sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

BOAS FESTAS




DESEJO A TODOS OS "BLOGUISTAS" E AMIGOS, FELIZ NATAL E UM BOM ANO DE 2012.

(APS)
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PENSAMENTOS


"Numa alma grande tudo é grande" - (PASCAL)

"A leitura de um livro é um diálogo incessante em que o livro fala e a alma responde" - (André Maurois)
"Não há verdadeira força sem serenidade, nem verdadeira grandeza sem modéstia" (Eça de Queiroz)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

ÍNDICE DE ARTÉRIAS EDITADAS EM - 2011

AVENIDAS, RUAS, ...

POR FREGUESIAS

ÍNDICE DE AVENIDAS, CALÇADAS, CAMPO, RUAS E TRAVESSA DE LISBOA TRATADAS NESTE BLOGUE DURANTE O ANO DE - 2011

O ÍNDICE está representado por ordem alfabética por ARTÉRIAS e FREGUESIAS

Foram retratadas neste blogue durante o ano de 2011: 2 CALÇADAS; 1 CAMPO; 6 RUAS e Uma TRAVESSA, representando 98 publicações.

Estamos próximo do NATAL, é tempo de fazer uma paragem de meditação.

"o que eu ouço, esqueço, o que eu vejo, lembro. O que eu faço, aprendo" «CONFÚCIO».

Voltaremos no próximo ANO com mais RUAS. Até lá vivamos esta quadra com espírito de verdadeiro NATAL.









quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ V ]

Travessa André Valente - (2011) ("Travessa André Valente" por cima da porta com o número 25 a lápide que menciona o falecimento do poeta "BOCAGE") in GOOGLE EARTH


Travessa André Valente - (2010) Foto de Mário Marzagão - (Travessa André Valente, lápide mencionando o falecimento do poeta "BOCAGE") in MÁRIO MARZAGÃO ALFACINHA




Travessa André Valente - (1905) Foto de Joshua Benoliel (Descerramento da lápide à memória do falecimento do poeta Barbosa du Bocage, por cima do número 25 da Travessa André Valente) in AFML

Travessa André Valente - (Século XVIII) - Retratado pelo Pintor Elói - (O poeta Barbosa du Bocage que morou no número 25 desta Travessa e nela faleceu) in POETA ANARQUISTA
(CONTINUAÇÃO) - TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ V ]

«CASA ONDE FALECEU BOCAGE»

A «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE» que liga a «CALÇADA DO COMBRO» à «RUA DO SÉCULO», passou a chamar-se, com naturalidade, «ANDRÉ VALENTE», perpetuando assim no local o nome do desembargador. Já havia notícia do nome em 1801. Virá a propósito uma referencia ao mais ilustre morador dessa pequena rua em forma de cotovelo. Nela residiu com sua irmã e lá morreu vítima de aneurisma, no último andar no número 25 em 21 de Dezembro de 1805, «MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE», setubalense de nascimento e que deu brado em LISBOA na transição do século XVII para o século XVIII.

O poeta «MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE», nasceu a 15 de Setembro de 1765, em SETÚBAL. A sua vida boémia incluiu a paixão por «GERTRUDES», que se transformaria em sua musa. Seguem-se episódios de uma vida aventureira e dissoluta, a que não faltam prisões e até o recolhimento forçado em um «MOSTEIRO». Mereceu destaque no «ARCADISMO PORTUGUÊS» com o pseudónimo de «ELMANO SADINO».

Deixamos aqui registado, o início do soneto que se supõe ter sido escrito na sua velha casa, no número 25 da «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE», demonstrando, sem dúvida, um arrependimento de «BOCAGE» horrorizado perante os desvios da sua carreira.

Já BOCAGE não sou!...À cova escura/Meu estro vai parar desfeito em vento.../Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento/Leve me torne sempre a Terra dura.
A casa está hoje assinalada por uma lápide. Da data do falecimento há certezas: foi exarado um assento que diz ter, na data referida, falecido na «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE» "com todos os sacramentos, "MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE", solteiro, natural de SETÚBAL, filho do bacharel "José Luís Soares Barbosa" e de "Mariana Joaquina Lestiff du Bocage". Não fez testamento". Tudo estava certinho, mas «BOCAGE» foi sepultado no vizinho cemitério das «MERCÊS», campo Santo hoje impossível de reconhecer, pois estava situado no espaço que é agora ocupado por prédios com frente para a «TRAVESSA DAS MERCÊS», confluindo para a «CALÇADA DOS CAETANOS» e para a «RUA LUZ SORIANO». A desocupação do cemitério, devido à ordem de urbanização do local, e a consequente transladação das ossadas feitas à toa, em carroças, para o «CEMITÉRIO DO ALTO DE SÃO JOÃO», foram causa de se terem perdido os restos mortais do poeta. [ FINAL ]

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto de - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA - 2ª Edª. - 1992 vega- livro V-LISBOA

- BANDEIRA, D. Marta de Abreu Freire Pacheco - Estacionamento Intensivo em Malhas Históricas Consolidadas - Instituto Superior Técnico - Novembro de 2008.

CASTILHO, Júlio de - LISBOA ANTIGA - O BAIRRO ALTO - 3ª Ed. 1956- Volume III - Publicações Culturais da Câmara Municipal de Lisboa.

- MARTINS, Rocha - LISBOA DE ONTEM E DE HOJE - ENP - 1945- Lisboa

- SARAIVA, A. J. e LOPES, Óscar - HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA - Porto Editora - 17ª Ed. - 1996 - PORTO.

INTERNET


(PRÓXIMO) - «ÍNDICES DE ARTÉRIAS E FREGUESIAS EDITADAS EM 2011».

sábado, 10 de dezembro de 2011

TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ IV ]

Travessa André Valente - (2009) -Foto de BARRAGON ("Calçada do Combro" à direita a entrada para a "TRAVESSA ANDRÉ VALENTE" e para o "PARQUE DE ESTACIONAMENTO da C.C.", no antigo local do "PALÁCIO DE ANDRÉ VALENTE") in PANORAMIO



Travessa André Valente - (2007) (Panorama da "Travessa André Valente" e o "Parque de Estacionamento da Calçada do Combro", antigo local do "Palácio de André Valente") in GOOGLE EARTH


Travessa André Valente - (2005) - (Projecto da "APPLETON e DOMINGOS ARQUITECTOS, LDA.", corte transversal à fachada principal do "SILO AUTOMÓVEL DO COMBRO" in ESTACIONAMENTO INTENSIVO EM MALHAS HISTÓRICAS CONSOLIDADAS Travessa André Valente - (2005) (Projecto da "APPLETON e Domingos Arquitectos, LDA.", alçado sul do "SILO AUTOMÓVEL DO COMBRO" e "Capela da Ascensão de Cristo") in ESTACIONAMENTO INTENSIVO EM MALHAS HISTÓRICAS CONSOLIDADAS

(CONTINUAÇÃO) - TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ IV ]
«O SILO AUTOMÓVEL DA CALÇADA DO COMBRO (2)»

Este «SILO AUTOMÓVEL» foi construído para a «EMEL-Empresa Pública Municipal de Estacionamento de Lisboa, S.A.», tendo inicio em Dezembro de 2003, com uma provisão final para Janeiro de 2005. A designação da obra representa a concepção e construção de um "PARQUE DE ESTACIONAMENTO EM ALTURA" na «CALÇADA DO COMBRO» esquina para a «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE». A construção do estacionamento em altura representa cinco pisos enterrados e sete acima do solo. A sua estrutura em betão armado, com paredes tipo "muro de Berlim", laje contínua tipo helicoide. Com instalações eléctricas e de segurança, detecção e combate a incêndios, sistemas de pagamento automático, elevador e posto de transformação. O valor desta obra estava orçado para cerca de três milhões e setecentos mil Euros. Contíguo a este "SILO" no sentido da «CALÇADA DO COMBRO», encontramos a «ERMIDA DA ASCENSÃO DE CRISTO», (reconstruída no século XVII) e um pouco mais abaixo a «IGREJA DOS PAULISTAS ou de SANTA CATARINA», que já nos referimos em Janeiro de 2008.

Retomando a dissertação da senhora «D. MARTA DE ABREU FREIRE PACHECO BANDEIRA», sobre o tema «ESTACIONAMENTO INTENSIVO EM MALHAS HISTÓRICAS CONSOLIDADAS», podemos acrescentar: "(...) A fachada do "SILO" orientada para a movimentada «CALÇADA DO COMBRO» é constituída por um alinhamento de elementos verticais (lâminas), de largura variável e profundidade constante, cuja frente é revestida a azulejo artesanal azul e brilhante. A variação de ritmo e a espessura das lâminas fazem com que a fachada opaca, quando vista de lado se torne transparente de frente e no centro, permitindo a visão na rampa helicoidal.(...) De manhã a ao entardecer torna-se acobreado e reverberante. À noite é quase branca. Em dias de chuva é cinzenta e em dias de sol é azul ( 1 ). As restantes fachadas secundarizam-se perante tal diversidade. É o caso da fachada orientada para a «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE» que por questões de segurança relativas à distância aos edifícios próximos, é intencionalmente cega.(...) O piso tipo abaixo do solo é totalmente ocupado com estacionamento semelhante ao acima do solo, com lugares e dimensões identicas.(...) A exaustão e admissão de ar são feitas através de condutas ligadas respectivamente à cobertura e à fachada da «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE». (...) Algumas ideias iniciais da proposta acabaram por não se concretizar. É o caso da colocação de trepadeiras na cobertura, responsáveis por cobrir a fachada da «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE», (...) também a construção do café/bar no último piso nunca chegou a ser realizada. Outras intenções projectuais, alguns meses após a inauguração, acabariam também por não vingar. A entrada de veículos pela «CALÇADA DO COMBRO» para além de congestionar o transito de entrada, dificultava a saída de veículos que só acontecia neste local. Assim sendo passou a funcionar unicamente a entrada pela «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE». (...) Esta decisão diminuiu o número total de lugares disponíveis, passando de 250 para 233 onde 173 dos quais são reservados a residentes e comerciantes das freguesias de «SANTA CATARINA», «ENCARNAÇÃO», «S. PAULO» e «MERCÊS», e 60 para estacionamento de rotação. (...) Sendo o primeiro SILO automóvel a construir no «CENTRO HISTÓRICO DE LISBOA», (...) destaca-se pela discreta concepção de uma fachada que desvendada parcialmente a sua utilidade, vai adaptando-se suavemente à envolvente.

- ( 1 ) - APPLETON, João, Domingos, Isabel - op.cit.p.44

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ V ] - CASA ONDE FALECEU BOCAGE».

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ III ]

TRAVESSA ANDRÉ VALENTE - (2011) - (Um troço da "CALÇADA DO COMBRO" à direita a "TRAVESSA ANDRÉ VALENTE" com a entrada para o SILO, antigo Palácio do desembargador "ANDRÉ VALENTE") in GOOGLE EARTH
TRAVESSA ANDRÉ VALENTE - (2011) - (Entrada sul da "TRAVESSA ANDRÉ VALENTE" virada para a "CALÇADA DO COMBRO") in GOOGLE EARTH

Travessa André Valente - (2011) ("TRAVESSA ANDRÉ VALENTE" ao fundo a "CALÇADA DO COMBRO") in GOOGLE EARTH

Travessa André Valente - (1969) Foto de João H. Goulart (Um troço da "CALÇADA DO COMBRO" entrada para a "TRAVESSA ANDRÉ VALENTE", seu Palácio na esquina seguindo-se a "Capela da Ascensão de Cristo" e a "Igreja dos Paulistas") in AFML
(CONTINUAÇÃO) - TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ III ]

«O SILO AUTOMÓVEL DA CALÇADA DO COMBRO ( 1 )»

O Palácio que pertenceu ao desembargador «ANDRÉ VALENTE» desapareceu no início deste milénio. Certamente muitos ainda recordam o grande prédio que, à direita de quem desce a «CALÇADA DO COMBRO», formava a esquina para a «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE» que, exactamente, tomou o nome do Jurisconsulto seu anterior proprietário. Depois de resistir alguns séculos, o edifício foi demolido, para dar lugar à construção de um «PARQUE DE ESTACIONAMENTO EM ALTURA». Será bom recordar, que o automóvel tem razões, que a história desconhece.

Aproveito para falar do excelente trabalho de dissertação para a obtenção do «GRAU DE MESTRE EM ARQUITECTURA», da senhora «D. MARTA DE ABREU FREIRE PACHECO BANDEIRA», no «INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO» - «UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA», em Novembro de 2008, sobre o tema «ESTACIONAMENTO INTENSIVO EM MALHAS HISTÓRICAS CONSOLIDADAS», nomeadamente o «ESTACIONAMENTO ELEVADO - SILO DA CALÇADA DO COMBRO».

"A construção de um silo entendido como um parque de estacionamento em altura é uma tipologia invulgar em LISBOA. Apesar de vulgarmente aplicado a grandes áreas comerciais, interfaces de transportes ou mesmo no Aeroporto da Capital, esta tipologia urbana no Centro Histórico era, até à altura da construção do presente caso completamente inovadora (1 ). (...) De entre as propostas apresentadas, antes do licenciamento do actual silo, encontrava-se o projecto desenvolvido pelo «ARQUITECTO MIGUEL CORREIA». (...) O abandono da realização desta proposta alterou mais uma vez para a competência de edificar num espaço com sensibilidades restritas. (...) Foi neste contexto de reflexão que surgiu uma nova proposta para o «PARQUE DE ESTACIONAMENTO DA CALÇADA DO COMBRO». (...) O principal objectivo da proposta apresentada pelo «APPLETON e DOMINGOS ARQUITECTOS, LDApara o terreno, confinado pela «CALÇADA DO COMBRO» números 58 a 74 e pela «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE» números 1 a 7, concedido pela C.M.L. à EMEL-Empresa Pública Municipal de Estacionamento de Lisboa, S.A., pressupunha a ocupação total do lote com a construção de um SILO Automóvel com capacidade para 250 viaturas. Além do estacionamento, o edifício incluía uma loja ao nível do piso térreo e uma cafetaria de apoio ao funcionamento do SILO no último piso. O edificado é circunscrito pelas duas fachadas limitadas pelos anteriores arruamentos de declive acentuado e por dois edifícios de cércea inferior (sendo um deles a "IGREJA DE SANTA CATARINA"). O seu miolo é construído por uma rampa helicoidal contínua para os dois sentidos de transito, que liga os diferentes pisos, desde os cinco abaixo da cota de soleira assim como os sete acima do solo. Esta geometria de rampa permite um piso contínuo sem variações na inclinação e garante uma adaptação suave à envolvente a sua cércea à dos edifícios adjacentes".

- ( 1 ) - APPLETON e DOMINGOS ARQUITECTOS, LDA. - Memória descritiva Silo Automóvel do Combro, Lisboa 2003, p.7.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ IV ] - O SILO AUTOMÓVEL DA CALÇADA DO COMBRO ( 2 )».


sábado, 3 de dezembro de 2011

TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ II ]

Travessa André Valente - (2009) Foto de Ruslan Nekrasov (Um troço da "Travessa André Valente") in PANORAMIO

Travessa André Valente - s/d Foto de Eduardo Portugal ("Travessa André Valente" casa onde faleceu o poeta "BOCAGE") in AFML


Travessa André Valente - (1969) Foto de João H. Goulart ("Travessa André Valente" virada para a "Calçada do Combro") in AFML

Travessa André Valente - (1949) - Foto de Fernando Martinez Pozal ( A "Travessa André Valente" ao fundo a "Rua do Século") in AFML

(CONTINUAÇÃO - TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ II ]

«A TRAVESSA ANDRÉ VALENTE ( 2 )»

Ainda no seu Palácio na «CALÇADA DO COMBRO» para «ANDRÉ VALENTE» nem toda a vizinhança servia, sobretudo a face oriental, para a qual dava uma viela escura onde se amontoavam os lixos. (A situação passava-se no século XVII, já que hoje seria impensável tal comportamento em plena via pública). O «DR. ANDRÉ VALENTE» queixou-se ao Senado da Câmara de Lisboa. E este deu razão ao reclamado que acabou por lhe ceder (aforar) a posse da TRAVESSA em questão. Aliás, o homem de leis não podia lamentar-se com falta de espaço: além deste palacete da «CALÇADA DO COMBRO», possuía uma Quinta com a respectiva casa, no então sítio campestre de «ARROIOS». Para lá se dirigia na época estival.

Diz o mestre «JÚLIO DE CASTILHO» que ainda em 1830 e tantos, este sítio de «ARROIOS», era um local com as suas aragens perfumadas e desafogada vista sobre as terras da «PENHA DE FRANÇA».

Pode quase dizer-se que «ANDRÉ VALENTE» morreu no seu posto. Na verdade, encontrava-se a desempenhar as suas funções de vereador no "SENADO DA CÂMARA DE LISBOA» (cargo que desempenhou entre 11 de Abril de 1602 e 1 de Junho de 1628)quando já muito combalido, começou a sangrar com alguma frequência. A CÂMARA mandou substituir o enfermo e este recolheu a casa, tendo morrido pouco depois.

Falecido «ANDRÉ VALENTE», ficou sua viúva, «D. CATARINA DE PINA», com a administração da casa. Quando esta, por sua vez, adoeceu com gravidade, fez testamento, documento que nada continha de especial uma vez que os bens viriam a pertencer aos legítimos herdeiros. Aconteceu, porém, segundo nos conta ainda «CASTILHO», que um "amigo" da casa (de escrúpulos pouco recomendados) mas muito íntimo, andava de olho na fortuna de «ANDRÉ VALENTE». Assim, em plena agonia de «D. CATARINA DE PINA», foi saber notícias da doente e aproveitou para pedir à criada que lhe emprestasse o testamento por uns minutos pois, ao que disse, precisava de conferir uma passagem. De nada desconfiou a serva «ANTÓNIA DE MORAIS», fiada na intimidade que sempre vira entre o visitante e os seus patrões. Mas o interessado tinha-se feito acompanhar de outro vigarista, por sinal o homem que tinha escrito o testamento. Ditou-lhe então uns parágrafos que foram devidamente intercalados sem que se registasse qualquer alteração na letra. Com esta habilidade, o prédio de «ANDRÉ VALENTE» mudou de mãos, após o falecimento da viúva.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ III ]-O SILO AUTOMÓVEL DA CALÇADA DO COMBRO ( 1 )»

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ I ]

Travessa André Valente - (1856) (Levantado por Carlos Pezerat, Francisco Goulard e César Goulard) (Planta Nº 2 sob a direcção de Filipe Folque - 1856-1858) in ATLAS DA PLANTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA - CML



Travessa André Valente - (1945) - Foto de J. C. Alvarez (A "Calçada do Combro" em primeiro plano o "Palácio de André Valente", seguido da "Capela da Ascenção de Cristo" e mais à frente a "Igreja dos Paulistas") in AFML


Travessa André Valente - (1913) - Foto de Joshua Benoliel (O Elevador "Estrela-Camões", também chamado de "MAXIMBOMBO" passando frente à "TRAVESSA ANDRÉ VALENTE" descendo a "CALÇADA DO COMBRO") in AFML

- TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ I ]
«A TRAVESSA ANDRÉ VALENTE ( 1 )»

A «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE» pertence à freguesia de «SANTA CATARINA». Começa na «CALÇADA DO COMBRO» no número 56 e termina na «RUA DO SÉCULO» no número 19.

Diz-nos «NORBERTO DE ARAÚJO» nas suas «PEREGRINAÇÕES EM LISBOA», Livro V, página 30, que: "Foi este ANDRÉ VALENTE, que o dístico em azulejo policromo da Travessa, no vértice do seu cotovelo dá como Jurisconsulto do século XVI, (...) muito rico, que viveu na metade de quinhentos e deixou o mundo por volta de 1628".

Quem conhece a íngreme «CALÇADA DO COMBRO», à ilharga do «BAIRRO ALTO», ligando os altos do «CALHARIZ» aos baixos dos «POIAIS DE S. BENTO» e do «POÇO DOS NEGROS», recordará um grande prédio que nos ficava à direita de quem desce, esse palácio pertenceu ao desembargador «ANDRÉ VALENTE». Essa casa tinha ligação (visível até pela aproximação) com a «ERMIDA DA ASCENSÃO DE CRISTO», que hoje, ao passante desprevenido e distraído, parecerá apenas um prolongamento da «IGREJA DOS PAULISTAS» ou «PAROQUIA DE SANTA CATARINA».

Em finais do século XV, tinha a sua morada junto da capela um nobre endinheirado, de seu nome «ANTÓNIO SIMÕES DE PINA» ( 1 ). Uma sua descendente, «CATARINA DE PINA», a quem couberam a CASA e a ERMIDA, veio a casar com o «DR. ANDRÉ VALENTE DE CARVALHO». Este, uma vez na posse das terras e edifício, veio a transformar de tal forma que tudo pareceu novo. E, para a posteridade, ficou o casarão com o nome de «PALÁCIO DE ANDRÉ VALENTE». Esta fidalgo e jurista viveu em tempos da presença dos «FILIPES» no trono português, tendo-se instalado na «CALÇADA DO COMBRO» por volta do ano de 1600. Formado em leis em COIMBRA, desempenhou uma série de cargos importantes. Assim, há notícias de ter sido corregedor em ELVAS, desembargador dos "Agravos" no PORTO (cidade em que também foi Desembargador da Relação), Vereador na CÂMARA DE LISBOA e, ainda na capital, Desembargador da «CASA DA SUPLICAÇÃO».

No edifício da «CALÇADA DO COMBRO», mandou o proprietário abrir um jardim interior, o que poderá dar uma pálida ideia da sua noção de comodidade e estética. A vasta construção, confluía com a «TRAVESSA» que hoje tem o nome do proprietário, via que forma um ângulo recto e conduz à rua que nessa altura se chamava de «FORMOSA», hoje «RUA DO SÉCULO».

( 1 ) - Pessoa nobre e rica pelos anos de 1500 pouco mais ou menos, segundo nos diz "FREI AGOSTINHO DA SANTA MARIA".

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ II ] - A TRAVESSA ANDRÉ VALENTE (2)».


sábado, 26 de novembro de 2011

RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ IV ]

À volta da "RUA DOS CANOS" - (2008) (Panoramica da Praça do MARTIM MONIZ no sítio da "MOURARIA" in SKYSCRAPERCITY

À volta da "RUA DOS CANOS"- (195_) Foto de Joshua Benoliel (Ainda nesta época o "ARCO" se mantinha resistente na "Rua do Arco do Marquês do Alegrete" perto da "RUA DOS CANOS" no sítio da "MOURARIA" in AFML

Largo Silva Albuquerque - (1946) Foto de Eduardo Portugal (Palácio do Marquês do Alegrete, portal sul, no antigo Largo de Silva Albuquerque, antes tinha sido "Largo da Rua dos Canos") in AFML

À volta da "RUA DOS CANOS"- (1946) Foto de Eduardo Portugal (Arco e Palácio do Marquês do Alegrete com seu portal antes das demolições, mais à frente depois de passar o Arco à direita íamos para o Largo e Rua de Silva e Albuquerque, antigo Largo e Rua dos Canos) in AFML

Avenida Almirante Reis (c. 1938) Foto de António Passaporte (Rua da Palma vista do Martim Moniz , Postal nº 87 - Avenida Almirante Reis antiga Avenida D. Amélia) in AFML

À volta da "RUA dos CANOS" - (1937) Desenho do Engº Augusto Vieira da Silva (Reconstituição da zona da "Rua de Silva e Albuquerque, outrora "RUA DOS CANOS", denominação ligada à passagem de um curso de água) in AFML

Rua Silva e Albuquerque - (Início do século XX) Foto de Joshua Benoliel (A Rua de Silva Albuquerque, antiga "RUA DOS CANOS") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ IV ]

«RUA DOS CANOS - AVENIDA ALMIRANTE REIS»

Esta pretensiosa ânsia de dar nomes novos a velhas ruas já baptizadas, levou por idêntica razão o típico e antigo nome da «RUA DOS CANOS» pela «RUA DE SILVA E ALBUQUERQUE» igualmente o «LARGO DA RUA DOS CANOS» perdeu o nome para o «LARGO DE SILVA E ALBUQUERQUE», junto da parte sul do «PALÁCIO DO MARQUÊS DE ALEGRETE» no ano de 1885. (No ano de 1950 foi dado o topónimo de "RUA SILVA E ALBUQUERQUE" desta vez na freguesia de "SÃO JOÃO DE BRITO", entre a "AVENIDA DO RIO DE JANEIRO" e a "AVENIDA DE ROMA", repondo o nome do jornalista que tinha substituído a antiga "RUA DOS CANOS", perpetuando assim um nome que tinha desaparecido do sítio da "MOURARIA").

Nos anos 30 do século passado os responsáveis pela edilidade começaram a pensar num prolongamento da «AVENIDA ALMIRANTE REIS» (antiga "AVENIDA DONA AMÉLIA"), passando pela «RUA DA PALMA» em direcção ao «ROSSIO», podendo assim, com certas demolições, alargarem o "funil" que persistia em não facilitar a circulação do trânsito, que se adivinhava vir a aumentar. Foi encarregado desse plano o arquitecto «FARIA DA COSTA», tendo apresentado o seu «ESTUDO PARA O MARTIM MONIZ»(1943).

No ano de 1948 as demolições já se encontravam em marcha, e na sua maioria tinham iniciado pela «MOURARIA» e pelo «SOCORRO». Dois anos antes (com o desaparecimento do "PALÁCIO DO MARQUÊS DO ALEGRETE"), depois quarteirão em quarteirão, foram sucumbindo não só a «IGREJA DO SOCORRO» (1949), como os prédios à sua volta. Diz-nos o mestre olisipógrafo «AUGUSTO VIEIRA DA SILVA» que "da zona da Rua Silva e Albuquerque outrora Rua dos Canos, essa antiga denominação decerto se liga à passagem de um curso de água, chamado do Rego que vinha de Arroios". Também nos elabora um desenho (que incluímos neste trabalho), referenciado na época da «CÊRCA FERNANDINA DE LISBOA», que por baixo era esta MURALHA atravessada por um cano de evacuação das águas de toda a extensa bacia hidrográfica do vale da «RUA DA PALMA» até «ARROIOS».

O «MARTIM MONIZ» que no final da década de 40 e início de 50, já uma grande área se achava desocupada de prédios, foi a firma «SOCIEDADE DE CONSTRUÇÕES AMADEU GAUDÊNCIO,LDA.» (para quem trabalhávamos nessa altura, na "RUA DR. ALEXANDRE DE BRAGA"sua sede social), que ganhou o concurso para a construção dos PAVILHÕES DE MADEIRA, com a finalidade de instalar ali o comércio de SAPATARIAS, OURIVESARIAS e outras. Colocar novamente alguns comerciantes que tinham sido desalojados com a demolição dos quarteirões, e retomar (provisoriamente) o seu negócio principal. E assim durou 30 anos o provisório destes estabelecimentos do «MARTIM MONIZ».

Em várias épocas existiram modificações toponímicas. Uma entre o século XIX por altura de 1885 em diante, outro período foi com a implantação da República, no início da 2ª década do século XX, com a mudança de topónimos que se referissem a nomes da realeza ou religiosos. Também no «ESTADO NOVO» se mudaram ou retomaram alguns nomes, e na revolução de 1974 aquelas individualidades que apoiavam o regime de SALAZAR.

Certamente que o assunto não se esgota por aqui, outras Ruas foram alteradas e não nos referimos neste trabalho, prometendo voltar ao tema noutra ocasião. [ FINAL ]

(PRÓXIMO) - «TRAVESSA ANDRÉ VALENTE [ I ] - A TRAVESSA ANDRÉ VALENTE (1)»

BIBLIOGRAFIA

- BOLETIM MUNICIPAL Nº 24-25-1945

- DIAS, Mariana Tavares - LISBOA DESAPARECIDA - Volume I -1987-Quimera

- LISBOA REVISTA MUNICIPAL - Nº8-9-10-2º,3º e 4ºTrimestre de 1984-Ano XLV-2ª série - Edição CML

- SEQUEIRA, Gustavo de Matos - O CARMO E A TRINDADE - Volume II - 1939 - Publicações Culturais da CML - Lisboa

- SILVA, Augusto Vieira da - A CERCA FERNANDINA DE LISBOA - Vol. I -1969 - Publicações da CML

- SILVA, Augusto Vieira da - A CERCA FERNANDINA DE LISBOA - Vol. II - 1987 -Publicações da CML

INTERNET


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ III ]

Rua do Diário de Notícias - (2010) (A "Rua do Diário de Notícias" antiga "Rua dos Calafates" no Bairro Alto) in GOOGLE EARTH


Rua Luz Soriano - (2010) ( A "Rua Luz Soriano" veio substituir a "Rua do Carvalho" no Bairro Alto) in GOOGLE EARTH


Rua dos Arameiros - (2010) (A "Rua dos Arameiros" ficava no topo poente do "Terreiro das Farinhas" in GOOGLE EARTH


Rua de Alfândega - (1940) Foto de Eduardo Portugal (Casas do antigo "Terreirinho das Farinhas" in AFML
Terreiro das Farinhas - (1940) Foto de Eduardo Portugal ( O "Terreiro das Farinhas" entre a "rua dos Bacalhoeiros" e a "Rua de Alfandega", desapareceu na década de 40 do século XX, vista da "Rua dos Arameiros") in AFML
(CONTINUAÇÃO) - RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ III ]

«TRAVESSA DO ALECRIM - RUA DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS - RUA LUZ SORIANO - RUA DO POSSOLO - TRAVESSA DO POSSOLO - TRAVESSA DO SALITRE e TERREIRO DAS FARINHAS»
Na zona da freguesia de «SÃO PAULO», a «TRAVESSA DO CATA-QUE-FARÁS» representa um breve vestígio do que fora antes do terramoto, uma rua bastante comprida, passou a ser a actual (e muito curta) «TRAVESSA DO ALECRIM», apesar de já não existir a ermida da «Nª.Srª. do ALECRIM», a que lhe dera o nome, perdida por ocasião do grande sismo. No chamado «BAIRRO ALTO» na freguesia da «ENCARNAÇÃO» existiu o nome de «RUA DOS CALAFATES» até 1885 e desapareceu irremediavelmente da toponímia de LISBOA ao cabo de três séculos de existência, a favor da designação da «RUA DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS», por ali ter estado sediado, durante décadas, este centenário jornal lisboeta, agora a residir na «AVENIDA DA LIBERDADE».
Já na freguesia de «SANTA CATARINA» próximo ao «LARGO DO CALHARIZ», a importante «RUA DO CARVALHO» cuja propriedade era pertença de «CARVALHO E MELO», foi rebaptizada em 1887 de «RUA LUZ SORIANO».
A «RUA DA BOA-MORTE» na freguesia da «LAPA» que em 1882 recebeu o nome de «RUA DO POSSOLO», por sua vez a «TRAVESSA DA BOA-MORTE»(antiga "TRAVESSA DOS BURROS") foi-lhe atribuído o topónimo de «TRAVESSA DO POSSOLO» na mesma data, por ter existido nessa artéria a família «NICOLAO POSSOLO», rico negociante italiano do século XVII, com portal brasonado no pátio com o número 121.
A velha «TRAVESSA DAS VACAS» na freguesia de «S. JOSÉ», designação dada por nela se encontrarem estabelecidas inúmeras vacarias, tornou-se, por mudança de nome em 1897 na nova «TRAVESSA DO SALITRE».
Verifica-se por vezes o desaparecimento do nome de uma rua porque ela também por vários motivos, desaparece. É o caso com um sítio chamado «TERREIRINHO DAS FARINHAS», um aglomerado de casas, pequeno comércio e muitos armazéns, situado entre as ruas; «RUA DOS BACALHOEIROS», «RUA DE ALFANDEGA», «RUA DOS ARAMEIROS» e o «CAMPO DAS CEBOLAS». O seu derrube foi um desafogar de vistas para a «CASA DOS BICOS» que fica na «RUA DOS BACALHOEIROS». O local, hoje um Jardim, foi durante vários anos, um terminal da «C.C.F.L.» com a bandeira de «RUA DE ALFANDEGA».
Hoje recuperar o nome de algumas ruas, torna-se bastante difícil, pois é necessário vasculhar muito em arquivos ou encontrá-los nos estudos que alguns ilustres olisipógrafos nos deixem em legado.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUAS ANTIGAS , NOMES NOVOS [ IV ]- RUA DOS CANOS e AVENIDA ALMIRANTE REIS».

sábado, 19 de novembro de 2011

RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ II ]

Rua Capelo - (2010) - (A "RUA CAPELO" onde se instalou o Governo Civil de Lisboa, chamava-se antigamente a "TRAVESSA DA PARREIRA") in GOOGLE EARTH

Rua António Maria Cardoso - (2010) (A "RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO" junto ao Chiado, substituiu a "RUA DO TESOURO VELHO" in GOOGLE EARTH

Campo dos Mártires da Pátria - (2010) (Chamaram-lhe "CAMPO DO CURRAL", "CAMPO DE SANTANA" mas hoje este topónimo tem o nome de "CAMPO DOS MÁRTIRES DA PÁTRIA") in GOOGLE EARTH

Rua Ivens - (2010) (A "Rua Ivens" que liga o antigo "Largo da Biblioteca Publica" hoje "Largo da Academia Nacional de Belas Artes" e a "Rua Garrett", substituiu a velha "Rua de São Francisco") in GOOGLE EARTH

Rua Anchieta - (2010) (A Rua Anchieta, celebre por ter na sua esquina a "Livraria Bertrand" a mais antiga da Europa, veio substituir a "RUA DA FIGUEIRA") in GOOGLE EARTH

Calçada da Estrela - (C. de 1910) Foto de Joshua Benoliel (A Calçada da Estrela onde existia o "Convento das Francesinhas", veio absorver a "Calçada das Francesinhas") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ II ]

«RUA ANCHIETA - RUA CAPELO - RUA IVENS - LARGO DO CHIADO - RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO - RUA GOMES FREIRE - CAMPO DOS MÁRTIRES DA PÁTRIA - CALÇADA DA ESTRELA»

Ainda na freguesia dos «MÁRTIRES» a «RUA DA FIGUEIRA» foi substituída pela «RUA ANCHIETA» e a «TRAVESSA DA PARREIRA» terá passado por edital de 07.09.1885 para «RUA CAPELO». Ali mesmo ao lado a «RUA DE SÃO FRANCISCO» tomou o nome de «RUA IVENS» na mesma data. Herminigildo Capelo, José Alberto de Oliveira Anchieta, Alexandre Alberto da Rocha de Serpa Pinto e Roberto Ivens, todos eles grandes exploradores no Continente africano, nomeadamente de «ANGOLA» e «MOÇAMBIQUE», ficaram juntos na freguesia dos «MÁRTIRES».

O «LARGO DAS PORTAS DE SANTA CATARINA» passou para «LARGO DAS DUAS IGREJAS», hoje «LARGO DO CHIADO» desde o edital de 19.05.1925.

Na freguesia da «ENCARNAÇÃO» a antiga «RUA DO TESOURO VELHO» passou a chamar-se «RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO» de tão má memória, que por pouco, ficaria conhecida pela «RUA DA MORTE», como a vontade popular assim pretendeu, mas que a edilidade não homologou no registo de assentos toponímicos.

Na freguesia da «PENA» temos a velha «CARREIRA DOS CAVALOS» que mudou para «RUA DE GOMES FREIRE», esta rua era um verdadeiro picadeiro público na época, assim denominada por permitir galopar e correr "à rédea solta" até ao «CAMPO DE SANTANA», que também cederá o seu nome para ser chamado de «CAMPO DOS MÁRTIRES DA PÁTRIA». Antes do topónimo «CAMPO DE SANTANA» este sítio era designado por «CAMPO DO CURRAL», por existir na altura, uma praça de touros, com instalações de abate junto do redondel tauromático.

A «CALÇADA DA ESTRELA» pertence a três freguesias: «SANTA CATARINA», «MERCÊS» e «LAPA», sendo a «CALÇADA DAS FRANCESINHAS» incorporada na «CALÇADA DA ESTRELA» no ano de 1859. Anteriormente teve várias denominações, quem nos afirma é «GUSTAVO DE MATOS SEQUEIRA» na sua obra «DEPOIS DO TERRAMOTO», Volume II - 1917, página 50. Chamaram-lhe «CALÇADA DE SÃO BENTO», «CALÇADA DA SAÚDE», «CALÇADA DAS FREIRAS», «CALÇADA DOS NEGROS» e por último «CALÇADA DAS FRANCESINHAS».

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ III ] - TRAVESSA DO ALECRIM - RUA DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS - RUA LUZ SORIANO - RUA DO POSSOLO - TRAVESSA DO POSSOLO e TRAVESSA DO SALITRE».

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ I ]

Rua Garrett - (2008) Foto de APS (Rua Garrett antiga Rua do Chiado, antes Rua Direita das Portas de Santa Catarina) in ARQUIVO/APS

Rua Serpa Pinto - (2010) - (A Rua Serpa Pinto uma transversal à Rua Garrett, substituiu hoje a Travessa do Estevão Galharde e a Rua Nova dos Mártires) in GOOGLE EARTH
Rua Garrett - (2010) - (A Rua Garrett na actualidade, antiga Rua Direita das Portas de Santa Catarina e Rua do Chiado) in GOOGLE EARTH

Largo do Chiado - (1965-03) Foto de Armando Serôdio (Rua Garrett - antiga Rua Direita das Portas de Santa Catarina e Rua do Chiado) in AFML

AVENIDA DA LIBERDADE - (1879) - Plano da Avenida da Liberdade elaborada por Frederico Ressano Garcia in LISBOA-URBANISMO E ARQUITECTURA

RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ I ]
«RUA GARRETT - RUA SERPA PINTO»

Na curva descendente do passado século XIX, a Câmara Municipal de Lisboa justificou trabalho por meio da mudança de nomes de grande número de artérias públicas. Não tendo possibilidades financeiras para abrir novas ruas, porque a «AVENIDA DA LIBERDADE» e algumas artérias adjacentes, já lhe absorviam bastante parte do orçamento previsto, procurou então, mudar topónimos aos arruamentos existentes.

Não se poderá dizer que foi boa política a mudança de nomes, secularmente enraizados na memória do povo, existindo alguns baptizados pelos próprios moradores. Como o prejuízo não se ficou por aí, tal medida acabaria por dificultar a localização de acontecimentos relativos a uma «LISBOA VELHA», então supostamente remoçada com nomes novos. E assim se apagaram topónimos de grande tradição.

As quinhentistas ruas da freguesia dos «MÁRTIRES» a «RUA DIREITA DAS PORTAS DE SANTA CATARINA» e a «RUA DO CHIADO», deram lugar à oitocentista «RUA GARRETT». As velhas transversais apareceram no ajuste do traçado pós-terramoto, adoptando nesse ano de 1885, novas denominações.

A «TRAVESSA ESTEVÃO GALHARDE» com a «RUA NOVA DOS MÁRTIRES» foram incorporadas na nova «RUA DE SERPA PINTO». «ESTEVÃO GALHARDE» era casado com «PÁSCOA MARIA MACHADO», teve deste casamento dois filhos que vieram a falecer: JOSÉ em 1717 e TERESA MARIA em 1724. O ferrador parece ter casado outra vez, porque em 2 de Julho de 1723 se regista um óbito de uma LUZIA menor, filha dele e de MARIA DE JESUS. Um outro filho do casamento com «PÁSCOA MARIA MACHADO», foi baptizado com o nome de «ESTEVÃO», na freguesia das «MERCÊS», em 29 de Novembro de 1693, apadrinhado pelo «CONDE DE SOURE».

Este notável «ESTEVÃO GALHARDE» por se distinguir no ofício de «FERRADOR», «D. CATARINA DE BRAGANÇA», rainha de Inglaterra, contemplou-o no seu testamento.

O segundo «ESTEVÃO GALHARDE» ou «ESTEVÃO GARCIA GALHARDE», foi cirurgião, e um filho deste que morava na freguesia de «S. JULIÃO», faleceu em 1742 e sepultado na «IRMANDADE DO SANTÍSSIMO». O ferrador quando faleceu terá sido sepultado no «CONVENTO DE S. FRANCISCO».

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ II ] - R. ANCHIETA, R. CAPELO, R. IVENS, LARGO CHIADO, R. ANTÓNIO MARIA CARDOSO, R. GOMES FREIRE, CAMPO MÁRTIRES DA PÁTRIA e CALÇADA DA ESTRELA»









sábado, 12 de novembro de 2011

Rua do Século [ XXI ]

Rua do Século - (1968) Foto de Armando Serôdio (Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais, construção seiscentista, fundado para as freiras Carmelitas Descalças em 1681) in AFML

Rua do Século - (2011) (Claustro do Mosteiro ou Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais na "Rua do Século") in SIPA

Rua do Século - (entre 1900 e 1945) - Foto de José Artur Leitão Bárcia (Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais, asilo de cegos, "Associação de Nª. Srª. da Conceição dos Aflitos", na "Rua do Século") in AFML

(CONTINUAÇÃO) - RUA DO SÉCULO [ XXI ]

«O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS CARDAIS ( 3 )»

Com o terramoto de 1755 o edifício sofreu aluimento, que obrigou as freiras a refugiar-se na cerca, enquanto eram realizadas as obras no Convento.

Com a extinção das «ORDENS RELIGIOSAS» pela Lei de 28.05.1834, passariam para o Estado todos os CONVENTOS e CASAS RELIGIOSAS. Este, porém, teve consequências bastante atenuadas. Assim, pouco sofreu, quer com as perturbações políticas, quer com as transformações urbanísticas, conservando-se quase na sua integridade primitiva.

A última freira (irmã Gertrudes Maria José) faleceu no CONVENTO em Abril de 1876. Após a sua morte foi enviado um oficio ao «MINISTÉRIO DA FAZENDA» o qual, segundo a lei vigente, era a entidade encarregada do sequestro dos bens móveis, dando notícia do falecimento da última religiosa. O Estado tomou conta do CONVENTO, mas contra esta medida surgem os protestos do «2ª MARQUÊS DE VALADA», «D. JOSÉ DE MENESES DA SILVEIRA E CASTRO», 5º neto da fundadora, que se julgava com direito à posse do edifício e bens do antigo CONVENTO, não conseguindo, no entanto, que a sua pretensão fosse aceite.

Com a total disponibilidade do edifício dos «CARDAIS» a «ASSOCIAÇÃO DE Nª. Srª. DA CONSOLACÃO DOS AFLITOS» fundada por «D. MARIA MIQUELINA PEREIRA E PINTO», cujo estatutos foram criados em 1847, dedicava-se a socorrer a chamada pobreza envergonhada, pede em 1876 ao rei «D. LUÍS» que o Convento lhe seja cedido para nele instalar um asilo de cegas, auxiliadas pelas irmãs Dominicanas. O Estado anuiu ao seu pedido, concedendo à mencionada obra o extinto «CONVENTO DOS CARDAIS».

Em 1893 é apresentada na «CÂMARA DOS PARES», pelo deputado «TOMÁS RIBEIRO», o projecto de lei de cedência definitiva do edifício, cerca, Igreja com paramentos e mais destinados ao culto, à «ASSOCIAÇÃO DE Nª.Srª.DA CONSOLAÇÃO DOS AFLITOS», sendo promulgada no «DIÁRIO DO GOVERNO» de 27.07.1893. Ainda hoje as «IRMÃS DOMINICANAS» continuam a admirável obra, mantendo o espírito da velha instituição. O «CONVENTO DOS CARDAIS» constitui assim, um dos raros exemplos em Portugal de um estabelecimento religioso do século XVII, por ter chegado quase intacto aos nossos dias e onde a vida religiosa não foi interrompida. [ FINAL]

(PRÓXIMA) - «RUAS ANTIGAS, NOMES NOVOS [ I ] - RUA GARRETT e RUA SERPA PINTO»

BIBLIOGRAFIA

- ARAÚJO, Norberto de - LEGENDAS DE LISBOA-2ª.Ed. 1994- VEGA - Lisboa

- ARAÚJO, Norberto de - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA - Livro V 2ª Ed. 1992-VEGA Lisboa.

- CASTILHO, Júlio de - LISBOA ANTIGA - O Bairro Alto - 3º Ed. - Volume III-Oficina Gráfica da CML - 1956 - Lisboa.

- CASTILHO, Júlio de - LISBOA ANTIGA - O Bairro Alto - 3ª Ed. Volume IV-Oficinas Gráficas da CML - 1962 Lisboa.

- DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE LISBOA - Direcção de Francisco Santana e Eduardo Sucena - 1994 - Lisboa.

- HISTÓRIA DOS MOSTEIROS -CONVENTOS E CASAS RELIGIOSAS DE LISBOA - Tomo II - 1972 - Imprensa Municipal de Lisboa - Lisboa

- JANEIRO, Maria João - LISBOA - HISTÓRIA E MEMÓRIA - 2006 - Livros Horizonte - Lisboa

- MARTINS, Rocha - LISBOA DE ONTEM E DE HOJE - 1945 - Ed. Emp. Nac. de Publicidade - Lisboa.

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