sábado, 27 de fevereiro de 2010

RUA DE XABREGAS [ V ]

Rua de Xabregas - (2009) - (Zona da Rua de Xabregas - LEGENDA de "A" a "O") ; - A - Antiga taberna do "GALEGO" hoje Restaurante "O CAÇADOR"; - B - Antiga Taberna do "PINHA" hoje Restaurante "O RETORNADO"; - C - Antiga "SERRAÇÃO MECÂNICA de JOSÉ PEDRO(desactivada); - D - Antiga "MERCEARIA DO GERMANO" hoje uma "CASA DE PETISCOS O GERMANO"; - E - Antiga Farmácia "PINTO" hoje farmácia "SALTER"; - F - "JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO"; - G - "PLANETA DA FRUTA"; - H - Antiga "COZINHA ECONÓMICA Nº4, hoje "LAR DE SANTO ANTÓNIO"; - I - Antiga Serração de Madeiras de "LUÍS RIBEIRO" (já na Rua da Manutenção)(desactivada); - J - Antigo local do "CHAFARIZ e TANQUE DE XABREGAS" (desactivado); - K - "VIADUTO FERROVIÁRIO DE XABREGAS"; - L - Antigo "INFANTÁRIO DA FÁBRICA DOS TABACOS hoje "CAT-XABREGAS - CENTRO DE ATENDIMENTO A TOXICODEPENDENTES"; - M - Antigo "CONVENTO DE S. FRANCISCO DE XABREGAS" hoje "TEATRO IBÉRICO" e "MEDIATECA de FORMAÇÃO PROFISSIONAL"; - N - Antiga "FÁBRICA SAMARITANA" (desactivada); - O - Antigo Palácio dos Marqueses de Nisa, hoje uma secção da CASA PIA DE LISBOA. in WIKIMAPIA
Rua de Xabregas - (2009) - Foto gentilmente cedida por Henrique Marques ( A Rua de Xabregas tirada do viaduto de Xabregas) in VISITANTE

Rua de Xabregas - (1989) - Foto de APS - (Largo de Xabregas - no lado esquerdo podemos observar a entrada do restaurante "O CAÇADOR", antiga taberna do "GALEGO") - ARQUIVO/APS

Rua de Xabregas - (1970) - Foto de João H. Goulart - (Edifício na Rua de Xabregas onde funcionava o "FOTO ORION" e uma estação dos CTT na porta seguinte) in AFML

Rua de Xabregas - (1970) - Foto de João H. Goulart (No primeiro edíficio existia os CTT estação de Xabregas, no mais à frente trata-se do Palácio Olhão, na Rua de Xabregas) in AFML
--//--
(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ V ]
«O BULÍCIO NA RUA DE XABREGAS»
Com a industrialização no século XIX desenha-se uma importante concentração fabril em Xabregas.
Estas fábricas dão lugar a um aglomerado populacional podendo mesmo considerar-se o núcleo da industrialização oitocentista, na Zona Oriental de Lisboa.
Em finais do século XIX as fábricas, as diversas e pequenas oficinas, os armazéns, e os novos bairros operários, iam transformando de certo modo a paisagem de XABREGAS. Era a visão de uma «XABREGAS», já bem alfacinha, mas ainda com as suas reminescências de arrabalde rural, que o progresso imparável e irreversível não perdoa.
O «LARGO DE XABREGAS» tornava-se por vezes curioso na sua fisionomia bairrista e fabril, pelo movimento de gente que deixara de ouvir os sinos da torre da «IGREJA DO CONVENTO DE S. FRANCISCO», para passarem a ouvir as sirenes das fábricas, bem como os apitos dos comboios.
Pela década de 40 e 50 do século passado, «XABREGAS» prosseguia em ser uma importante e activa zona Industrial da Capital.
A vida deste ex-arrabalde continuava a regular-se pelos apitos das fábricas. Ás 7h 45 soava o primeiro, às 7h 55 o segundo e às 8 h 00 (já todo o operário devia estar na frente do seu lugar de trabalho) soava o último. O intervalo para o almoço era das 12 h oo às 13h oo. Para a reentrada soava o primeiro às 12 h 45, o segundo às 12 h 55 e o último às 13h oo.
Durante várias décadas, estas sirenas das fábricas em Xabregas, marcaram o ritmo de milhares de pessoas, quer directa ou indirectamente.
Quem por essa época, se desse ao incómodo de deambular por estas paragens na hora do almoço, depararia com animado e colorido quadro de um pitoresco fora do comum.
Mal soava o meio-dia, abriam-se os portões das fábricas saíam apressadamente, calcorreando os passeios (homens e mulheres, velhos e novos), toda aquela gente parecia ter uma força anímica, que os impelia ou empurrava freneticamente. Assim, durante uma bela hora, «XABREGAS» fazia a sua indispensável paragem para o almoço.
As «TABERNAS» ou «TASCAS» eram ponto de encontro do operariado de «XABREGAS».
Só na «RUA DE XABREGAS» existiam quatro tabernas: a "tasca" do «GERALDO & SEBASTIÃO» conhecida pelo «GALEGO» nos números 81 a 83, hoje com o edifício e instalações remodeladas, vamos encontrar «O CAÇADOR DE XABREGAS-BAR E RESTAURANTE».
Nos números 75 a 77 existiu a "TASCA" do «PINHA» de nome próprio «JAIME PINHA MOURA», hoje é ocupado pelo «RESTAURANTE - O RETORNADO». Existia a «SERRAÇÃO DE MADEIRAS» de «JOSÉ PEDRO» no número 71 (actualmente em ruína). Logo a seguir no número 69 a «MERCEARIA DO GERMANO», hoje uma casa de petiscos «O GERMANO». Na porta com o número 67 vamos encontrar as instalações da «JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO», que ocupa todo o primeiro andar do prédio. Nos números 63 a 65 existia a «FARMÁCIA PINTO» hoje substituída pela «FARMÁCIA SALTER» tendo como técnico responsável o «DR. CARLOS COSTA CABRAL SALTER CID».
Ainda no número 7 da «RUA DE XABREGAS» a taberna de «ANTÓNIO TAVARES DA COSTA» e no número 57 a de «JOSÉ JOAQUIM DOS SANTOS».
No antigo «CONVENTO DE S. FRANCISCO DE XABREGAS» existem vários serviços do Estado, no prédio que se lhe segue e antes do «PALÁCIO OLHÃO» existiu nesse edifício num rés-do-chão alto o «FOTO ORION» e na porta mais à frente uma «ESTAÇÃO DOS CTT».
No prédio do «PALÁCIO DE OLHÃO» na parte de baixo existiu uma loja de curtumes e correaria do «FLORA», a seguir uma loja de fanqueiros de «FERNANDO ADÃO» de uma prima da minha mãe. E finalizamos com a «FARMÁCIA CONCEIÇÃO» no início da «RUA DE XABREGAS» e final da «CALÇADA DE D. GASTÃO» que infelizmente se encontra emparedada.
As caracteristicas industriais (têxtil e tabaqueira) deste bairro de «XABREGAS», sucessivamente renovadas nos diversos períodos do desenvolvimento industrial, determinou a concentração operária junto às fábricas e o seu crescimento populacional. Hoje, sobretudo após os anos 80, agonizaram e morreram as fábricas seculares e outras transferem-se para novos arrabaldes da grande LISBOA.
Ficou para trás épocas dos silvos das máquinas a vapor, dos sons rítmicos das máquinas operadoras e dos gritos nervosos das greves operárias.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DE XABREGAS [ VI ] - CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DE XABREGAS (1)».






quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

RUA DE XABREGAS [ IV ]

Rua de Xabregas - (2005) Foto de APS (Uma vista do Viaduto ferroviário no seu aspecto actual) ARQUIVO/APS

Rua de Xabregas - (1983) - Fotógrafo não identificado - (Viaduto Ferroviário de Xabregas já alterado, para possibitar a circulação de dois eléctricos simultâneamente) in AFML


Rua de Xabregas - (1954) - Foto de Fernando Martinez Pozal - (Viaduto Ferroviário de Xabregas visto do lado da Rua da Madre de Deus) in AFML



Rua de Xabregas - (1937?) - (Desenho de Manuel Barata, zincogravura) (Perspectiva do Viaduto de Xabregas) Publicado in "PEREGRINAÇÕES EM LISBOA" livro XV de Norberto de Araújo.


Rua de Xabregas - (1857 ?) - (Desenho de Manuel Maria Bordalo Pinheiro, gravura em madeira de João Maria Baptista Coelho) - (Ponte de Xabregas - Caminho-de-ferro do Leste) in ARCHIVO PITTORESCO, Ano I, (1857) p. 33.

(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ IV ]

«O VIADUTO DE XABREGAS»

A paisagem de «XABREGAS», (antigo arrabalde de Lisboa), foi alterado com a construção do Caminho-de-Ferro e, nomeadamente o seu «VIADUTO FERROVIÁRIO».

Dizia-nos "NORBERTO DE ARAÚJO" nas suas «PEREGRINAÇÕES EM LISBOA» sobre «XABREGAS»: " Não me fatigo na repetição do fenómeno de paisagem social: tudo isto há dois séculos atrás era de feição conventual e nobre: o «PALÁCIO DOS MARQUESES DE NISA», a um lado, o «CONVENTO DOS FRANCISCANOS» a outro. Sem linha férrea nem passagem sobre viadutos, sem edifícios fabris, armazéns e oficinas, sem cortinas de prédios a encobrir o rio - largo como o mar - «XABREGAS», «ENXOBREGAS» dos séculos velhos, era arrabalde, tímido de póvoas ao acaso, luminoso e lavado".

Remonta de 1844 a ideia de dotar o nosso país com uma rede de infra-estrutura ferroviária, à semelhança de que outros países já vinham fazendo.
Em Abril de 1845 é apresentado ao Governo uma proposta para a construção do troço LISBOA-TOMAR-PORTO, proposta esta que foi anulada por outra da «COMPANHIA DAS OBRAS PÚBLICAS». Mas como esta Companhia se dissolveu, tudo voltou à estaca zero.
É aberto novo concurso em Maio de 1852, para o troço inicial LISBOA-SANTARÉM, empreitada adjudicada a um tal «HARDY HISLOP», mandatado pela «COMPANHIA CENTRAL PENINSULAR DOS CAMINHOS DE FERRO DE PORTUGAL».
No dia 29 de Outubro de 1856, era finalmente, aberta à exploração o primeiro troço de 26 quilómetros da linha férrea «LISBOA-CARREGADO». Estava assim, inaugurada a era do comboio no nosso país, passo importante para a «REVOLUÇÃO INDUSTRIAL», que então apenas balbuciava entre nós.
Diga-se em abono da verdade que o corte das «TRINCHEIRAS DE XABREGAS» (na parte de trás do "CONVENTO DE S. FRANCISCO DE XABREGAS"), iniciado em 7 de Novembro de 1853, com uma altura de 43 metros e um comprimento de 738 metros, revelou-se uma tarefa extremamente complicada.
"A nova linha principia em SANTA APOLÓNIA passa em XABREGAS em frente do CONVENTO DA MADRE DE DEUS, e logo ali nos apresenta as principais obras de arte... A primeira é o VIADUTO pelo qual se passa superiormente à FABRICA DE FIAÇÃO DO ALGODÃO.
Esta obra tem a extensão de 83 metros, sendo o seu tabuleiro metálico assente sobre dois encontros e quatro pilares de alvenaria, formando cinco tramos independentes.
Uma parte do viaduto teve de ser coberta por um anteparo metálico, destinado a defender as edificações e fábrica das faúlhas expelidas pelas chaminés das máquinas a vapor, o que poderia por em perigo aqueles importantes estabelecimentos fabris.
A parte coberta foi retirada quando os comboios deixaram de ser movidos a vapor.
Saindo do «VIADUTO» entra-se logo no túnel de (200 metros de comprimento), sendo metade em curva e metade em recta"( 1 ).
O «VIADUTO FERROVIÁRIO DE XABREGAS» localizado junto ao «LARGO DE XABREGAS», projectado por John Sutherland e Valentine C. L., data do terceiro quartel do século XIX, sendo no primeiro e segundo quartel do século XX de grande importância para o sítio de XABREGAS.
(1) - «O OCIDENTE» de 21 de Maio de 1888.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO) - «RUA DE XABREGAS [ V ] -O BULÍCIO NA RUA DE XABREGAS»




sábado, 20 de fevereiro de 2010

RUA DE XABREGAS [ III ]

Rua de Xabregas - (2000) - (Foto da Junta de Freguesia do Beato) ( Instalações da Junta de Freguesia do Beato na Rua de Xabregas) in JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO
Rua de Xabregas - (2009) - (Vista panorâmica de Xabregas na Google) in GOOGLE

Rua de Xabregas - (1968) - Foto de Arnaldo Madureira (Viaduto ferroviário de Xabregas e "Largo de Xabregas", estrema da Freguesia do Beato) in AFML
--//--
(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ III ]
«A FREGUESIA DO BEATO»
A «FREGUESIA DO BEATO» foi delineada com o Decreto-Lei 4142/1959, embora a história da formação desta freguesia seja bem mais antiga.
A paróquia de «São Bartolomeu», sendo uma das freguesias mais antigas de Lisboa, desde 1168, esta paróquia tinha sede nas vizinhanças do Castelo de São Jorge. Depois do terramoto, esteve provisoriamente instalada na ermida de «NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO» e mais tarde, alojada na «IGREJA do BEATO ANTÓNIO».
Até ao século XVIII, a freguesia como instituição apresentava características estáveis e douradoras. A população estabelecia um contacto constante e afectuoso durante toda a sua vida com a sua paróquia.
Com a «REVOLUÇÃO LIBERAL» de 1832/34, a situação das paróquias alterou-se. A 30 de Julho de 1832 e a 5 de Agosto de 1833 por Decreto-Lei, foram extintas todas as paróquias do reino e foi transferido para o poder executivo a faculdade de nomear e apresentar todas as dignidades e empregos eclesiásticos.
Só em 1911, após a implementação da República, um novo Decreto-Lei separou a Igreja do Estado, e fez passar para a autoridade eclesiastica todas as atribuições relativas aos provimentos da Freguesia.
Paralelamente os livros de «REGISTOS PAROQUIAIS» começaram a ser transferidos para o «REGISTO CIVIL».
Na segunda metade do século XVIII, de alguns terrenos da «FREGUESIA DE SANTA ENGRÁCIA» juntamente com outros dos «OLIVAIS» nasce a «FREGUESIA DE S. BARTOLOMEU DO BEATO», inicialmente sediada na «TRAVESSA DO ROSÁRIO» a «SANTA CLARA»; mas que em 1836 se transfere para o «MONTE OLIVETE», já dentro da área dos actuais limites da Freguesia.
A sede da freguesia esteve para funcionar na «IGREJA DO CONVENTO DOS FRADES FRANCISCANOS» em Xabregas, porém, um mês depois acabou por ser transferida para a «IGREJA DE Nª. Sª. da CONCEIÇÃO DO MONTE OLIVETE», vulgarmente designada por «IGREJA DO GRILO», onde se manteve até 1943.
O nome de «FREGUESIA DO BEATO» terá, porventura raízes na história de um certo «BEATO ANTÓNIO» que viveu na paróquia no século XVI, (Padre António da Conceição beatificado no século XVIII). O padre «ANTÓNIO DA CONCEIÇÃO», apontado por diversos historiadores como um protegido do Rei «D. SEBASTIÃO»; tanto o «MOSTEIRO» onde vivia como o sítio, passaram a chamar-se do «BEATO».
A «JUNTA DE FREGUESIA DO BEATO» presentemente instalada na «RUA DE XABREGAS» num primeiro andar, com entrada pelo número 67, tem as suas Limitações Administrativas desde o ano de 1959.
A «NORTE» - «RUA DO BEATO», desde os números 19 a 34 (limite com a Freguesia de Marvila); «ESTRADA DE MARVILA», desde a «CALÇADA DO DUQUE DE LAFÕES», junto da antiga Escola Secundária Afonso Domingues (limite com a Freguesia de Marvila).
A «NOROESTE» - «RUA DE CIMA DE CHELAS», até aos números 5 e 8 (limite com a Freguesia de Marvila); «ESTRADA DE CHELAS» nos números Ímpares desde o 97 e Pares desde o 106 a 190 (limite com a Freguesia de S. João).
A «OESTE» - «RUA AQUILES MACHADO» (limite com a Freguesia do Alto do Pina); fim da «CALÇADA DA PICHELEIRA» e da «RUA JOÃO DO NASCIMENTO COSTA» (limite com a Freguesia do Alto do Pina).
A «SUL» - «RUA DE SOL A CHELAS», até aos números 23 e 24 (limite com a Freguesia de S. João); «CALÇADINHA DE SANTO ANTÓNIO» a Chelas, desde os números 6 e 11 (limite com a Freguesia de S. João); «RUA GUALDIM PAIS», números Pares (números Ímpares são da Freguesia de S. João); fim da «RUA DE XABREGAS» (limite com a Freguesia de S. João).
A «ESTE» - «AVENIDA INFANTE D. HENRIQUE», desde as traseiras da antiga Fábrica de Portugal e Colónias, em Xabregas (hoje «RUA BISPO DE COCHIM) (limite com a Freguesia de S. João), até ao Quartel da GNR (limite com a Freguesia de Marvila).
Esta Freguesia é constituída por vários lugares que vão desde a «ALAMEDA DO BEATO» até à encosta da «PICHELEIRA», passando por «XABREGAS» e Vale de «CHELAS» - lugares cheios de história, nomeadamente Xabregas e Chelas. ( 1 )
(CONTINUA) - (PRÓXIMO)- «RUA DE XABREGAS [ IV] - O VIADUTO DE XABREGAS»

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

RUA DE XABREGAS [ II ]

Rua de Xabregas - (1989) - (Foto de APS) (Zona de Xabregas viaduto ferroviário, "Largo de Xabregas", em segundo plano o Palácio dos Marqueses de Nisa e Igreja da Madre de Deus) ARQUIVO/APS
Rua de Xabregas - (2006) (Foto de Filipe Jorge) (O sítio de Xabregas visto de cima, nomeadamente os seus antigos Palácios e Conventos) in LISBOA VISTA DO CÉU

Rua de Xabregas - (2006) (Foto de Filipe Jorge) (Panoranica da Rua de Xabregas e Rua da Manutenção) in LISBOA VISTA DO CÉU


Rua de Xabregas - (1859) - (Óleo sobre tela de J. Pedroso) (Vista da zona de Xabregas, tendo em primeiro plano a «FABRICA DE TABACOS DE XABREGAS», no antigo Convento de São Francisco, e vendo-se em segundo plano o «PALÁCIO DOS MARQUESES DE NISA» in «ALFACINHAS» Os lisboetas do passado e do presente de ALBERTO SOUZA.
--//--
(CONTINUAÇÃO)
RUA DE XABREGAS [ II ]
«O INÍCIO DA INDUSTRIALIZAÇÃO EM XABREGAS»
«XABREGAS» vai conhecer uma mutação no seu tecido económico e social, depois da fixação do «CAMINHO-DE-FERRO» neste local, tendo essa viragem contribuído para a sua transformação, podendo mesmo chamar-se de uma «REVOLUÇÃO INDUSTRIAL».
Para este cenário, são vários os factos que se conjugaram. A aproximação do rio, os amplos espaços existentes na zona, permitindo a implantação de complexos fabris, o reordenamento das instalações portuárias, a extinção das Ordens Religiosas, e não menos importante a construção da via ferroviária, que transforma este sítio no principal centro industrial de «LISBOA».
«XABREGAS» era um pólo fabril constituído num espaço relativamente pequeno, sendo o número de quatro fábricas de relevante valor.
A «FÁBRICA DE FIAÇÃO DE XABREGAS (vulgo)-FÁBRICA SAMARITANA», instalada no «BECO DOS TOUCINHEIROS», também conhecida por «FÁBRICA DO BLAK».
A «FÁBRICA DE MOAGEM A VAPOR ALIANÇA» antecessora da «NOVA COMPANHIA NACIONAL DE MOAGEM» que ficava na «RUA DE XABREGAS» perto do «VIADUTO FERROVIÁRIO», em 1947 foi destruída totalmente por um violento incêndio.
A terceira e bastante importante foi a «FÁBRICA DO TABACO LISBONENSE» que em 1927 se chamava de «COMPANHIA PORTUGUESA DE TABACOS», instalada no antigo «CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DE XABREGAS».
A quarta era a «FÁBRICA DE FIAÇÃO E TECIDOS ORIENTAL» vulgarmente chamada pela «FÁBRICA DAS VARANDAS», situada no início da «RUA DE XABREGAS». Nesta fábrica existia um enorme janelão em ferro e vidraça, que hoje se encontra colocado a servir de portal num Centro Comercial, nos terrenos que foram pertença da «FÁBRICA DAS VARANDAS».
No que diz respeito à «INDUSTRIA DO TABACO» é necessário ter presente não só a duração do seu fabrico na «FÁBRICA DE XABREGAS», como a população operária que mobilizava na sua manipulação, bem como a série de armazéns que foram construídos em terrenos conquistados ao Tejo.
O avanço das obras do «PORTO DE LISBOA», a Oriente, foi a causa da sucessiva alteração desta orla, levando mesmo ao desaparecimento de um numeroso areal que os populares (naquela época), chamavam de «PRAIA DA MARABANA», transformado hoje num cais para contentores.
A dado momento, essas praias contrariaram o desenvolvimento Industrial e houve necessidade de fazê-las desaparecer. Os interesses Industriais e Comerciais vieram uniformizar essa linha da margem fluvial e, por outro lado, conquistar mais terrenos ao TEJO.
Com a «INDUSTRIALIZAÇÃO EM XABREGAS» nada ficou como antes. Foi a época de trocar a paisagem serena e límpida do Rio e das paisagens campestres, pelos toques das sirenes das fábricas misturados com os silvos dos comboios, e das chaminés de tijolo, algumas delas já desaparecidas.
Sinais do tempo, que, por vezes não se compadecem com a perfeita conjugação da natureza e os novos conhecimentos tecnológicos adquiridos pelo homem.
(CONTINUA)-(PRÓXIMO)- «RUA DE XABREGAS [ III ] - A FREGUESIA DO BEATO»



sábado, 13 de fevereiro de 2010

RUA DE XABREGAS [ I ]

Rua de Xabregas - (2009) - (Panorama da «RUA DE XABREGAS» e o sítio de XABREGAS) in GOOGLE
Rua de Xabregas - (2006) ( O sítio de Xabregas e «RUA DE XABREGAS» vista na GOOGLE) in GOOGLE

Rua de Xabregas - (1942) - Foto de APS (Na praia de Xabregas uma família desfrutando do local numa tarde de Domingo) (Hoje este espaço é um cais para contentores) ARQUIVO/APS


Rua de Xabregas - (C. 1938) - Foto de Eduardo Portugal - (Na Zona fronteira de Xabregas apresentava em finais da Década de 30, um cenário pouco vulgar em toda a orla ribeirinha de Lisboa. Aí existia uma "praia" «A praia da MARABANA», (até 1940/42), altura em que o novo desenvolvimento Industrial da cidade a fez desaparecer para sempre. in AFML



Rua de Xabregas - (Planta Nº 23 onde está representada a «RUA DIREITA DE XABREGAS» e a «FÁBRICA DO TABACO DE XABREGAS» - Atlas da Carta Topográfica de Lisboa, sob a direcção de Filipe Folque: 1856-1858. in CML-Departamento de Património Cultural-Arquivo Municipal de LISBOA.
--//--
RUA DE XABREGAS [ I ]
«O SÍTIO DE XABREGAS»
A «RUA DE XABREGAS» - Pertence à Freguesia do «BEATO».
Começa na «CALÇADA DE DOM GASTÃO» no número 32 e termina na «RUA DA MADRE DE DEUS» junto ao «VIADUTO FERROVIÁRIO».
Este topónimo foi atribuído por Deliberação Camarária de 18 de Maio de 1889, tendo como designação «RUA DIREITA DE XABREGAS», em 1937 passou a chamar-se «RUA DE XABREGAS»(1).
Convergem para esta rua os arruamentos seguintes: (de nascente para poente)- «RUA JOSÉ ANTÓNIO LOPES»; «TRAVESSA DA MANUTENÇÃO»; «RUA DA MANUTENÇÃO»; «BECO DOS TOUCINHEIROS»; «LARGO MARQUÊS DE NISA» e «RUA BISPO DE COCHIM» uma rua recente (2001) que faz a ligação entre a «RUA DE XABREGAS» e a «AVENIDA INFANTE DOM HENRIQUE».
PROVÁVEIS ORIGENS DA PALAVRA «XABREGAS»
Da origem do termo «XABREGAS» a toponímia histórica não nos dá uma explicação segura.
Tentaremos algumas propostas de diversos autores, sem nunca encontrarmos um verdadeiro significado.
Em tempos terá existido por estes sítios um lavadouro público, onde o diálogo entre as suas utilizadoras não era de bom agrado, quando se zangavam. As desordeiras tinham exclamações de: «LEIXA BREGA!» o que correspondia (DEIXA BRIGAS!), sendo frequentemente usada esta expressão no lavadouro, sempre que surgiam «BRIGAS». A partir daqui teríamos «ENXOBREGAS» e, finalmente «XABREGAS».
Ainda, por este local se encontrar muito junto ao TEJO, existe o relacionamento do nome «XAVEGA» (do Árabe XABAKA), rede de arrasto.
O nome de «XABREGAS» também poderá estar associado à existência de diversos vestígios Romanos encontrados na região - (marco miliário, lápide,sarcófago) e uma povoação chamada «AXABRICA».
«XABREGAS» no século XVI, era um lugar dos mais aprazíveis do «TERMO DA CIDADE», com as suas hortas e pomares e também uma praia. Era na praia de «XABREGAS» que se realizavam torneios de cavalaria, touradas e os tradicionais jogos de canas. Esta zona era ideal para a Realeza poder sair da cidade a descanso. Lentamente, os Nobres foram aproveitando os terrenos disponíveis para se instalarem em «XABREGAS».
A «RUA DE XABREGAS» e seu envolvente, representa muita história para a cidade que nessa altura se encontrava às portas de «LISBOA».
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DE XABREGAS [II] - INÍCIO DA INDUSTRIALIZAÇÃO EM XABREGAS»





quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

RUA DA PRATA [ IX ]

Rua da Prata - (2009) - (Foto de APS - ( O «MARTINHO DA ARCADA» visto da «PRAÇA DO COMÉRCIO») ARQUIVO/APS
Rua da Prata - (2009) - Foto de APS - ( «MARTINHO DA ARCADA» na esquina da «RUA DA PRATA» com a «PRAÇA DO COMÉRCIO» ARQUIVO/APS

Rua da Prata - (2009) - Foto de APS - O «MARTINHO DA ARCADA» virado para a «RUA DA PRATA» ARQUIVO/APS


Rua da Prata - ( 1988 ) - Foto de APS - (Poço de Neve em Santo António das Neves) Nota-As estruturas dos poços de gelo ainda hoje existentes na Serra da Lousã com aproximadamente 10 metros de profundidade, serviam para armazenar a neve que, ao ser lá depositada era calcada por enormes maços de madeira. Durante o Verão era cortada em grandes blocos e transportada em carros de bois, para a cidade de Lisboa, para ser servido em forma de gelo e gelados nos séculos XVIII e XIX. Possivelmente este seria um dos poços que pertenceu a «MARTINHO BARTOLOMEU RODRIGUES». ARQUIVO/APS
--//--
(CONTINUAÇÃO)
RUA DA PRATA [ IX ]
«MARTINHO DA ARCADA»
O «CAFÉ-RESTAURANTE MARTINHO DA ARCADA» que existe desde 1778 sendo então conhecido por «CAFÉ DO GELO», foi instalado nas lojas dos primeiros edifícios construídos na «PRAÇA DO COMÉRCIO», esquina com a antiga «RUA BELA DA RAINHA», após o terramoto de 1755.
Além de bebidas várias vendiam também sorvetes, que tiveram grande fama nessa época, e por isso lhe chamavam o «CASA DA NEVE».
Por volta de 1782, também vendia bilhetes para as carreiras de «SEGES» entre a «PRAÇA DO COMÉRCIO» e «BELÉM». Em 1784 era conhecido por «CASA DO CAFÉ ITALIANO» pertencia então a um italiano chamado «DOMINGOS MIGNANI»; no ano de 1795 era já conhecido por o «CAFÉ DO COMÉRCIO». Por volta de 1809, era vulgarmente designado por «CAFÉ DOS JACOBINOS», pelo facto de ser frequentado por Jacobinos e Libertinos da época.
Em 1820, chamava-se «CASA DA NEVE», pertencia a um tal «SIMÃO FERNANDO» e recebia a sociedade elegante de Lisboa, que lá ia deliciar-se com os sorvetes, sempre muito apreciados. Em 1823, muda de nome e o seu proprietário é um tal «ANSELMO». No ano seguinte, já tem outro dono; «JOSÉ DE MELO».
Em 1829, novo proprietário, que deu o actual nome à casa «MARTINHO BARTOLOMEU RODRIGUES», o qual fez obras transformando-o num dos melhores cafés-restaurantes de LISBOA.
Aquele empresário foi abrir depois um outro café «O MARTINHO» no antigo «LARGO DE CAMÕES» hoje «PRAÇA DE DOM JOÃO DA CÂMARA».
A designação popular de «MARTINHO DA ARCADA» surge para distinguir este do outro café no «LARGO DE CAMÕES».
«MARTINHO BARTOLOMEU RODRIGUES», homem altamente operacional e bom negociante, arranjou também outra solução com vista a obter gelo em abundância para o fabrico dos seus sorvetes, chegando a manter cinco ou seis poços de gelo, na «SERRA DA LOUSû em «SANTO ANTÓNIO DAS NEVES».
Foi ele que deixou em testamento os dois cafés ao escrivão do tribunal do Comércio, «JULIÃO BARTOLOMEU RODRIGUES», que era o dono deles em final do século XIX (1899). No início do século XX, o dono já era outro «JOSÉ ISIDORO PEREIRA», que por escritura de 28.12.1925 trespassou a casa à firma «MOURÃO & SIMÕES, LDA.».
No ano de 1928 o «MARTINHO DA ARCADA» passou para a posse do sócio dessa firma, «ALFREDO DE ARAÚJO MOURÃO», e em 1960, por sua morte, tornou-se dona desta casa a sua filha, «D. ALBERTINA DE SÁ MOURÃO».
Em 1984 era classificado pelo «IIPC» como imóvel de interesse público. No ano de 1988 é aberto um concurso para a sua remodelação, sendo a obra atribuída ao Engº. «HESTNES FERREIRA».
Em 22 de Fevereiro de 1990, o «CAFÉ MARTINHO DA ARCADA» reabriu com nova gerência e uma luxuosa sala de jantar.
Por este «CAFÉ MARTINHO DA ARCADA» passaram vários nomes das nossas letras tais como: BOCAGE, CESÁRIO VERDE, ANTÓNIO BOTO, JOSÉ SARAMAGO e o célebre FERNANDO PESSOA que nele dizem, ter escrito os poemas da «MENSAGEM». Actualmente há um painel de azulejos representando o escritor.
--//--
BIBLIOGRAFIA
- AS MURALHAS DA RIBEIRA DE LISBOA de A. Vieira da Silva - Volume I - Publicações Culturais da CML - 1987 - LISBOA.
- DISPERSOS de Augusto Vieira da Silva - Volume II - Biblioteca de Estudos Olisiponenses - 1985 - LISBOA.
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena - 1994 - LISBOA.
- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE PORTUGAL de José Correia do Souto - Volume IV - 1985 - LISBOA.
- ITINERÁRIOS TEMÁTICOS DE LISBOA (Recantos e Lugares) de Gabriela Carvalho - Medialivros, SA e CML - 2003 - LISBOA.
- LISBOA ANTIGA E LISBOA MODERNA de Angelina Vidal - Colecção Memórias de Lisboa - LISBOA.
- O LIVRO DE LISBOA - Coordenação de Irisalva Moita - Livros Horizonte - 1994 - LISBOA.
- PEREGRINAÇÕES EM LISBOA de Norberto de Araújo - Livro XII - LISBOA.
(PRÓXIMO) - «RUA DE XABREGAS [ I ] - O SÍTIO DE XABREGAS»




domingo, 7 de fevereiro de 2010

RUA DA PRATA [ VIII ]

Rua da Prata - (2009) - Foto de APS (Um troço da Rua da Prata) ARQUIVO/APS
Rua da Prata - (2004) - (Foto gentilmente cedido pelo blogue "Formiguinha Atómica") (Interior das Galerias Romanas da Rua da Prata) in FORMIGUINHA ATÓMICA

Rua da Prata - (2004) - (Foto gentilmente cedido pelo Blogue "Formiguinha Atómica") (Interior das Galerias Romanas da Rua da Prata) in FORMIGUINHA ATÓMICA


Rua da Prata - (2004) - (Foto gentilmente cedido pelo Blogue "Formiguinha Atómica")(Entrada para as Galerias Romanas na Rua da Conceição) in FORMIGUINHA ATÓMICA
--//--
(CONTINUAÇÃO)
RUA DA PRATA [ VIII ]
«AS TERMAS ROMANAS DA RUA DA PRATA (2)»
Num edifício construído na «RUA DA PRATA» que foi profundado até oito metros abaixo do leito da rua, encontraram-se, até cerca de três metros de profundidade, entulhos recentes, posteriores ao Terramoto; a essa profundidade começavam os alicerces dos prédios de construção pombalina.
Existia um poço pertencente a um dos prédios demolidos, cujo nível da água ficava a uns quatro metros de profundidade relativamente ao leito da rua, e que era abastecido com as águas do lençol subterrâneo, sem comunicação com qualquer reservatório, (foi demolido sem se ter encontrado qualquer coisa digna de menção) apenas tinha no fundo muitos cacos de bilhas e de garrafas.
Daí para baixo, até à profundidade de oito metros, o terreno era de argila compacta, e à dita profundidade encontra-se a praia de areia, com conchas de mariscos, como as da época actual. Aí deparou-se um fragmento de um cano de drenagem de origem romana, formado por tijoleira imbricadas, com a extensão aproximada de quatro a cinco metros.
Se a oito metros não havia restos de obra romana, fica provado que ainda no tempo do domínio romano existia o esteiro do TEJO que penetrava pelo vale da «BAIXA».
Podemos admitir, portanto, que sendo então profundo todo o esteiro da «BAIXA», e estando descoberto que os Romanos construíram o seu tubo de drenagem a oito metros abaixo do nível actual das ruas, tenham construído as suas "termas" a quatro metros abaixo do mesmo nível, sobre terreno de rocha, com as suas nascentes a borbulharem do fundo do reservatório.
Em 1808 a «CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA», em virtude de uma queixa apresentada pelo médico «DR. AUGUSTO JOÃO DE MESQUITA», mandou proceder a reparos na altura chamadas «ÁGUAS SANTAS DA RUA BELA DA RAINHA». A sua entrada era pelo poço da escada com o número 59. Existiam umas infiltrações de cano de esgoto de um prédio da «RUA DE S. JULIÃO», e era necessário não deixar inquinar a preciosa água. A obra foi realizada entre Fevereiro e Março desse ano. Cimentou-se o lajedo do pavimento e fizeram-se as paredes de cimento que lá estão a cortar três das galerias.
Foi então que se construiu a escada que dá para a «RUA DA CONCEIÇÃO» pelo motivo do assentamento da linha do eléctrico lhe ter tapado o acesso.
A construção do vasto conjunto arquitectónico é atribuído ao «SÉCULO I» época de «TIBÉRIO» e ocupa o subsolo subjacente e grande parte dos quarteirões situados entre a «RUA DOS FANQUEIROS», «RUA DA PRATA», «RUA AUGUSTA», «RUA DA CONCEIÇÃO» e «RUA DE S. JULIÃO». Actualmente é visitável pelo público, através de um alçapão localizado na «RUA DA CONCEIÇÃO» perto do número 77, apenas uma vez por ano (três dias no mês de Setembro), e só o sector correspondente ao quarteirão que esquina com a «RUA DA CONCEIÇÃO» e da «RUA DA PRATA».
A primeira das visitas às «TERMAS ROMANAS», foi organizada no ano de 1909 por iniciativa da «ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA».
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «RUA DA PRATA [ IX ] - MARTINHO DA ARCADA»



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

RUA DA PRATA [ VII ]

Rua da Prata - (1936) - (Desenho do Engº. Augusto Vieira da Silva) (Termas Romanas dedicadas a ESCULÁPIO) - Publicado em DISPERSOS - 2ª Edição - Volume II - Publicações Culturais da Câmara Municipal de Lisboa - 1985 - LISBOA.
Rua da Prata - (1936) -(Desenho do Engº. Augusto Vieira da Silva (Termas Romanas dedicadas a ESCULÁPIO) - Publicado em DIVERSOS - 2ª Edição - Volume II - Publicações Culturais da Câmara Municipal de Lisboa - 1985 - LISBOA.

Rua da Prata - (1909-10) - Foto de Joshua Benoliel (O fotógrafo J. Benoliel falando com o chefe Carvalho dos Bombeiros, nas Termas Romanas da Rua da Prata) in AFML


Rua da Prata - (1909-10) - Foto de Joshua Benoliel ( O fotógrafo JB falando com o chefe Carvalho dos Bombeiros, nas Termas Romanas da Rua da Prata) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
RUA DA PRATA [ VII ]
«AS TERMAS ROMANAS DA RUA DA PRATA (1)»
As «TERMAS ROMANAS DA RUA DA PRATA», dedicadas a «ESCULÁPIO», foram descobertas em 1770 e ficam situadas no subsolo da «RUA DA PRATA» e «RUA DA CONCEIÇÃO» antiga «RUA DOS RETROZEIROS», e por baixo dos prédios que formam a esquina sudoeste das ditas ruas.
As «TERMAS ROMANAS», também conhecidas por «TERMAS DOS AUGUSTAIS», foram descobertas por uma consequência das obras de reedificação que se seguiram ao terramoto de 1755.
Aquelas fortes e dominadoras galerias de arcos contrafortados, de uma solidez inteligente que chega a ter beleza, traçadas sob as paredes mestras dos prédios que os amparam uns contra os outros nos quarteirões setecentistas, riscados por «MANUEL DA MAIA», estão ali, não documentando um balneário romano que sobre elas se erguem à babugem da água do antigo esteiro do Tejo, mas um jogo e um tramo de suportes de alicerces, aguentando o peso das descargas murais, com aproveitamento das nascentes, ao mesmo tempo para benefício dos moradores, antes do terramoto.
Assim, depois de 1755 «MANUEL DA MAIA», «CARLOS MARDEL» e «EUGÉNIO DOS SANTOS» foram os encarregados de resolver e construir entre o «TERREIRO DO PAÇO» e o «ROSSIO», a cidade nova, modificando as ruínas restauráveis dos velhos arruamentos de Lisboa, entulhando os desnivelados quarteirões que o terramoto aluíra.
Deixa-nos antever que toda a "BAIXA", todos os seus quarteirões, foram erguidos sobre a rede resistente de galerias arqueadas, de arcos de cantaria curvados sobre fontes, bicas e nascentes, de que se alastra à roda do troço da «RUA DA PRATA», entre a de «SÃO JULIÃO» e a da «CONCEIÇÃO».
O exame feito em conjunto de vários poços vizinhos e distantes, todos acusam a meio fundo, o abobadado dos reservatórios, dá a entender isso mesmo.
Nenhuma providência nem a menor referencia foram feitas a estes reservatórios de água, e não parece natural que, estando em estudo os projectos de reconstrução da «CIDADE DE LISBOA», que por «MANUEL DA MAIA» ou sob a sua superintendência, foram feitos logo em 4 de Dezembro de 1755.
Naquele local da "BAIXA" havia e há vários poços que vão abastecer-se nas «CONSERVAS DE ÁGUA», também há muitos outros que não têm relação alguma com aquela origem.
Existiu até ao Terramoto no antigo «LARGO DO POÇO DA FOTEA» e actual «RUA DE SÃO JULIÃO» junto do quarteirão entre a «RUA DA PRATA» e a «RUA DOS FANQUEIROS» o célebre «POÇO DA FOTEA», que tinha "muito boa água", e esta procedia das galerias e do reservatório a que nos estamos a referir.
Existe na "BAIXA", de facto, um lençol de água, aí por uns três ou quatro metros de profundidade, que se formou em consequência do lançamento de entulhos, de terras argilosas e de sedimentação em diferentes épocas, e que pouco a pouco, com o decorrer dos séculos, formaram uma camada impermeável que encaminha as águas segundo esse lençol.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DA PRATA [ VIII ] - AS TERMAS ROMANAS DA RUA DA PRATA (2)».