos montes, os ódios de quem lutara contra os absolutistas consubstanciavam-se em ciladas, prisões e tentativas de homicídio. A resposta surgia com fugas.
Uma tentativa de embarque para o BRASIL levou para a cadeia de CHAVES.
Depois de intensos interrogatórios acabou por denunciar aquele que o ajudara na última figa. Isto "valeu-lhe" 3 anos de cadeia.
Conduzido a VILA POUCA DE AGUIAR, instauraram-lhe dezoito processos; "eram inumeráveis os crimes que se lhe imputavam". Confessava duas mortes cometidas em legítima defesa, e não negava os ferimentos feitos nos soldados que o perseguiam das duas fugas da cadeia.
Todavia a infinidade de mentiras e as ameaças das testemunhas de acusação levaram LUÍS ALVES a perder o sangue-frio. Perante o magistrado, atira-lhe à cara o banco em que estava sentado... momentos depois era CONDENADO À MORTE. Devia morrer na forca. Com a sentença confirmada por instâncias superiores e altos funcionários judiciais, restou-lhe a comutação dessa pena prestando-se a exercer o cargo de executor da ALTA JUSTIÇA CRIMINAL, ou seja o cargo de «CARRASCO».
Não aceitou de bom grado, foi necessário o pranto da sua mulher que definitivamente convenceu este "EX-DRAGÃO DE CHAVES" ( 2 ).
Dizia ele amargurado: "Em má hora cedi. Deixei-me convencer, dobrei, aceitei a humilhação, o ferrete e a vergonha. Oxalá não o tivesse feito!". A sociedade necessitava de ter, talvez, mais um "CARRASCO"! E quem fala assim... é o último de PORTUGAL.
- ( 1 ) - Defensores da Monarquia Absolutista e das pretensões de D. MIGUEL (vulgo antiliberais). Opunham-se aos seguidores da MONARQUIA CONSTITUCIONAL e de D. PEDRO. A assinatura da Paz na Convenção de ÉVORA-MONTE(1834) significou a vitória das forças liberais e, consequentemente, o triunfo da MONARQUIA CONSTITUCIONAL.
- ( 2 ) - Célebre "COMPANHIA DO REGIMENTO Nº 6" caracterizada pela bravura e tenacidade. Adoptaram como insígnia esse animal mitológico.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO LIMOEIRO [ III ]O PÁTIO DO CARRASCO(3)»
Cara Ângela Luz
ResponderEliminarFico muito contente por lhe ter dado esta alegria.
O "PÁTIO DO CARRASCO" é um lugar muito pitoresco de LISBOA.
Enviei por mail a foto de 1968, espero que goste.
Despeço-me com amizade
Cordiais saudações
APS
Caro Amigo,
ResponderEliminarA denominação é mais antiga que o Luís Alves, aparecendo já em 1819 e segundo Luís Pastor de Macedo, o Pátio do Carrasco aparece referido pela primeira vez em 1689.
Cumpts,
Rui Mendes
Caro amigo Rui Manuel Mesquita Mendes
ResponderEliminarTenho muito prazer em receber um comentário seu, que agradeço.
É bem possível que o "PATIO DO CARRASCO" seja da época de 1689. Logo que me seja possível vou corrigir em "PÁTIO DO CARRASCO" [ I ] de 19.11.2014.
No Livro "LISBOS DE LÉS A LÉS" de Luiz Pastor de Macedo Vol. II pág. 249. Ele diz: Aparece com este nome em 1689 etc. Quanto a LUIS ANTÓNIO ALVES SANTOS ou LUIS ALVES (1806-1873), também conhecido por "LUIS NEGRO", por usar no exercício da sua profissão o seu "GABÃO" preto. Este foi possivelmente o último CARRASCO naquele local.
Despeço-me com amizade
Cumprimentos
Agostinho Paiva Sobreira-APS