sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

RUA DA PENHA DE FRANÇA

Rua da Penha de França (1952-06) Foto Eduardo Portugal in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa
Rua da Penha de França (1968) Foto João H. Goulart (Cinema Cine-Oriente-fachada na "Av. General Roçadas") in AFML

Rua da Penha de França (195-) Foto Judah Benoliel (à direita o Cine-Oriente ainda no "Caminho de Baixo da Penha") in AFML


Rua da Penha de França, 2 a 12 (1967) Foto Augusto de Jesus Fernandes (esquina da Rua dos Sapadores) in AFML



Rua da Penha de França (195-) Foto Judah Benoliel in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa



A RUA DA PENHA DE FRANÇA pertence a duas freguesias. À freguesia da PENHA DE FRANÇA correspondem os números 1 a 171 e todos os números pares, à freguesia dos ANJOS do número 173 em diante. Começa na Rua Angelina Vidal no número 2 e termina na Rua Cesário Verde no número 2.
Diz-nos Norberto de Araújo no seu livro "Peregrinações em Lisboa" Volume VIII « A Rua da Penha de França, antiga Estrada, mantém ainda a linha levemente sinuosa do século XVII; sua rectificação, aqui e ali iniciada, não se fará demorar. Também por aqui alguns prédios modernos acotovelam outros do tipo da casa do campo, de há trezentos anos».
A Penha de França deve a sua designação a uma primitiva ermida datada de 1597 e construída no seu ponto mais alto, chamado "CABEÇO DO ALPERCHE". Com invocação de Nossa Senhora da Penha de França, foi elevada a paróquia desde 5 de Setembro de 1937. Tendo como a primeira Irmandade os "Fidalgos e Marítimos", a devoção cresceu rapidamente e passou a ser uma atracção das gentes de Lisboa, pelo seu aspecto de romarias domingueiras, pois o sítio a isso se prestava.
Nesta Alto, além do sinuoso "Caracol da Penha", actual Rua Marques da Silva, tinha início na antiga Estrada ou Caminho de Cima da Penha (a nossa Rua da Penha de França), ligando a rampa que descia para o Poço dos Mouros à encruzilhada da Cruz dos Quatro Caminhos, junto ao actual sítio de Sapadores.
Fala-nos ainda Norberto de Araújo que « a Ermida era pequena e o culto progredia, começou a construir-se em 1604 uma nova Igreja com seu Convento, obra do arquitecto Teodósio Frias, cuja conclusão tardou (1635) mas ficando "obra de ver-se". O terramoto de 1755 destruiu o Convento e a Igreja, mas a reedificação, quase total pouco se fez demorar, pois estava concluída em 1785, a esforços de D. Pedro Menezes, 4º Marquês de Marialva».
A aura milagreira da Senhora da Penha de França, enraizou-se na memória lisboeta, sendo eleita protectora da cidade contra a peste e amparo de mareantes desventurados, deixando o seu nome ligado à Procissão dos Ferrolhos, à Irmandade de Fidalgos e Marítimos e ao Círio das Palmeloas. Hoje é difícil rever o cenário deste subúrbio campesino, com pomares, olivais, hortas e terras de semeadura, dispersas em torno da velha Ermida e da Quinta do Monte Agudo.
Ainda no dizer do autor das "Peregrinações em Lisboa" afirma que: «Em 1808 estiveram na antiga casa religiosa - resguardada uma parte para os frades - os regimentos de Artilharia 1 e 4, em 1820 Infantaria 12. Depois de 1834 instalaram-se nele várias unidades, como Infantaria 1, o Batalhão Naval de Artífices, transferido mais tarde para o quartel de Alcântara, e depois os Pombais Militares. (...) a Companhia de Telegrafistas até 1926, depois o Regimento de Telegrafistas até 1931, e presentemente (1940) o chamado destacamento misto da Penha de França.
Este edifício anexo ao Convento, com fachada sobre o Largo, era um Palácio particular construído em 1857: adquirido pelo Ministério da Guerra e nele se instalaram vários serviços, desde 1929 aí funciona a Escola de Transmissões».
Existiu ainda nesta Rua a Escola Académica, talvez o mais antigo estabelecimento escolar português de carácter particular, fundado em 1847 na Quinta de S. João do Monte Agudo à Penha de França. Nela passaram algumas centenas de pessoas que na sociedade portuguesa atingiram um alto nível social no século passado.

7 comentários:

  1. Cine-Oriente também conhecido pelo "piolho".
    Cumprimentos
    J. Gracioso

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  2. Em garoto, fui muitas vezes ao Cine-Oriente, que ficava numa travessa que ia da Av. General Roçadas à Rua Penha de França. Parece-me, por isso, que as legendas dos fotos do C.O. não estão correctas. Por outro lado, o » Piolho » era o Salão Lisboa, no Martim Moniz ( se não erro ).

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  3. Caro Mário Cardoso
    Também me sentei muitas vezes no banco corrido que existia por baixo da casa de projecção. O meu tio era polícia na época, e quando fazia serviço neste cinema, eu ia com ele.
    Quanto à localização acho que está bem definida, no que diz ao "piolho", (não sou eu a chamar)e o cinema mais conhecido por esse nome é efectivamente o "Salão Lisboa", na Mouraria.
    Cumpts.
    APS

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  4. Caro Mário cardoso
    Tem razão, o Cine-Oriente nunca foi na Rua da Penha de França. Foi no Caminho de Baixo da penha e, mais tarde, quando foi aberta a Avenida Gen. Roçadas, passou a fazer parte desta.
    Abraço a todos.

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  5. Caro APS

    Precisava, para inclusão num documentário sobre um grande frequentador do Cine Oriente de uma fotografia do cinema em referência, mas com um tamanho que me permita a sua inclusão no vídeo, ou seja, o equivalente a, pelo menos, um 18x24.

    Vi a que está no seu blogue de 1968 e a data que pretendia era dos anos da II Guerra Mundial; pode ajudar-me? Sei que poderia pesquisar o Arquivo Municipal mas como estou a produzir este documentário sem subsídios, tenho de bater a outras portas.

    Antecipadamente grato

    Miguel Cardoso

    miguelcardos@gmail.com

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  6. Talvez se queira referir em determinadas épocas a certos cinemas, com classes sociais (como espectadores) menos recomendados e filmes para serem vistos só para alguns. Estavam nessa classe - Salão Lisboa; Salão Loreto; Cinema Belém Jardim; Cine-Oriente; Capitólio, Olímpia etc.
    Cumpt.
    APS

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