Calçada dos Barbadinhos - (2004) Foto de autor não identificado (Vista em ORTOFOTO da zona da Calçada dos Barbadinhos e em especial o conjunto do antigo Palácio -VASCO VELOSO-FABRICA DO TABACO e hoje COMANDO da GNR. in SKYSCRAPERCITY. Calçada dos Barbadinhos - (2011) (A Rua da Cruz de Santa Apolónia, edifício à esquerda o antigo Palácio de Vasco Lourenço Veloso, uma das suas entradas) in GOOGLE EARTH
Calçada dos Barbadinhos - (1998) Foto de António Sachetti ( Portal-Janela do Palácio Vasco Lourenço Veloso, possivelmente anterior a 1732, na Rua da Cruz de Santa Apolónia) in CAMINHO DO ORIENTE
(CONTINUACÃO)
CALÇADA DOS BARBADINHOS [ VII ]
«PALÁCIO VASCO LOURENÇO VELOSO ( 2 )»
Com a impressionante quantidade documental em torno da actividade de «VASCO LOURENÇO VELOSO», faz dele uma das personagens centrais da vida económica de LISBOA naquela época setecentista.
A sua tentativa de reanimar o comércio da ÍNDIA, não terá sido visto muito bem nos meios mais interessados no Brasil.
Provavelmente nasceria aqui a animosidade do futuro «MARQUÊS DE POMBAL» de que se queixaria mais tarde a viúva de «VASCO VELOSO». Do que podemos estar certos é que passará por ele qualquer tentativa séria para se conhecer a fundo a história deste período da vida lisboeta portuguesa.
O edifício principal de carácter palaciano, foi adaptado facilmente a residência da «CASA PENALVA-ALEGRETE», instalada cerca de 50 anos, após a destruição do seu palácio pelo terramoto, junto à antiga «PORTA DE S. VICENTE DA MOURARIA», actual «MARTIM MONIZ».
A figura de «VASCO LOURENÇO VELOSO» faz parte da história deste Palácio situado na «RUA DA CRUZ DE SANTA APOLÓNIA» e tudo indica ter sido de sua iniciativa a construção. Filho de lavradores abastados, nasceu a 06.07.1682 tendo falecido em 16.11.1770. Natural de «BELAS» «MONÇÃO» e morou em «VIANA» como "mercador de grosso negócio".
No ano de 1720 veio para LISBOA, morando em 1723 já em casas suas na «RUA DO MARECHAL»(1) e, em 1724, habilitado pelo «SANTO OFICIO», era administrador geral dos portos secos e toma as rendas reais (...) do consulado das «BARRAS DO SUL DE LISBOA»(2).
Em LISBOA vendia barris de vinho, trazidos de «CAMINHA», para onde mandava trigo comprado em SINES; "negociava com sal de ALCÁCER" ( 3), teve o contrato da «SACA DA ALFANDEGA DO PORTO»(4) (1723) e foi sócio do contrato do «PAÇO DA MADEIRA»(5) (1726).
No ano de 1723 e 1726 arrendou o contrato da DÍZIMA DA ALFÂNDEGA DA BAÍA, por três frotas, orçado em centenas de milhares de cruzados.
Seu irmão, «JOÃO LOURENÇO VELOSO» era o "testa-de-ferro em terras Brasileiras"(6).
"Foi ainda contratador do pau-Brasil e seu consumo" (7) de 1727 a 1730, para vender e carregar para todo este reino como para os de CASTELA, FRANÇA, ITÁLIA, INGLATERRA, HOLANDA, HAMBURGO e mais partes ( 8 ).
Em 1731 de novo administrou o contrato das "DÍZIMAS DA ALFANDEGA DA BAÍA" ( 9 ),
tendo procuradores desde o «RIO DE JANEIRO» até à colónia do «SACRAMENTO», nos portos da «BAÍA», «PERNAMBUCO», «MARANHÃO», «PARÁ» e «PARAÍBA», e também os contratos do reino de «ANGOLA» e seus presídios ( 10 ), pois arrematara os contratos da escravaria do REINO DE ANGOLA POR 6 ANOS (1723), PAGANDO 1200 RÉIS POR CABEÇA (11 ).
Adquiriu e rebaptizou navios de diferentes caracteristicas, conhecendo-se as galeras «N. Sª. do CARMO E ALMAS» (1723) e «SANTO ANTÓNIO DE PÁDUA» (1725) para poder fazer viagens para o porto de BENGUELA e resgatar escravos ( 12 ), os navios «SANTA ANA E ALMA» ( 13 ) e «RAINHA SANTA E ALMAS» ( 14 ), possuindo já o navio «N. Sª. da AJUDA e EUROPA».
Nos AÇORES administrou o contrato dos tabacos ( 15 ) de 1725 a 1728) que arrematou em sociedade (1725-27), no «CONTRATO GERAL DO TABACO DO REINO», para que nas ilhas dos AÇORES pudessem fabricar e vender tabacos ( 16 ).
Casou aos 45 anos ( 17 ) ( 09.02.1728) com «D. MARIA JOAQUINA PALHARES», filha de «RAFAEL MUSSO», mercador genovês, e «D. ANTÓNIA PALHARES». A noiva era natural de LISBOA, onde esta família sempre existiu muito conhecida por seu irmão «MIGUEL REBELO» (... ) escrivão da «CÂMARA DO SENADO» ( 18 ), estando os «FERREIRA REBELO» e os «PALHARES» em Lisboa desde a segunda metade do século XVII .
«VASCO LOURENÇO VELOSO» continuava a morar na «RUA DO MARECHAL» em 07.06.1732 ( 19 ), onde em 1730 nasceu o filho «TOMÁS» ( 20 ).
( 1 ) - IAN/TT, C-12B, CX.39, Lº518,fls.4.
( 2 ) - Idem, HSO, Mç. 1, nº.11.
( 3 ) - Idem, C-12B, Cx.38, Lº 513,fls. 15-15v
( 4 ) - Idem, C-12B, Cx. 39, Lº 519, fls.4
( 5 ) - Idem, C-12B, Cx. 43, Lº 535, fls. 16v-18
( 6 ) - Idem, C-12B, Cx.40,Lº520,fls.63v-64 e AHU, BAHIA, Castro e Almeida nº3858-61
( 7 ) - Idem, C-12B, Cx.44, Lº539, fls. 94v-95
( 8 ) - Idem, C-12B, Cx.44, Lº540, fls.43v-43v
( 9 ) - Idem, C-12B, Cx.48, Lº561, fls.81v-82v
( 10 ) - Idem, C-12B, Cx. 41, Lº525, fls. 19-20
( 11 ) - Idem, C-12B, Cx. 40, Lº521, fls. 32-32v
( 12 ) - Idem, C-12B, Cx. 42, Lº531, fls. 96-97
( 13 ) - Idem, C-12B, Cx. 42, Lº533, fls. 82-32
( 14 ) - Idem, C-12B, Cx. 42, Lº534, fls. 86v-88
( 15 ) - Idem, C-12B, Cx. 41, Lº527, fls. 78v
( 16 ) - Idem, C-12B, Cx. 44, Lº543, fls. 71v-72v
( 17 ) - Idem, RP, Casamento, S.Sebastião da Pedreira, Lº2, fls 139v
( 18 ) - Idem, HSO, Mç. 5, nº 72
( 19 ) - Idem, C-12B, Cx. 50, Lº569, fls. 90-91
( 20 ) - Idem, HSO, Mç. 5 nº 72
SIGLAS
IAN/TT - Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo
HSO - Habitações do Santo Ofício
RP - Registos Paroquiais
AHU - Arquivo Histórico Ultramarino
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «CALÇADA DOS BARBADINHOS [ VIII ] - PALÁCIO VASCO LOURENÇO VELOSO (3)»
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