sábado, 14 de novembro de 2015

RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVI ]

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 4 )»
 Rua da Escola Politécnica - ( 2000 ) Foto de autor não identificado ( Parte do antigo "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", e sua Igreja em avançado estado de degradação na época) in MONUMENTOS-SIPA
 Rua da Escola Politécnica - (2001) Foto de Pedro Soares - (Traseiras do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" onde na última metade do século XIX, eram usadas com objectivos de Lazer e Diversão. Existia uma entrada para o recinto que se fazia pela "RUA GUSTAVO MATOS SEQUEIRA") in  MONTE OLIVETE
Rua da Escola Politécnica - (2001) - Foto de Pedro Soares -  (Um pormenor das traseiras do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA", no século XIX, onde possivelmente, dava passagem da "Rua da Escola Politécnica" para os divertimentos instalados neste espaço)  in  MONTE OLIVETE


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVI ]

«O PALÁCIO CRUZ ALAGOA ( 4 )»


Nas traseiras do antigo "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" em meados de Oitocentos, um dos locais mais famosos de LISBOA, era a «FLORESTA EGÍPCIA», último AVATAR romântico de uma série de divertimentos que tinham começado pelos anos de 1770 em que LISBOA recuperava do Terramoto, mas sobretudo se animavam em nova situação "mundano-liberal"; «JARDINS» exóticos, «MITOLÓGICO», «CHINÊS» outro, ou um «TIVOLI», que, ainda em 1840, era na "FLOR DA MURTA", ao "COMBRO".

Agora a referência era «EGÍPCIA». Deve-se este evento de lazer ao italiano "JOSÉ OSTI", pirotécnico, empresário ousado que, de fantasia em falência, fabricava os seus negócios de diversão, com grande sucesso burguês e popular.
O sítio da «COTOVIA», à beira do RATO e do PRÍNCIPE REAL (aonde vimos deslocar-se a FEIRA DAS AMOREIRAS) muito parecia convir ao propósito, dispondo para isso de terrenos de bom acesso e suficientemente amplos como eram, ainda então, os da "CASA ALAGOA".

O modelo era dos "HALLS" londrinos de 50 e passara a PARIS, no "BAL MABILLE" que um viajante de 1856 (OLIVIER MERSON),  não deixaria de mencionar, dando-se à comparação lisboeta. O sítio era bem cuidado. dizia ele, mas faltando.lhe "luxo, multidão, animação. alegria ( e, mesmo , «l'orgie»), era frio mesquinho, baço e aborrecido(...)".

Os divertimentos, porém, não faltavam, quiosques e refrescos, orquestra, café-restaurante, baile de "MAZURKA" e "POLKA", cavalinhos. montanha russa, mesmo a novidade de um "LOOPING-THE-LOOP", de origem americana. Em 1855, além de jogos mais pacatos de "PIM-PAM.PUM" e tiro ao alvo, em números de feira;  e um TEATRO em «SALA DE CRISTAL», toda envidraçada para espectáculos " LÍRICOS-DRAMÁTICOS".  Era "um dos lugar de LISBOA ,mais importante", dizia-nos JÚLIO CÉSAR MACHADO no seu romance de «A VIDA DE LISBOA», e a respectiva adaptação teatral, em 1861, situava a sua primeira cena no recinto.

Quando tudo acabou, em falência e esgotamento de atracção e moda, que inevitavelmente se verifica em tais coisas, não se sabe ao certo. 

Uma das entradas fazia-se no final do beco da "RUA GUSTAVO MATOS SEQUEIRA", pode-se afirmar que ali era uma das entradas, porque outra se fazia por um portão do "PALÁCIO CRUZ ALAGOA"
Da popular «FLORESTA EGÍPCIA» de ilusões e prazeres de meados do século lisboeta, nada dos próprios terrenos nos deixa adivinhar o que ali  existiu, e, para "MATAR" a nossa curiosidade, para ver os terrenos, terá de passar os portões do antigo "PALÁCIO CRUZ ALAGOA" na "RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA" ou espreitar pela "RUA TENENTE RAUL CASCAIS". 


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA ESCOLA POLITÉCNICA [ XVII ] O LARGO DE S. MAMEDE E SUA IGREJA». 

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