domingo, 13 de janeiro de 2008

RUA DA SENHORA DO MONTE

Rua da Senhora do Monte (Placa Topónima) (2006) Foto de APS
Ermida da Senhora do Monte (2006) Foto de APS

Miradouro da Senhora do Monte (2006) foto de APS


Miradouro da Senhora do Monte (25-07-1959) Foto Arnaldo Madureira in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa



Rua da Senhora do Monte, 36 (1968) Foto João H. Goulart in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa




Rua da Senhora do Monte (1968) foto Arnaldo Madureira in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa





Rua da Senhora do Monte, 2 a 26 [s.d.] foto Artur Goulart in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa






Ermida da Senhora do Monte (1904) - JALB
A RUA DA SENHORA DO MONTE pertence à freguesia da GRAÇA. Começa da Rua da Graça no número 112 e termina na Calçada do Monte.
A origem deste topónimo reporta a este mesmo local, antigamente com o nome de Ermida da Nossa Senhora do Monte. Ao que parece, foi escolhido por S. Gens (primeiro arcebispo de Lisboa) para pregar aos cristãos durante a ocupação romana em Lisboa.
No dizer de Norberto de Araújo (...) a Ermida de Nossa Senhora do Monte na sua feição primitiva era das mais antigas de Lisboa, pois foi fundada no próprio ano da tomada de Lisboa (1147), consagrada a S. Gens, arcebispo que fora de Lisboa, e neste lugar martirizado, segundo tradição. A Ermida não assentava neste sítio; ficava nas fraldas do Monte, já chamado de S. Gens, (...) e logo ao ser construída serviu de casa de oração aos eremitas de Santo Agostinho, que junto dela fizeram erguer umas casas para habitação, e um hospício, que se chamou Eremitério de S. Gens. (...)
Em meados do século XIII, a uma cedência de terra, os Agostinhos mandaram erigir um segundo tempo, mudando para este a cadeira de S. Gens. Apesar da mudança dos ermitas para o Convento da Graça -nos finais do mesmo século - o templo continuou a pertencer-lhes.
Com uma magnifica vista sobre a cidade de Lisboa e seu Rio Tejo, o Miradouro do Monte é o ponto mais alto do Bairro da Graça.
Em 1902 foi elaborado um plano urbanístico para o Bairro do Monte, embora anteriormente já existisse na Calçada do Monte, no alto de S. Gens, um ou outro impreciso arruamento.
Assim nos conta Norberto de Araújo nas suas Peregrinações ao Bairro da Graça: (...) Não há quarenta anos havia aqui uma «Quinta do Monteiro», com sua casa de moradia e outras de aluguer, setecentistas pobres, das quais vemos os vestígios vivos e habitados nesta travessa do Monte .(...) e, prosseguindo ainda nos diz: (...) Clemente José Monteiro se chamava o dono da propriedade, que abrangia o bairro actual quase todo; casou com D. Henriqueta de Mendonça. Morrendo o Clemente José Monteiro, sua viúva passou a segundas núpcias com o Dr. Manuel Salustiano José Monteiro, que deu o nome à bela artéria. (...) Não havia, pois, razão para que a Quinta de D. Henriqueta se deixasse de chamar «do Monteiro».
Data desta época o Bairro (novo) do Monte, definindo-se, em plano de urbanização, as Ruas de S. Gens e da Senhora do Monte (estas já existentes) como natural descida do Alto de S. Gens à Rua da Graça.
São as duas ruas mais emblemáticas deste bairro: Rua da Senhora do Monte e a Rua de Gens. Muito próximo foi construída (1910), a Vila Maria cujo acesso se faz pela porta com o número 23.
Saindo do Miradouro do Monte passando pela Rua da Senhora do Monte (de que nos falam poetas e fadistas) encontramos à esquerda um edifício de dois andares, trata-se do «Bairro Estrela de Ouro» construído em 1908 pelo industrial e comerciante Agapito Serra Fernandes. No ano seguinte fizeram uma outra saída para a Rua da Graça; ambas estão assinaladas com um painel de azulejos que menciona o nome do seu "mecenas" e a data de construção do Bairro. Este edifício destinava-se aos seus operários, casas de dois pisos com varandas exteriores de ferro.
Existiu também um edifício nesta rua no nº 46 (incluindo o jardim), da autoria dos Arquitectos António Marques Miguel e Emanuel Graça Dias. Data de 1908 que o seu proprietário de então Dr. José Maria Barbosa de Magalhães (1878-1959; jurisconsulto, político, foi bastonário da Ordem dos Advogados, deputado, Ministro da Justiça, Ministro da Instrução Pública e Ministro dos Negócios Estrangeiros em vários Governos da lª República), efectua importantes obras de ampliação, no novo corpo com dois andares e sótão, encostado ao flanco Sul da primeira moradia. Em 1929 foi alterado o muro confinante com a travessa das Terras do Monte.
Em 1938 foi acrescentada nova dependência e em 1947 foi construída uma garagem independente no recanto NE do terreno e alargamento do portão de entrada. No ano de 1979, o edifício ainda na posse de herdeiros de Barbosa de Magalhães, é remodelado e ampliado, de modo a poder ser dividido em quatro fracções autónomas (esta intervenção foi merecedora de Menção Honrosa do Prémio Municipal de Arquitectura de 1983). Imóvel de valor Concelhio, por Decreto Nº 2/96, DR 56 de 6 de Março de 1996 (1).
A Ermida de Nossa Senhora do Monte, hoje conhecida sob o nome de Capela da Senhora do Monte - é um imóvel de interesse Público, por Decreto Nº 23421 publicado no Diário do Governo de 28 de Dezembro de 1933 - tem incorporado um alpendre com telhado em madeira, e à frente o antigo obelisco que já esteve na face sul.
No seu interior pode-se encontrar pintura e talha do período barroco e azulejos do período rococó; à entrada da nave, no lado direito, a célebre cadeira de S. Gens. Esta cadeira ganhou fama de auxiliadora de mulheres de mulheres em perspectivas de maternidade.
Parece que nela também se sentou D. Maria Ana de Áustria, mulher de D. João V, cansada da sua esterilidade e temerosa do primeiro parto.
Ao contrário de S. Vicente, onde à sombra do Convento se misturam solares senhoriais e habitações do povo humilde numa partilha de espaço e de devoção, no Bairro da Graça, sempre foi o Bairro dos burgueses, dos comerciantes e, mais tarde, dos operários.
(1) - DGEMN - Inventário do Património Arquitectónico








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