sábado, 13 de setembro de 2014

TERREIRO DO PAÇO [ II ]

O PAÇO DA RIBEIRA (2)
 Terreiro do Paço - (1650) (Óleo sobre tela de Dirk Stoop-Londres) ( O "TERREIRO DO PAÇO" com destaque para fidalgos, Cavaleiros e crianças, alguns criados ou moços militares, homens do clero e diversos tipos populares; negros, criadas e vendedores. O chafariz "APOLO", alguns aguadeiros enchem as bilhas, enquanto outros se envolvem em algumas brigas) (Este quadro pode ser visto no MUSEU DA CIDADE)(Abre em tamanho grande)  in WIKIPÉDIA
 Terreiro do Paço - (Século XVI)  (Panorâmica Geral de Lisboa, durante o cerco de D. Afonso Henriques, na iluminura da Crónica de Duarte Galvão, atribuída a António de Holanda) (Museu  dos Condes de Castro Guimarães, Cascais - 1520) in THE APRICITY 
 Terreiro do Paço - (1598) Gravura de cobre (Pormenor da planta de JORGE BRAUNIO , do TERREIRO DO PAÇO e RIO TEJO, com os navios da época gloriosa dos Descobrimentos, que partiam do Tejo) in  MUSEU DA CIDADE
Terreiro do Paço - (Terceiro quartel do século XVI) (Pormenor da planta de Jorge Baunio. Nos estaleiros da Ribeira das Naus construíam-se os melhores navios do mundo, êxito que muito se deve ao rio, com condições perfeitas para acolher e proteger embarcações de diversos calados. Era frequente trabalharem no empreendimento centenas de carpinteiros, ferreiros e calafates, que tornaram Portugal um dos mais poderosos países da Europa na época) in  MUSEU DA CIDADE  

(CONTINUAÇÃO) - TERREIRO DO PAÇO [ II ]

«O PAÇO DA RIBEIRA ( 2 )»

O "PALÁCIO DA RIBEIRA" vinha ordenar urbanisticamente uma zona organizada em função das necessidades logísticas das viagens  oceânicas e, dispondo no piso térreo os armazéns das CASAS DA ÍNDIA e MINA, juntar num mesmo edifício, a administração política e económica do reino. Em 1505 já a família real o habitava. Tratava-se, na altura, de um corpo perpendicular ao TEJO, segmentado no eixo pela torre sineira da capela. Em 1508 o Arquitecto DIOGO DE ARRUDA dirigiu a construção de um baluarte adossado ao Paço Manuelino. Voltado ao TEJO e com a base rebatida, tratava-se essencialmente de uma estrutura defensiva, com terraço guarnecido de guaritas, nos ângulos. Em meados do século não existia já, mas a sua memória foi decerto recuperada quando FILIPE II, decidiu a reforma profunda dos PAÇOS DA RIBEIRA DE LISBOA. A autoria dos trabalhos do Torreão, que substituiu o baluarte Manuelino, já concluído no essencial,  em 1584, não está perfeitamente esclarecida. O Italiano FILIPE TERZI, à época Engenheiro-mor do reino, tem sido tradicionalmente apontado como um dos responsáveis do projecto, mas o mais provável é que o seu papel tenha limitado à direcção do estaleiro.
Para obras desta dimensão FILIPE II contava naturalmente com os seus arquitectos e, talvez para suprir às necessidades da Corte, JUAN DE HERRERA, autor do ESCORIAL, esteve em LISBOA entre 1580 e 1583, período que  corresponde com exactidão à construção do TORREÃO
Contribuição decisiva, também, foi a do arquitecto Castelhano FRANCISCO MORA. Como aposentador dos PAÇOS REAIS dirigiu, na RIBEIRA, entre 1605 e 1608, uma importante campanha de obras, e os seus apontamentos ainda foram seguidos quando se preparou a visita de FILIPE III de PORTUGAL , em 1619. 
A estrutura do PALÁCIO REAL DA RIBEIRA estava, por essa altura, completa. A imagem que dele nos ficou, fixada na gravura do pintor DOMINGOS VIEIRA SERRÃO, incluída no relato oficial da viagem de FILIPE III, mostra uma longa fachada orientada a nascente, dominada pela massa do TORREÃO, debruçado à beira-rio. Esta preponderância volumétrica tinha, aliás, uma leitura simbólica, pois num dos andares nobres dispunha-se a SALA DO TRONO, decorada com um programa iconográfico de exaltação dinástica, elaborado pelo Engenheiro LEONARDO TURRIANO. Outro piso ainda era ocupado pela BIBLIOTECA, tendo sido o piso baixo reservado para canhoeiras (espingardas), tal como o apresenta um projecto de FRANCISCO DE MORA, recentemente identificado.Na sua configuração arquitectónica o TORREÃO surgiu como um corpo estranho, inspirado em desenhos do francês JACQUES ANDROUET DU CERCEAU ou em alguns exemplos de Arquitectura Medieval Portuguesa. A utilização da gramática das ordens clássicas é, porém, aqui mais definida do que nos protótipos de DU CERCEAU e o ritmo dos alçados enriquecidos pela alternância de frontões, tratamento que se estendia ao resto da construção palacial. Não se conhecendo , em pormenor, as alterações levadas a cabo nos períodos seguintes.
A estrutura oficial das obras régias contemplou sempre o cargo de mestre do "PAÇO DA RIBEIRA", mas o exercício do lugar não tinha conteúdo prático muito expressivo, dadas as dificuldades financeiras que afligiram a Coroa após a RESTAURAÇÃO.
Os pagamentos que se conhecem dessa época, como os de 1663, a TEODÓSIO DE FRIAS, e os de 1679, a MATEUS DO COUTO, se evidenciam intervenções regulares de manutenção não deixando, também de provar a incapacidade de transformar a residência da COROA portuguesa num Palácio de verdadeira dimensão europeia.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«TERREIRO DO PAÇO [ III ] -O PAÇO DA RIBEIRA ( 3 )» 

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