Campo de Santa Clara - (2009) - Foto de APS (Um sábado de "FEIRA DA LADRA" no Campo de Santa Clara) in ARQUIVO/APS
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(CONTINUAÇÃO)
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CAMPO DE SANTA CLARA [ VII ]
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«A FEIRA DA LADRA (1)»
Muitas são as memórias antigas deste sítio, a título de exemplo, refira-se a antiquíssima «FEIRA DA LADRA», ainda hoje bem palpitante no coração da cidade.
Em 1882, a «FEIRA DA LADRA» mudou-se para o «CAMPO DE SANTA CLARA», ficava então no «CAMPO DE SANTA ANA» hoje «CAMPO DOS MÁRTIRES DA PÁTRIA». Tinha passado pelo «CASTELO», «ROSSIO», «PRAÇA DA ALEGRIA DE BAIXO» e veio, finalmente, para este lugar do «CAMPO DE SANTA CLARA».
Sobre o seu nome - (e, como é natural, especialmente acerca do étimo da palavra "ladra" neste contexto) tem-se debruçado os olisipógrafos, sem que as explicações dadas consigam obter o consenso.
Dos vários estudos efectuados é possível extrair algumas teses, quase todas com um mínimo de condições para serem consideradas fidedignas.
Assim: 1)- Tese da localização tida por originária. A feira ter-se-ia realizado próximo do Tejo, na «RIBEIRA DO TEJO», às «PORTAS DO MAR», portanto na praia, na margem (LADA) direita do RIO. Deste modo, «ladra» seria a corruptela de «lada» (de lado) que antigamente significava «beira do rio» ou «margem». Segundo «VIEIRA DA SILVA», esta tese, perfilhada por «PINHO LEAL», «ALBERTO PIMENTEL» e «JÚLIO CASTILHO», parece constituir uma criação do primeiro.
Foi vigorosamente combatida, em vários artigos publicados na imprensa, por «RIBEIRO GUIMARÃES».
- 2)- Tese da transacção característica de objectos velhos e miseráveis. A palavra «LADRA» seria oriunda, de acordo com os corifeus desta tese, de qualquer dos dois termos «LÁZARO» ou «LADRE», cujo significado varia entre miserável (lazarento) e leproso. Cita-se, em abono da asserção, a passagem da «EUFROSINA» do clássico «JORGE FERREIRA DE VASCONCELOS», em que o autor lhe chama «FEIRA DE SANTA LADRE» e aproxima esta designação da utilizada realmente a uma feira que em «PARIS» se realiza "SANT-LADRE", também conhecida por "SAINT-LAZARE" (São Lázaro) (ver mais aqui), "OS HOSPITALEIROS E OS CAVALEIROS DE SÃO LADRE".
Nesta larga controversia, acabou por ser considerada verosímil por «ALBERTO PIMENTEL» e rejeitada por «JÚLIO DE CASTILHO».
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A «FEIRA DA LADRA» foi também conhecida, por «FEIRA DAS ALMAS» (o que, inevitavelmente, em termos de nomenclatura, fez nascer outras teses:
- 1)-«ALMAS», no sentido de peças de couro que reforçam o calçado e se colocam entre a palmilha e a sola que sobrariam em grande quantidade, pelo chão da feira, depois da execução de sapatos e botas pelos sapateiros nela estabelecidos (Cfr. VIEIRA DA SILVA).
- 2)-«ALMAS», na asserção de «almas do outro mundo», pelo aspecto funéreo, quase macabro, que à distância a feira assumia, ao abrir de madrugada, nos seus tempos primitivos, alumiada por velas de sebo (Cfr. "MÁRIO COSTA", «Feiras e outros divertimentos populares em Lisboa» ed. de 1950.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO)«CAMPO DE SANTA CLARA [ VIII ]-A FEIRA DA LADRA (2)».
Adorei ler e ver estas imagens de tempos idos!
ResponderEliminarCara Patti
ResponderEliminarCongratulo-me com a sua presença por estas paragens!
Obrigado.
Abraço
APS