sábado, 7 de fevereiro de 2015

RUA DO BEATO [ VI ]

«O CONVENTO DO BEATO ( 3 )»
 Rua do Beato - (2005) -Foto de APS ("ALAMEDA DO BEATO" edifício da nossa esquerda - pertença de A NACIONAL - onde podemos ver uns paus de bandeira, nos anos 40 e 50 do século passado, era uma esquadra da PSP do BEATO, há muitos anos desactivada. in ARQUIVO/APS
 Rua do Beato - (2005) Foto de APS - (Pormenor da porta do edifício nobre de grande significado na arquitectura industrial, encimado com as medalhas) in  ARQUIVO/APS
 Rua do Beato - (2003) Desenho aguarelado de Vasco d'Orey Bobone (Edifício dos serviços administrativos de A NACIONAL. Esta fábrica erigida no meio de densa construção fabril, em meados do século XIX. Neste espaço esteve inicialmente instalado o antigo CONVENTO DO BEATO e posteriomente, a Moagem a Vapor de João de Brito) in SAUDADES DE LISBOA 
 Rua do Beato (1993) Foto de António Sacchetti (Pormenor de outra escadaria existente no antigo CONVENTO DO BEATO) in LISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE 
Rua do Beato - (1993) - Foto de António Sacchetti (Um ângulo da escadaria no CONVENTO DO BEATO) in LISBOA, UM PASSEIO A ORIENTE

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO BEATO [ VI ]

«O CONVENTO DO BEATO ( 3 )»

A IGREJA DO BEATO ANTÓNIO, de momento ainda em riscos de sobrevivência, é assim ao presente um dos espaços mais estranhos e extraordinários de LISBOA, misturando sensibilidades e funcionalidades num resultado que parece merecer rapidamente uma intervenção salvadora, isto em 1998.
Quanto às restantes dependências sobressaem aquelas que têm sido alvo de um meritório processo de restauro processo de restauro pela NACIONAL, sua anterior proprietária: o claustro, o corpo do refeitório e da biblioteca, duas magníficas salas sobrepostas ligadas pela escadaria, para a qual o adjectivo mais apropriado é espampanante, aliás de acordo com o gosto cenográfico barroco vigente no tempo em que foi construída, ou seja, após 1697.
Quanto ao claustro, também ainda inexistente nessa data em que escreve o cronista, é bastante mais sóbrio nas linhas da arcaria de pilastras, podendo talvez aventar-se a explicação de se tratar de projecto mais antigo que as dificuldades financeiras atrasaram na execução.

CAPELA-MOR DO BEATO
A peça mais celebrada ao longo dos tempos na IGREJA DO BEATO foi a magnífica CAPELA-MOR, toda de "mármores brancos e jaspes vermelhos", terminada em 1622 e erguida por iniciativa de D. JOANA DE NORONHA, filha dos CONDES DE LINHARES, família então proprietária da grande Quinta ali perto ao POÇO DO BISPO, depois dos "CONDES DE VALADARES".
A sua dimensão, ajustada às proporções da própria IGREJA, fazia dela um espaço majestoso, embora de grande sobriedade, enobrecido somente pelo jogo subtil das pilastras e molduras arquitectónicas ao "moderno", realçada pela variedade suave das tonalidades do mármore. Não se conhece qualquer informação sobre o retábulo do "altar-mor".
Destinou-a "D. JOANA DE NORONHA" este espaço a panteão de sua família, dispondo em redor embebidos na grossura das paredes as lápides dos sucessivos túmulos, desde seu Avô "D. ANTÓNIO DE NORONHA" - 1.º CONDE DE LINHARES (1464-1551), aos pais e irmãos. Entre eles destaca-se o de D. ANTÓNIO DE NORONHA, o irmão primogénito, morto em CEUTA aos 17 anos (29.04.1553), em cuja lápide D. JOANA deixou bem explicita a sua vontade de reunir no sono derradeiro, uma família que morrera repartida pelos vários cantos do MUNDO. Esta heróica morte do herdeiro de uma das maiores "CASAS" da alta nobreza de PORTUGAL, mereceu ser cantada por CAMÕES num soneto.
A CAPELA-MOR albergava os quatro majestosos túmulos dos «LINHARES», sustentados por elefantes de mármore. Tinha um excelente retábulo e um perfeito Sacrário com seu cofre riquíssimo, ornado de várias pedras com muitos engastes de ouro, jóia de grande preço e feitio. 
Na EPÍSTOLA pode ler-se: D. JOANA DE NORONHA, que nunca casou, filha do Conde D. FRANCISCO DE NORONHA, e da Condessa D. VIOLANTE DE ANDRADE, fez esta CAPELA à sua custa e lhe dotou uma missa quotidiana além da que já tinha. E no lado do EVANGELHO: não tomou D. JOANA para si sepultura nesta CAPELA, por ter já lugar no MOSTEIRO DE NOSSA SENHORA DA ANUNCIADA, a que sempre teve muita devoção e afeição, onde tem quatro irmãs freiras; acabou-se esta CAPELA no ano de 1622. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DO BEATO [ VII ]-O CONVENTO DO BEATO ( 4 )» 

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