quinta-feira, 17 de abril de 2008

TRAVESSA DAS MÓNICAS [ II ]

Travessa das Mónicas - (2008) Foto de Margarida Pérola (Pátio do antigo Convento das Mónicas) in www.flickr.com
Travessa das Mónicas - (2008) Foto Margarida Pérola (Patamar do antigo Convento das Mónicas) in http://www.flickr.com/

Travessa das Mónicas - (2006) Foto de Cristina Garcia (Vila Sousa-Urbanização operária) in http://objectiva3.blogspot.com/

Travessa das Mónicas, 31 a 41 - (1969) Foto João H. Goulart (Casa e pequenos prédios) in Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa



(CONTINUAÇÃO)
«TRAVESSA DAS MÓNICAS»
O nome de Travessa das Mónicas advém-lhe da vizinhança do Convento de Santa Mónica. O Mosteiro foi fundado em 1586, por D. Maria Abranches filha de D. Álvaro de Abranches, capitão-Mor de Azamor, em propriedades suas e cedidas às freiras para o culto. Com a proximidade do Convento da Graça da Ordem de Santo Agostinho, o novo Convento aderiu à mesma regra, mas dedicado a Santa Mónica, mãe de Santo Agostinho, Doutor da Igreja.
O Convento manteve a sua traça original seiscentista, mas com o sismo de 1755, parte da Igreja ruiu obrigando à sua reconstrução.
Em 1834 com a extinção das Ordens Religiosas e, após a morte da sua última freira, o Estado transformou aquele Convento numa casa de correcção para rapazes e seguidamente para raparigas.
Em 1917 era convertido em Cadeia Civil para mulheres, tendo encerrado definitivamente no ano de 1989.
Como nota curiosa, lembramos que a última reclusa deste estabelecimento foi «Maria Branca dos Santos-1902-1992» mais conhecida pela «D.BRANCA» a «BANQUEIRA DO POVO» ali detida preventivamente desde 8 de Outubro de 1984. O julgamento foi iniciado em 1988 no tribunal da Boa-Hora, teve a duração de um ano, sendo-lhe aplicada uma pena de 10 anos de prisão.
Devido ao seu estado de saúde e idade avançada, foi-lhe reduzida a pena e saiu em liberdade, para pouco tempo depois falecer, cega e ironicamente na miséria.
A Cadeia das Mónicas depois da sua desactivação em 1989 esteve ao abandono, actualmente o edifício é utilizado para fins culturais, estando uma parte do antigo Convento de Santa Mónica cedida aos «ARTISTAS UNIDOS», onde regularmente apresentam as suas actividades.


Próximo da Travessa das Mónicas temos a de S. Vicente (antiga Travessa das Bruxas). O Palácio dos Condes de Valde-Reis, antes Azambuja e depois Condes de Loulé.
Ficando muito arruinado depois do terramoto, foi mais tarde reconstruído mas, em 1820 um enorme incêndio deflagrado no Convento das Mónicas, atingiu este edifício que de novo ficou em ruínas.
Em 1880 as ruínas foram aproveitadas pelos irmãos Francisco e Guilherme Tomaz da Costa, que construíram uma vila para «habitação de muitas famílias», dando-lhe o nome de Vila-Tomaz (1889).
Em 1919 foi comprado pela firma «João Luís de Sousa e filho», que a deixaria a Eugénio de Sousa (1923), já transformada em vila operária com o nome de «VILA-SOUSA», tal como ainda hoje se pode observar.

4 comentários:

  1. Caro amigo: Pode-me dizer se tem a certeza de que o convento das Mónicas se chamava originalmente Convento de Santa Mónica ? Eu tinha a ideia de que era o Convento de S. Agostinho e dedicado a Sta Mónica, mas posso estar enganado. É a 1ª vez que ouço chamar por esse nome, mas eu não sou especialista no assunto. vascoantunes@net.sapo.pt

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  2. Caro amigo Vasco Antunes

    Só tenho a agradecer pelo facto de questionar este assunto. É sinal de que este BLOG é lido.

    Quanto à designação acho que a que indico está de acordo, muito embora se reporte ao Século XVI.
    Muitas vezes os nomes mudam conforme os seus residentes.(não é este o caso)
    Transcrevo umas breves palavras, para confirmar aquilo que acima afirmo.
    NO CAPITULO X DO LIVRO - HISTÓRIA DOS MOSTEIROS, CONVENTOS E CASAS RELIGIOSAS DE LISBOA - 1972 - Lisboa - CML pág. 383 a 390. Mosteiro de Santa Mónica das Religiosas de Santo Agostinho.
    Outro livro, mais recente «OS CONVENTOS DE LISBOA» de Baltazar Matos Caeiro 1989 - pág. 59. - O Convento de Santa Mónica, da Ordem de Santo Agostinho fundado em 1586 por etc..
    Mais uma vez agradeço o interesse manisfestado,
    Um abraço
    Agostinho Paiva Sobreira

    P.S.
    Segue em separado um e-mail com mais detalhes.

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  3. Caro Senhor Agostinho P Sobreira

    Sou um pseudo Alfacinha, ou não da gema, para ser mais tradicionalista, já que se é certo que nasci em Lisboa, o meu pai veio recambiado pela tropa fandanga de uma aldeia dos arrabaldes de Tomar e, tendo aprendido o ofício de barbeiro, por cá se deixou ficar para vir a conhecer a minha Lisboeta mãe e a ela vir a fazer cinco filhos, o último dos quais é quem agora lhe escreve estes rabiscos.

    Também não sou propriamente um conhecedor das ruas de Lisboa, sou mais um eterno curioso que lê tudo o que lhe vem à mão, agora só à vista se atendermos às ditas novas tecnologias que nos dão estas facilidades e abusos de chamar amigo a quem não se conhece de lado nenhum... Adiante!

    Pois os meus pais viveram na zona de Xabregas desde 1917 até 1945, altura em que eu nasci e lhes foi atribuída uma «casinha» no Bairro da Encarnação, ali ao pé do Aeroporto, bem nos então arrabaldes de Lisboa. Para o meu pai não terá feito grande diferença, habituado que ainda estava a «arrabaldes». Já para a minha saudosa mãe, foi um quase desterro, do qual se lamentou por muitos anos. Como boa contadora de histórias que era, muitas vezes a ouvi falar das «Mónicas», expressão muito utilizada para acalmar algumas meninas com as hormonas mais desalvoradas. - Ó menina! Se não te portas com juízo vais para as Mónicas e ali verás como elas mordem!!! - Era assim a pedagogia daquelas épocas e não me vou agora meter a comentar se era bom ou nem por isso...

    O certo é que, quem sabe se por isso, a minha irmã mais velha, foi sempre bem comportada e veio a casar com um comerciante bem instalado na Baixa e que, se não foi lá muito de carinhos, pelo menos deixou-a com um pecúlio que faz dela uma viúva octogenária bem disposta e que se pode dar ao luxo dar uns bons passeios e de almoçar fora quando lhe apetece.

    Ainda há bem pouco tempo fomos dar uma volta pela zona de Xabregas, Beato e Poço do Bispo, que ela ainda recorda bem, com gosto e alguma saudade.

    E todo este relambório para lhe agradecer o facto de me oferecer um passeio virtual para aquelas bandas.

    Espero vivamente que ainda se dedique a estas coisas dos passados de Lisboa que tão úteis são para nos manter informados do que era e como era a «nossa» cidade em tempos idos.

    Como não sei se terá acesso ao meu email, ele aqui fica, se lhe aprouver brindar-me com algum pormenor que ache que eu mereço: ajg1945@gmail.com

    Vou dar mais uma vista de olhos a este seu interessante bloggue.

    Um abraço de agradecimento

    Armando Graça

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  4. Caro amigo Armando Graça

    Fiquei muito satisfeito e agradecido, com a sua dissertação objectiva, a minha vai receber por MAIL.

    Despeço-me com amizade,
    Um abraço
    APS-Agostinho Paiva Sobreira

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