Largo do Rato - (1935) Foto Eduardo Portugal (A Praça do Brasil nascente, actual Largo do Rato) in AFML
Largo do Rato - (1922) Fotógrafo não identificado (Casas antigas na frente do Convento das Trinas do Rato)
(CONTINUAÇÃO)
(CONTINUA) (Segunda parte do Convento das Trinas do Rato)
Largo do Rato - (Início do século XX) Foto Alberto Carlos Lima (Conventos das Trinas do Rato, fachada principal) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa
(CONTINUAÇÃO)
CONVENTO DAS TRINAS DO RATO
A «memória», mesmo a das cidades, é traiçoeira. Até os edifícios estão sujeitos a modas a às vezes, mudados os ocupantes, logo se altera o nome pelo qual são conhecidos.
Assim, experimente alguém perguntar hoje, em pleno Largo do Rato, onde fica o Mosteiro de Nossa Senhora dos Remédios da Santíssima Trindade; pode até, para facilitar, acrescentar que se trata de um Convento que foi ocupado por freiras Trinas.
Não obterá mais do que estupefacção nos olhos do interrogado.
Mas pergunte onde fica a esquadra do Rato ou a Segurança Social.
Aí verá estenderem-se alguns braços apontando o prédio que domina todo o Largo, ocupando o quarteirão entre as Ruas do Sol ao Rato e D. João V.
Ninguém se poderia já lembrar das "monjas Trinas" que foram as primeiras ocupantes da grande casa, mas poderia ter ficado o nome.
Todo aquele conjunto nasceu no século XVII, por vontade de um fidalgo da Casa Real, chamado Manuel Gomes de Elvas. Tratava-se de um homem muito rico, descendente de espanhóis e filho de um cortesão e de uma escrava convertida, ISABEL VAZ.
O certo é que resolveu investir parte da sua fortuna na construção de um recolhimento para mulheres «de nobre estirpe» e, para tanto, comprou aquele terreno que confinava com a enorme quinta dos padres oratorianos (que ia do Salitre a Campolide).
O certo é que resolveu investir parte da sua fortuna na construção de um recolhimento para mulheres «de nobre estirpe» e, para tanto, comprou aquele terreno que confinava com a enorme quinta dos padres oratorianos (que ia do Salitre a Campolide).
Entretanto, o fidalgo morreu e verificou-se que ou a doação fora mal calculada ou se tinham delapidado bens e o dinheiro não chegava para a edificação prometida. Apareceu segundo benemérito, Manuel Correia de Lacerda, mas ainda não foi dessa que o Convento surgiu.
Mais eficaz foi um descendente do primeiro doador, Luís Gomes de Sá e Meneses de Elvas como seu antepassado (que morreu provavelmente em 1665). Este Meneses tinha em Lisboa a alcunha de «RATO» e, como é fácil adivinhar, dele provem o topónimo que se mantém no Largo com breve intervalo, até aos dias de hoje.
O Convento do Rato que se iniciou em 1614 teve a sua conclusão no ano de 1721, passados que foram 107 anos. E mesmo assim, foi necessário o empenho e algumas pratas, do primeiro patriarca de Lisboa D. Tomás de Almeida.
Como nota de curiosidade a primeira abadessa foi uma freira vinda de Santa Marta, chamada Isabel Maria das Montanhas.
Não foi demasiado longa a permanência das freiras Trinas no Rato: em 1834 foram extintas as ordens Religiosas em Portugal. Mas, segundo a lei, houve que esperar que morresse a última monja, sóror Ana Margarida, que faleceu em 1874.
(CONTINUA) (Segunda parte do Convento das Trinas do Rato)
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