domingo, 28 de junho de 2009

PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [V]

Praça D. Pedro IV (Rossio) - (2005) Foto de APS (Parte Sul do Rossio) Arquivo/APS
Praça D. Pedro IV (Rossio) - (1947?) - Fotógrafo não identificado - (Praça D. Pedro IV e encosta do Castelo, depois das transformações de 1925) in AFML

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (19--) - Foto de Paulo Guedes (Praça D. Pedro IV-Rossio) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
«PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [V]»
«O ROSSIO (5)»
A face Norte do «ROSSIO» correspondia, aproximadamente, à actual, mas a do lado Sul estava deslocada para oriente: começava a cerca de meia distância entre a Rua do Ouro e do Arco do Bandeira e terminava à esquina Oriental-Sul das Ruas dos Correeiros e da Betesga.
Segundo um manuscrito da Biblioteca Nacional, as suas dimensões eram de 80 braças por 24, ou seja, 166 metros de comprimento por 52 de largura. (As dimensões actuais são 201m x 95 metros). José-Augusto França detalha os esforços de «Carlos Mardel» para embelezar o «ROSSIO», mas concluiu pela falta de monumentalidade do mesmo. Característica que nos seguintes termos justifica: "No quadro do urbanismo pombalino um grande conjunto era suficiente". O papel do «ROSSIO» devia ser agora muito menos importante que a Praça do Comércio, lugar de eleição da nação nova: ele era aliás abandonado pelo Senado da cidade (definitivamente instalado, em 1774, ao lado da Praça do Comércio) e pelo Hospital Real. Só a «INQUISIÇÃO» renascia das cinzas, mas em breve ela seria reformada e já perdia o seu papel na vida nacional.
O «ROSSIO», lugar do povo, da sua alegria, da sua preguiça e da sua cólera, numa sociedade que se tornava ordenada, se não "iluminada", estava destinado a ser um lugar secundário, detido numa espécie de tranquilidade provinciana (que os anos turbulentos do começo do século XX em breve iriam abalar).
O «ROSSIO» no século XIX, retoma a sua função de verdadeira ágora da cidade. A sua localização, que justificava a presença de alquiladores(1) e estalagens, por aproximadas razões, torna o «ROSSIO» local de transportes públicos e para ele aos seus arrabaldes atraem hotéis.
As comoções sociais, desde sempre e até hoje, emergem ou a ele refluem; serviam, como exemplos, na perturbada década de 20 do século XIX, a «ABRILADA» e as «ARCHOTADAS».
Mesmos no seu aspecto físico teve o «ROSSIO» algumas alterações significativas entre a reconstrução pombalina e os nossos dias, sendo, talvez, as mais significativas o desaparecimento do edifício da «INQUISIÇÃO» e a construção do Teatro e a erecção da estátua a D. Pedro IV.
(1) - Pessoa que aluga bestas de carga
(CONTINUA) - (PRÓXIMA) - «PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [VI] - O NOVO EMPEDRAMENTO»


terça-feira, 23 de junho de 2009

PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [IV]

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (Hospital Real de todos-os-Santos - Maqueta do século XX feita de acordo com descrições feitas em séculos anteriores à destruição do edifício. A maqueta encontra-se actualmente no Hospital de S. José em Lisboa) in SKYSCRAPERCITY
Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (Meado do século XVIII) - Eduardo Portugal - (O ROSSIO vendo-se o Hospital Real de Todos-os-Santos) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [IV]
«ROSSIO (4)»
Na face Leste, ergueu-se, nos tempos de D. João II e D. Manuel I, o «HOSPITAL REAL DE TODOS-OS-SANTOS», vulgarmente chamado «Hospital de El-Rei» por ter sido El-Rei quem o mandou construir, sendo obra sumptuosa; foi acabada por D. Manuel , beneficiando-o de muitas rendas e privilégios.
Um dos seus braços da Cruz era ocupado por uma formosa e grande Igreja, com porta para o «ROSSIO». O acesso era feito por escadas de pedra com três faces que levavam a um grande patamar.
A Praça foi-se compondo, as edificações foram delimitando o terreno baldio e, algumas delas, de um ou outro modo importantes. Começa por beneficiar da vizinhança do «CONVENTO DE S. DOMINGOS». Em meados do século XV são edificados ao lado Norte os «ESTAUS», onde mais tarde (em 1540) se instalará a «INQUISIÇÃO».
A parte central da Praça era de terra batida e, quase em frente de S. Domingos, existiu o célebre chafariz do Rossio, com um Neptuno de Pedra.
Mas o maior interesse da Praça estará no facto de ter servido um pouco para tudo: desde os autos de fé aos mercados, as corridas de toiros, às festas, desde as conspirações políticas às cenas de boémia. Daqui saiu o povo para defender o «MESTRE DE AVIS», aquém acabaria por aclamar rei, e daqui partiram os conjurados de 1640 que foram ao Terreiro do Paço derrubar Filipe III e substitui-lo por D. João IV.
Pela sua posição estratégica, o «ROSSIO» torna-se local de actividades e palco de ocorrências diversas.
O «TERRAMOTO de 1755» destroçou as edificações que limitavam o «ROSSIO» "os arquitectos reedificadores da capital ergueram, em vez da Praça antiga, irregular e esguelhada, um formoso paralelograma de casario, que foi notabilissimo progresso".(1)
Nos anos seguintes a 1755, foi o «ROSSIO» ganhando aos poucos, a feição actual.
No lado Sul da Praça, contrariando igualmente o projecto primitivo de «MARDEL», que apresentava uma continuidade de fachadas, foi erguido um corpo de edifício semelhante ao existente a Norte. Porém, foi necessário dar passagem para uma rua (Rua dos Sapateiros ou Rua do Arco do Bandeira) estreita, já existente e agora aberta no eixo da Praça, regularizando o arco também existente antes do terramoto.
No conjunto das fachadas, esta construção, o Arco do Bandeira, nome do proprietário e capitalista «JOSÉ RODRIGUES BANDEIRA», tem um ar insólito e as relações com os edifícios simétricos de um e outro lado são discutíveis. É seu autor provável «REINALDO MANUEL», que poderá ter sido também o autor da fachada definitiva da «INQUISIÇÃO».
No ano de 2005 foi indicado o nome de «HOSPITAL DE TODOS-OS-SANTOS» (em memória do que existiu no Rossio), a uma unidade hospitalar que estaria concluída no ano de 2012(?), terá uma capacidade para 800 camas e será a fusão dos antigos Hospitais; de São José, Santo António dos Capuchos, do Desterro, de D. Estefânia, e de Santa Marta. O edificado ficará na zona de Chelas.
(1) - Júlio Castilho
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [V] - O ROSSIO (5)»

domingo, 21 de junho de 2009

PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [III]

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2009) - (Panorama do Rossio-Lisboa) in WIKIMAPIA
Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - início do século XX -Fotógrafo não identificado - (O Rossio com o seu primeiro empedrado-Litografia existente no Museu da Cidade) in RUAS DOS DIAS QUE VOAM

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (1919) - Foto de Paulo Guedes - (O Rossio com a sua fonte e Monumento a D. Pedro IV) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [III]
«O ROSSIO (3)»
A designação de «ROSSIO» começou por ser atribuída a um lugar vago, amplo e excêntrico, onde se fazem ou faziam feiras e mercados e entram em contacto o estilo de vida urbana e rural .(1)
Aberto ao alfoz rural a norte da cidade pelas duas ramificações do Vale da Baixa (correspondente, hoje, à Avenida da Liberdade e à Rua da Palma e Avenida Almirante Reis), o «ROSSIO» foi, naturalmente, um dos locais para o qual mais significativamente convergiram os géneros fornecidos pelos pomares e hortas dos arredores. Esta quase que imposição das condições geomorfológicas actuou ainda, quando da reconstrução da cidade, na criação de um mercado à ilharga do Rossio, cuja existência se prolongou até meados do século XX.
Mas nem só de subsistência vivia o comércio do «ROSSIO».
Cedo a situação teria começado a corresponder a esta descrição de Castilho, válida sobretudo para o século XVII e princípios do seguinte; (...) era, antes do decreto que gizou em terrenos do «Hospital Real de Todos-os-Santos» a nossa Praça da Figueira, todo atravancado com cabanas portáteis e enormes chapéus-de-sol de mulheres de venda, com gigas de Colares, celhas de regateiras, rebolos de barbeiros, caixões de legumes (...) e até com barracas de pele para os sapateiros nómadas(...). No largo do Terreiro do Rossio, rodeado de mercearias, tabernas e outras lojas, havia às terças-feiras, no tempo do autor do «LIVRO DAS GRANDEZAS DE LISBOA», uma feira semanal, avó da nossa «FEIRA DA LADRA». (...) «Por baixo do edifício sumptuoso do Hospital corria uma arcada gótica; nessa arcada muitos mercadores »(...) Pela parte do Ocidente e a Sul, está cercado por casas muito grandes; têm de comprimento mais de quinhentos passos, de largura mais de duzentos; está cercado a nascente por um lanço de dormitórios o Mosteiro de São Domingos, que se situa à entrada deste Rossio, e ocupará um terço do seu comprimento.
Tanto este dormitório como o famoso edifício do Hospital Real de Todos-os-Santos estão fundados à face do «ROSSIO», sobre trinta e cinco arcos de fortíssima pedraria, entre os quais e a parede interior fica um largo corredor, com trinta pés de largura aproximadamente.
Serve não só de passagem para proteger do Sol e da chuva, mas também para serventia do Hospital de Nossa Senhora do Amparo, e dos que trabalhavam no Hospital de Todos-os-Santos.(2)
(1) - Raquel Soeiro de Brito
(2) - «LIVRO DAS GRANDEZAS DE LISBOA» de Frei Nicolau de Oliveira - contém fac-simile da edição original de 1620 e textos actualizados por Maria Helena Bastos - 1991 - Vega.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [IV] - O ROSSIO (4)»


quarta-feira, 17 de junho de 2009

PRAÇA D.PEDRO IV (ROSSIO) [II]

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (Maqueta do Rossio antes de 1755, vendo-se o chafariz na zona Norte) - (Exposta no Museu da Cidade) in 1621
Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (Século XVIII) - (Reprodução fotográfica do painel de azulejos, principio do século XVIII, que representa o Rossio e o Hospital Real de Todos-os-Santos. Pertence ao Museu da Cidade) in REVELARLX

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (Século XVI) - Gravura de Martins Barata (O Hospital Real de todos-os-Santos) in GEOCITES
(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [II]
«O ROSSIO (2)»
Nos tempos de El-Rei D. Dinis, já o «ROSSIO» tinha ganho maioridade. Lá se reuniam os fidalgos ou o povo, sempre que houvesse temas para discussão de assuntos de interesse comum. E lá se praticavam também convidativos folguedos, como era o caso das proezas de cavalaria. E não faltavam pequenas feiras periódicas.
D. Pedro I, segundo rezam as crónicas, ia para aquela praça comer, beber e bailar com o povo. Anos e séculos mais tarde, serviu o mesmo terreiro para cavalgadas e passou a constituir paragem obrigatória para os grandes cortejos nupciais.
Até touradas se realizaram no chão do Rossio, sendo a última em Julho de 1755.
Quando «D. Fernando» mandou edificar a muralha a que ficou ligado o seu nome, a praça ficou obviamente dentro da cerca, que passava a Norte dela vinda da Mouraria, a caminho da colina que conhecemos como sendo S. Roque e abrindo porta em Santo Antão.
Com o lisboeta D. João I no trono, o «ROSSIO» ganhou o estatuto de verdadeiro Parlamento da cidade. Na verdade, naquela praça se reuniu o povo quando Henrique II de Castela pôs cerco a Lisboa, combinando ali a estratégia para contrariar os intentos dos invasores. Lá se ergueu a voz do alfaiate « FERNÃO VASQUES», que fez vingar a ideia de aclamar o Mestre de Avis como «defensor e regedor do reino», opondo-se às intenções do rei estrangeiro.
Não espanta por isso, que D. João I tenha sempre ficado com «BOA MEMÓRIA» da praça onde se tinha decidido o seu destino. Aliás, já tinham decorrido no «ROSSIO» reuniões conspiratórias contra «LEONOR TELES», a rainha viúva de D. Fernando, acusada de entendimento com o «CONDE DE ANDEIRO», preparando ambos a entrega do trono a Castela.
E, Já que se fala deste período, que marca o fim da primeira e o começo da segunda dinastia de monarcas portugueses, caberá ainda uma referência ao «INFANTE D.PEDRO», filho de «D. João I». Aquele príncipe, culto e viajado, deu uma missão nobre ao «ROSSIO»: na grande praça mandou edificar em 1449 o «PALÁCIO DOS ESTAUS».
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [III] - O ROSSIO (3)»


domingo, 14 de junho de 2009

PRAÇA D.PEDRO IV (ROSSIO) [ I ]

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (Uma visão antes e depois de 1755) - ( O sítio do ROSSIO - o traço ponteado a vermelho indica os quarteirões e edifícios desaparecidos. O traço a preto mostra a configuração urbana actual. A linha dupla (a verde) ao fundo corresponde sensivelmente à linha da Muralha de D. Fernando ou "Cerca Fernandina de Lisboa") in "Peregrinações em Lisboa - Norberto de Araújo
Praça D.Pedro IV (ROSSIO) - Detalhe da gravura de Georgius Braunius (1541-1622) - Pormenor da perspectiva de Lisboa em 1621, mostrando a zona do Rossio com o PAÇO DOS ESTAUS ao topo e à direita o HOSPITAL REAL DE TODOS-OS-SANTOS in 1621

Praça D. Pedro IV (ROSSIO) - (2ª metade do século XVI) - Gravura em Cobre - Anónima - Perspectiva de Lisboa - A cidade está limitada a Oriente pelo Campo de Santa Clara; a Ocidente, pela zona da Esperança; e a Norte, pelos Montes da Graça, Penha de França e Sant'Ana, vendo-se todas as ruas, ruelas e becos, na sua irregularidade. Nela se desenham, nitidamente, a Praça do Pelourinho Velho, do Terreiro do Paço e do Rossio. - (Inserida na Obra de Jorge Braunio Civitates Orbis Terrarum, Vol. V, 1593 (?) - MUSEU DA CIDADE.

PRAÇA DOM PEDRO IV (ROSSIO) [ I ]

«O ROSSIO (1)»

A «PRAÇA D. PEDRO IV (Vulgo ROSSIO) pertence a duas freguesias.
À freguesia de «SÃO NICOLAU» os números 1 a 14, à freguesia de «SANTA JUSTA» do número 15 a 22. Esta Praça fica entre a Rua da Betesga, Rua Augusta, Rua dos Sapateiros (também conhecida de Rua do Arco do Bandeira), Rua Áurea(Vulgo OURO), Rua Primeiro de Dezembro (Antiga Rua do Príncipe), Calçada do Carmo, Praça Dom João da Câmara (Antigo Largo Camões), Largo de São Domingos e Rua do Amparo.
Por decreto de 31/10/1836 publicado no Diário do Governo 265 de 08/11/1836 a Praça do Rossio passou a denominar-se Praça de Dom Pedro e esta, por Edital de 26/03/1971, passou a designar-se PRAÇA D. PEDRO IV (1).

Quem hoje passa apressadamente pelo Rossio, banal paragem de autocarro e táxis e ainda estação de metro, não se quedará a pensar no passado do espaço.
Não consciencializará, por isso, que não muito antes da tomada de Lisboa aos Mouros, em 1147, ainda vinham reunir-se ali ao pé dois regatos, provenientes do sítio do «ANDALUZ» e de «ARROIOS», corriam pelos vales que são, nos nossos dias, a AVENIDA DA LIBERDADE e a RUA DA PALMA, ANJOS (e parte da) AVENIDA ALMIRANTE REIS.
Uma vez juntos, acabavam, como é natural, no TEJO. Os regatos foram secando e diminuído de importância, dando lugar a terrenos alagadiços, embora susceptíveis de permitir as construções e de servir de sede às reuniões do Povo. Mas, como é sabido, passados mais de oito séculos, ainda a experiência mostra que, mal se escava um pouco, logo aparece água com fartura.
Cedo ali surgiu a ermida de «NOSSA SENHORA DA ESCADA» ou da «PURIFICAÇÃO» sensivelmente no local onde hoje fazem esquina a «RUA BARROS QUEIROZ» e o «LARGO DE S.DOMINGOS». E, junto dela, foi erguido no século XIII (por volta de 1242) o «MOSTEIRO DE S.DOMINGOS» o que prova que o terreno já aguentava edificações com algum porte.
O Rossio foi assim ganhando características que lhe justificavam o nome, ou seja de lugar amplo onde era possível realizar feiras e marcados, proporcionando ao mesmo tempo simples encontros de cidadãos.
Vários nomes foram postos ao espaço: chamou-se «ROSSIO DE SANTA JUSTA», dada a aproximação da Igreja paroquial desse nome (já demolida), situada onde hoje temos as escadinhas que ligam a «RUA DOS FANQUEIROS» à «RUA DA MADALENA»(Edifício POLUX); «ROSSIO DE S.DOMINGOS», obviamente por estar ao lado do respectivo Mosteiro; e «ROSSIO DE VALVERDE», dada a proximidade das hortas com esse nome, hoje transformadas em «AVENIDA DA LIBERDADE».
(1) - Toponímia de Lisboa

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [ II ] - O ROSSIO (2)»






quarta-feira, 10 de junho de 2009

PRAÇA LUÍS DE CAMÕES [VIII]

Praça Luís de Camões - (2000) - Foto Luís Pavão ( Praça Luís de Camões, construção do Parque de estacionamento subterrâneo) in AFML
Praça Luís de Camões - (2000) Foto Luís Pavão ( Praça Luís de Camões, construção do Parque de Estacionamento Subterrâneo) in AFML

Praça Luís de Camões - (1999-200_) - Foto de Pelha (Imagem do antigo Palácio dos Marqueses de Marialva, na altura da construção do Parque de Estacionamento subterrâneo no Largo do Camões) in www.SKYSCRAPERCITY.com/


Praça Luís de Camões - (199-200-) - Foto de Pelha ( Escavações no Largo de Camões pondo a descoberto os Casebres do Loreto) in www.SKYSCRAPERCITY.com/
(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA LUÍS DE CAMÕES
«PARQUE DE ESTACIONAMENTO SUBTERRÂNEO NA PRAÇA LUÍS DE CAMÕES»
A Praça Luís de Camões no ano de 1999 foi sujeita a uma intervenção estrutural, para nela ser instalado um parque subterrâneo com cinco pisos para estacionamento de carros, com entrada das viaturas na Praça Luís de Camões e saída para a Rua das Flores.
O Palácio dos Marqueses de Marialva, casas que o terramoto de 1755 deitou abaixo, e da qual ainda no início deste século, quando da construção do parque subterrâneo de estacionamento no «LARGO DO CAMÕES» foram encontrados vestígios.
Com base no projecto de resultados do IPA-Ministério da Cultura, referente à sua apreciação transcrevemos: "Praticamente toda a actual Praça Luís de Camões abrange a área onde, no século XVII foi construído o Palácio do Marquês de Marialva. Este apresentava orientação E/W, sendo a fachada principal a que daria para o Largo das Duas Igrejas. Deste edifício somente se conhece uma planta, ao nível do r/c, pertencente ao projecto de remodelação e reconstrução, (subsequente ao terramoto de 1755) o qual, nunca chegou a ser implementado. Pela planta do Palácio até agora posta a descoberto, podemos inferir que a sinalização da referida planta de muros preexistentes não está correcta, sendo possível, mesmo não se encontrando a escavação concluída, rectificar o traçado original deste Palácio tal como ele seria na época de seiscentos. As várias informações documentais que possuímos acerca dos designados «Casebres do Loreto» podem, a partir de agora, ser entendido de melhor forma na medida em que é possível, desde já delinear tipos de ocupação deste espaço, funcionalidades e compartimentação inerente a essa nova realidade. Desta forma, o destino do Palácio foi bem distinto do que se previa logo após o Terramoto de 1755, altura em que o seu proprietário ainda solicitou o projecto de reconstrução do seu imóvel.
Foi até ao momento detectada a fachada Norte do Palácio, bem como a rua que, no século XVII, a contornava. O conhecimento da cota a que esta rua se encontrava em épocas anteriores ao Terramoto permite-nos calibrar os desníveis que actualmente existem e, consequentemente, reconstruir a planimetria desta parte da cidade na época de seiscentos (1).
ARQUEÓLOGOS: Lídia Maria Marques Fernandes/Co-responsável - António Augusto da Cunha Marques/Co-responsável.
BIBLIOGRAFIA
- Consultada para a - PRAÇA LUÍS DE CAMÕES de [I] a [VIII]
- Silva, Augusto Vieira - DISPERSOS - Volume II - CML
- Araújo, Norberto de - PEREGRINAÇÃO EM LISBOA - Livros - V; XII; XIII e XV.
- Castilho, Júlio de - Lisboa Antiga (O Bairro Alto) Volume III - CML
- Santana, Francisco e Eduardo Sucena - Dic. da História de Lisboa - 1994
- Olhares de Pedra - Estátuas Portuguesas - 2004.
(PRÓXIMO) - «PRAÇA D. PEDRO IV (Vulgo ROSSIO) [I] - O ROSSIO (1)»

domingo, 7 de junho de 2009

PRAÇA LUÍS DE CAMÕES [VII]

Praça Luís de Camões - (s/d) - Fotógrafo não identificado (Túmulo de Camões no Mosteiro dos Jerónimos) in BAIXAKI
Praça Luís de Camões - (2008) - Foto de António Conceição Júnior (Túmulo de Camões) in ARSCIVES

Praça Luís de Camões - (s/d) - Fotógrafo não identificado (Túmulo de Camões, no Mosteiro dos Jerónimos) in TRASOSMONTES
(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA LUÍS DE CAMÕES [VII]
«TÚMULO DE CAMÕES»
«LUÍS DE CAMÕES» foi enterrado inicialmente na Igreja do Convento de Sant'Ana. Passados quinze anos, já custou aos amigos do poeta encontrar o corpo.
D. Gonçalo Coutinho mandou colocar uma lápide, onde fez gravar singela inscrição em português, seguida de outra em Latim de Martim Gonçalves da Câmara. Em 1729, as freiras quiseram acrescentar e mudar o coro, o qual foi colocada uma porta no coro baixo da Igreja, tapando-se para isso a porta principal, que se cobriu com um altar.
Debaixo do novo coro parece ter ficado a sepultura de Camões.
Uma comissão nomeada após a morte de Garrett (1854) para averiguar da sepultura do épico, assegura ter encontrado os ossos de Camões: fez-se um breve relatório, mas os desenhos que o acompanharam extraviaram-se. Os restos do poeta ficaram, desde 1856, depositados no altar do coro do dito Convento de Sant'Ana.
Em 1880, terceiro centenário da morte de Camões, um movimento Nacional promoveu a transladação dos ossos de Camões e de Vasco da Gama para o Mosteiro de Santa Maria de Belém. Em 10.06.1880, duas galeotas transportavam em grande cortejo marítimo, desde o Terreiro do Paço até Belém as arcas tumulares com os restos mortais dos dois grandes vultos da nossa história. Ficando lado a lado na capela colateral do topo Sul do transepto.
Um legado de Simão José Luz Soriano (historiador e ilustre casapiano) forneceu os meios para se lhes construir os dois túmulos em pedra lioz calcária, em 1894.
Os túmulos foram construídos nas oficinas de José Correia e irmão; o primeiro risco foi delineado pelo Arquitecto Rafael da Silva Castro; subordinando-se a execução ao projecto elaborado pelo escultor António Augusto da Costa Mota.
Em 1940, os dois túmulos foram transferidos para o sub-coro, onde se encontram (1).
Para os mais interessados em assuntos «CAMONIANOS», existe um estudo "Sobre o local da morte e enterramento de Camões, na Ermida do Convento de Santa'Ana», pelo Dr. João de Freitas e desenvolvido pelo Engenheiro Augusto Vieira da Silva no seu livro «DISPERSOS» volume II páginas 269 a 277.
(1) - Dicionário da História de Lisboa - Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena - Lisboa - 1994 Pág. 205 e 206.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «PRAÇA LUÍS DE CAMÕES [VIII] - PARQUE DE ESTACIONAMENTO SUBTERRÂNEO».

quarta-feira, 3 de junho de 2009

PRAÇA LUÍS DE CAMÕES [VI]

Praça Luís de Camões - (2008) Foto de APS (Parte da Praça e Monumento a Camões, ao fundo a Rua do Loreto) ARQUIVO/APS
Praça Luís de Camões - ( s/d) Postal Francesco Ruchini (Ao fundo Igreja do Loreto e da Encarnação, local das antigas Portas de Santa Catarina) in AFML

Praça Luís de Camões - (S/D) - Fotógrafo não identificado (Luís Vaz de Camões) in REGUEIFADOIRAO


Praça Luís de Camões - (s/d) Fotógrafo não identificado (Luís Vaz de Camões) in WIKIPEDIA
(CONTINUAÇÃO)
PRAÇA LUÍS DE CAMÕES [VI]
«LUÍS VAZ DE CAMÕES - BIOGRAFIA»
Poeta errante e na vida desafortunado, Luís Vaz de Camões deixou para a história uma das mais importantes obras jamais escritas em língua portuguesa: «OS LUSÍADAS».
Luís Vaz de Camões nasceu por volta de 1524 (ou 1525, provavelmente em Lisboa) (1), filho de Simão Vaz de Camões e Ana de Sá e Macedo.
De acordo com os dados disponíveis, pertencia à pequena nobreza. Mas essa situação não era, de forma alguma, garantida de desafogo económico.
Na melhor das hipóteses é crível que tenha frequentado estudos superiores. Uma longa estada nas margens do Mondego, onde na altura um parente de Camões, D. Bento, ocupava os cargos de prior do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e cancelário da Universidade, atestam essa tese.
Entre 1550 e 1553 viveu na cidade de Lisboa, embora seja nesse período que perdeu uma vista, numa expedição a «CEUTA», no Norte de África.
Na capital do Império, dedicou-se a uma vida boémia e com intensa actividade literária. Um auto da sua autoria, «EL-REI SELEUCO», foi representado na Corte por essa altura.
A vida boémia explica, talvez, o desacato em que se envolveu. e que foi motivo da sua partida para a Índia. (ver aqui) - «CADEIA DO TRONCO»
Foi soldado durante três anos e esteve em Macau. Nos confins do Império a nau em que seguia naufragou e o poeta perdeu tudo aquilo que tinha amealhado. Rezam as crónicas (ou lendas) que, a nado, apenas conseguiu salvar-se e salvar o original de «OS LUSÍADAS». Para cumulo, voltou a ser preso à chegada a Goa. Rumou depois a Moçambique, voltando a perder a liberdade por dívidas.
Foram os amigos que lhe pagaram a viagem de regresso a Lisboa, onde chegou em 1569.
Três anos depois conseguia publicar a sua obra maior (das poucas que editou em vida), que alcançou grande êxito.
A renda anual de 15 mil Reis que lhe foi atribuída pelo Rei D. Sebastião, não o afastou de novos sobressaltos relacionados com dívidas. Morreu na miséria no dia 10 de Junho de 1580.
(1) - Existem cinco localidades que, tradicionalmente, disputam o berço do épico, como se ele não fosse de toda a Nação! - (LISBOA), (COIMBRA), (SANTARÉM), (ALENQUER) e (ÉVORA). Gostaríamos de dizer que «LUÍS DE CAMÕES» nasceu em Lisboa, mas não podemos.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «PRAÇA LUÍS DE CAMÕES [VII] - O TÚMULO DE CAMÕES»