Rua Tristão da Cunha (1999) Foto Paulo Catrica (Esquina com a Rua Duarte Pacheco Pereira) in AFML
Rua Tristão da Cunha (1961) Foto Artur Goulart (Bairro do Restelo) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa
A RUA TRISTÃO DA CUNHA pertence à freguesia de SANTA MARIA DE BELÉM, começa na Avenida da Torre de Belém e termina na Rua Soldados da Índia.
Consta na acta número 15 de 12 de Abril de 1948, que no edifício dos Paços do Concelho da CML, reuniu a Comissão de Toponímia para aprovar a nomenclatura do arruamento e projecto de urbanização da Encosta da Ajuda e Belém, sendo atribuído à RUA SETE o nome de RUA TRISTÃO DA CUNHA.
Tristão da Cunha nasceu em 1460, era filho de Nuno da Cunha, Alcaide Mor de Palmela e de D. Catarina de Albuquerque.
Esteve para ser o primeiro Governador da Índia, para cujo cargo D.Manuel I o nomeou, em 1505. Atacado por cegueira, teve que desistir, sendo substituído por D. Francisco de Almeida. No ano seguinte Tristão da Cunha achava-se completamente restabelecido e D. Manuel I confiou-lhe o comando de uma esquadra de 16 navios, que devia dirigir-se à Índia, deixando no caminho 5 navios debaixo das ordens de Afonso de Albuquerque, que até ao momento da separação ia como seu subalterno. Tristão da Cunha seguiu outro rumo tendo descoberto as ilhas que ficaram com o seu nome. A ilha de Tristão da Cunha tem nesta altura estatuto de território dependente do Reino Unido, é uma ilha de origem vulcânica, fica a Sul da ilha de Santa Helena, é habitada por uma pequena comunidade agrícola, fortemente unida.
Depois de largar de Moçambique, e após feito o reconhecimento da ilha de Madagáscar, dirigiu-se para a Índia em 1 de Agosto de 1507, tendo auxiliado o Vice-Rei na guerra de Calcute e assistido a várias manobras navais bem como participado na destruição da frota Samori em Panane, regressou a Portugal em 1508 com um grande carregamento de especiarias.
Quando D.Manuel I resolveu enviar ao papa Leão X uma deslumbrante embaixada, que fosse oferecer-lhe, em guisa de homenagem, as nossas conquistas no Oriente, foi Tristão da Cunha nomeado embaixador e chefe do esplêndido séquito que causou a maior surpresa e admiração em Roma.
Esta embaixada ficou assinalada na história como uma das mais grandiosas provas de grandeza de Portugal.
Tristão da Cunha saiu de Lisboa em Janeiro de 1514, para Roma, acompanhado de seus filhos: Nuno da Cunha, Simão da Cunha e Pedro da Cunha, igualmente por uma série de notáveis desse tempo.
Foi o primeiro proprietário do Palácio de Xabregas. Palácio de grandes tradições, edificado no século XVI, restaurado no século XVIII, soube resistir ao terramoto de 1755. A ligação desta família aos Melos, Monteiro-Mor do Reino, é pelo casamento de Pedro da Cunha Mendonça e Menezes, senhor de Valdigem, com D. Joana Catarina de Melo, herdeira da casa dos "Monteiros-Mor". Pela morte de seu primo, Francisco de Melo, a 16.02.1789, sem geração, o 1º Marquês de Olhão e 1º Conde de Castro Marim, D. Francisco de Melo da Cunha Mendonça e Menezes, herdou o ofício de Monteiro-Mor, tendo sido o nono de sucessão.
Por volta de 1640 habitava o Palácio de Xabregas Jorge de Melo, irmão de D. Joana Catarina de Melo, sendo um dos mais activos entre os 40 fidalgos que planearam e dirigiram a revolução de 1640, tendo organizado as primeiras reuniões neste Palácio de Xabregas.
Tempos esses em que viveu Tristão da Cunha, que deixa o seu nome ligado à aventura das Índias, acabando os seus dias no ano de 1540 (precisamente cem anos antes da retoma da Independência de Portugal), neste Palácio com tanta história de bravos guerreiros.
Tristão da Cunha tem o seu nome ligado a várias ruas em Portugal, como por exemplo Almada, Alenquer e Queluz.
ResponderEliminarA camara municipal de Lisboa editou um livro sobres as memórias de um seu descendente que era Tristão da Cunha Ataíde e foi 1º Conde de Povolide.
Caro Miguel Duarte
ResponderEliminarAgradeço o seu comentário e fica aqui registado que esta magnífica personagem histórica (muito esquecida) tem mais umas artérias com o seu nome, em vários Concelhos de Portugal.
Como deve calcular, não está nos princípios deste blogue, anunciar as artérias da mesma personagem noutros locais, a não ser em "RUAS DE LISBOA", embora o meu carinho e dedicação se estenda quase de um extremo ao outro. Uma Rua em BELÉM, um Palácio em XABREGAS.
Obrigado pela informação do livro editado pela CML sobre as memórias de um seu descendente, vou estar atento.
Um bom ANO de 2014, na medida dos seus desejos.
Um abraço
APS