Gente de Lisboa - (1900) - Aguarela de ALBERTO SOUZA - ( A "VARINA" com seu traje pitoresco e colorido) in ALFACINHAS OS LISBOETAS DO PASSADO E DO PRESENTE
Gente de Lisboa - (1920) Desenhado por CALDERON DINIS em Maio de 1983- ( A "VARINA" na sua faina vendendo peixe em LISBOA) in TIPOS E FACTOS DE LISBOA NO MEU TEMPO
Gente de Lisboa - (1809) Gravura aguarelada I.N.C. de Manuel Godinho - (Saloia de FRIELAS ou FRIELEIRA, vendendo peixe em LISBOA. Na direita em baixo, podemos observar um barco típico do Rio Tejo "O MOLETA"-Colecção RUAS DE LISBOA , Est. Nº. 19) in O POVO DE LISBOA - CML
Gente de Lisboa - (Século XIX) Gravador J. NOVAIS - (VARINAS lavando o peixe, para depois o ir vender) in LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
Gente de Lisboa - (1909-09) Foto de Joshua Benoliel - ( VARINAS à porta do MERCADO 24 de JULHO) ( Abre em tamanho grande) in AML
Gente de Lisboa - (19--) Foto de autor não identificado - (VARINAS lavam e escolhem o peixe no CAIS DA RIBEIRA NOVA) ( Abre em tamanho grande) in AML
Gente de Lisboa - (19--?) Foto de autor não identificado - ( "VARINAS" lavando o peixe no Cais da "RIBEIRA NOVA") ( Abre em tamanho grande ) in AML
(CONTINUAÇÃO) - GENTE DE LISBOA [ V ]
«AS VARINAS ( 1 )»
«AS VARINAS»
Como a "VARINA" era sempre uma pessoa que vendia peixe, houve a tendência para fazer sinónimo dos dois termos; VARINA e PEIXEIRA, o que não é correcto. O termo "VARINA" é um tipo; PEIXEIRA será uma profissão.
Existiram sempre PEIXEIRAS em LISBOA, muito antes das "VARINAS" terem monopolizado o mercado do peixe da CAPITAL onde, aliás, desde sempre, o pescado constituía a alimentação mais popular, base de sustento das classes menos abastadas.
As PEIXEIRAS provinham dos BAIRROS piscatórios de ALFAMA ou de ALCÂNTARA ou de ZONAS RIBEIRINHAS, de FRIELAS, as chamadas PEIXEIRAS-FRIELEIRAS, ou de TOMAR, ou ainda da "OUTRA BANDA", "MARGEM SUL DO TEJO", hoje "GRANDE ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA", que engloba actualmente 18 Municípios da GRANDE LISBOA e da "PENÍNSULA DE SETÚBAL, sendo sem dúvida alguma o maior centro populacional do país.
Já existiam em zonas mais distantes, especialmente da barra de AVEIRO, mas em número reduzido. Foi depois da inauguração da LINHA DOS CAMINHOS DE FERRO DO NORTE, que a Colónia de "VARINAGEM" toma grande importância em LISBOA.
A "VARINA" viera, como todo o seu grupo étnico, quase sempre de zonas piscatórias como: ILHAVO; TORREIRA; ESTARREJA; FURADOURO; MIRA e, naturalmente de OVAR, donde lhe veio o nome, subtraindo-lhe o "O" para facilidade de dialecto.
Embora o designativo pela qual são conhecidos os "VARINOS" ou "OVARINOS" que naturalmente se circunscrevem à região de OVAR, ou de lá provinham com especial incidência da MURTOSA. Faziam-se transportar de comboio, deslocando-se praticamente com toda a sua família, "MARIDO", "MULHER", "FILHOS" e "IRMÃOS".
De início eram trabalhadores sazonais; vinham fazer aqui uma época, a do chamado "bom tempo", regressando depois às suas terras onde se dedicavam a uma agricultura de subsistência. Acabaram por se ir fixando e ficar o tempo inteiro. Chegavam em grupos, alugavam uma casa para viverem, e procurando de preferência o popular "BAIRRO DA MADRAGOA", onde viviam sem qualquer conforto, dormindo no chão, sobre uma esteira.
Diz-nos ainda "NORBERTO DE ARAÚJO" nas suas "PEREGRINAÇÕES EM LISBOA" Livro VII página 27, o seguinte: "MADRAGOA, nome ressonante e plebeu; pescadores OVARINOS, homens da estiva, mulheres de ESTARREJA e subúrbios, donas de trabalho na prancha da descarga do CARVÃO e nas areias da lota, de peitos altos, saias de cinta dobrada nos corpos durazios a contrastar nas cinturinhas ágeis das raparigas da MURTOSA; ( ... ) traficantes de peixe de olhar vivaço; tavernas onde se fala do mar e das fainas ribeirinhas. Ao cabo, uma colónia AVEIRENSE trespassada à Capital e que se arreigou, no único BAIRRO DE LISBOA que não tem LISBOA por fundo dinástico".
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«GENTE DE LISBOA [ VI ] - AS VARINAS ( 2 )»
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