Largo Dr. António de Sousa de Macedo, 7-7E (1968) Foto Vasco Gouveia de Figueiredo (Palácio Cabral - nele está actualmente instalada a Junta de Freguesia de Santa Catarina) in AFML Largo Dr. António de Sousa de Macedo [s.d.] Autor desconhecido (Palácio Mesquitela e antiga Escola D. Maria I em estado de degradação) Largo Dr. António de Sousa de Macedo, 1-15 (1968) Foto Armando Serôdio (Escola D. Maria I no Palácio Mesquitela) in AFML Largo Dr. António de Sousa de Macedo (1960) Foto Armando Madureira (Entrada para a Secretaria da Escola D.Maria I) in AFML Largo Dr. António de Sousa de Macedo, 1 (1959) Foto Armando Serôdio (Palácio dos Condes de Mesquitela portal brasonado - Antiga Escola D. Maria I) in AFML
Largo Dr. António de Sousa de Macedo [c. 1952] Foto Salvador Almeida Fernandes (Palácio Mesquitela-Escola D. Maria I - portal e frontaria) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa Largo Dr. António de Sousa de Macedo (1942) Autor desconhecido (Armazéns do Poço Novo)O
LARGO DR. ANTÓNIO DE SOUSA DE MACEDO pertence a duas freguesias. À freguesia de
SANTA CATARINA do número 1 a 7, à freguesia das
MERCÊS os números 3 e 4.
Fica entre a Calçada do Combro, Rua do Poço dos Negros, Rua dos Poiais de S.Bento e Travessas do Convento de Jesus e do Judeu.
Este Largo instalado no sopé da Calçada do Combro teve em tempos o nome de «Poço Novo», mas em 12 de Agosto de 1937 a Câmara Municipal de Lisboa resolveu mudar o dístico para Largo Dr. António de Sousa de Macedo, figura de notáveis famílias, pertenceu ao Palácio que ainda permanece neste Largo. O seu fundador D. Gonçalo de Sousa de Macedo foi jurisconsulto e diplomata, Secretário do Estado de D. Afonso VI, tendo falecido no dia 1 de Novembro de 1682 neste Palácio.
No dizer de Norberto de Araújo nas suas «Peregrinações em Lisboa» no volume V «quando olhamos em redor do Largo, que "Poço Novo" foi chamado e por "Poço Novo" será conhecido durante muitos anos ainda e sempre por força da tradição oral».
Este sítio começou a ser chamado de Poço Novo no século XVII porque existia mais abaixo deste local, o Poço dos Negros -que deu origem ao nome da Rua que hoje ainda existe -e que era um «poço» ou «vala» onde eram enterrados os cadáveres dos negros escravos. Ter-se-ia neste local aberto mais tarde outra vala, que recebeu o nome de «Poço Novo». O fundamento do Poço dos Negros é exacto; o do Poço Novo é conjectura mas verosímil.
Ainda no dizer do autor citado, comenta que este local no Século XVII não passava de um ermo.
Que o lúgubre Poço acabou, mas a designação não se rendeu. No mesmo lugar do Largo foi plantada, (e existiu até cerca de alguns anos), uma palmeira, arremedo(1) de jardinagem; foi arrancada e abriu-se então um subterrâneo de utilidade pública (urinol) que ainda existe.
A origem do topónimo Poço dos Negros levanta ainda algumas dúvidas. A existência de uma carta régia de D.Manuel I, datada de 13 de Novembro de 1515, escrita em Almeirim e dirigida à cidade de Lisboa, sobre a necessidade de se construir um poço para depositar os corpos dos escravos mortos, sobretudo aquando de surtos epidémicos, tem levado alguns olisipógrafos, desde Júlio Castilho, a sugerir se não estaria na origem do nome desta artéria ao dito poço.
Diz a carta que os escravos eram mal sepultados e muitos seriam mesmo lançados «na lixeira que está junto da Cruz da Pedra a Santa Catarina (actual Rua Marechal Saldanha) que está no caminho que vai da porta de Santa Catarina para Santos» para a praia onde ficavam à mercê da voracidade dos cães. Para obviar as deletérias consequências de tantos cadáveres não sepultados, achava o Rei «que o melhor remédio será fazer-se um poço, o mais fundo que pudesse ser, no lugar que fosse mais conveniente, no qual se lançassem os ditos escravos» e para ajudar a decomposição dos corpos, dizia ainda que se deitasse «alguma quantidade de cal virgem» de quando em quando. Um resguardo de pedra e cal deveria ainda ser erguido em redor do poço. Tal medida seria cumprida pela Câmara que o teria mandado fazer no referido caminho para Santos (descendo a actual Calçada do Combro) conhecido por "HORTA NAVIA" (nome de uma divindade indígena após a ocupação Romana).
A actual localização perdeu-se, mas a proximidade geográfica do Largo do Poço Novo (actual Largo Dr. António de Sousa de Macedo) ao fundo da Calçada do Combro, nome que já nos aparece na segunda metade de quinhentos em substituição da designação primeva, comodamente parece ajudar na sua localização. O referido eixo partia da Porta de Santa Catarina até Belém, passando por Santos onde existiu desde o início do século XVI um Paço Real e Alcântara, onde outro Paço marcava presença.
Mais tarde, neste Largo nos números 1 a 15, existe ainda um Palácio seiscentista «Palácio dos Condes de Mesquitela», que foi pertença da família Sousa de Macedo, e depois Costas, Condes de Mesquitela. Neste Palácio também se reuniram várias vezes os conjurados de 1640.
Ali esteve instalado o Museu Pedagógico fundado em 1883, dirigido pelo Dr. Adolfo Costa. Funcionou também, desde 1924 e durante vários anos a Escola Rodrigues Sampaio.
Situada entre as Travessas do Alcaide e do Judeu, propriedade relativamente extensa com seu pátio, cocheiras, anexos e pedaço de terreno ajardinado era um documento expressivo deste sítio. O Portal do pátio nobre, (outrora recreio da escola), e o umbral de esquina da Travessa do Judeu, são armoriados, no brasão daqueles fidalgos, que descendem dos Albuquerques e foram senhores da famosa Quinta da Bacalhôa, em Azeitão.
Mais tarde, em 1950 surgiu a Escola Comercial D. Maria I só para o sexo feminino existindo, anos depois, uma Secção para alunos do sexo masculino, que recebiam as suas aulas nas instalações do Liceu Passos Manuel, na Travessa do Convento de Jesus em período nocturno, local onde na década de 50 do século passado recebemos também a nossa aprendizagem académica.
Embora o edifício se encontre muito mal tratado, é classificado como "Imóvel de Interesse Público, Decreto Nº 45/93, DR 280 de 30 de Novembro de 1993" (2).
Neste Largo nos números 7 a 7-E encontramos o Palácio Cabral. Construído num terreno em declive, adossado a Nascente ao antigo Convento de São Paulo da Serra da Ossa (actualmente instalada a GNR) e a Poente a um edifício de habitação. A fachada principal a Sul, acompanha o alinhamento da via pública. Na sua frente, do outro lado da rua, situa-se o Palácio dos Condes de Mesquitela.
O Palácio Cabral, construção do século XVIII, encontra-se protegido como imóvel de Interesse Público, no Decreto número 44075, DG 281 de 5 de Dezembro de 1961 e Decreto nº 28/82, DR 47 de 26 de Fevereiro de 1982 (
3).
O Palácio era propriedade da família Figueiredo Cabral, senhores de Belmonte, dos quais passa para a posse da casa dos Viscondes de Moçâmedes pelo casamento de Manuel de Almeida e Vasconcelos com D. Francisca de Câmara Meneses, filha de D.Pedro de Figueiredo Cabral. Com o terramoto de 1755 sofreu significados danos que implicou a reconstrução do Palácio. Em 12 de Outubro de 1997 é ocupado pela Junta de Freguesia de Santa Catarina, depois de extinta uma secção da Escola Secundária D. Maria I, que ali funcionava.(
4)Junto a este Largo encontramos a Travessa do Convento de Jesus, cujos terrenos (para Norte), tinham pertencido à antiga cerca do Convento de Jesus e neles começou a ser edificado na década de 80 do século XIX, ficando concluído já no início do século XX o «
Liceu Passos Manuel», (hoje Escola Secundária Passos Manuel) em homenagem ao político que remodelara o sistema de ensino da época (Manuel da Silva Passos).
Este Liceu, com entrada pelo Largo de Jesus, teve projecto inicial do Arqº. José Luís Monteiro, tendo sido introduzidas alterações ao mesmo, por Rafael Castro na década de 90. Em 1896 houve novo projecto para o mesmo edifício, da autoria do Arqº Rosendo Carvalheira. Em 1910 é inaugurado pelo Governo da primeira República, que encara o Liceu como um estabelecimento de ensino inovador, tornando-se este num dos mais prestigiados do país. Neste momento trata-se de Edifício em vias de classificação, Despacho de 14 de Maio de 1997. (
5)(1) - Imitação ridícula e grosseira(2) - DGEMN - Inventário do Património Arquitectónico(3) - IPA - Inventário do Património Arquitectónico(4) - Junta de Freguesia de Santa Catarina (NET)(5) - AML - CMLisboa - DGEMN - IPA - IPPAR