quarta-feira, 5 de março de 2008

RUA GARRETT [ VI ]

Rua Garrett - (s.d.) Autor não identificado (Retrato de J.B. de Almeida Garrett - Litografia) in Sociedade Martins Sarmento
Rua Garrett - (2007) Fotografo não identificado (Casa Havaneza e A Brasileira) in Olhares.com

Rua Garrett, 120 e 122 - (1979) Foto Neves Águas (Porta da Brasileira do Chiado) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa


Rua Garrett, 120 e 122 - (1911) Foto Joshua Benoliel (A Brasileira -Casa especial de café do Brasil) in AFML

Rua Garrett - (2007) Fotografo não identificado (Livraria Sá da Costa e Hotel Borges) in http://www.hotelborges.com/

Rua Garrett, 100 e 102 - (2005) Foto Cristina Garcia (Livraria Sé da Costa) in cristinagarcia.no.sapo.pt

Rua Garrett - (1913) Foto Alberto Carlos Lima (Interior da Livraria Sá da Costa na época) in almanaquerepublicano


(E assim chegamos ao final da Rua Garrett)
A seguir ao «Marrare» esteve nesta rua a «SAPATARIA LOURENÇO», também citada por Eça de Queiroz. A «CASA BÉNARD» nos números 82 a 86 , sucessora de Elias Benard, vinha dos números 110 e 112, sob a firma Casa Benard, Lda.. A inauguração, efectuou-se em 31 de Outubro de 1942, continuando-se a dedicar ao comércio da venda de brinquedos e fatinhos para crianças. Segue-se a «CASA GARCEZ» no número 88, dedicada à venda de máquinas e outro material fotográfico, deve a sua existência, principalmente a Arnaldo Garcês Rodrigues, que se associou com o irmão Joaquim Cruces Alvarêz em 1923.
A «FARMÁCIA DURÃO» nos números 90 e 92, foi lugar não só de tratar de feridas físicas como políticas. Esta farmácia, lugar de conspiração e propaganda republicana, foi grande centro de conversa, em que o Dr. Brito Camacho pontificara.
Este estabelecimento possui antecedentes muito remotos. Rodrigo Augusto de Carvalho teve como sucessor J. P. Rodrigues que, em 1882, na publicidade a que dava curso, punha em relevo, entre outros, o «pó da viscondessa», «remédios para a solitária», «xarope peitoral», «creme virginal», «emplastro contra a dor ciática», «laranjada-purgante» e outras especialidades.
Quase sempre tudo que temos escrito normalmente remonta ao passado. Congratulamo-nos agora saber que a «FARMÁCIA DURÃO» ainda funciona.


LIVRARIA SÁ DA COSTA
A «LIVRARIA SÁ DA COSTA»nesta rua nos números 100 a 102,com esquina para a Rua de Serpa Pinto, ainda se mantém como livraria.
No século passado foi uma editora de prestígio e sucesso literário. Destacamos nomeadamente a sua famosa «colecção de clássicos Sá da Costa» com espectaculares obras sobre a historiografia portuguesa. Destacamos uma para exemplo: «DECADAS DE DIOGO DO COUTO» com prefácio e notas de António Boto, Volume I , um dos seus clássicos editados em 1947, e impresso numa casa que recordo com bastante saudade o "JORNAL DO COMÉRCIO".

O «HOTEL BORGES» está instalado no número 108 desta Rua. Situado na zona mais nobre da cidade, este estabelecimento vem do século XIX e representa uma classe hoteleira, com instalações confortáveis ao estilo do clássico antigo. Classificado como imóvel de interesse público desde 1997, ladeado pelos carismáticos estabelecimentos comerciais como seja «A BRASILEIRA» e a «LIVRARIA SÁ DA COSTA».


A BRASILEIRA
«A BRASILEIRA DO CHIADO» fundada em 19 de Novembro de 1905, por Adriano Teles. Acompanhou quase todo o século XX, esta casa que continua a ter os números 120 e 122 (da Rua Garrett), muito embora já se encontre um pouco no Largo do Chiado.
Inicialmente a«A BRASILEIRA» dedicava-se só à venda de café (moído à vista do cliente) genuíno do Brasil, de Minas Gerais
Em 1908 realizou-se obras da autoria do arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior e sofre uma completa transformação, para se adaptar a uma sala de café com todos os modernos requisitos de comodidade e de elegância, destinada às pessoas que não quisessem aproveitar da vantagem da distribuição gratuita de chávenas de café. Ali poderão tomá-lo nas melhores condições de conforto.
A Brasileira é um misto de «academia e de assembleia popular». Reúne numerosa clientela de feição heterogénea. Monárquicos e republicanos, liberais e conservadores, burgueses e aristocratas, endinheirados e pelintras. Actores, artistas, jornalistas ou escritores, são seus assíduos frequentadores.
Nos anos 20 do século passado torna-se o centro onde se reúnem as tertúlias lisboetas, destacando-se o grupo do Orfeu, composto de Almada Negreiros, Luís Montalvor, Fernando Pessoa, José Pacheco e outros, teve na Brasileira o seu ponto nevrálgico.
Também o espírito de «A BRASILEIRA» foi evocado nos teatros de revista, e de uma delas, ao ritmo alegre cantarolava um artista popular.
MENINO TOMA CAFÉ, - SE QUERES CURAR A CANSEIRA, - MAS SE HÁ TANTO CAFÉ, - O MELHOR É O DA BRASILEIRA!
Em 1970, encerra novamente para obras que lhe acrescentam um balcão corrido, substituem os velhos quadros por outras telas, que eram já um mito da cidade, os jornais falavam, ao dar a notícia. Desde então, ficou assumido pelos lisboetas, estar atento a este tesouro que a cidade não pode deixar morrer.
A escultura colocada nos anos 80 do século passado junto à Brasileira é um logótipo do Chiado, da autoria de Lagoa Henriques, que pretende representar Fernando Pessoa.


ALMEIDA GARRETT
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, mais tarde visconde Almeida Garrett, nasceu no Porto a 4 de Fevereiro de 1799, faleceu em Lisboa a 9 de Dezembro de 1854.
É provavelmente o escritor português mais completo de todo o século XIX porquanto nos deixou obras primas no teatro e na poesia, inovando a escrita e a composição em cada um destes géneros literários.
Foi um escritor dramaturgo, romântico, orador, par do Reino, ministro e secretário de Estado.
Grande impulsionador do Teatro Português, uma das maiores figuras do romantismo. A ele se deve a proposta de edificação do Teatro Nacional D. Maria II no Rossio, e a criação do Conservatório de Arte Dramática.
(Eis chegado o fim da narrativa sobre esta rua)


9 comentários:

  1. Pois... um anjo eu acabo de encontrar, IPS, o alado lisboeta que se dedica a reunir fotografias e informação de tanto valor e tão bem organizada sobre a nossa Lisboa.

    Adoro Lisboa e revigoro-me a calcorrear o Chiado.

    Estou a tentar fazer um pouco de voluntariado, e fiquei de organizar uma tarde de entretenimento em Lisboa que inclui uma saída do metro com passeio descritivo pela rua Garrett e mais tarde um jantar numa casa de fados.

    O seu blogue caíu-me do Céu... com asas e tudo... :)

    Ven ho pedir-lhe se não se importa que utilize a informação que nos proporciona, com os devidos créditos, claro está... :)

    Bem-haja.

    meu e-mail: sincronia40@gmail.com

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  2. Só um detalhe:

    Quando se desce, à direita, não sei bem em que número, encontra-se o engraxador de vão de escada - diz ele que - o mais antigo de Lisboa.

    Eu própria já me dei ao luxo de me sentar no cadeirão de braços para engraxar umas botas de cano alto... a primeira e única vez... mas foi lá!!!

    Terá, por acaso, alguns dados sobre este estabelecimento??

    Muito obrigada.

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  3. Sabe me dizer qual é o nome actual da leitaria garrett?

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  4. Cara ANA

    A «LEITARIA GARRETT» veio para a rua do mesmo nome número 46, nos anos vinte do século passado.

    Encerrou as suas portas no ano de 1982, para ali ser instalada a «BOUTIQUE MIGACHO».

    Actualmente é também uma boutique, mas com o nome de «St. TROPEZ KIWI».

    Existe uma canção do VITORINO "LEITARIA GARRETT".

    Espero ter esclarecido a sua curiosidade.

    Cumprimentos
    APS

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  5. Adorei todo o post sobre a Rua Garrett. Estou neste momento a realizar um trabalho universitário sobre a mesma rua. Seria possível facultar-me algumas das fotos e algumas possíveis informações? Ficaria bastante agradecida. Deixo aqui o meu e-mail para um futuro contacto: anasofia.travessa@gmail.com

    Muito obrigado.
    Com os meus melhores cumprimentos.
    Aguardo resposta.
    Ana Sofia Travessa

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  6. Cara Ana Sofia
    Muito agradecido pelas suas amáveis palavras a este blogue.

    Já lhe enviei por e-mail aquilo que consegui arranjar rapidamente.

    Despeço-me com amizade
    APS

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  7. À Coruja: A engraxadoria era no Nº 47
    À Ana: a Leitaria Garrett deveria ter o N~44 (e talvez o 42)

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  8. Caro FERNANDO
    A "LEITARIA GARRETT" era mesmo no Nº. 46, pode consultar uma fonte "LISBOA DESAPARECIDA" de MARINA TAVARES DIAS Volume Nº. 4, página 110 com a foto a dar-nos o Nº. de polícia. Já o ENGRAXADOR (de vão de escada) só podia ter existido no Nº.48 que é uma porta de escada.
    Despeço-me com amizade
    APS

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