sábado, 13 de dezembro de 2014

BOAS FESTAS

«BOAS FESTAS»



DESEJAMOS A TODOS OS "BLOGUISTAS" E AMIGOS  FELIZ NATAL E UM BOM ANO DE 2015.


APROXIMA-SE  O NATAL E COMO É HÁBITO, FAZEMOS UMA PARAGEM PARA MEDITAÇÃO.


VOLTAREMOS NO PRÓXIMO ANO ( de DEUS quiser e nos der saúde ) COM MAIS RUAS DE LISBOA.  ATÉ LÁ VIVAM ESTA QUADRA COM O ESPÍRITO DE VERDADEIRO  NATAL.


FAÇAM O FAVOR DE SEREM FELIZES!

(PRÓXIMO-2015)«JARDIM GUERRA JUNQUEIRO [ I ]-O JARDIM DA ESTRELA ( 1 )»

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

ÍNDICE DE ARTÉRIAS EDITADAS EM 2014

«ÍNDICE DE RUAS EM 2014»

 AVENIDA - LARGOS  -  RUAS  E TERREIRO



POR FREGUESIAS

ÍNDICE DE AVENIDA, LARGOS, RUAS E TERREIRO TRATADOS NESTE BLOGUE DURANTE O ANO DE 2014.

O ÍNDICE ESTÁ REPRESENTADO POR ORDEM ALFABÉTICA POR ARTÉRIAS E FREGUESIAS.

FORAM RETRATADAS ESTE ANO: 1 AVENIDA;  19 LARGOS;  59 RUAS e 17 TERREIRO, NUM TOTAL DE 96 PUBLICAÇÕES REFERENTE A ARTÉRIAS DE LISBOA.

(PRÓXIMO)«BOAS FESTAS»

sábado, 6 de dezembro de 2014

RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ III ]

LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 3 )
 Rua Luís Pastor de Macedo - (2014) (Vista da "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" para Poente, encontrando-se no lado direito parte do antigo edifício "Estúdio" da Tobis Portuguesa e a paragem do "METRO" da Quinta das Conchas) in  GOOGLE EARTH
 Rua Luís Pastor de Macedo - (2014)  (A "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" no sentido Norte, ao lado esquerdo como referência os "Estúdios" da antiga Tobis Portuguesa) in GOOGLE EARTH
 Rua Luís Pastor de Macedo - (2014) - (Um troço da "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" no sentido Sul, na sua esquerda uma ligação à "RUA TOBIS PORTUGUESA") in GOOGLE EARTH
Rua Luís Pastor de Macedo - (1960) (Uma das obras de "LUÍS PASTOR DE MACEDO", "LISBOA DE LÉS A LÉS", subsídios para a história das vias públicas da cidade , Volume II, 2ª Edição -uma reedição das Publicações Culturais da CML-, que nos congratulamos, sendo este livro uma referência para a maioria dos olisipógrafos).   in    ARQUIVO/APS 

(CONTINUAÇÃO) - RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ III ]

«LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 3 )»

"LUÍS PASTOR DE MACEDO", foi ainda um grande impulsionador da representação de LISBOA nas FESTAS dos anos 1940, ano em que foram comemorados o duplo CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA NACIONAL ( 1140 - 1640 ) e da RESTAURAÇÃO em que o primeiro CORTEJO HISTÓRICO foi organizado por "LEITÃO DE BARROS".
Quanto à EXPOSIÇÃO DO MUNDO PORTUGUÊS  será a coroa de glória das opções assumidas e definidas da "POLÍTICA DO ESPÍRITO" de ANTÓNIO FERRO, em 1940 constituía o  "ano das grandes realizações espirituais e materiais do Estado Novo".
Deste modo. o governo de SALAZAR pretendia associar a grandiosa manifestação NACIONAL, - que então se erguia na antiga "PRAÇA DO IMPÉRIO" na zona de BELÉM - e essas datas decisivas da HISTÓRIA DE PORTUGAL, procurando uma legitimação absoluta da sua política, para o País.

"LUÍS PASTOR DE MACEDO" exerceu vários cargos, nos quais teve ocasião de tornar mais agradável a sua cidade, investigou, estudou e escreveu sobre LISBOA, vivendo-a intensamente durante os seus anos de vida.
Pertenceu este alfacinha à geração de ouro dos olisipógrafos, teve oportunidade de, já adulto, conviver com os últimos tempos de PINTO DE CARVALHO, o célebre cronista TINOP; apanhou ainda em pleno vigor o Engenheiro VIEIRA DA SILVA, cabouqueiro ilustre da história da cidade; foi companheiro de várias iniciativas, no campo literário e  no terreno do polifacetado GUSTAVO DE MATOS SEQUEIRA; mantinha com NORBERTO DE ARAÚJO a relação de respeito e amizade que une aqueles que lutam pela mesma dama, com ele colaborando pelo menos numa das suas obras mais conhecidas; entusiasmou também LEITÃO DE BARROS, pondo o talento criador deste ao serviço das festas de LISBOA.
Desta plêiade de gente talentosa - à qual seria necessário juntar outros nomes - veio a resultar o "GRUPO AMIGOS DE LISBOA", nascido em 1936 e ainda hoje rijo, defensor e propagandistas da "CAUSA ALFACINHA".
"LUÍS PASTOR DE MACEDO" faleceu aos 70 anos, LISBOA tinha-o agraciado com a sua medalha de ouro um ano antes.
Certamente será lembrado não só pela CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA como o já referido "GABINETE DE ESTUDOS OLISIPONENSES", herdeiro do seu ficheiro - os "AMIGOS DE LISBOA", do qual foi co-fundador e o seu primeiro secretário-geral, irão lembrá-lo, estudá-lo, tirar proveito da sua obra.
É preciso tentar ser tão saudavelmente "BISBILHOTEIRO" como o mestre "LUÍS PASTOR DE MACEDO", nesta arte de saber...

ALGUMAS BIBLIOGRAFIAS E ESTUDOS DE "LUÍS PASTOR DE MACEDO":
- A IGREJA DE SANTA MARIA MADALENA DE LISBOA (1930).
- A "RUA DAS PEDRAS NEGRAS", LISBOA (1932).
- O ANTIGO TERREIRO DO TRIGO, LISBOA (1932).
- LISBOA DE OUTRORA (1938) (em colaboração).
- A BAIXA POMBALINA, LISBOA (1938).
- A RUA DAS CANASTRAS, (1939).
- UM ARTISTA, UMA RUA E UMA FREGUESIA, LISBOA (1940).
- LISBOA DE LÉS A LÉS (5 Volumes) (1940/1943).
- A MOURARIA, O ARCO E A PACIÊNCIA DOS LISBOETAS,(1945) in Olisipo Vol. VIII Nº 30.
- ASCENDENTES DE CAMILO (1947).
- CASAS DA CÂMARA DE LISBOA (1951) em colaboração com NORBERTO DE ARAÚJO.
- HISTÓRIA DE UMA HORTA NO ARRABALDE DOS MOUROS (1963) in BOLETIM CULTURAL, JUNTA DISTRITAL DE LISBOA, Nº 59-60, LISBOA.


(PRÓXIMO) - ÍNDICE DE ARTÉRIAS EDITADAS EM 2014 - 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ II ]

«LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 2 )»
 Rua Luís Pastor de Macedo - (2014) (Entrada e saída Sul da "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" de para a "AVENIDA MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA")  in    GOOGLE EARTH 
 Rua Luís Pastor de Macedo - ( 2014 ) (Um troço da "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" no sentido Poente,passando na parte de baixo dos edifícios por um túnel construído para o efeito)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Luís Pastor de Macedo - (2014) (Um troço da "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" no sentido de Norte para Sul)  in   GOOGLE EARTH
Rua Luís Pastor de Macedo - (2014) ( A "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" no sentido Sul, Zona da antiga "RUA-B" da Urbanização dos Terrenos da "Tobis Portuguesa", a caminho da saída pela "RUA SILVA TAVARES")  in   GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ II ]

«LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 2 )»

«LUÍS PASTOR DE MACEDO» em colaboração com "NORBERTO DE ARAÚJO", escreveu também uma obra hoje indispensável, sobre "AS CASAS DA CÂMARA DE LISBOA". E com "MATOS SEQUEIRA" elaborou um livro de deliciosos apontamentos soltos sobre vários aspectos da cidade alfacinha, intitulado "A NOSSA LISBOA".
"LISBOA DE LÉS A LÉS" é, sem dúvida alguma, a mais conhecida e consultada das obras de "PASTOR DE MACEDO" será, porém o mais vasto e completo trabalho feito até hoje sobre a toponímia ( e não só...) da cidade de LISBOA. Deu-se o caso de terem sido publicados alguns volumes póstumo intitulados "RUA DE LISBOA", resultante dos apontamentos de outro olisipógrafo, "GOMES DE BRITO".  Lendo-os MACEDO, não resistiu: havia muita coisa que era necessário completar, muita outra que era preciso corrigir, alguma em que ele podia inovar.
Saíram cinco volumes até 1943, em que o autor revela por completo a sua faceta de insaciável estudioso, no que diz respeito à  toponímia.
Temo-lo caracterizado ( e o Mestre, do Além, perdoará a irreverencia) como o maior "BISBILHOTEIRO" da história da CIDADE DE LISBOA. Na verdade, qualquer consulta à cerca de uma RUA acaba por proporcionar ao leitor uma informação exaustiva sobre os seus moradores, com indicações de filiação e ascendência de cada habitante.

Ao tratar a "RUA DOS BACALHOEIROS" (que já nos referimos neste blogue em 07.01.2008), como exemplo,  por se tratar de uma artéria que outrora fora habitada por "confeiteiros", dedica 150 páginas, à história dos doces e seus fabricantes nesta cidade... Pensamos que nada ficou por dizer sobre esse tema.

Mas não foi "LUÍS PASTOR DE MACEDO" apenas um investigador e escritor, o que já seria muito.
Tendo começado como Comissário do GOVERNO junto do "TEATRO NACIONAL D. MARIA II", veio a ser nomeado vereador da CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA (1932 - 1933), Vice-Presidente e Presidente substituto da Edilidade de 1947 a 1959.  Foi o criador do pelouro dos SERVIÇOS CULTURAIS DA CÂMARA MUNICIPAL DE  LISBOA.  Deputado à ASSEMBLEIA NACIONAL (IV Legislatura) e PROCURADOR à CÂMARA COOPERATIVA, em representação das actividades não diferenciadas (armazenistas e retalhistas).
Aproveitando essas qualidades, teve papel fundamental nas "FESTAS DE LISBOA", nomeadamente as de 1934 - ano em que apareceram as Marchas representando os BAIRROS - e de 1935, que se revestiram de excepcional brilho.

(CONTINUA)-(PRÓXIMA)«RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ III ]-LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 3)»

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O 1º DE DEZEMBRO

«O 1º DE DEZEMBRO DE 2014»
 Associando-me mais uma vez ao "MOVIMENTO 1º DE DEZEMBRO" quero deixar aqui o meu inconformismo, pela perda do "FERIADO", representativo das comemorações do 1º DE DEZEMBRO (dia que assinala a data da RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL) "apagado" da nossa história, pela LEI Nº 23/2012.

 BRASÃO DE ARMAS DE PORTUGAL
Aclamação de D. João IV (1604-1656) de PORTUGAL, foi o 21º REI DE PORTUGAL, e o primeiro da quarta "DINASTIA DE BRAGANÇA". (Pintura de COLUMBANO BORDALO PINHEIRO no  MUSEU MILITAR DE LISBOA)   in  WIKIPÉDIA

UM POUCO DE HISTÓRIA

No dia 1 de Dezembro de 1640, terminava o período de 60 anos em que o REINO DE PORTUGAL, foi governado pela dinastia de origem austríaca dos "HABSBURGO ( 1 ), com o fim do reinado de FILIPE III (conhecido como "FILIPE IV" em ESPANHA).

Na realidade a dinastia do ramo hispânico dos "HABSBURGO", ficou em PORTUGAL conhecida como "FILIPINA" por todos os monarcas se chamarem "FILIPE" (AVÔ - FILHO e NETO - Reinantes -I - II - III).

Esta monarquia dos "HABSBURGO" controlava inúmeros ESTADOS, todos eles separados entre si e independentes;  PORTUGAL não era diferente da CATALUNHA, da FLANDRES, de CASTELA, de NAVARRA, de NÁPOLES ou de VALÊNCIA.
Provavelmente a monarquia dos "HABSBURGO", mais se parecia (salvo-seja!), como uma "UNIÃO EUROPEIA" .

Quando em 1640 os nobres portugueses, muito deles desiludidos com o não cumprimento das promessas dos monarcas, decidem revoltar-se, embora a decisão tomada não fosse original.
Na verdade, nesse mesmo ano de 1640, durante o VERÃO, um outro país da península IBÉRICA, a CATALUNHA, decidiu revoltar-se contra exactamente o mesmo estado de coisas e expulsar a "família" real dos "HABSBURGO". 

A monarquia hispânica estava envolvida na chamada "GUERRA DOS TRINTA ANOS(1618-1648) e não tinha, na altura, meios suficientes para esmagar a revolta na CATALUNHA, muito menos, para debelar a revolta em PORTUGAL. [Extracto de ÁREA MILITAR].

( 1 ) - HABSBURGO - ( Casa de ), antiga família da ALEMANHA, oriunda da SUÁBIA. Conquistou com ALBERTO "O RICO" (1153) territórios consideráveis entre a SUÍÇA e a ALSÁCIA e subiu ao trono IMPERIAL como "RODOLFO DE HABSBURGO", cujos descendentes possuíam ainda a BOÉMIA, a HUNGRIA, a ESPANHA, os domínios austríacos os PAÍSES BAIXOS, uma parte de ITÁLIA, e o Novo Mundo.


(PRÓXIMO)«RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ II ]-A RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO(2)»

sábado, 29 de novembro de 2014

RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ I ]

«A RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 1 )»
 Rua Luís Pastor de Macedo - ( 2014) (A "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" inserida na urbanização dos terrenos da antiga "Tobis Portuguesa")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Luís Pastor de Macedo - ( 2007 ) - (Vista Panorâmica da "QUINTA DAS CONCHAS" e a urbanização dos terrenos da "TOBIS PORTUGUESA", onde se insere a "RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO") in GOOGLE EARTH
 Rua Luís Pastor de Macedo - ( 2014 ) - (A RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO" no sentido Nascente, vendo-se no seu lado esquerdo o Estúdio da antiga "TOBIS PORTUGUESA") in GOOGLE EARTH
Rua Luís Pastor de Macedo - (2014) - (Entrada Norte para a "RUA LUÍS DE MACEDO", vindo da "RUA SILVA TAVARES") in GOOGLE EARTH

RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ I ]

«A RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 1 )»

A «RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO» pertence *a freguesia do «LUMIAR». Tem início na "RUA SILVA TAVARES" existindo também uma Entrada/Saída pela "AVENIDA MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA" e finaliza novamente na "RUA SILVA TAVARES". Tem no seu lado esquerdo a "RUA TOBIS PORTUGUESA" que lhe é convergente.

Em reunião numa das salas dos Paços do Concelho foi registado na Acta Nº.105 de 26 de Janeiro de 1972 ( 1 ), o pedido feito por Sua Exª. o Presidente sobre a consagração do nome de "LUÍS PASTOR DE MACEDO" na Toponímia de Lisboa. A Comissão foi de parecer que a "RUA-A" do plano de urbanização dos terrenos da TOBIS PORTUGUESA, na QUINTA DAS CONCHAS, incluindo o troço da "RUA-B" que lhe fica paralelo, se denomine - RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO - OLISIPÓGRAFO- (1901-1971).

"LUÍS PASTOR DE MACEDO" nasceu na antiga freguesia da "MADALENA" hoje "SANTA MARIA MAIOR" a 23 de Fevereiro de 1901 e faleceu em 13 de Novembro de 1971.
PASTOR DE MACEDO, de ascendência espanhola, pertencia a uma família de comerciantes. Aliás, a conhecida e velha "CASA DOS PANOS", da "RUA DOS FANQUEIROS", provavelmente continua na posse de familiares seus.
Não foi a comerciar que veio a distinguir-se: desde muito cedo se dedicou a saber quanto pudesse sobre a sua cidade. Ia anotando todos os seus estudos as suas leituras e investigações em pequenos rectângulos de papel, que cortava à medida, aproveitando cadernos, papel almaço, cartolinas, sobretudo folhas quadriculadas, que serviam possivelmente para as contas.
Eram as suas fichas e encheu, durante a vida, muitos milhares delas. De certa forma, este ficheiro foi a obra da sua existência. Afinal, foi destes apontamentos, tirados em todas as circunstâncias, recolhidas na mais vetusta biblioteca ou na pressa de uma anotação obtida em plena rua, que proveio não só a obra vasta que nos deixou, como muitos trabalhos feitos por outros, especialmente sobre a TOPONÍMIA DE LISBOA.
O ficheiro existe: cuidadosamente conservado por familiares do Olisipógrafo, veio a ser entregue ao GABINETE DE ESTUDOS OLISIPONENSES, onde está praticamente quase todo informatizado.
O contacto com milhares de verbetes - enchem as gavetas de dois móveis amplos - é impressionante, quase comovente; o número e a qualidade das informações recolhidas pelo Mestre, é revelador de uma curiosidade insaciável, ligada a um amor muito grande.
O resultado desse trabalho de uma vida ficou expressa em livros e escritos dispersos; salientem-se os estudos sobre a "RUA DAS PEDRAS NEGRAS", o antigo "TERREIRO DO TRIGO", a "BAIXA POMBALINA", a "RUA DAS CANASTRAS", a primeira "RUA DA IMPRENSA", a "IGREJA DA MADALENA", a casa onde nasceu o jornalista e estadista "ANTÓNIO ENES".

( 1 ) - ACTAS - 1943/1974 - COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA DE LISBOA - CML - 2000 - LISBOA.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ II ]A RUA PASTOR DE MACEDO ( 2 )».

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

CURIOSIDADES SOBRE A "BICA-CAFÉ"

A BICA-CAFÉ
Curiosidades sobre a BICA - (século XX) (Quando apareceu a primeira máquina expresso em Portugal, as pessoas não estavam habituadas ao sabor forte e amargo do café...)    in   DOM TACHO RESTAURANTE

 Curiosidades sobre a BICA - (1908) ( Na "BRASILEIRA" no CHIADO tomava-se café servido à mesa numas cafeteiras pequenas cujo conteúdo era retirado da máquina de café de saco que possuía umas torneiras)   in  CAFÉ MUSEU

Curiosidades sobre a BICA - (1911)  (Rua Garrett, 120 e 122)   Foto de Joshua Benoiel   ("A BRASILEIRA" no CHIADO, casa especializada no café do BRASIL) in   AML 

Curiosidades sobre a BICA - (1979) ( Rua Garrett, 120 e 122-LISBOA) Foto de Neves Águas (A porta de "A BRASILEIRA" no CHIADO com seu aspecto de arte "DECO")  in  AML

«CURIOSIDADES SOBRE A BICA-CAFÉ»

Possivelmente a origem da palavra "BICA" resultará da própria palavra "BICA", em português, é o tubo de saída da água de uma fonte.

Como a Máquina Expresso tem o manípulo de saída do café em forma de uma ou duas "BICAS", ao contrário da "MÁQUINA" de saco ou filtro que possuía apenas torneiras. Em LISBOA, nos melhores cafés, tinham "CAFÉ DE FILTRO" (da torneira), e "CAFÉ EXPRESSO" (da BICA), e assim ficou o termo até hoje.

Uma outra explicação para a designação da "BICA" encontrada no Blogue "MOURA MORTA" da região de COIMBRA, designadamente de VILA NOVA DE POIARES.
"Como sabem o termo "BICA" é um termo que se começou a usar em COIMBRA (zona centro do país) quando o café "A BRASILEIRA" vendeu os primeiros "expressos". Em LISBOA, o público achava esses "expressos" muito amargos. Daí que o pessoal de "A BRASILEIRA" inventou um "SLOGAN" para ajudar nas vendas. "BEBA ISTO COM AÇÚCAR". E pegou. Hoje a palavra foi reduzida às iniciais: "BICA" que ainda hoje o é em COIMBRA. Afinal a "BICA" tem uma razão forte de existir!" (LUÍS FILIPE SANTOS).

No início do século XX o café na "A BRASILEIRA" no CHIADO era servido numa cafeteira grande com cabo de madeira. Como podemos deduzir quando chegava ao último cliente a ser servido o café já estaria frio.
Um cliente ( que habitualmente tratava sempre por "tu" os criados) dizia: "ó ALBINO, vai mas é à "BICA" ( 1 ).  Assim ficou generalizado o termo "BICA".
"BICA" - Nome generalizado em LISBOA e COIMBRA termo que no PORTO, poderá não ser entendido.

- ( 1 ) -voltar a encher a cafeteira na torneira do recipiente onde era feito o café.

Também existem muitos termos para diversos procedimentos das "BICAS", conforme o gosto de cada cliente.

- Uma Bica cheia
- Uma Bica com cheirinho
- Uma Bica curta
- Uma Bica curta em chávena escaldada
- Uma Bica dupla
- Uma Bica italiana
- Uma Bica normal
- Uma Bica normal em chávena não aquecida
- Uma Bica pingada

E eventualmente existirá mais alguma "identificação" que de momento não me ocorre.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Em 19 de Novembro de 1905 a "A BRASILEIRA" no CHIADO, LISBOA, abriu as suas portas ao público, vendendo o genuíno café em grão do BRASIL de MINAS GERAIS, moído à vista do cliente. O seu fundador ADRIANO TELES, vivera durante vários anos no BRASIL, mantendo excelentes contactos que lhe permitiam importar café e outros produtos regularmente. Três anos mais tarde, o sucesso do estabelecimento levou a que se construísse uma "SALA DE CAFÉ". novidade na época e que rapidamente se generalizou, tornando o local obrigatório para a elite lisboeta.

(PRÓXIMO)«RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ I ]-A RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO ( 1 )»

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

LARGO DO LIMOEIRO [ III ]

«O PÁTIO DO CARRASCO ( 3 )»
 Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (2006) Foto de APS ( Entrada em túnel para o "PÁTIO DO CARRASCO"   in   ARQUIVO/APS
 Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (Depois de 2006) (O "PÁTIO DO CARRASCO" um dos seus pitorescos pormenores) (Abre em tamanho grande) in  APONTAMENTOS DE LISBOA
 Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco -( 2011) ( Placa Toponímica do "PÁTIO DO CARRASCO" em LISBOA) in  ONTEM, EU REPARAVA NO SORRISO DAS VACAS
 Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (1883) (Uma edição do livro "O ÚLTIMO CARRASCO-LUÍS NEGRO" de LEITE BASTOS)  in  LIVREIRO MONASTICON
Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (1883) (Livro com o título "O ÚLTIMO CARRASCO" "LUIZ NEGRO" de LEITE BASTOS, editada na antiga  oficina Literária na Rua Nova do Almada em LISBOA)  in   PEDRO ALMEIDA VIEIRA


(CONTINUAÇÃO) - LARGO DO LIMOEIRO [ III ]

«O PÁTIO DO CARRASCO ( 3 )»

Numa quarta feira do dia 20 de Agosto de 1873 o "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" anunciava na sua primeira página a morte de LUÍS ALVES. Tinha 67 anos e faleceu na CADEIA DO LIMOEIRO -  «"era entre nós o último representante d'esses desgraçados, cuja perversidade e destino fatídico, a sociedade aproveita como instrumento da sua fria e calculada vindicta"» e remata o artigo do jornal. "LUÍS NEGRO" era o nome, "terrivelmente adjectivado, do último Carrasco legal ( 1 )", que marca os derradeiros suspiros da pena de morte em PORTUGAL.
 Negritude manchada, quer do exercício da profissão ou ainda supostamente ligada ao seu «GABÃO PRETO», que insistentemente usava. 
Cento e quarenta e sete anos sobre a data da abolição da pena de morte em PORTUGAL (Lei de 1 de Julho de 1867) representam um pioneirismo incomparável na saga história da luta pelos "DIREITOS HUMANOS". Orgulho português que se deve prioritariamente a um conjunto de deputados oitocentistas verdadeiramente iluminados.
Controversas à parte, certo é que ainda hoje restam marcas da presença do "CARRASCO". Em LISBOA , e imediatamente à frente do "LARGO DO LIMOEIRO", junto à antiga "CADEIA DO LIMOEIRO", encontramos o «PÁTIO DO CARRASCO» estranhamente funesto e degradado.
Para a fama de "LUÍS ALVES", o "NEGRO", "sinistro" funcionário do MINISTÉRIO PÚBLICO, muito terá contribuído o facto do "VISCONDE DE OUGUELA" (CARLOS RAMINHO COUTINHO) o ter entrevistado na prisão do LIMOEIRO e LEITE BASTOS ter escrito um romance histórico e biográfico sobre tal personagem com o título "O ÚLTIMO CARRASCO" e ainda ser referenciado por CAMILO CASTELO BRANCO em "NOITES DE INSÓNIAS".

«JOÃO FERNANDES ANDEIRO» (CONDE DE ANDEIRO), era um fidalgo galego natural de "ANDEIRO" na CORUNHA, que D. FERNANDO, que ambicionava o trono de CASTELA, e invadir a GALIZA, aproveitando as lutas que se seguiram ao assassínio de D. PEDRO I (1369) por um meio-irmão, HENRIQUE, o "BASTARDO".
O "ANDEIRO" refugiou-se em INGLATERRA e o DUQUE DE LENCASTRE, que também pretendia o trono de CASTELA, enviou-o secretamente a PORTUGAL para negociar uma aliança. É então que o fidalgo se apaixona por D. LEONOR TELES, e segundo "FERNÃO LOPES", "foi esta afeição em ambos muito forte". D. FERNANDO cumula-o de riquezas e fá-lo CONDE DE OURÉM.
Morto o REI, o escândalo dos amores da regente do reino e o grave problema da sucessão, acumularam ódios; ANDEIRO é assassinado no «PAÇO DO LIMOEIRO" por D. JOÃO, MESTRE DE AVIS, satisfazendo assim a vontade de alguns nobres e de todo o povo, que viam na real mancebia uma afronta para o rei, e um perigo para a NAÇÃO

- ( 1 ) - CAMILO CASTELO BRANCO in NOITES DE INSÓNIAS

(Para ver mais fotos do "Pátio do Carrasco" pode consultar este blogue amigo:MÁRIO MARZAGÃO ALFACINHA)

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto -Peregrinações em Lisboa-Livro II Ed. VEGA, com o patrocínio da Fundação Cidade de Lisboa - 1992 - LISBOA.
- BASTOS, Francisco Leite - O ÚLTIMO CARRASCO - 1883 - Lisboa
- CASTELO BRANCO, Camilo - NOITES DE INSÓNIA, Liv. Chardron de Lello & Irmãos- PORTO - 1929.
- Dicionário Ilustrado da História de Portugal - Editado por Publicações Alfa - 1986-Impresso em ESTELLA (NAVARRA)-ESPANHA.
- ELEUTÉRIO, Victor L. - O Último Carrasco em Portugal, s.d. (pp. soltas)
- MACEDO, Luís Pastor de - LISBOA DE LÉS A LÉS- Pub. Culturais de CML-Vol. II 2ª. Ed. 1960 - LISBOA.
- MACHADO , Júlio M. - Crónica da Vila Velha de Chaves, Gráfica do Tâmega, CHAVES-1994.
-OUGUELLA, Visconde - O Último Carrasco - Liv. de Antº. Maria Pereira - Lisboa -1897.
- SANTOS, Mª. José M. - A Sombra e a Luz - As prisões do Liberalismo - Edições Afrontamento, PORTO - 1999.

INTERNET
- MÁRIO MARZAGÃO ALFACINHA
- PÁTIO DO CARRASCO
- WIKIPÉDIA 

(PRÓXIMO)«RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO [ I ]-A RUA LUÍS PASTOR DE MACEDO(1)»

sábado, 22 de novembro de 2014

LARGO DO LIMOEIRO [ II ]

«O PÁTIO DO CARRASCO ( 2 )»
 Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (2006) Foto de APS  (O interior do "PÁTIO DO CARRASCO" no ano do Mundial de Futebol, numa tarde de Sol)  in  ARQUIVO/APS
 Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (1968) Foto de Armando Serôdio (O "PÁTIO DO CARRASCO", uma vista do seu interior) (Abre em tamanho grande)  in  AML
 Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (Finais do século XIX) (Desenho de Roque Gameiro) (O "PÁTIO DO CARRASCO" desenho do mestre "ROQUE GAMEIRO" estampa Nº 63) in  JCABRAL
Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (s.d.) Foto de Eduardo Portugal (O interior do "PÁTIO DO CARRASCO" vista pelo fotografo Eduardo Portugal) ( Abre em tamanho grande) in  AML

(CONTINUA) - LARGO DO LIMOEIRO [ II ]

«O PÁTIO DO CARRASCO ( 2 )»

Possivelmente o "ÚLTIMO CARRASCO PORTUGUÊS" nasceu na freguesia de "CAPELUDOS", CONCELHO de VILA POUCA DE AGUIAR, e DISTRITO de VILA REAL.
"LUÍS NEGRO" levou uma vida atribulada, cheia de equívocos e ódios que a própria história tarda em explicar.
Nascido numa terra onde nunca se conhecera um delinquente, o jovem LUÍS não viria a imaginar um destino tão amargo para a sua alma. Paradoxalmente, foi bem cedo que entrou por caminhos tortuosos, feitos de armadilhas e falácias, que o conduziram inevitavelmente à negritude.
Existia já aos dez anos de idade um rol de peripécias numa fuga para LISBOA. Vende laranjas para sobreviver, mas ao fim de alguns meses volta à sua terra com saudades dos seus parentes. Nesta curto espaço os pais vão da consternação à alegria do regresso do filho pródigo.
No anos de 1822 com 16 anos  alistou-se no REGIMENTO DE CAVALARIA 6. No final da  recruta viu-se envolvido na revolução iniciada pelo general MANUEL DA SILVEIRA dentro de uma conjuntura política marcada pelas guerras liberais.
Com efeito, o jovem soldado LUÍS ALVES, "sem saber porquê encontra-se a servir um exército de realistas" ( 1 ). Combateu no CAMPO GRANDE e na ASSEICEIRA, foi ferido na "BATALHA DE SANTA MARIA DE ALMOSTER", terminando os serviços militares na capitulação da GOLEGÃ.
Finalizada a guerra, volta para a sua terra natal, no entanto um grupo de soldados do REGIMENTO 9 avançou para o capturar. Andou fugido pelos montes, os ódios de quem lutara contra os absolutistas consubstanciavam-se em ciladas, prisões e tentativas de homicídio. A resposta surgia com fugas.
Uma tentativa de embarque para o BRASIL levou para a cadeia de CHAVES.
Depois de intensos interrogatórios acabou por denunciar aquele que o ajudara na última figa. Isto "valeu-lhe" 3 anos de cadeia. 
Conduzido a VILA POUCA DE AGUIAR, instauraram-lhe dezoito processos; "eram inumeráveis os crimes que se lhe imputavam". Confessava duas mortes cometidas em legítima defesa, e não negava os ferimentos feitos nos soldados que o perseguiam das duas fugas da cadeia.
Todavia a infinidade de mentiras e as ameaças das testemunhas de acusação levaram LUÍS ALVES a perder o sangue-frio.  Perante o magistrado, atira-lhe à cara o banco em que estava sentado... momentos depois era CONDENADO À MORTE. Devia morrer na forca. Com a sentença confirmada por instâncias superiores e altos funcionários judiciais, restou-lhe a comutação dessa pena prestando-se a exercer o cargo de executor da ALTA JUSTIÇA CRIMINAL, ou seja o cargo de «CARRASCO».
Não aceitou de bom grado, foi necessário o pranto da sua mulher que definitivamente  convenceu este "EX-DRAGÃO DE CHAVES" ( 2 ).
Dizia ele amargurado: "Em má hora cedi. Deixei-me convencer, dobrei, aceitei a humilhação, o ferrete e a vergonha. Oxalá não o tivesse feito!". A sociedade necessitava de ter, talvez, mais um "CARRASCO"! E quem fala assim... é o último de PORTUGAL

- ( 1 ) - Defensores da Monarquia Absolutista e das pretensões de D. MIGUEL (vulgo antiliberais). Opunham-se aos seguidores da MONARQUIA CONSTITUCIONAL e de D. PEDRO. A assinatura da Paz na Convenção de ÉVORA-MONTE(1834) significou a vitória das forças liberais e, consequentemente, o triunfo da MONARQUIA CONSTITUCIONAL.

- ( 2 ) - Célebre "COMPANHIA DO REGIMENTO Nº 6" caracterizada pela bravura e tenacidade. Adoptaram como insígnia esse animal mitológico.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO LIMOEIRO [ III ]O PÁTIO DO CARRASCO(3)»

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

LARGO DO LIMOEIRO [ I ]

«O PÁTIO DO CARRASCO ( 1 )»
 Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (2006) Foto de APS  (O aspecto interior do "PÁTIO DO CARRASCO", numa tarde de verão)  in  ARQUIVO/APS
 Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (2014) ( O LARGO DO LIMOEIRO, ao fundo no lado direito, a entrada para o "PÁTIO DO CARRASCO" )  in  GOOGLE EARTH
 Largo do Limoeiro - Pátio do Carrasco - (s.d.) Foto de Eduardo Portugal ( O "PÁTIO DO CARRASCO" no "LARGO DO LIMOEIRO")  (Abre em tamanho grande ) in  AML 
Largo do Limoeiro - Pátio  do Carrasco (c. de 1953) Foto de Fernando Martinez Pozal (O Arco visto do interior do "PÁTIO DO CARRASCO")  (Abre em tamanho grande )  in  AML

 LARGO DO LIMOEIRO [ I ]

«O PÁTIO DO CARRASCO ( 1 )»

O «PÁTIO DO CARRASCO» situa-se no "LARGO DO LIMOEIRO" junto da "RUA DO LIMOEIRO", na antiga freguesia de "SANTIAGO", actual freguesia de "SANTA MARIA MAIOR".
Consta que este pátio pertencia às cavalariças do antigo Palácio do "CONDE DE ANDEIRO".
Diz-nos "NORBERTO DE ARAÚJO" nas suas "PEREGRINAÇÕES EM LISBOA" que; "é uma das curiosidades cenográficas do sítio, e vem de longa data. Na fachada do PÁTIO, que olha para a RUA, notam-se três janelas do século XVI, de vêrga direita canelada, e distinguem-se nas ombreiras  vestígios do mainel que as bipartia ao alto". São estes os mais antigos elementos do pitoresco recinto muito pequeno chamado de "LARGO DO LIMOEIRO" um pouco degradado.

Conta-nos ainda o mestre "LUÍS PASTOR DE MACEDO" que aparece com este nome em 1686 ( 1 ),  chamava-se de: "PÁTIO DEFRONTE DO LIMOEIRO" ( 2 ),  em 1682 o  "PÁTIO DO TERREIRO DO LIMOEIRO" ( 3 ), e em 1630 o  "PÁTIO DO LIMOEIRO" ( 4 ) que supomos ser, como os anteriormente citados, o mesmo "PÁTIO DO CARRASCO". E acrescenta: "o nome do PÁTIO indica-nos que seria ali a morada dos carrascos em casa paga pelo REI, ou revela somente a estada temporária de qualquer daqueles executores da justiça".

A entrada para o "PÁTIO DO CARRASCO" é feita por um arco sustentando os andares do prédio. Trata-se de um pedaço de pitoresco (embora triste)  abundante nesta LISBOA, que não deixa de nos oferecer um certo interesse contemplativo.
O seu interior é ladeado por frentes de uma construção ingénua, e remendada de obras, as necessárias para satisfazer as exigências Camarárias. Na sua totalidade aparente, deixa adivinhar a ruína que transmite, das escadas do velho alpendre já desaparecido, ao qual o tempo vai dando uma patina de resignação.
Noutra fase do "PÁTIO DO CARRASCO" - onde entre o Sol e as mulheres cantam e ralham, quase em simultâneo - mora a alegria, que não necessita de muito para nos causar cobiça.
Por altura dos "SANTOS POPULARES" o Pátio é enfeitado com balões e bandeiras de papel de várias cores, os mais novos fazem a "MARCHA" e as raparigas namoradeiras improvisam os bailaricos.
E assim, tudo em família, vão-se divertindo, escondendo o que está menos bem, daquilo que já deviam possuir, mas sempre alegres.

Pertenciam estas casinhas ultimamente a quatro senhorios, cujos nomes não são relevantes.
Tirando o peso do nome que carrega o Pátio, podemos considerar que isto servirá para cenografia teatral ou cinematográfica, porque conserva ainda raízes de vidas tristes dum povo com certa graça duradoura.
Sabe-se que neste PÁTIO provavelmente residiu o último Carrasco português. De nome completo "LUÍS ANTÓNIO ALVES SANTOS (1806-1873), era também conhecido por "LUÍS NEGRO", por usar no exercício da sua profissão o seu "GABÃO" ( 5 ) preto.

- ( 1 ) - Liv. III dos Mistos, fl. 20-V.-S. MARTINHO
- ( 2 ) - Idem, fl. 20-v
- ( 3 ) - Idem, fl. 15,
- ( 4 ) - Idem, Liv. II. -  Perdemos ou extraviou-se o verbete onde faz referência ao ano exacto, Temos porém nota de se mencionar também o PÁTIO DO LIMOEIRO em 1649 -  Idem, fl, 8 . - LISBOA DE LÉS A LÉS de LUIZ PASTOR DE MACEDO - Subsídios para a história das vias públicas da Cidade de LISBOA  - Volume II 2ª. Edição pág. 249 - PUBLICAÇÕES CULTURAIS DA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA - 1960.
- ( 5 ) - GABÃO - (do Persa, Kába, manto) s.m. Capote com capuz, mangas e cabeção.  

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO DO LIMOEIRO[ II ]-O PÁTIO DO CARRASCO ( 2 )»

sábado, 15 de novembro de 2014

RUA LEITÃO DE BARROS [ III ]

«RUA LEITÃO DE BARROS ( 3 )»
 Rua Leitão de Barros - (2014)  (Um troço da "RUA LEITÃO DE BARROS" de Poente para Nascente)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Leitão de Barros - (2010) Foto de André Barragon  (A "RUA LEITÃO DE BARROS" no seu lado a Norte)  in  SKYSCRAPERCITY
 Rua Leitão de Barros - (1940)  (Foto do Guia Oficial da "EXPOSIÇÃO DO MUNDO PORTUGUÊS" realizada no sítio de BELÉM,  uma ideia de António Ferro coadjuvação de "LEITÃO DE BARROS) in  RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua Leitão de Barros - (1940) Foto de autor não identificado  (Aspecto de alguns PAVILHÕES na "EXPOSIÇÃO DO MUNDO PORTUGUÊS" em BELÉM, no ano de 1940, mais uma das iniciativas de "LEITÃO DE BARROS")  in  FONTE DO ROSÁRIO
 Rua Leitão de Barros - (10 de Julho de 1940) (Primeira página de "ARQUIVO NACIONAL" dedicado ao "DESFILE DE OITO SÉCULOS DE HISTÓRIA", uma organização de "LEITÃO DE BARROS")  in   RESTOS DE COLECÇÃO
Rua Leitão de Barros - (1936)  ("BOCAGE" um filme histórico realizado por "LEITÃO DE BARROS". No elenco RAUL DE CARVALHO, ANTÓNIO SILVA, JOÃO VILLARET e outros. Destacamos o grande Tenor português "TOMAZ ALCAIDE na interpretação da serenata no Lago "O AMOR É CEGO E VÊ")  (Abre em tamanho grande)  in  CINEMA PORTUGUÊS

(CONTINUAÇÃO)- RUA LEITÃO DE BARROS [ III ]

«A RUA LEITÃO DE BARROS ( 3 )»

"LEITÃO DE BARROS" "aposta" seguidamente no cinema sonoro, para o qual os estúdios portugueses ainda não dispunham das condições técnicas requeridas. 
Ainda do filme "A SEVERA" (1931) com cenas  exteriores ( por vezes de grande beleza estética) rodadas em PORTUGAL (sem som) e cenas de interiores filmadas em FRANÇA, onde o filme foi sonorizado, teve um enorme êxito comercial. Com "LEITÃO DE BARROS" e outros cineastas foi criado um movimento para a construção dos Estúdios da TOBIS PORTUGUESA EM 1932.
"LEITÃO DE BARROS" realiza ainda "AS PUPILAS DO SENHOR REITOR"(1935), tendo paralelamente realizado o primeiro desfile das MARCHAS POPULARES, O CORTEJO DE VIATURAS, o CORTEJO DA EMBAIXADA DO SÉCULO XVIII, o CORTEJO E TORNEIO MEDIEVAL dos JERÓNIMOS e o CORTEJO HISTÓRICO DAS FESTAS CENTENÁRIAS DE LISBOA.
Em 1936 mais um filme de "LEITÃO DE BARROS" desta vez o «BOCAGE», salientamos a magnifica interpretação do Tenor TOMAZ ALCAIDE na serenata "O AMOR É CEGO E VÊ".
Em 1937 aparece uma combinação de melodrama e comédia e beneficia de uma invulgar energia e interpretação da jovem actriz "MIRITA CASIMIRO" em "MARIA PAPOILA". Segue-se "VARANDA DOS ROUXINÓIS" (1939), A PESCA DO ATUM(1939), documentário rodado no ALGARVE.
Em 1942 rodava na PÓVOA DO VARZIM um dos seus filmes mais sugestivos, "ALA-ARRIBA!", uma história de amor marcada por rivalidades. No ano de 1944 prepara o regresso dos filmes históricos. "INÊS DE CASTRO", uma co-produção entre PORTUGAL e ESPANHA.
No ano de 1946 realiza o filme histórico "CAMÕES", realiza ainda "VENDAVAL MARAVILHOSO" tendo no elenco AMÁLIA RODRIGUES, mas a estreia em PORTUGAL em finais de 1949, revela-se uma autentica decepção.
Os próximos trabalhos de LEITÃO DE BARROS em cinema situar-se-ão no âmbito do documentário, sendo em geral feitos por encomenda: A ÚLTIMA RAINHA DE PORTUGAL(1951), "RELÍQUIAS PORTUGUESAS NO BRASIL"(1959), "COMEMORAÇÕES HENRIQUINAS"(1961), "A PONTE DA ARRÁBIDA" sobre o DOURO, "ESCOLAS DE PORTUGAL"(1962) e "A PONTE SALAZAR" sobre o Rio Tejo de (1966).
No evento da "EXPOSIÇÃO DO MUNDO PORTUGUÊS" de 23 de Junho de 1940, "LEITÃO DE BARROS" representava a organização como SECRETÁRIO-GERAL e  o ARQUITECTO-CHEFE era o Arqtº. COTTINELLI TELMO. Esta exposição pretendeu demonstrar o poderio político-cultural do então "ESTADO NOVO".
Sobrou-lhe ainda tempo para ser um dos fundadores do grupo "AMIGOS DE LISBOA", em 1936, a par de outros olisipógrafos como: VIEIRA DA SILVA, MATOS SEQUEIRA, NORBERTO DE ARAÚJO, TINOP ou PASTOR DE MACEDO. A outra sua faceta, muito apreciada do grande público, foi a organização de desfiles e grandes cortejos. Pode assim ser considerado o "pai" das MARCHAS POPULARES DE LISBOA, com a sua primeira edição no  ano de 1932, e ainda a alma dos cortejos históricos com que a cidade festejou as suas grandes datas - em 1940, no Centenário da Nacionalidade, e em 1947, quando fez 800 anos de cristã, por exemplo.
Em 1935 foi lhe conferida a distinção de COMENDADOR DA ORDEM MILITAR DE SANTIAGO E ESPADA e em Março de 1941 recebeu a medalha de GRANDE-OFICIAL DA ORDEM MILITAR DE CRISTO.

CURIOSIDADE
Um episódio pitoresco foi presenciado por um guarda Republicana, quando "LEITÃO DE BARROS" fazia umas filmagens, em frente do Palácio da então ASSEMBLEIA NACIONAL, quando ele gritava "-Ó SALAZAR, FECHA A CÂMARA!". A guarda Republicana mostrou-se no mínimo intrigada: quem era aquele senhor que tinha autorização para andar a filmar ali e que, afinal, fazia exigências estranhas ao PRESIDENTE DO CONSELHO.  E, na dúvida, entendeu que o melhor seria averiguar.
A cena foi contada pelo próprio cineasta anos mais tarde, em reunião com um grupo de estudantes e devidamente explicada: "o seu "cameraman" era o excelente "SALAZAR DINIS", que descera do palanque onde se encontrava a tomar imagens e deixara a câmara aberta com a lente virada ao Sol". A frase tão aparentemente subversiva não era mais do que uma recomendação. Difícil terá sido certamente explicar estes factos simples à Guarda. [ FINAL ]

BIBLIOGRAFIA
- Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura (20 Volumes)- Secretariado por MAGALHÃES, António Pereira; OLIVEIRA, Manuel Alves, - 1ª Ed. - LISBOA - Editorial Verbo, Vol. 3, 1973, pág 729.
- Jornal A CAPITAL "Os Corvos dos Jornais" - José Leitão de Barros

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