quarta-feira, 30 de março de 2011

CALÇADA DOS BARBADINHOS [ V ]

Calçada dos Barbadinhos - (2009) (Vista de satélite da Igreja e antigo Convento dos Barbadinhos Italianos, sua cerca mais para nascente onde hoje está instalado o Museu da Água) in GOOGLE EARTH
Calçada dos Barbadinhos - (1998) - Foto de António Sacchetti (O Beato Lourenço foi beatificado em 1783. "D. Maria I" encarregou "MACHADO DE CASTRO", de fazer uma escultura em madeira de cedro do Brasil com a imagem deste Santo, para a Igreja dos Barbadinhos) in CAMINHO DO ORIENTE
Calçada dos Barbadinhos - (1998) Foto de António Sacchetti (Porta do Sacrário do Altar-Mor, obra em forma de capela, com zimbório, e realizada em Génova. O baixo-relevo é desenho de Lourenzo de Ferreri e a talha de Girolano Pittaluga na Igreja do Convento dos Barbadinhos) in CAMINHO DO ORIENTE Calçada dos Barbadinhos -(s/d) - Autor não identificado (Frades Capuchinhos de outra Ordem dos Barbadinhos) in ESCOLA SÃO FRANCISCO DE ASSIS

.(CONTINUAÇÃO)

.CALÇADA DOS BARBADINHOS [ V ]

.«O CONVENTO DOS BARBADINHOS ITALIANOS (2)»

Os presos continuaram 21 anos na cadeia incomunicáveis, até à destituição do «MARQUÊS DE POMBAL». Os GENOVESES governaram a «CASA DE LISBOA» até que, em 1782, «D. MARIA I» pôs fim à questão, determinando que a casa era pertença do REAL PADROADO e não de nenhuma província dos «BARBADINHOS ITALIANOS».

Daquela data para a frente governaram-na religiosos nomeados por «ROMA» e aprovados pelo «GOVERNO PORTUGUÊS».

Em 1760, passou por LISBOA o literato italiano «GIUSEPPE BARETTI», que escrevia aos seus irmãos, e em uma delas louva os «BARBADINHOS GENOVESES», que o convidaram para almoçar; essa carta foi publicada com as outras em 1762, foi muitas vezes reeditada e traduzida em vários idiomas, dando assim a conhecer na EUROPA, a «CASA DOS BARBADINHOS ITALIANOS» em LISBOA.

Um dos últimos SUPERIORES desta casa foi «FREI BERNARDO MARIA DE CANNECATTIM», missionário em ANGOLA durante muitos anos e autor de um Dicionário e de uma Gramática da língua BUNDA ou ANGOLENSE, publicados em 1805 e 1806.

A 2 de Julho de 1834 os «BARBADINHOS ITALIANOS» receberam do governo «LIBERAL», que se tinha instalado em LISBOA no 24 de Julho do ano anterior, ordem para se vestirem como padres seculares, à semelhança do que tinham feito todos os outros frades, e se o não fizessem, teriam de abandonar PORTUGAL.

Os «BARBADINHOS» escolheram esta segunda solução e no dia seguinte embarcaram em navio italiano, que estava no porto de Lisboa. Apesar dos litígios escandalosos, que provocaram, primeiro com os confrades franceses e depois entre genoveses e não genoveses, os «BARBADINHOS ITALIANOS» de LISBOA notalibizaram-se pela sua boa conduta moral e pelo trabalho em favor dos seus confrades, missionários em ANGOLA, S. TOMÉ e BRASIL.

Na Igreja que abandonaram em LISBOA foi instalada em 1835 a paróquia da FREGUESIA DE SANTA ENGRÁCIA. Até aos dias de hoje a CASA CONVENTUAL teve diversas utilizações e tanto a igreja como a CASA estão situadas na «CALÇADA DOS BARBADINHOS».

Com a extinção das Ordens (1834), começou a descaracterização do antigo edifício Conventual, requisitado para quartel da «GUARDA NACIONAL» em 26.03.1835, sendo as casas anexas (portaria de 16.07.1835), pedida pela «IRMANDADE DO SACRAMENTO DE SANTA ENGRÁCIA» o quintal, o claustro destinados a logradouro do pároco da freguesia (portaria de 18.02.1836).

A Cerca, foi requisitada (1839) pelo «MINISTÉRIO DA GUERRA» e, mais tarde nela se construiu a «ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ÁGUAS DO ALVIELA», hoje «MUSEU DA ÁGUA».

Quanto à IGREJA, requisitou-a o «GOVERNADOR CIVIL» para a freguesia de «SANTA ENGRÁCIA» (27.04.1836).

O Convento foi mais tarde vendido e transformado em apartamentos. Depois das obras nele realizadas, são hoje vendidos em T0, T1, T2 e T3, que os agentes promotores nos convidam a visitar as «CASAS DO CONVENTO», situadas no antigo edifício do «CONVENTO DOS BARBADINHOS ITALIANOS», cuja construção remonta ao século XVIII.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CALÇADA DOS BARBADINHOS [ VI ] - PALÁCIO VASCO LOURENÇO VELOSO ( 1 )»



sábado, 26 de março de 2011

CALÇADA DOS BARBADINHOS [ IV ]

Calçada dos Barbadinhos - (1998) Foto de António Sacchetti (Vista do conjunto da fachada do antigo Convento dos Barbadinhos Italianos) in CAMINHO DO ORIENTE Calçada dos Barbadinhos - (s/d) Foto da artista plástica Brasileira LUCIANA TERUZ (Ordem dos frades menores de S. Francisco de Assis) in BRISA SUAVE
Calçada dos Barbadinhos - (1909) Foto de autor não identificado (Os quatro primeiros frades Capuchinhos Italianos em MANAUS-BRASIL) in JOOMLA
Calçada dos Barbadinhos - (1856-1858) - (Planta Nº 30 de Lisboa sob a direcção de FILIPE FOLQUE: 1856-1858, do Atlas da Carta Topográfica de Lisboa) (A zona já com a linha dos Caminhos de Ferro, que remodelou toda a fachada ribeirinha, destacamos da área o "CONVENTO DOS BARBADINHOS ITALIANOS" e sua cerca) in CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA
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(CONTINUAÇÃO)
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CALÇADA DOS BARBADINHOS [ IV ]
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«O CONVENTO DOS BARBADINHOS ITALIANOS (1)»
Estes religiosos que no estrangeiro se chamavam «CAPUCHINHOS», pertenciam a um dos três ramos da primeira ORDEM FRANCISCANA. Ficaram em PORTUGAL conhecidos por «BARBADINHOS» pela farta barba que usavam e para se distinguirem dos «CAPUCHINHOS».
Tiveram casa em LISBOA, dada em 1692, por «D. PEDRO II», que para isso alugou o prédio em que tinham estado as «COMENDADEIRAS DE SANTOS-O-NOVO», para os lados de «SANTA APOLÓNIA», cedendo ao «BARBADINHO» «P. PAULO DE VARAZZE», para nele hospedar os confrades italianos, destinados para as missões de ÁFRICA, ou que delas voltavam.
Até ao ano de 1651 estes missionários albergavam-se nos «BARBADINHOS FRANCESES», que geralmente os tratavam bem.
Mas nos últimos anos tinha havido conflitos por os Italianos quererem tirar a Casa aos Franceses.
Os superiores da nova Casa dos Italianos, como o P. VARAZZE, eram quase sempre da Província de «GÉNOVA» e, por isso, pensavam ser só ela que a podia governar. Essa casa era relativamente boa, pois nela se instalou de 1707 a 1710 o «NÚNCIO APOSTÓLICO», «MIGUEL ÂNGELO»,«CARDEAL CONTI», futuro «PAPA INOCÊNCIO XIII».
Desde 1720 vivia nessa casa o irmão leigo «FREI FRANCISCO DE MENTON», que tinha fama de SANTO e era muito venerado por «D. JOÃO V»; este prometeu-lhe mandar fazer uma nova casa para os «BARBADINHOS ITALIANOS» e assim fez, perto da outra casa que foi inaugurada em 1742. A casa antiga foi comprada pelo cónego «PRINCIPAL» «LÁZARO LEITÃO» que aí instalou um recolhimento para viúvas; hoje é o «CENTRO DE REABILITAÇÃO DE N.S. DOS ANJOS», para educar cegos e está situado na «TRAVESSA DO RECOLHIMENTO DE LÁZARO LEITÃO», nesta zona de «SANTA APOLÓNIA».
Aproximadamente em 1745 passou pela nova casa, a caminho de LUANDA, o irmão leigo barbadinho «FREI ANDRÉ DE BÚRGIO», que também tinha fama de SANTO e venerado igualmente pelo rei «D. JOÃO V».
Em 1748, nomearam em ROMA para superior dessa casa o «P. CLEMENTE DE NICE», da Província Romana; os Barbadinhos Genoveses souberam isso e conseguiram de «D. JOÃO V» um decreto a determinar que o superior e os frades fixos da casa dos «BARBADINHOS ITALIANOS» fossem só da "PROVÍNCIA DE GÉNOVA». Fiados nesse decreto, os «BARBADINHOS GENOVESES» não receberam o Superior nomeado por ROMA e seguiram-se litígios escandalosos, até que em 1752 o novo rei «D. JOSÉ I» determinou que a casa fosse governada pelo SUPERIOR que ROMA indicasse; os Genoveses então retiraram-se para «ITÁLIA».
Em 1755, deu-se o Terramoto, (sabe-se que na cerca do Convento foram instaladas inúmeras barracas, para acolher as vítimas do sismo) o «PADRE CLEMENTE DE NICE», que era fogoso pregador, incitava os fieis à penitência, por ter sido o terramoto um castigo pelos pecados de «LISBOA». O futuro «MARQUÊS DE POMBAL» viu nisso uma alusão ao seu GOVERNO e mandou, em 1756, prender três barbadinhos italianos; expulsou depois o seu SUPERIOR e ordenou que os GENOVESES voltassem para «LISBOA».
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«CALÇADA DOS BARBADINHOS [ V ] O CONVENTO DOS BARBADINHOS ( 2 )».



quarta-feira, 23 de março de 2011

CALÇADA DOS BARBADINHOS [ III ]

Calçada dos Barbadinhos - (2005) Autor da foto não identificado (Fachada da Igreja de Nª. Sª. da Porciúncula dos Barbadinhos Italianos) in SANTA ENGRACIA - CDS
Calçada dos Barbadinhos - (1998) - Foto de António Sacchetti (A pedra de armas reais de desenho rocaille, sobre o arco central da entrada da Igreja do Conventos dos Barbadinhos) in CAMINHO DO ORIENTE

Calçada dos Barbadinhos - (1998) Foto de António Sacchetti (Busto-Relicário de prata e pedraria de Santa Engrácia, mandado executar pela Infanta D. Maria, fundadora da freguesia, por disposição testamentária de 1576. A obra só veio a ser executada no tempo do Arcebispo de Lisboa, D. Miguel de Castro, em 1595, sendo transferida para esta Igreja depois de esta se tornar sede paroquial) in CAMINHO DO ORIENTE

Calçada dos Barbadinhos - (entre 1898 e 1908) Fotógrafo não identificado (Igreja de Nª. Sª. da Porciúncula fachada principal) in AFML

Calçada dos Barbadinhos - (Século XIX) Gravura de J. Novaes Jr. (Igreja de Nª. Srª. da Conceição da Porciúncula sede da Paróquia de Santa Engrácia desde 05.04.1835) in LISBOA de ALFREDO MESQUITA



(CONTINUAÇÃO)
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CALÇADA DOS BARBADINHOS [ III ]
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«A IGREJA DO CONVENTO DOS BARBADINHOS ITALIANOS»
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A «IGREJA DE NOSSA SENHORA DA PORCIÚNCULA» do Convento dos «BARBADINHOS ITALIANOS», sede da antiga freguesia de «SANTA ENGRÁCIA», construída sob os auspícios de «D. JOÃO V» e inaugurada em 1742, a qual se situa na «CALÇADA DOS BARBADINHOS». Representa um dos vários conjuntos conventuais desta «LISBOA ORIENTAL» que tem passado quase despercebida.
A Igreja tem um corpo central com galilé de três arcadas, gradeadas e encimadas por outras tantas janelas iluminantes, sendo a central maior e dois corpos laterais, o da esquerda com torre sineira, e o da direita rebaixado. Sobre a arcada central tem uma pedra com as armas reais contorcidas e, sobrepujando a janela correspondente, um nicho com uma escultura, em pedra , da padroeira.
Dela se fala a propósito quando entramos à direita. Sobre uma mísula, está o «BUSTO-RELICÁRIO» de prata e pedraria de «SANTA ENGRÁCIA» como relíquia, doado à freguesia pela fundadora desta Igreja «INFANTA D. MARIA» (filha do Rei D. Manuel I e de sua terceira esposa, D.LEONOR, irmã de CARLOS V).
Interiormente, e em contraste com a maioria das Igrejas de Lisboa, a de «Nª.Sª. da PORCIÚNCULA» não tem talha dourada. No entanto, constitui um interessante conjunto a merecer uma atenção cuidada, pois revela uma sensibilidade mais italiana no tratamento das riquíssimas madeiras do «BRASIL», sem recurso à cobertura em ouro habitual na talha portuguesa.
Aqui, pelo contrário, o efeito decorativo é conseguido pelo jogo dos embutidos, numa variedade colorida a partir dos vários tons da madeira.
De realçar o «ALTAR-MOR». sobretudo o seu magnifico tabernáculo, peça de grande requinte e qualidade na sua forma de «TEMPLO» e no tratamento escultórico dos relevos que o adornam. Os retábulos, inclusive o do «ALTAR-MOR» são talhados em madeira escura, vendo-se neste uma pintura representando «Nª. Sª. DA CONCEIÇÃO» entre os anjos e as imagens setecentistas de «SANTO ANTÓNIO» e de «SANTA ENGRÁCIA». O sacrário, oferta de «D. JOÃO V», tem a porta chapeada a ouro.
Embora o seu interior constitua um dos mais ricos repositórios das encomendas italianas no período joanino, já o mesmo não se poderá dizer da sua arquitectura, conformada ainda por valores ligados a uma tradição bem arreigada, facto a que não será estranho a sensibilidade estética dominante entre os vários ramos franciscanos, dos quais se contam os «BARBADINHOS».
No entanto, a solidez das cantarias resulta dum efeito que marca todo o conjunto, aproximando-se de um certo gosto comum em PORTUGAL na transição do século XVII para o XVIII, mas que surge um pouco desfasado numa iniciativa régia da construção, quando o espírito do barroco romano se impunha.
Esta igreja foi requisitada pelo GOVERNO CÍVIL DE LISBOA para a freguesia de «SANTA ENGRÁCIA» em 27 de Abril de 1836, merecendo a transferência uma procissão em que não iam andores com as santas imagens, mas só o pálio com o santíssimo Sacramento ( 1 ).
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-( 1 ) - Luís Gonzaga Pereira - MONUMENTOS SACROS DE LISBOA, Lisboa, BNL, 1927, p.80.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«CALÇADA DOS BARBADINHOS [ IV ] - O CONVENTO DOS BARBADINHOS ITALIANOS (1)».


sábado, 19 de março de 2011

CALÇADA DOS BARBADINHOS [ II ]

Calçada dos Barbadinhos - (2010) - (A Junta de Freguesia no lado esquerdo da Calçada dos Barbadinhos) in GOOGLE EARTH
Calçada dos Barbadinhos - (2009) Foto de Baltazar88 (Um troço da Calçada dos Barbadinhos) in PANORAMIO

Calçada dos Barbadinhos - (2005) Foto de autor não identificado (Junta de Freguesia de Santa Engrácia na Calçada dos Barbadinhos,36) in CLUBE RECREATIVO BELA VISTA
Calçada dos Barbadinhos - (1959) Foto de Armando Serôdio (Igreja de Nª. Srª. da Porciúncula, fachada principal - antigas instalações da Freguesia de Santa Engrácia) in AFML

Calçada dos Barbadinhos - (1955) Fotógrafo não identificado (Junta de Freguesia de SANTA ENGRÁCIA, na CALÇADA DOS BARBADINHOS, 36) in AFML



(CONTINUAÇÃO)
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CALÇADA DOS BARBADINHOS [ II ]
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«A FREGUESIA DE INVOCAÇÃO A SANTA ENGRÁCIA»
A Paróquia de «SANTA ENGRÁCIA» foi fundada pela Infanta «D. MARIA», filha do Rei «D. MANUEL I», mediante um breve do Papa «PIO V» datado de 30 de Agosto de 1568, e aprovação do Arcebispo «D. JORGE DE ALMEIDA», de 2 de Dezembro de 1569.
Foi destacada da extensa freguesia de «SANTO ESTEVÃO» de ALFAMA, ficando também com um território muito vasto, que para os lados de XABREGAS, era limítrofe da freguesia com os «OLIVAIS», isto antes de ser criada a «FREGUESIA DO BEATO» na remodelação das freguesias de 1770, que a transferiu para o sítio do «BEATO», e encurtada novamente com a criação em 1952 da «FREGUESIA DE SÃO JOÃO».
Nesta altura a Igreja era construída no território onde está hoje instalada a Igreja de «SANTA ENGRÁCIA» (PANTEÃO NACIONAL) ao «CAMPO DE SANTA CLARA», sendo a primeira sede da paróquia, o velho templo de «SANTA ENGRÁCIA».
Devido a vários acontecimentos a freguesia foi instalada na Ermida da «SENHORA DO PARAÍSO», número nove.
A permanência da paróquia nesta Ermida, resultou ter sido também designada vulgarmente pela invocação de «NOSSA SENHORA DO PARAÍSO».
A Ermida nada sofreu com o terramoto de 1755, e a freguesia permaneceu nela, em conformidade com o Plano de Reforma Paroquial de 1770.
Após a extinção das Ordens Religiosas (1834), os frades «BARBADINHOS ITALIANOS» abandonaram Portugal, deixando a sua Igreja e o Convento para o Estado. Assim, em 5 de Abril de 1835, foi transferida a paróquia para a Igreja Conventual de «Nª. Sª. da PORCIÚNCULA», e onde ainda hoje se celebra culto, designando-se por isso como «IGREJA DE SANTA ENGRÁCIA».
No ano de 1896 fizeram-se nesta Igreja grandes reparações, festejando-se novamente a sua abertura ao culto em 30 de Junho desse ano.
A Ermida do «PARAÍSO» foi profanada, vendida e demolido o seu interior para acomodar uma unidade militar, tendo depois ali funcionado uma estância de madeiras.
Esta freguesia contribuiu com a maior parte do território quando foi instituída a paróquia de «Nª. Sª. DA PENHA DE FRANÇA».
A Paróquia civil foi mudada a denominação para «MONTE PEDRAL», por Decreto de 1 de Maio de 1913 e retomada para a sua anterior denominação no ano de 1952.
Paróquia, como se sabe, foi a designação dada às freguesias até à implantação da «REPÚBLICA», em 1910. A partir desta data, os registos paroquiais começaram a transitar, progressivamente, para o «REGISTO CIVIL».
No início do século XX a «JUNTA DE FREGUESIA DE SANTA ENGRÁCIA» funcionava na «RUA RUI BARBOSA» em frente às escadinhas do «BAIRRO AMÉRICA». Na década de cinquenta a freguesia foi transferida para o novo edifício na «CALÇADA DOS BARBADINHOS» onde funciona, no número 36.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CALÇADA DOS BARBADINHOS [ III ] - A IGREJA DO CONVENTO DOS BARBADINHOS ITALIANOS»


quarta-feira, 16 de março de 2011

CALÇADA DOS BARBADINHOS [ I ]

Calçada dos Barbadinhos - (2011) - Planta envolvente da zona, sem escala - APS - LEGENDA - A)-CALÇADA DOS BARBADINHOS; B)-JUNTA DE FREGUESIA DE SANTA ENGRÁCIA; C)-IGREJA DE Nª.Sª.DA PORCÍUNCULA-IGREJA DO CONVENTO DOS BARBADINHOS ITALIANOS; D)-CONVENTO DOS BARBADINHOS ITALIANOS; E)-PALÁCIO VASCO LOURENÇO VELOSO; F)-CONVENTO DE SANTA APOLÓNIA; G)-PALÁCIO DOS SENHORES DE PANCA/PALHA; H)-FÁBRICA DA COMPANHIA LISBONENSE DE TABACOS; I)-ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DOS BARBADINHOS (MUSEU DA ÁGUA); J)-COMANDO GERAL DA G.N.R. (Repartição de Recrutamento e Concursos); K)-RUA DOS SAPADORES (antigo quatro caminhos); L)-CHAFARIZ DA CALÇADA DOS BARBADINHOS; M)-BARÃO DE MONTE PEDRAL.



Calçada dos Barbadinhos - (2009) - (Início da Calçada dos Barbadinhos ao fundo o antigo Convento de Santa Apolónia, hoje propriedade da C.P.) in GOOGLE EARTH


Calçada dos Barbadinhos - (2009) (Final da Calçada dos Barbadinhos junto à Rua dos Sapadores, antiga Rua dos Quatro Caminhos) in GOOGLE EARTH


Calçada dos Barbadinhos - (1988) Foto de autor não identificado (Chafariz já desactivado na Calçada dos Barbadinhos) in LISBOA - REVISTA MUNICIPAL Nº24 - 2ºTRIMESTRE DE 1988


Calçada dos Barbadinhos - (2009) - (Aspecto actual da Rua dos Sapadores junto ao final da Calçada dos Barbadinhos) in GOOGLE EARTH


Calçada dos Barbadinhos - (196_)? Foto de Arnaldo Madureira (Rua dos Sapadores, esquina para a Calçada dos Barbadinhos) in AFML

Calçada dos Barbadinhos - (1967) - Foto de Arnaldo Madureira ( Um troço da Calçada dos Barbadinhos nos anos 60) in AFML

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CALÇADA DOS BARBADINHOS [ I ]
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«A CALÇADA DOS BARBADINHOS»

A «CALÇADA DOS BARBADINHOS» pertence à freguesia de «SANTA ENGRÁCIA».
Tem início na «RUA DE SANTA APOLÓNIA» e o seu final na «RUA DOS SAPADORES» (antiga Cruz dos Quatro Caminhos).
São convergentes com esta artéria as seguintes ruas: «RUA AFONSO DOMINGUES», «RUA BARTOLOMEU DA COSTA», «RUA MACHADO DE CASTRO», «RUA CAPITÃO HUMBERTO ATAÍDE», «RUA DO MATO GROSSO», «RUA DO BARÃO DO MONTE PEDRAL», «RUA FERNÃO DE MAGALHÃES» e «RUA DO ALVIELA».
Não se sabe ao certo a data da atribuição deste topónimo, - no entanto, em 1744 já era referida como "RUA NOVA DOS BARBADINHOS" hoje Calçada ( 1 ) - mas podemos assegurar com verdade, que ela está inteiramente ligada aos frades religiosos italianos «BARBADINHOS», que se vieram instalar nesta zona no século XVIII.
A «CALÇADA DOS BARBADINHOS» sensivelmente com pouco mais de 268 anos de existência, é uma artéria bastante extensa, ainda com algum casario modesto no troço mais antigo, denotando o seu aspecto oitocentista.

Em 1738 o Rei «D. JOÃO V» deu um terreno de grandes dimensões neste sítio onde os frades «BARBADINHOS ITALIANOS» construíram a sua casa religiosa, embora esta congregação só viesse a ser regulamentada no ano de 1752, tendo sido estes generosos frades, que deram nome à CALÇADA.
Foi iniciativa dos frades a abertura desta artéria. A questão dos acessos para a nova casa na parte Sul, foi praticamente resolvida pela cedência de uma parcela de terreno pelas freiras vizinhas do «CONVENTO DE SANTA APOLÓNIA». Assim, desta forma, puderam abrir o caminho que lhes permitia a serventia à sua casa religiosa.
O conjunto conventual dos «BARBADINHOS» fica situado entre as antigas propriedades dos «VAN ZELLER» anteriormente pertencentes à casa dos «PANCAS/PALHA», e no outro lado da calçada, a correnteza de casas pequenas que fizeram parte da grande propriedade de «VASCO LOURENÇO VELOSO», mais tarde ocupada pela «FÁBRICA DA COMPANHIA LISBONENSE DE TABACOS» e, mais recentemente as instalações do «COMANDO-GERAL da G.N.R.».
A sul desta «CALÇADA» estava instalado o «MOSTEIRO DE SANTA APOLÓNIA» e sua Igreja, invocação já referenciada no último quartel do século XV, embora esta como ermida, o que constitui referencia toponímica desta zona, fazendo margem ribeirinha com o Tejo.
A parte Norte da «CALÇADA DOS BARBADINHOS» está ligada à «RUA DOS SAPADORES» que antigamente era muito conhecida pelos «QUATRO CAMINHOS».
Possui esta calçada um chafariz cuja data do projecto se reporta ao ano de 1904, situando-se na parte mais larga da calçada, sobranceiro à entrada da «IGREJA DE SANTA ENGRÁCIA».
O chafariz é constituído por um tanque oval para os serviços públicos, tendo um outro mais pequeno e em nível mais inferior, destinado a bebedouro para animais.
Sabe-se que o desenho inicial apresentava apenas um tanque, tendo sido o mais pequeno acrescentado mais tarde. O custo total da obra (na época) foi orçamentado em 230 mil réis ( 2 ).
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- ( 1 ) - IAN/TT, RP (Instituto de Arquivos Nacionais - Torre do Tombo, Registos Paroquiais), Santa Engrácia, Óbitos. Cx. 26, Lº. 4 fl. 253v.
- ( 2 ) - LISBOA - Revista Municipal Nº 24-2º Trimestre de 1988 página 35.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CALÇADA DOS BARBADINHOS [ II ] - A FREGUESIA DE INVOCAÇÃO A SANTA ENGRÁCIA»





sábado, 12 de março de 2011

RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ V ]

Rua dos Duques de Bragança - (s/d) - (Aclamação de D. JOÃO IV na Restauração de Portugal) in ESTADO SENTIDO
Rua dos Duques de Bragança - (2008) Foto de Nuno Miguel da Silva (Palácio Ducal de VILA VIÇOSA) in OLHARES

Rua dos Duques de Bragança - (2007) Foto de Jorge Dias (Paço dos Duques de Bragança em GUIMARÃES) in OLHARES

Rua dos Duques de Bragança - s/d (Armas da sereníssima CASA DE BRAGANÇA) in CASA REAL PORTUGUESA

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(CONTINUAÇÃO)
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RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ V ]
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«A CASA DE BRAGANÇA (2)»

Nos Paços dos «DUQUES DE BRAGANÇA» eram servidos com quase tanta magnificência como os dos REIS. As DUQUESAS tinham uma CAMAREIRA-MOR, damas e moças de câmara.
A etiqueta do Palácio Ducal e o cerimonial dos DUQUES nas funções públicas pouco diferiam dos que se usavam com os soberanos.
A «CASA DE BRAGANÇA» foi destruída em 1483 por «D. JOÃO II», que fez decapitar o « DUQUE - D. FERNANDO II». Todos os bens da casa foram então confiscados e distribuídos pelos favoritos do soberano, inimigos dos BRAGANÇAS. Os filhos foram obrigados a sair do país, e só em 1497, reinado de «D.MANUEL I», regressaram do exílio a pedido deste monarca, que os recebeu em SETÚBAL, onde então estava a CORTE, com brilhantes festas.
«D. MANUEL I» restituiu ao «DUQUE D. JAIME», que contava então 17 anos, todos os bens da CASA, e ainda lhos acrescentou; foram, porém, os «FILIPES» que aumentaram ao máximo as prerrogativas da CASA, dando-lhes maior independência em relação à COROA, do que tinha tido desde a Condenação do «DUQUE D. FERNANDO II».
Em 1640 a «CASA DE BRAGANÇA» ascende ao trono na pessoa do 8º «DUQUE DE BRAGANÇA» «D. JOÃO II» na ordem da casa e «D. JOÃO IV» como Rei. O estado da «CASA DE BRAGANÇA»foi então considerado independente da COROA, constituindo o património dos filhos primogénitos dos soberanos.
Os «DUQUES DE BRAGANÇA», adoptaram o brasão de armas que o 1º Duque «D. AFONSO I» (1377-1461) tinha usado.
Decaída de muitos dos seus privilégios e direitos com i advento do «LIBERALISMO», a «CASA DE BRAGANÇA» continuou a ser uma das mais importantes do REINO, com os seus avultados bens espalhados por todo o país. Esta situação não se alterou depois da proclamação da «REPÚBLICA», em que a «CASA DUCAL» ficou considerada como património pessoal do último Rei.
Depois da morte de «D. MANUEL II», último reinante da «CASA DE BRAGANÇA» foi constituída a «FUNDAÇÃO DA CASA DE BRAGANÇA», instituição dotada de personalidade moral, que não limita a sua actividade à administração dos seus bens patrimoniais, desenvolvendo-se também nos campos culturais, artísticos, religiosos e social.
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«A CASA REAL PORTUGUESA DOS BRAGANÇA»
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Os «DUQUES DE BRAGANÇA» são até à presente época, 25 na sua totalidade.
  1. 1º)«D. AFONSO I » (1377-1461)
  2. 2º)«D. FERNANDO I » (1403-1478
  3. 3º)«D. FERNANDO II » (1430-1483)«
  4. 4º)«D. JAIME I » (1479-1532)
  5. 5º)«D. TEODÓSIO I » ( 1520 - 1563)
  6. 6º)«D. JOÃO I » (1543-1583)
  7. 7º)«D. TEODÓSIO II » (1568-1630
  8. 8º)«D. JOÃO II -(D.JOÃO IV, REI DE PORTUGAL» (1604-1656)
  9. 9º)«D. TEODÓSIO III » (1634-1653)
  10. 10º)«D. AFONSO II - (D. AFONSO VI, REI DE PORTUGAL» (1643-1683)
  11. 11º)«D. JOÃO III - (D. JOÃO V, REI DE PORTUGAL) (1689-1750)
  12. 12º)«D. JOSÉ I - (D. JOSÉ I, REI DE PORTUGAL» (1714-1777)
  13. 13º)«D. MARIA I - (D. MARIA I, RAINHA DE PORTUGAL» (1734-1816)
  14. 14º)«D.JOSÉ II (1761-1788)
  15. 15º)«D.JOÃO IV - (D. JOÃO VI, REI DE PORTUGAL» (1767-1826)
  16. 16º)«D.PEDRO I - (D. PEDRO IV, REI DE PORTUGAL» (1798-1834)
  17. 17º)«D. MIGUEL I - (D. MIGUEL I, REI DE PORTUGAL» (1802-1866)
  18. 18º)«D. MARIA II - (D. MARIA II, RAINHA DE PORTUGAL» (1819-1853)
  19. 19º)«D. PEDRO II - (D. PEDRO V, REI DE PORTUGAL» (1837-1861)
  20. 20º)«D. MIGUEL II (1853-1927)
  21. 21º)«D. CARLOS I - (D. CARLOS I, REI DE PORTUGAL» (1863-1908)
  22. 22º)«D. LUÍS FILIPE (1887-1908)
  23. 23º)«D. MANUEL II - (D. MANUEL II, REI DE PORTUGAL» (1889-1932)
  24. 24º)«D. DUARTE NUNO (1907-1976)
  25. 25º)«D. DUARTE PIO (1945 - ).

NOTA: As datas entre parêntese correspondem ao nascimento e morte dos titulares.

[ FINAL ]

BIBLIOGRAFIA

- Actas da Comissão Municipal de Toponímia de Lisboa - 2000- Edição da CML - Coordenação e Concepção da Edição de: Agostinho Gomes; Paula Machado; Rui Machado e Teresa Sandra Pereira.

- ARAÚJO, Norberto de - 1993 - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA - Livro XIII- Vega- Lisboa- Patrocínio da Fundação Cidade de Lisboa.

- CASTILHO, Júlio de - 1937 - LISBOA ANTIGA - BAIRROS ORIENTAIS - 2ª Edição Volume VIII - Serviços Industriais da CML.

- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - 1994 - Coordenação e Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena.

- MACEDO, Luís Pastor de - 1985 - LISBOA DE LÉS A LÉS - VOLUME III - 3ª edição - Publicações Culturais da CML.

- NOBREZA DE PORTUGAL E DO BRASIL - 1960 - Volume II - Editora Enciclopédia, Ltda.

- SILVA, A. Vieira da - 1987 - A CERCA FERNANDINA DE LISBOA - Volume II - Edição CML.

- III Jornadas sobre Toponímia de Lisboa - 2000 - Edição da CML - Departamento de Adm. Geral, Coordenação de: António Trindade, Paula Machado e Teresa Sandra Pereira

(PRÓXIMO) - «CALÇADA DOS BARBADINHOS [ I ] - A CALÇADA DOS BARBADINHOS»






quarta-feira, 9 de março de 2011

RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ IV ]

Rua dos Duques de Bragança - (2008) Fotografia de autor não identificado (Os Braganças, D. Duarte Pio e D. Isabel de Herédia no Brasil) in CAUSA MONÁRQUICA
Rua dos Duques de Bragança - (2009) Foto de Rosalina Pires (Paço Ducal de Vila Viçosa) in OLHARES

Rua dos Duques de Bragança - (200_) - Fotógrafo não identificado (Os DUQUES DE BRAGANÇA - D. Duarte Pio e D. Isabel de Herédia) in CASA REAL PORTUGUESA


Rua dos Duques de Bragança - (s/d) (Estátua equestre do Rei D. JOÃO IV - 8º Duque de Bragança, na Praça do Paço Ducal de Vila Viçosa) in TORRE DA HISTÓRIA IBÉRICA

Rua dos Duques de Bragança - (s/d) (D. JOÃO IV, primeiro monarca da Dinastia de Bragança) in FREAMUNDENSE
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(CONTINUAÇÃO)
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RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ IV ]
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«A CASA DE BRAGANÇA (1)»
Foi a «CASA DE BRAGANÇA», a maior das casas nobres do País, cujos titulares viviam à lei da «REALEZA», e que subiram ao trono em 1640, e nele se mantiveram até 1910, ano da proclamação da REPÚBLICA.
O primeiro estado e património desta casa formou-se dos bens e terras com que o «CONDESTÁVEL D. NUNO ÁLVARES PEREIRA» dotou a sua filha, «D. BEATRIZ PEREIRA DE ALVIM», por ocasião do seu casamento em 8 de Novembro de 1401, com «D. AFONSO I» 8º Conde de Barcelos (ou 2º na sua família), filho natural de «D. JOÃO I», e das doações deste monarca, que lhe concedeu todo o império, foros, isenções, regalias e privilégios, como os do próprio Rei.
Os senhores desta «CASA» eram DUQUES DE BRAGANÇA e de GUIMARÃES, MARQUESES DE VALENÇA e de VILA VIÇOSA, CONDES DE OURÉM, ARRAIOLOS, NEIVA, FARO, FARIA e PENAFIEL, e senhores de MONFORTE, ALEGRETE, VILA DO CONDE e outros lugares.
A «CASA DE BRAGANÇA» (cujas doações se não achavam compreendidas na «LEI MENTAL», como «D. DUARTE» declarou em Carta de 10.09.1434, e mais tarde «D. MANUEL I» confirmou em 1500), teve mais senhorios de BRAGA, VILA DO CONDE, MONFORTE, PENELA, ALTER DO CHÃO e ILHA DO CORVO. O padroado eclesiástico abrangia 80 igrejas, 41 comendas na ORDEM DE CRISTO e o padroado de diferentes matrizes e conventos. Provinha também várias Alcaidarias-mores, quatro ouvidorias (VILA VIÇOSA, OURÉM, BARCELOS e BRAGANÇA), incluindo 1300 ofícios de justiça e fazenda. Em algumas ouvidorias compreendia os JUÍZES DE FORA e os JUÍZES DOS ÓRFÃOS.
Tudo isto eram mercês que dispensavam os «DUQUES» aos fidalgos e outras pessoas que os serviam, com direito de privar deles, os que deixassem o seu serviço.
Os «DUQUES DE BRAGANÇA» tinham as prerrogativas de «INFANTE» e procediam nas cerimonias da CORTE, todos os demais titulares; seus filhos e filhas, à semelhança dos filhos dos REIS, não juntavam apelido algum ao nome próprio.
Gozavam do extraordinário privilégio, atributo dos REIS, de conferir graus de nobreza; passavam alvarás de fora de «MOÇO-FIDALGO», e depois os acrescentamentos a «FIDALGO-ESCUDEIRO» e «FIDALGO-CAVALEIRO».
A residência era em «VILA VIÇOSA»; primeiro , no «CASTELO VELHO», que lhes foi legado pelo «CONDESTÁVEL», depois, desde o tempo do DUQUE «D. JAIME» (1479-1532), no palácio que este mandou edificar, e que ainda existe.
Em LISBOA tinha três palácios: o de «S. CRISTÓVÃO» do ROSSIO e o chamado dos «DUQUES DE BRAGANÇA», este último existiu na rua do mesmo nome.
Com o terramoto de 1755 foi destruído por completo este palácio, perdendo-se então muitas preciosidades e documentos importantes.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ IV ]- A CASA DE BRAGANÇA (2)».





sábado, 5 de março de 2011

RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ III ]

Rua dos Duques de Bragança - (200_) - (A RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA na sua singeleza) in SKYCRAPERCITY
Rua dos Duques de Bragança - (s/d) (O Dr. Manuel de Brito Camacho fundador e Director do Jornal "A LUTA" na RUA DUQUE DE BRAGANÇA) in WIKIPÉDIA

Rua dos Duques de Bragança - (21.10.1913) Foto de Joshua Benoliel - (Efeitos do assalto ao jornal "A NAÇÃO" na antiga "RUA DA LUTA" no número 30) in AFML


(CONTINUAÇÃO)
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(RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ III ]
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«BRITO CAMACHO E SEU JORNAL "A LUTA"»
«MANUEL DE BRITO CAMACHO» nasceu no "MONTE DAS MESAS" em ALJUSTREL, no dia 12 de Fevereiro de 1862 e faleceu em LISBOA a 19 de Setembro de 1934. Filho de Lavradores abastados, frequentou o "LICEU DE BEJA", a "ESCOLA POLITÉCNICA DE LISBOA" e por fim a "ESCOLA MÉDICO-CIRÚRGICA DE LISBOA".
Foi um médico militar, escritor, publicista e político que, entre outros cargos exerceu as funções de «MINISTRO DO FOMENTO» (1910-1911)(no Governo Provisório da Republica Portuguesa), e de «ALTO COMISSÁRIO DA REPÚBLICA EM MOÇAMBIQUE» de (1921 a 1923). Fundou e liderou o «PARTIDO UNIONISTA», Nas funções de «MINISTRO DO FOMENTO» elabora importantes reformas, das quais destacamos a divisão do «INSTITUTO INDUSTRIAL E COMERCIAL DE LISBOA» (1869-1911), para dar origem ao «INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO» e ao «INSTITUTO SUPERIOR DE COMÉRCIO».
Foi o fundador e Director do jornal «A LUTA», órgão oficioso do partido, instalado na «RUA DO DUQUE DE BRAGANÇA» depois «RUA DA LUTA».
Após as primeiras eleições republicanas volta a integrar o Governo (Setembro de 1911).
Em 1912 «BRITO CAMACHO» reassumiu o cargo de Director do jornal «A LUTA» e foi um dos protagonistas da cisão do «PARTIDO REPUBLICANO PORTUGUÊS». Liderou a fracção mais à direita do partido que se autonomizou como «PARTIDO DA UNIÃO REPUBLICANA». O Jornal «A LUTA» nessa época, passou a seu o órgão oficioso do novo partido.
É autor de mais de trinta volumes publicados, entre os quais assumem particular interesse as narrativas e os quadros descritivos da sua terra natal e do Baixo Alentejo rural.
Em 1987 foi homenageada sua figura, tendo sido colocada uma lápide comemorativa na casa de «ALJUSTREL» onde viveu, por iniciativa do então Presidente da República «Dr. MÁRIO SOARES».
Hoje encontramos este sítio histórico de LISBOA da antiga «RUA DA LUTA» actual «RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA », um pouco transformada.
A rua não é elegante nem espaçosa, os prédios circundantes alguns não ajudam muito, continua a ser atravessada pela linha de eléctrico, serve de passagem obrigatória para quem sobe a «RUA VICTOR CORDON» em direcção ao «CHIADO».
Esta rua fronteira ao antigo «PALÁCIO DOS DUQUES DE BRAGANÇA», sítio de lutas políticas, residência de jornais «A NAÇÃO» e «A LUTA», virados para causas revolucionárias.
Actualmente é por esta artéria (quem se desloca de carro) que terá acesso ao estacionamento do «HOSPITAL DA ORDEM TERCEIRA».
No lugar onde esteve instalado o «PALÁCIO DOS BRAGANÇAS» está a surgir hoje um magnifico edifício, deixando para trás boas e más recordações.
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(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ IV ] - A CASA DE BRAGANÇA (1)»

quarta-feira, 2 de março de 2011

RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ II ]

Rua dos Duques de Bragança - (20010) (A Rua dos Duques de Bragança, entrada de viaturas, traseiras do Hospital da Ordem Terceira) in GOOGLE EARTH
Rua dos Duques de Bragança - (2010) - (A Rua dos Duques de Bragança, no lado esquerdo o muro do Hospital da Ordem Terceira) in GOOGLE EARTH

Rua dos Duques de Bragança - (2010) (Início da Rua dos Duques de Bragança na parte Sul) in GOOGLE EARTH

Rua dos Duques de Bragança - (2010) (A Rua dos Duques de Bragança depois de passar o Largo do Picadeiro para Sul) in GOOGLE EARTH
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(CONTINUAÇÃO)
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RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ II ]
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«A RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA (2 )»

Colina conhecida por «MONTE FRAGOSO» mais tarde chamado de «MONTE DE SÃO FRANCISCO», na altura sobranceiro ao TEJO, sobre o qual caíam abruptas ravinas e córregos, tal como ainda hoje o deixam entender os declives da «CALÇADA DE S. FRANCISCO» da «RUA DO FERRAGIAL». Sítio altaneiro e ao mesmo tempo com cariz sagrado. Ali acamparam (por altura do ano de 1147) os «CRUZADOS INGLESES» que sitiaram LISBOA para ajudar o nosso rei «D. AFONSO HENRIQUES», na "tomada de Lisboa aos Mouros"; campo santo dos «MÁRTIRES» que morreram como CRUZADOS, em defesa da fé cristã.
«D. AFONSO HENRIQUES» mandou edificar uma ermida em acção de graça a Nossa Senhora, tal como nos diz a crónica. "El-Rei mandou logo fazer ali um oratório a Nª. Senhora dos MÁRTIRES". E por ser já lugar de romarias devotas e piedosas peregrinações, é que certamente, ali fizeram erguer o seu primeiro ermitério os frades franciscanos em (1217), o «CONVENTO DE SÃO FRANCISCO» e logo ficou mais notabilizado através do espírito e da sua projecção social.
Por alguns documentos existentes, sabe-se que desde finais do século XIV estes terrenos pertenceram a «NUNO ÁLVARES PEREIRA», e por motivo do casamento de sua filha «D. BEATRIZ», com «D. AFONSO», filha natural de «D. JOÃO I», mais tarde «DUQUE DE BRAGANÇA», todos estes chãos e prédios entraram na «CASA DE BRAGANÇA».

Existia ao fundo do último quarteirão da «RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO» que antigamente teve outras designações: «RUA DO PICADEIRO», «RUA DO TESOURO» ou ainda «RUA DO TESOURO VELHO», junto à «RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA» (antiga RUA DA LUTA), os «PAÇOS DOS DUQUES DE BRAGANÇA» ou «PALÁCIO DA CASA DE BRAGANÇA» instalado no planalto do outeiro, no extremo sul do quarteirão de prédios.
A Sul dos «PAÇOS» corria antes do terramoto de 1755, uma rua sem nome, que tinha aproximadamente a direcção da actual «RUA VÍTOR CORDON». Esta rua fazia a separação dos «PAÇOS» e o edifício do «TESOURO» que lhe ficava a SUL, quase à beira do escarpado do outeiro. No local que aproximadamente ocupava a «CASA DO TESOURO», foi construído em meados do século XIX, uma hospedaria que no início de (1845) se chamava «HOSPEDARIA BRAGANÇA», e depois «HOTEL BRAGANÇA». Mais tarde foi alugado às «COMPANHIAS REUNIDAS GÁS E ELECTRICIDADE» (hoje EDP) onde tinha os seus serviços administrativos.
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No século de quinhentos os «DUQUES DE BRAGANÇA» adquiriram aos frades de «SÃO FRANCISCO» muitos terrenos para alargarem suas hortas, e compreende-se assim que tudo isto por aqui fosse na maioria dos «BRAGANÇA». A artéria para onde estava virada a fachada principal do «PAÇO» chamava-se em meados do século XVI, «RUA DO DUQUE». Depois passou a «RUA DO PICADEIRO», «PAÇO DO DUQUE» e por fim, «RUA DO TESOURO» (esta última atribuída com a restauração em 1640).
No tempo de «D. JOÃO IV», foi abandonado este «PAÇO» como moradia, instalaram-se então no «PALÁCIO» o arquivo. o tesouro e a guarda das jóias.
«D. JOÃO V» mandou fazer grandes obras no «PALÁCIO», e assim ele chega ao terramoto cheio de riqueza.
O cataclismo de 1755 destruiu tudo e o sítio na altura, converteu-se num montão de escombros.
Em meados do século XIX, a artéria foi finalmente rectificada e edificada nos moldes actuais.
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(CONTINUA)-(PRÓXIMO)- «RUA DOS DUQUES DE BRAGANÇA [ III ] - BRITO CAMACHO E O SEU JORNAL "A LUTA"»