Praça D. Pedro IV (Rossio) - (1947?) - Fotógrafo não identificado - (Praça D. Pedro IV e encosta do Castelo, depois das transformações de 1925) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
«PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [V]»
«O ROSSIO (5)»
A face Norte do «ROSSIO» correspondia, aproximadamente, à actual, mas a do lado Sul estava deslocada para oriente: começava a cerca de meia distância entre a Rua do Ouro e do Arco do Bandeira e terminava à esquina Oriental-Sul das Ruas dos Correeiros e da Betesga.
Segundo um manuscrito da Biblioteca Nacional, as suas dimensões eram de 80 braças por 24, ou seja, 166 metros de comprimento por 52 de largura. (As dimensões actuais são 201m x 95 metros). José-Augusto França detalha os esforços de «Carlos Mardel» para embelezar o «ROSSIO», mas concluiu pela falta de monumentalidade do mesmo. Característica que nos seguintes termos justifica: "No quadro do urbanismo pombalino um grande conjunto era suficiente". O papel do «ROSSIO» devia ser agora muito menos importante que a Praça do Comércio, lugar de eleição da nação nova: ele era aliás abandonado pelo Senado da cidade (definitivamente instalado, em 1774, ao lado da Praça do Comércio) e pelo Hospital Real. Só a «INQUISIÇÃO» renascia das cinzas, mas em breve ela seria reformada e já perdia o seu papel na vida nacional.
O «ROSSIO», lugar do povo, da sua alegria, da sua preguiça e da sua cólera, numa sociedade que se tornava ordenada, se não "iluminada", estava destinado a ser um lugar secundário, detido numa espécie de tranquilidade provinciana (que os anos turbulentos do começo do século XX em breve iriam abalar).
O «ROSSIO» no século XIX, retoma a sua função de verdadeira ágora da cidade. A sua localização, que justificava a presença de alquiladores(1) e estalagens, por aproximadas razões, torna o «ROSSIO» local de transportes públicos e para ele aos seus arrabaldes atraem hotéis.
As comoções sociais, desde sempre e até hoje, emergem ou a ele refluem; serviam, como exemplos, na perturbada década de 20 do século XIX, a «ABRILADA» e as «ARCHOTADAS».
Mesmos no seu aspecto físico teve o «ROSSIO» algumas alterações significativas entre a reconstrução pombalina e os nossos dias, sendo, talvez, as mais significativas o desaparecimento do edifício da «INQUISIÇÃO» e a construção do Teatro e a erecção da estátua a D. Pedro IV.
(1) - Pessoa que aluga bestas de carga
(CONTINUA) - (PRÓXIMA) - «PRAÇA D. PEDRO IV (ROSSIO) [VI] - O NOVO EMPEDRAMENTO»
Antes de mais permita-me que o felicite pelo excelente site e trabalho aqui apresentados.
ResponderEliminarO meu comentário deve-se à última foto do seu post. Já a tinha visto várias vezes noutros sítios e sempre a achei estranha. Alguém conhece a sua história? Quando e em que circustâncias foi tirada? Foi durante alguma das revoltas da I República? É que, tirando as árvores e o que eu penso serem pombos pousados no chão, não há ali mais nenhum sinal de vida!
Caro Ricardo Moreira
ResponderEliminarAgradeço o elogio a este blogue.
Foi uma boa observação da sua parte.
Também eu já me tinha interrogado.
Seria um Domingo pela manhã?
Poderá a causa ter sido um corte da Praça (motivos políticos)?
O certo é que não se vê viva alma!
Muitissimo estranho!
Só uma coisa lhe posso garantir, existia o fotógrafo na parte Sul da Praça a obter este exemplar raro.
Um abraço
APS
Não só não se vê vivalma como também não se vê um único veículo, seja um eléctrico, um automóvel, uma carroça, um carro de mão, nada!
ResponderEliminarJá vi uma outra imagem do Rossio durante um exercício contra bombardeamentos aéreos durante a II Guerra Mundial onde não se vê ninguém mas vêem-se eléctricos (todos com os trolleis recolhidos) e automóveis parados de forma aleatória, literalmente onde os respectivos condutores os largaram.