sábado, 28 de setembro de 2013

RUA DA JUNQUEIRA [ XV ]

 Rua da Junqueira - (2013) (O edifício da "Cordoaria Nacional" virado para a "RUA DA JUNQUEIRA") in  GOOGLE EARTH
 Rua da Junqueira - (2013) (A "Cordoaria Nacional" no seu percurso na "Rua da Junqueira" até à "Travessa das Galeotas", no lado direito o "Chafariz da Junqueira") in  GOOGLE EARTH
 Rua da Junqueira - (2013) (A "Cordoaria Nacional" vista de Nascente para Poente da "Avenida Brasília") in  GOOGLE EARTH
 Rua da Junqueira - (2013) -(Vista obtida da "Avenida Brasília" da "Cordoaria Nacional" de Sul para Norte) in  GOOGLE EARTH
 Rua da Junqueira - (194_) Foto de Kurt Pinto ( A "Cordoaria Nacional" virada para a "Avenida da Índia", vista da parte Sul de nascente para poente. Ao fundo alguns Pavilhões da Exposição do Mundo Português. à direita restos do forte da Junqueira, nesta altura ainda não existia a "Rua Mécia Mouzinho de Albuquerque" nem a FIL) in  AFML 
Rua da Junqueira - (1966) - Foto de Armando Serôdio (O Edifício da "Cordoaria Nacional" apresenta nos topos pavilhões de maiores dimensões, em que é patente o cuidado no tratamento dos cunhais e portas, apesar de se tratar de uma construção de carácter industrial) (Abre em tamanho grande) in   AFML


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ XV ]

«A CORDOARIA NACIONAL ( 2 )»

O "INSTITUTO SUPERIOR NAVAL DE GUERRA» também foi acolhido por este edifício.
Com a reorganização da "ARMADA" após a primeira grande guerra (1914-1918), foi criado em 1920 o "CURSO NAVAL DE GUERRA" que em 11 de Abril de 1930, se dividiu num "CURSO ELEMENTAR", para primeiro-Tenente, e num "CURSO COMPLEMENTAR", ao qual mais tarde foi dado o nome de "SUPERIOR NAVAL DE GUERRA", destinado a Capitão-de-mar-e-guerra.
Estes cursos funcionavam inicialmente no "ESTADO-MAIOR DA ARMADA", no edifício do "MINISTÉRIO DA MARINHA" na "Praça do Comércio". Em 1948, por Decreto nº 37130 criou o "INSTITUTO SUPERIOR NAVAL DE GUERRA", em 1962 transitou para a ala do edifício da "FÁBRICA NACIONAL DE CORDOARIA" para instalações construídas para a "MARINHA" que ainda se mantém. 
O edifício sofreu ao longo dos tempos, diversas campanhas de obras, umas ditadas pelos incêndios que nela grassaram, outras pela necessidade de adaptação dos seus espaços à instalação de serviços, que não representava a sua vocação inicial, quer pelas alterações impostas pelo tecido viário circundante.
Da sua traça arquitectónica embora sem decoração, destacam-se apenas os portais das fachadas Norte e do corpo Central um portal com emolduramento de cantaria animada por janelas de avental e verga curva.
Na fachada Sul do mesmo corpo Central podemos encontrar um portal com moldura e verga em arco abatido.
Este edifício com cerca de 225 anos, já teve vários nomes: «REAL FÁBRICA DA CORDOARIA DA JUNQUEIRA», «REAL CORDOARIA DA JUNQUEIRA» actualmente «FÁBRICA NACIONAL DA CORDOARIA», mais conhecida pela "CORDOARIA NACIONAL"
Quanto ao sítio edificado paralelo ao Tejo, assenta no prolongamento sucessivo de aterros verificados em anos transactos na direcção ao rio. A sua parte central ou seja, sensivelmente a 200 metros, está instalada na antiga praia da "JUNQUEIRA" e por cima da foz do «RIO SECO» que na altura da sua construção obrigou à implantação de um caneiro sob o edifício. 
Para Norte e no enfiamento do "Palácio e Quinta das águias", existem "AS GRUTAS DO RIO SECO".

Em Janeiro de 2010 foi elaborado um parecer sobre as condições "GEOLÓGICAS-GEOTÉCNICAS" dos terrenos onde se encontra a "CORDOARIA NACIONAL". Se o leitor estiver interessado em saber mais, pode dar uma olhadela a este link.

Hoje em dia, algumas secções da "CORDOARIA NACIONAL" estão abertas ao público, principalmente onde alberga várias exposições ao longo do ano.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ XVI ] O PALÁCIO E QUINTA DAS ÁGUIAS ( 1 )»

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

RUA DA JUNQUEIRA [ XIV ]

 Rua da Junqueira - (2006) - Foto de autor não identificado (Entrada principal da "Fábrica Nacional de Cordoaria", na "Rua da Junqueira" in  MUSEU DA MARINHA 
 Rua da Junqueira - (2013) (A "Cordoaria Nacional" vista na "Rua da Junqueira" parte Norte, junto da "Travessa Mécia Mouzinho de Albuquerque") in  GOOGLE EARTH
 Rua da Junqueira - (1961) Foto de Arnaldo Monteiro ("Cordoaria Nacional" fachada norte virada para a "rua da Junqueira") (Abre em tamanho grande) in AFML 
 Rua da Junqueira - (2007) (Panorâmica do conjunto de edifícios da "Cordoaria Nacional" entre a "Rua da Junqueira", "Avenida da Índia", "Travessa Mécia Mouzinho de Albuquerque" e "Travessa das Galeotas") in GOOGLE EARTH
 Rua da Junqueira - (194_) Foto de Kurt Pinto ("Cordoaria Nacional" virada a Sul "Avenida da Índia". Foi transferida para a Junqueira em finais do século XVIII e destinava-se à produção de cabos e lonas para a Armada)  in  AFML 
Rua da Junqueira - (1934 ) - Foto de Eduardo Portugal ( Panorama do edifício da "Cordoaria Nacional" antes da demolição efectuada em 1940, para permitir o alargamento da "Avenida da Índia". O exterior apresenta ainda características próximas do seu aspecto primitivo, em que se salienta a sucessão ritmada das janelas) (Abre em tamanho grande)  in  AFML

(CONTINUAÇÃO) RUA DA JUNQUEIRA [ XIV ]

«A CORDOARIA NACIONAL ( 1 )»

A Construção do edifício da «FÁBRICA NACIONAL DE CORDOARIA» na "RUA DA JUNQUEIRA", determinada pelo Decreto de 29.06.1771 pelo «MARQUÊS DE POMBAL», provavelmente com projecto do Arquitecto "REINALDO MANUEL DOS SANTOS" (Oficial da "Casa do Risco")  na  segunda metade do século XVIII.
Em 1788, estava concluída a grande oficina de "CORDAME", onde decorreu a principal actividade desta fábrica de cordas, que também manufacturou  cabos, velas, tecidos e bandeiras, tinha ainda secções de tinturaria, engomadoria, urdidura arranjada, de velas, alfaiataria, tecelagem, para além dos espaços de apoio, como a carpintaria e serralharia, os serviços de administração e outros equipamentos para as naus portuguesas. Imagina-se que alguns destes serviços se instalaram durante o século XIX.

O edifício situa-se na JUNQUEIRA sobre terrenos contíguos ao «FORTE DE S. JOÃO DA JUNQUEIRA», um conjunto de oficinas que se distribuem por três corpos, caracteriza-se por uma planta longitudinal edificada paralelamente ao rio TEJO.

Com cerca de 394 metros de frente e 125 de profundidade, a sua traça arquitectónica praticamente despojada de decoração, testemunho de uma construção de carácter industrial onde se albergam as oficinas.

Em 1826 e 1949 foi parcialmente destruído pelo fogo, mas logo reconstruído de ambas as vezes. Acabou por perder uma boa parte da sua área de terreno para ceder à construção da actual "AVENIDA DA ÍNDIA", que lhe fica no lado do rio ou seja a Sul.
Dadas as grandes dimensões do edifício, foram inúmeras as instituições estranhas à "CORDOARIA" que nele se instalaram.
Delas destacamos a oficina de instrumentos matemáticos e náuticos de "JACOB BERNARD HAAS", contratado pela MARINHA, foi fabricante de instrumentos náuticos e mestre desta oficina entre 1800 e 1828, data do seu falecimento. Foi substituído, pelo seu sobrinho "JOÃO FREDERICO HAAS", que ali se manteve até à extinção da oficina em 1865.

Estiveram ainda nesta "CORDOARIA" a funcionar; o "RECOLHIMENTO DE SANTA MARIA DE CARTONA", o "HOSPITAL COLONIAL" e o "QUARTEL DE TROPAS DO ULTRAMAR".
Em 1902 foi aqui instalada a "ESCOLA DE MEDICINA TROPICAL", cujo o nome em 1937 passou para "INSTITUTO DE MEDICINA TROPICAL", com laboratórios, biblioteca especializada e instalações de Higiene e Patologia Exóticas.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ XV ]-A CORDOARIA NACIONAL (2)»

sábado, 21 de setembro de 2013

RUA DA JUNQUEIRA [ XIII ]

 Rua da Junqueira - (2008) Foto de autor não identificado (O "Chafariz da Junqueira" com o traço do arquitecto "Honorato José Correia de Macedo e Sá". No século XX teve uma intervenção urbanística da autoria do Arquitecto "Raul Lino") in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS
 Rua da Junqueira - (2008) Foto de autor não identificado (O "Chafariz da Junqueira" vista tirada no passeio da "Cordoaria Nacional" in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS
 Rua da Junqueira - (2011) Foto de autor não identificado (Uma panorâmica do "Chafariz da Junqueira" no seu aspecto actual) in HISTÓRIA DE PORTUGAL
Rua da Junqueira - (2013) (O "Chafariz da Junqueira" implantado num Largo, junto da "Rua da Junqueira") in GOOGLE EARTH 
 Rua da Junqueira - (2011) Foto de autor não identificado (Pormenor da assinatura da "Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego Limitada" construtora dos azulejos decorativos para o "Chafariz da Junqueira") in  HISTÓRIA DE PORTUGAL
 Rua da Junqueira - (1959) Foto de Armando Serôdio (Panorama do "Chafariz da Junqueira" ou da "Cordoaria", depois do arranjo da autoria do Arqº. "Raul Lino", em que se procedeu à colocação de azulejos policromáticos da "Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego") in AFML
 Rua da Junqueira - (1944) Foto de António Passaporte (Pormenor do frontão do "Chafariz da Junqueira", onde se observa a esfera armilar carregada e coroada com o escudo Nacional, representativo das armas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve, com uma inscrição no corpo principal, onde se pode ler: AGOAS LIVRES ANNO DE 1821. Podemos ainda referir, que a decoração do muro envolvente com azulejos de tapete, foi posteriormente alterada) in  AFML 
 Rua da Junqueira - (Início do séc.XX)? Foto de Chaves Cruz (O "Chafariz da Junqueira" ou da "Cordoaria". Apreciável pelo seu traçado em Arco aberto, balizado por fortes pilares de secção quadrada nas suas extremidades, pormenores da responsabilidade de "Honorato José Correia de Macedo e Sá, autor da traça original) in AFML
Rua da Junqueira - (Início do séc.XX)? Foto de autor não identificado (O "Chafariz da Junqueira" também conhecido como "Chafariz da Cordoaria". Possivelmente construído entre 1821 e 1828 de arquitectura estrutural tardo-barroco, está implantado num Largo fronteiro à Cordoaria Nacional) in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ XIII ]

«O CHAFARIZ DA JUNQUEIRA OU DA CORDOARIA»

O «CHAFARIZ DA JUNQUEIRA», também conhecido por «CHAFARIZ DA CORDOARIA» foi construído entre 1821 e 1828 tendo sido projectado pelo arquitecto da "JUNTA DAS ÁGUAS LIVRES" «HONORATO JOSÉ CORREIA DE MACEDO E SÁ».
Localiza-se na "RUA DA JUNQUEIRA" entre os números 154 e 156, fronteiro ao edifício da "CORDOARIA NACIONAL", ligado à distribuição de água de LISBOA, pelas "ÁGUAS LIVRES", do tipo caixa de água, com a face frontal em forma de espaldar rectangular, franqueado por pilares toscanos, de fuste almofadado, rematando com elementos de curva e contracurva, onde domina a decoração de acantos, concheados e enrolamentos. No espaldar inscrevem-se duas bicas boleadas, o esquema mais comum nos chafarizes de LISBOA, que vertem para tanques de planta contracurva e muro, com  bordo boleado, onde surgem dois pilares e réguas metálicas para apoio do vasilhame.
A estrutura remata em elemento curvo, flanqueado por enrolamentos e encimado por esfera armilar, contendo as armas do "REINO UNIDO DE PORTUGAL, BRASIL e ALGARVE", num esquema semelhante ao "CHAFARIZ DO INTENDENTE", estrutura na qual se filia, uma vez que possuem estruturas semelhantes, sendo o do INTENDENTE mais elaborado.
Inicialmente abastecido por águas das minas do ALTO DE SANTO AMARO em 24.06.1822 em pequena quantidade, fizeram-se novas minas nas imediações do RIO SECO em 18.08.1838, para obter mais abundância. No século XX, a envolvente foi objecto de um arranjo urbanístico, segundo um projecto do arquitecto "RAUL LINO", integrando dois panos de muro curvos, formando uma elipse aberta frontalmente, decorados com silhares de azulejos da "FÁBRICA DE CERÂMICA VIÚVA LAMEGO", executados por "MÁRIO REIS", (com atelier na "RUA DA BEMPOSTINHA", 23 em LISBOA), de expressão  neo-rococó, coadunando-se com os elementos do chafariz, onde surgem azulejos em monocromia, representando aves, rodeado por apainelado de acantos e enrolamentos, sobre fundo de azulejo de "pedra torta", aos panos estão adossados bancos de cantaria, porta de verga recta e dupla moldura, rematada por frontões de lanços, com amplos balaústres de acesso à parte posterior, onde se encontra a arca da água.

Com enquadramento urbano, endossado a edifícios plurifamiliares, inserido no contexto urbano da "RUA DA JUNQUEIRA" integrado num conjunto de um quarteirão descaracterizado ao nível urbano, cujos limites são definidos apenas na zona em que faz fronteira com a rua. Está implantado junto à via pública, pavimentada a alcatrão, separado por passeio público pavimentado a calçada de calcário. Encontra-se situado em frente ao edifício da "CORDOARIA NACIONAL", nas imediações da "QUINTA DAS ÁGUIAS" que se desenvolve para o lado direito e a "CASA NOBRE DE LÁZARO LEITÃO ARANHA"/"UNIVERSIDADE LUSÍADA", desenvolvida no lado esquerdo.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ XIV ] A CORDOARIA NACIONAL (1)» 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

RUA DA JUNQUEIRA [ XII ]

 Rua da Junqueira - (2008) Foto de Dias dos Reis ( A entrada do "Hospital Egas Moniz" na "Rua da Junqueira, Lisboa) in  DIAS DOS REIS
 Rua da Junqueira - (2013) (Panorâmica do "Hospital Egas Moniz", na "Rua da Junqueira" no número 126  antiga "Quinta do Saldanha") in GOOGLE EARTH
 Rua da Junqueira - (1961) Foto de Arnaldo Madureira (Antigo "Hospital do Ultramar", antes de lhe terem acrescentado o novo edifício de 8 pisos) in AFML 
Rua da Junqueira - (1961) Foto de Arnaldo Madureira (A "Capela" do antigo "Hospital do Ultramar", hoje "Hospital Egas Moniz", com  entrada pela  "Rua da Junqueira") in AFML


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ XII ]

«O HOSPITAL EGAS MONIZ»

O "HOSPITAL COLONIAL" foi criado por carta de Lei de 24 de Abril de 1902, ficando inicialmente instalado na ala nascente da "CORDOARIA NACIONAL", onde também funcionava o "INSTITUTO DE MEDICINA TROPICAL".

O objectivo principal era dar assistência médica a funcionários civis e militares, que eventualmente regressassem do ULTRAMAR em condições físicas lastimáveis com doenças infecciosas.

O ESTADO no ano de 1919 adquire a «QUINTA DO SALDANHA» na "JUNQUEIRA" para aí poder construir um "PAVILHÃO DE INTERNAMENTOS". Este foi inaugurado no ano de 1925, construído a expensas de MACAU, tendo recebido o seu nome. Noutros edifícios espalhados pela QUINTA funcionava a enfermaria tropical que se destinava a tratar indigentes vindos do ULTRAMAR.
No ano de 1948, por despacho do "MINISTRO DO ULTRAMAR" o Hospital passa a designar-se "HOSPITAL DO ULTRAMAR", ficando também decidido aumentar os serviços com cirurgia, um pavilhão de doenças infecto-contagiosas, sistemas de radiologia e análises clínicas.
O Pavilhão de Doenças Infecto-Contagiosas, concluído em 1953 ficou separado do edifício principal. Actualmente está ligado ao restante hospital por um corredor de acesso designado por "manga".
Em 1957, é inaugurado o "HOSPITAL DO ULTRAMAR" com a conclusão das obras do edifício de "MEDICINA" e "CIRURGIA" e restantes serviços. A sua construção aproveitou o então "PAVILHÃO DE MACAU" que actualmente não é visível.
Em finais da década de 60 o "HOSPITAL DO ULTRAMAR" já não conseguia corresponder às muitas solicitações, pelo que se decidiu construir um novo edifício de 8 pisos, que lidado ao edifício velho faz desaparecer a sua entrada.
Este edifício entrou em actividade em 6 de Março de 1975 e por força da extinção do "MINISTÉRIO DO ULTRAMAR", passou para a dependência do "MINISTÉRIO DOS ASSUNTOS SOCIAIS", passando a designar-se por «HOSPITAL EGAS MONIZ» uma vez que, nesse ano, corria o centenário do Professor Dr. "EGAS MONIZ".
Em 2002 através do decreto-Lei Nº 278/2002 de 9 de Dezembro, o Hospital é transformado em Sociedade Anónima de Capitais exclusivamente públicos.
Em 29 de Dezembro de 2005 o Hospital foi integrado no "CENTRO HOSPITALAR DE LISBOA OCIDENTAL E.P., juntamente com os Hospitais de "SANTA CRUZ" e de "SÃO FRANCISCO XAVIER". 
O «HOSPITAL EGAS MONIZ» está situado na "RUA DA JUNQUEIRA", 126.

PAVILHÕES NEOGÓTICOS
Nos terrenos do «HOSPITAL EGAS MONIZ», na extremidade de cada canto do terreno ajardinado, encontram-se dois pequenos pavilhões mal enquadrados no conjunto moderno. São duas construções iguais e simétricas, de calcário e de planta quadrada, com janelas neogóticas sobre a rua e porta do mesmo estilo dando para o restante HOSPITAL.
As janelas com arco quebrado, de perfil lanceolado, são amaineladas com tímpanos rendilhados, igual ao das portas. O conjunto encontra-se enquadrado por pilastras construídas por três colunelos terminados por capitéis estriados. A "QUINTA DA EGA" era muito vasta e ia até à "RUA DA JUNQUEIRA" e ao "ALTO DE SANTO AMARO", pelo que é perfeitamente natural terem os seus proprietários mandado executar na cerca da sua quinta, sobre a rua, aqueles mirantes.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ XIII ]-O CHAFARIZ DA JUNQUEIRA OU DA CORDOARIA»

sábado, 14 de setembro de 2013

RUA DA JUNQUEIRA [ XI ]

 Rua da Junqueira - (2008) Foto de Dias dos Reis (O "Palácio Pessanha" na "Rua da Junqueira" construção do final do século XVIII) in DIAS DOS REIS
 Rua da Junqueira - (2013) Foto de Manoliveira (O "Palácio Pessanha" e seu frontão triangular com rosetão central) in BOCAS FOLEIRAS
 Rua da Junqueira - (2013) Foto de Manoliveira ("Palácio Pessanha" desenho do levantamento do edifício) in BOCAS FOLEIRAS
 Rua da Junqueira - (2013) Foto de Manoliveira ("Fontanário" de bacia redonda e uma concha de mármore, no interior do "Palácio Pessanha", hoje "Departamento de Relações Internacionais e Convenções de Segurança Social" na Rua da Junqueira) in BOCAS FOLEIRAS
 Rua da Junqueira - (1965) Foto de Armando Serôdio ("Palácio Pessanha", datado do 3º quartel do séc. XVIII, na "Rua da Junqueira") in AFML 
 Rua da Junqueira - ( 1967) Foto de Augusto de Jesus Fernandes ("Palácio Pessanha/Valadas" na "Rua da Junqueira, 112)  in  AFML 
Rua da Junqueira - (1968) Foto de Armando Serôdio (O "Palacete PESSANHA/VALADA" na "Rua da Junqueira", 112 uma construção do século XVIII)  in  AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ XI ]

«O PALACETE  PESSANHA/VALADA»

O "PALACETE PESSANHA" na "Rua da Junqueira no número cento e doze, onde hoje está instalado o "Departamento de Relações Internacionais e Convenções de Segurança Social-DRISS", Foi mandado construir depois do terramoto de 1755 por, "D. JOÃO DA SILVA PESSANHA"(1794-1864) administrador dos Morgados de Fontalva, Fonte Boa e Brino, casado com "D. FRANCISCA DE NORONHA", filha dos CONDES DE PENICHE.
Uma sua neta "D. FRANCISCA BERNARDA DA SILVA PESSANHA" filha de "D. ANTÓNIO DA SILVA PESSANHA", veio a casar com "D. ANTÓNIO TORRES DE LUSIGNAN", CONDE DE SÃO PAYO" na Capela da "Quinta dos Ciprestes", na freguesia da AJUDA, a 29 de Junho de 1868. (Seria esta propriedade que se chamava "Quinta dos Ciprestes"?).
Veio depois a comprar este Palacete o "2º MARQUÊS DE VALADA"; "D. JOSÉ DE MENESES DA SILVEIRA E CASTRO" (1826-1895). Par do Reino do Conselho de S.M. el-Rei "D. Luís", oficial-mor da Casa Real. Comendador da Ordem de Cristo e da Ordem de Santiago, bailio da Ordem de S. João de Jerusalém(Malta), membro da Academia das Ciências Britânicas e senhor dos Morgados da CAPARICA e da PATAMEIRA. Foi um homem notável, inteligentissimo e duma erudição espantosa.
Este Palacete foi também propriedade da CONDESSA DE "PORTO BRANDÃO".

O Palacete apresenta planta rectangular simples, desenvolvida em torno de um pequeno pátio central, com acesso por vestíbulos parcialmente abertos, com túnel de ligação ao pátio posterior, tendo capela adossada à fachada posterior.
O edifício tem três fachadas, a principal voltada a Sul e as laterais a Este e Oeste, tratadas todas com esmero. A fachada principal, de corpos separados por pilastras, tem no meio um frontão triangular cujo tímpano surge profundamente decorado com elementos fitomórficos e rosetão central.
As janelas do andar nobre são três, de sacada, seguindo-se uma varanda comum para as três janelas, e a terminar, outras janelas de sacada.
A varanda assenta sobre duas consolas que nascem da moldura do portão principal.
As varandas têm grades de ferro forjado com desenho do século XVIII. O portão de entrada abre sobre um pátio, tendo nas paredes laterais medalhões de azulejos de cenas campestres, um de merenda e outro de vindima, datados de 1920 e ambos assinados por "A. QUARESMA".
O tecto desse pátio é de estuque, com medalhão, seguindo-se outro pátio descoberto que dá para o que deveria ter sido o jardim e na casa que se encontra ao fundo um interessante fontanário de bacia redonda e uma concha de mármore, decora o pátio posterior que integrava o primitivo jardim, de cariz tardo-barroco.
No século XX, o prolongamento do edifício para o lado Oeste, através da criação de uma segunda ala, não alterou do ponto de vista formal ou visual. O interior evidencia uma linguagem neo-barroca na decoração de uma imponente escadaria de dois lanços.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ XII ] - O HOSPITAL EGAS MONIZ»

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

RUA DA JUNQUEIRA [ X ]

 Rua da Junqueira - (2008) Foto de autor não identificado ("PALÁCIO DA EGA" na "Calçada da Boa-Hora", hoje "Arquivo Histórico Ultramarino") in  INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO CIENTIFICA TROPICAL
 Rua da Junqueira - (2008) ("Palácio da Ega" interior do Salão Pompeia", representando as vistas das cidades portuárias da Europa do século XVIII. Esta salão este aberto ao público no ano de 2008) in  INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO CIENTIFICA TROPICAL
 Rua da Junqueira - (anos 30 do séc. XX) Foto de Eduardo Portugal ( O "Palácio da Ega" também conhecido pelo "Palácio do Pátio Saldanha" e seus jardins) (Abre em tamanho grande) in AFML
Rua da Junqueira - (1946)? Foto de Horácio Novais (O "Palácio da Ega" com entrada pela "Calçada da Boa-Hora". Este palácio foi vendido em 1843 a um capitalista o "Barão Folgosa", que promoveu obras fundamentais, dando-lhe um aspecto exterior semelhante ao que apresenta actualmente. A partir de 1919, foi vendido ao "Ministério das Colónias" para instalação da Escola de Medicina Tropical e construção do "Hospital Colonial" sobre a "Rua da Junqueira") (Abre em tamanho grande) in  AFML

(CONTINUAÇÃO) RUA DA JUNQUEIRA [ X ]

«O PALÁCIO DO PÁTIO DO SALDANHA OU PALÁCIO DA EGA ( 2 )»

O "PALÁCIO DO PÁTIO DO SALDANHA", vulgarmente conhecido pelo «PALÁCIO DA EGA", constitui um edifício de reconhecido valor artístico e histórico.
O seu núcleo primitivo deve remontar ao século XVI, pois sabe-se que em  1582 já existia a "CASA NOBRE", podendo ler-se esta data na curiosa fonte de "embrechados" à entrada do palácio.
O edifício apresenta-se dividido em três corpos principais: o da entrada, cuja fachada dava para o pátio, actualmente um bonito jardim; o do lado Sul, de dois pisos, com uma grande fonte para o TEJO, dando igualmente para um jardim embelezado por um grande lago; e o "SALÃO POMPEIA", a nascente, continuação do corpo anterior e ligando também com um jardim superior.
A fachada apresenta três grandes portões, ostentando o portão central o brasão dos "COUTINHO, ALBUQUERQUE e SALDANHA".
De cada lado do corpo central existem duas enormes varandas. Do átrio sobe-se ao piso superior por duas amplas escadarias, que apresentam lambris de azulejos do século XVII. As salas térreas viradas a sul apresentam também vestígios de azulejos da mesma época. No andar superior, embora as transformações fossem profundas, existe ainda uma grande sala totalmente decorada com painéis de azulejos portugueses de meados do século XVIII, em azul, com motivos campestres e de caça.
Nos princípios do século XVIII acrescentou-se ao Palácio  um enorme salão, designado como sala da música, sala das colunas, sala dos marechais e "SALÃO POMPEIA".
É sobretudo neste magnifico salão que reside o interesse artístico deste edifício. Nele podem admirar-se oito painéis de azulejos holandeses do início do século XVIII, representando vistas das cidades portuárias de Antuérpia, Roterdão, Midelburgo, Colónia, Hamburgo, Veneza, Londres e Constantinopla, e que segundo a opinião de "SANTOS SIMÕES" serão da autoria do artista holandês "BOOMEESTER". 
Este salão foi totalmente transformado nos princípios do século XIX. Foi arrancado o tecto primitivo de madeira, tapadas as janelas superiores e construída a falsa cúpula, cujo bordo assenta em oito colunas de madeira oca. No local das janelas foram pintadas painéis ao gosto da época; conservaram-se os painéis de azulejos, mas sacrificaram-se as fiadas extremas para acomodar a caixilharia de madeira.
Este salão foi classificado como imóvel de interesse público em 1950.

Durante as INVASÕES FRANCESAS conheceu este Palácio um grande esplendor. O "2º CONDE DA EGA", "AIRES JOSÉ MARIA DE SALDANHA", regressado de ESPANHA,  onde estivera como "EMBAIXADOR DE PORTUGAL", mandara fazer importantes obras de embelezamento.
O general "JUNOT", (amigo da família "SALDANHA"), esteve instalado neste PALÁCIO, onde aí se realizaram faustosas festas mundanas. Como consequência dessa "permanência", após a expulsão das tropas francesas, o "CONDE DA EGA" vê-se obrigado a abandonar Portugal e parte com a família para o exílio.
Com o Palácio abandonado, vai servir como HOSPITAL às tropas anglo-lusas  e mais tarde de quartel-general do "MARECHAL WILLIAM CARR BERESFORD"(1768-1854), a quem acaba por ser doado em 1820 por "D. JOÃO VI". Em 1823 a família "SALDANHA" é reabilitada e requer a posse da sua casa senhorial. Depois de longa demanda em tribunal, é-lhe finalmente entregue o Palácio em 1839, mas a situação financeira desta família já não lhe permitia a sua manutenção.
No ano de 1843 o edifício foi vendido a um capitalista o "BARÃO DE FORGOSA" que promove obras fundamentais, dando-lhe um aspecto exterior semelhante ao que apresenta na actualidade.
A partir de 1919, foi vendido ao "MINISTÉRIO DAS COLÓNIAS", para ali instalar a "ESCOLA DE MEDICINA TROPICAL" e a construção de um "HOSPITAL COLONIAL", (para doenças dos países quentes), sobre a "JUNQUEIRA". Porém são levadas a efeito grandes obras de vulto no PALÁCIO em 1931 para poder alojar condignamente o «ARQUIVO HISTÓRICO COLONIAL» hoje «ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO».
CURIOSIDADE
Na "GAZETA DE LISBOA" em 11 de Janeiro de 1806 era publicado o  seguinte: O "CONDE DA EGA" aluga o "PALÁCIO DO SALDANHA". Quem quiser arrendar o "PALÁCIO" do Exmo. "CONDE DA EGA", à "JUNQUEIRA", por um ou mais anos, pode dirigir-se a "Francisco Caetano Tavares", morador no pátio do mesmo Palácio, denominado do "SALDANHA".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ XI ]O PALACETE PESSANHA-VALADA»

sábado, 7 de setembro de 2013

RUA DA JUNQUEIRA [ IX ]

 Rua da Junqueira - (2010) Foto de autor não identificado ("Palácio da Ega" vulgarmente chamado de "Palácio do Pátio do Saldanha", na "Calçada da Boa-Hora, hoje as instalações do "Arquivo Histórico Ultramarino" (Abre em tamanho grande) in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS
 Rua da Junqueira - (ant. 1931) Foto de José Bárcia (O "Palácio da Ega" ou "Palácio do Pátio do Saldanha", com entrada pela "Calçada da Boa-Hora", remonta no seu núcleo primitivo ao século XVII. Em 1758 "Manuel Saldanha e Albuquerque"  Vice-REI da Índia, recebeu o título de "Conde da Ega" que passou a constituir a designação do edifício) (Abre em tamanho grande) in  AFML
 Rua da Junqueira - (início do séc. XX) Foto Joshua Benoliel ( Gradeamento da "Quinta do Saldanha" "Palácio da Ega" que chegavam até à "Rua da Junqueira". Nos extremos da antiga cerca do Palácio, encontram-se (podemos ver na entrada principal  do actual Hospital Egas Moniz)  dois pavilhões Neogótico de construção igual e simétrica, de calcário branco e planta quadrada) (Abre em tamanho grande) in  AFML 
Rua da Junqueira - (anos 30 do séc. XX) Foto de Eduardo Portugal ("Palácio da Ega" e Jardim; o torreão mais elevado que o corpo do edifício é constituído por três vãos, com um falso andar de mezanino coberto por telhado barroco de quatro águas, com robustos acrotérios (1) nos cantos terminando por uma torre-mirante de planta rectangular. Este torreão deve pertencer à ampliação dos finais de seiscentos e princípios do século XVIII. In Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Vol. V (Lisboa) 3º tomo pág. 129. Assembleia Distrital de Lisboa - 1988.) (Abre em tamanho grande) in  AFML 


(CONTINUAÇÃO) - RUA DA JUNQUEIRA [ IX ]

«O PALÁCIO DO PÁTIO DO SALDANHA OU PALÁCIO DA EGA ( 1 )»

O «PALÁCIO DA EGA» à Junqueira, tem a sua história ligada à família "SALDANHA", que se notabilizou ao serviço de PORTUGAL durante três séculos.
Os "SALDANHAS" estabeleceram-se em Portugal cerca do ano de 1475, quando "DIOGO DE SALDANHA" acompanhou como mordomo-mor e secretário a princesa «D. JOANA DE CASTELA», noiva de «D. AFONSO V». "AIRES DE SALDANHA", neto deste "DIOGO DE SALDANHA", foi quem introduziu, com sua mulher, "D. JOANA DE ALBUQUERQUE", o «MORGADO DA JUNQUEIRA» por escritura de 24 de Março de 1600.
Este Morgado foi administrado pelos seus descendentes até ao 4º e último - "CONDE DA EGA", "ANTÃO JOSÉ JOAQUIM SALDANHA ALBUQUERQUE COUTINHO MATOS E NORONHA", que faleceu em 1855 e com quem se extinguiu o título.

Anteriormente um dos descendentes dos "SALDANHAS", administrador do MORGADO, era também (na altura) presidente do SENADO DE LISBOA, "JOÃO DE SALDANHA ALBUQUERQUE COUTINHO MATOS DE NORONHA" que, em 1701 conseguiu de «D. PEDRO II" licença para doar terras e ainda fazer aforamentos "para nelas edificarem casas".
E assim começou a nascer a JUNQUEIRA urbana que, de sítio passa a bairro.
Vendeu terrenos, ficou com outros para ele - MORGADO - construindo casas para arrendar; um seu irmão "JOSÉ DE SALDANHA" adquire também uns terrenos, assim como alguns nobres da altura; "D. JOSÉ CÉSAR" e o "MARQUÊS DE NISA".

Grandes factos históricos de exteriorização militar, se desenrolaram na JUNQUEIRA no século XVIII; festas, cavalhadas e até uma célebre tourada que durou três dias ( 29 a 31 de Março de 1738), quando do vigésimo terceiro aniversário de «D. MARIANA VITÓRIA», já esposa do príncipe herdeiro, futuro REI «D. JOSÉ». A tourada foi organizada pelo "DUQUE DO CADAVAL", "D. JAIME DE MELO" tendo mandado construir para o efeito uma deslumbrante "PRAÇA" já de arena circular.
O Governo pombalino, mostrou-se-lhe no início favorável e foi, em 1754, nomeado governador da «MADEIRA», onde permaneceu com sua família até 1758, data que foi mandado regressar ao Reino para receber uma nova comissão. Foi de grande vulto e honra que «MANUEL DE SALDANHA E ALBUQUERQUE», foi nomeado VICE-REI DA ÍNDIA, recebeu o título de "1º CONDE DA EGA"(1758) (que passou a constituir a designação vulgar do edifício da JUNQUEIRA.
Existia guerra naquele domínio da Coroa, que o novo VICE-REI conduziu com perfeição, fazendo uma paz vantajosa com os "MARATAS"( 2 )
As sua divergências com o "MARQUÊS DE POMBAL" devem-se ao facto da expulsão dos PADRES JESUÍTAS, e o regresso à METRÓPOLE de 221 padres que viviam no "ESTADO DA ÍNDIA", bem como seu irmão o "CARDEAL SALDANHA".
"MANUEL SALDANHA" "VICE-REI da ÍNDIA foi demitido abandonando "GOA" em 25.12.1765 a bordo do navio "Nossa Senhora de Brotas" que o trouxe a LISBOA, onde logo à chegada, foi preso e encarcerado na "TORRE DO OUTÃO".
O "CONDE DA EGA" esteve preso dois anos e dezassete dias dos quais vinte meses no segredo. Atacado duma grave doença de olhos, pediu com esse fundamento para ser libertado, o que lhe veio a ser concedido a 27.12.1768. Tinha cegado, faleceu anos depois na sua "CASA DA JUNQUEIRA".

( 1 ) - ACROTÉRIO - Pequeno soco ou pedestal liso, colocado sobre uma cornija, em especial nas extremidades e no cimo dos frontões clássicos; também é utilizado nas balaustradas para as dividir em secções.

( 2 ) - MARATAS - Povos guerreiros do Indostão (DECÃO). Os seus últimos independentes foram dominados por "WELLINGTON" em (1803).

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ X ] O PALÁCIO DO PÁTIO DO SALDANHA OU PALÁCIO DA EGA ( 2 )».   

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

RUA DA JUNQUEIRA [ VIII ]

 Rua da Junqueira - (2013) Foto de APS (Uma perspectiva do "Hotel Vila Galé Ópera" na "Travessa do Conde da Ponte" que liga à "Rua da Junqueira") in ARQUIVO/APS  
 Rua da Junqueira - (2013) Foto de APS (O "Hotel Vila Galé Ópera" na Travessa do Conde da Ponte"  in ARQUIVO/APS
 Rua da Junqueira (século XVII) (Gravura a buril formato 58x63) (Ex-Libris do "MARQUÊS DE SANDE" "D. Francisco de Melo e Torres", 1º Conde da Ponte e 1º Marquês de Sande) in A ARTE DO EX-LIBRIS 
 Rua da Junqueira - (Depois de 1966) Foto de autor não identificado ("Palacete dos Condes da Ponte" seguindo-se o "Palácio Burnay" e ao longe podemos ver a ponte sobre o Tejo) in DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA 
Rua da Junqueira - (2011) Foto de autor não identificado (Fachada engalanada do "Palacete dos Condes da Ponte" hoje instalações da "Administração do Porto de Lisboa", na "Rua da Junqueira) in MARCAS DAS CIÊNCIAS E DAS TÉCNICAS


(CONTINUAÇÃO)-RUA DA JUNQUEIRA [ VIII ]

«O 1º CONDE DA PONTE - MARQUÊS DE SANDE»

Foi o "1º CONDE DA PONTE" "D. FRANCISCO DE MELO E TORRES", depois "MARQUÊS DE SANDE". Sendo o único "MARQUES DE SANDE", este fidalgo que nasceu em LISBOA, cidade onde também morreu, assassinado em condições misteriosas, na noite de 07.12.1667.
Educado pelos JESUÍTAS, cursou LATIM, HUMANIDADES e MATEMÁTICA. Neste último ramo do saber foi tão forte que escreveu sobre ASTROLOGIA e COSMOGRAFIA. Tinha uma educação excepcionalmente elevada para um fidalgo do seu tempo. Os patriotas de 1640 encontraram-no imediatamente nas suas fileiras e na "GUERRA DA RESTAURAÇÃO" comandou como mestre-de-campo, na batalha do MONTIJO de onde saíra vitorioso. Foi governador de OLIVENÇA e general de Artilharia entre 1648 e 1656.
Após a morte do rei "D. JOÃO IV", ficou na regência do reino, a RAINHA "D. LUÍSA DE GUSMÃO", que o chamou para a carreira diplomática.
A situação com o governo inglês era bastante difícil depois que "OLIVER CROMWELL" mandara executar "Pantaleão de Sá", irmão do "3º Conde de Panaguião", e por outro lado era necessário o apoio da Inglaterra à nossa independência tão recente e ameaçada pela ESPANHA, tanto no terreno da força como na intriga diplomática.  Tudo indicava que em breve retomaria o trono, "CARLOS II". "FRANCISCO DE MELO E TORRES" aplanou todas as dificuldades com o governo republicano de maneira tão hábil que a regente "D. LUÍSA DE GUSMÃO" o terá galardoado por esses serviços com o título de «CONDE DA PONTE».
Ao subir ao trono "CARLOS II", foi ainda o mesmo embaixador encarregado de o cumprimentar e felicitar em nome do REI DE PORTUGAL. Convinha muito à política portuguesa estreitar os laços de amizade com a GRÃ-BRETANHA e, quando se apresentou o problema da escolha de noiva para o soberano inglês, teve o "CONDE DA PONTE" a incumbência de ir a LONDRES propor-lhe a mão da "INFANTA D. CATARINA DE BRAGANÇA". As negociações foram cheias de dificuldades, sendo uma das maiores o CATOLICISMO  da princesa portuguesa mas, ante o dote, o soberano inglês comprometeu-se a dar a mão de esposo a «D. CATARINA DE BRAGANÇA» e a enviar socorros a PORTUGAL, embora negando-se a declarar guerra à ESPANHA, como era nosso desejo. Perante estes primeiros resultados, o apreço da "RAINHA D. LUÍSA DE GUSMÃO" manifestou-se pela concessão ao embaixador o título de «MARQUÊS DE SANDE».
Apesar deste êxito diplomático, as intrigas do embaixador espanhol em LONDRES conseguiram que no regresso do "Marquês de Sande" a LONDRES, encontrasse o rei e o governo inglês com as ideias bastante mudadas sobre os acordos anteriormente estabelecidos. 
A base das intrigas espanholas consistia em afirmar que PORTUGAL nunca poderia pagar o elevado dote da INFANTA, nem  abdicaria de TÂNGER, ao mesmo tempo que várias outras noivas eram sugeridas a "CARLOS II", as quais a ESPANHA recomendava como dando maiores garantias.
O "MARQUÊS DE SANDE" e "CONDE DA PONTE", só à custa dos mais inteligentes e devotados esforços conseguiu fazer voltar a situação ao ponto favorável em que a tinha deixado. Felizmente para nós os interesses de "LUÍS XIV" coincidiam com os nossos e assim pôde habilmente o nosso embaixador apoiar-se na diplomacia francesa que tinha grande influência a ao mesmo tempo fazer ver aos INGLESES que PORTUGAL estava mobilizando activamente o dinheiro prometido.
O "CONDE DA PONTE" foi considerado o primeiro diplomata português do seu tempo, coube-lhe ainda o honroso encargo de ser escolhido pelo "CONDE DE CASTELO MELHOR", o então omnipotente ministro de «D. AFONSO VI", de ir negociar a PARIS o casamento deste rei com uma Princesa de França. Após diversas peripécias, recaiu a escolha em «D. MARIA FRANCISCA ISABEL DE SABÓIA».
O "CONDE DA PONTE" teve um fim trágico: ao regressar da CAPELA REAL à sua residência, na noite de 07.12.1667, foi cruelmente assassinado por sicários ( 1 ) que lhe fizeram uma espera. O caso nunca foi inteiramente esclarecido.
Deixou vários inéditos, entre os quais 8 tomos das "Negociações das suas Embaixadas", de que se publicaram as cartas trocadas sobre o casamento de "D. CATARINA DE BRAGANÇA" com "CARLOS II".
Existe em LISBOA na freguesia de ALCÂNTARA em sua homenagem: a «TRAVESSA DO CONDE DA PONTE» (que liga a "Rua da Junqueira" à "Avenida da Índia") e o «PÁTIO DO CONDE DA PONTE» na (Travessa do Conde da Ponte número 43), ambos os arruamentos, muito próximos da nossa "RUA DA JUNQUEIRA".  

( 1 ) - SICÁRIO - (do Lat. SICARIU "SICA, punhal dos antigos Romanos") s.m. Aquele que mata com SICA; Assassino; Bandido; Cruel; Desumano; Facínora; Facinoroso; Faquista;Malfeitor; Matador e Sanguinário.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO)«RUA DA JUNQUEIRA [ IX ] O PALÁCIO DO PÁTIO DO SALDANHA OU PALÁCIO DA EGA ( 1 )»