segunda-feira, 3 de março de 2008

RUA GARRETT [ IV ]

Rua Garrett - (Finais do século XX) Fotógrafo não identificado (Antigo local do Café MARRARE e CHIADO, nesta altura instalações da Companhia de Seguros Império) in http://www.omarrare.verj.br/

Rua Garrett - (1912) Foto Joshua Benoliel (Costureiras descendo a Rua Garrett frente às montras de "O Último Figurino") in AFML

Rua Garrett, 54 a 64 - Autor não identificado (desenho) (Café MARRARE do Polimento-século XIX) in AFML

Rua Garrett, 20-26 - (1966) Foto Garcia Nunes ( O Último Figurino) in AFML


Rua Garrett, 8 a 18 - (1966) Foto Garcia Nunes (Antiga Casa José Alexandre) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa



Rua Garrett - (195-) Fotógrafo não identificado (Início da Rua Garrett, lado direito a Casa José Alexandre) in AFML









(Continuando a falar desta rua, hoje no lado direito de quem sobe)



Nos números 8 a 18 existiu em tempos uma loja que pelo brilho cintilante das suas montras, éramos atraídos ao magnifico recheio da «ANTIGA CASA JOSÉ ALEXANDRE».

A casa José Alexandre, que ainda em 1840 «vendia hortaliças e flores em caixinhas», foi sempre ampliando o seu comércio.

Em 1833 inicia o negócio de ferragens nos números 10 e 12, João José Alexandre de Oliveira. Mais tarde, José Vicente de Oliveira tomou o número 8; e, em 1901 José Alexandre Brás de Carvalho melhorou a casa com a tomada das restantes portas, que davam para a Calçada do Sacramento, números 2 e 4.

Em Outubro de 1957, com o arrendamento do 1º andar, fica ligado directamente ao piso inferior, tomando as instalações amplitude chique e atraente, de linhas modernas.



Mais à frente, atravessando para o quarteirão seguinte, nos números 20 a 26, vamos encontrar uma das casas de melhor bom gosto e apresentação, que o fundador, António Gonçalves Marques, nomeou com justeza de; «O ÚLTIMO FIGURINO».

No ano de 1910 compreendia apenas os números 20 a 24, anos mais tarde ocupa a loja seguinte, tomando também a sobre-loja e andares superiores.



Nos números 28 e 30 ficava «A POMPADOUR», com os seus espartilhos, cintas e "soutiens".


A «CHAPELARIA DA MODA» estava nos números 32 e 34 desta rua, foi fornecedora da Casa Real. A sociedade desse tempo era bem diferente da nossa época. Ninguém saia à rua sem um chapéu na cabeça, a vida assim exigia tanto ao sexo masculino como ao feminino. Cada hora, cada cerimónia, exigiam a sua "toilette", o seu modelo de chapéu.

A fundação desta chapelaria data de 1885 e deve-se a Francisco António da Costa Braga, sendo seus continuadores Tavares Basto & Costa. Em 1939 por escritura pública foi substituída pela firma Gagean, Lda.



No número 42 existiu a «CASA ORION» sapataria desde 1926 pertencente a Benigno Linhares, Lda.

Mais à frente no número 46 esteve instalada a «LEITARIA GARRETT», veio depois da Relojoaria de Pereira & Miranda; tendo sucedido à "loja de carteiras" de Manuel P. Mendonça.


MARQUÊS DE NIZA

No número 56 no 2º andar desta rua, habitou no século XIX o «MARQUÊS DE NIZA», uma das curiosas figuras do velho Chiado.

Habitou o andar nobre, entre 1868 e 1871, depois de deixar a sua habitação no Largo da Abegoaria, paredes meias com aquela em que viveu Rafael Bordalo Pinheiro, num prédio revestido a azulejos decorativos.

Foi também nesta casa que o marquês hospedou o general Prim, exilado de Espanha, por motivos políticos.

O Marquês de Niza, neto de Vasco da Gama, foi um fidalgo de rara elegância, intelectual de alta capacidade e diplomata distinto, aliado a essas qualidades a de boémio turbulento e incorrigível, que o tornou uma figura lendária de Lisboa.

(D. Domingos Vasco Francisco Xavier Pio Teles da Gama Castro e Noronha Ataíde Silveira e Sousa), 9º Marquês de Niza,14º Conde da Vidigueira, 9º Conde de Unhão, 12º Almirante do mar das Índias, senhor das vilas, comendas e alcaidarias-mores da sua casa, par do Reino, comendador da Ordem de Cristo, adido de legação honorário. Em 11 de Março de 1873, com a idade de 56 anos, faleceu este estranho aristocrata. (Tinha um Palácio e um Largo em Xabregas do qual já falei).



MARRARE

Paramos finalmente no prédio do "Marrare" que teve os números 54 a 64 desta rua.

Todo o prédio tem história, mas ficamos agora pelo rés-do-chão, onde tiveram sede dois cafés famosos, cada um em sua época.

O primeiro foi o café do «MARRARE DO POLIMENTO» nome do negociante italiano António Marrare, que veio para Lisboa como copeiro do Marquês de Niza. Estabelecera-se primeiro no Largo de S. Carlos.

Em Janeiro de 1820 a «Gazeta de Lisboa» dá-nos conhecimento da abertura desta casa «António Marrare transfere a sua loja de vinhos engarrafados que tem no Largo de S. Carlos, no número 4, para a Rua das Portas de Santa Catarina ao Chiado (hoje rua Garrett), números 33 a qual abre hoje, 2 do corrente, com todas as qualidades de vinhos etc....».

É incontestável e incontestado, que o café «MARRARE» do Polimento foi considerado o primeiro café de Lisboa de Oitocentos, e como tal designado, porque a armação era de madeira polida e as paredes também forradas do mesmo material.

Diz uma tese que toda a casa estava forrada de madeira polida, daí vir o nome de "Polimento". Defendem outros que o "polimento" vinha da gente "polida" que a frequentava - políticos, literatos, artistas...

Com o enaltecer dos seus serviços aliados à simpatia do seu ambiente, servia o magnifico café genuíno «MOKA», e bebidas das melhores marcas.

O frontispício do café «MARRARE» tornou-se bem conhecido por uma gravura do tempo, (a qual inserimos também neste trabalho a sua reprodução) e onde se lê nas suas duas tabuletas:

«VINHOS SUPERIORES ENGARRAFADOS. CAFÉ - LICORES E OUTROS OBJECTOS. BILHAR - »

(CONTINUA)

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