sábado, 30 de agosto de 2014

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XX ]

RUA ELVIRA VELEZ
 Rua Elvira Velez - (2014) - (A "RUA ELVIRA VELEZ" num novo Polo de "BAIRRO DOS ACTORES" na freguesia de BENFICA) in GOOGLE EARTH
 Rua Elvira Velez - (2007) - (Panorâmica de uma parte da freguesia de BENFICA onde está inserida a "EUA ELVIRA VELEZ") in  GOOGLE EARTH
 Rua Elvira Velez - (2007) -(Parte mais aproximada da panorâmica, onde podemos ver a "RUA ELVIRA VELEZ")  in  GOOGLE EARTH
 Rua Elvira Velez - (2014) - (Um troço da "RUA ELVIRA VELEZ" na freguesia de BENFICA)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Elvira Velez - (1938) Foto de Paulo Borges Almeida (ELVIRA VELEZ e MANUEL SANTOS CARVALHO, numa cena do filme "A ALDEIA DA ROUPA BRANCA" de Chianca Garcia) in OS ANOS DE OURO DO CINEMA PORTUGUÊS
 Rua Elvira Velez - (1950) Foto de Paulo Borges Almeida (Os intervenientes dos folhetins do "Zéquinhas e da Lélé", transmitidos pela rádio - IRENE VELEZ - ELVIRA VELEZ - VASCO SANTANA e ANTÓNIO SILVA) in  OS ANOS DE OURO DO CINEMA PORTUGUÊS
Rua Elvira Velez - (1962) - Foto de APS - (Uma cena de «O PÁTIO DA MILAGRES» apresentado pela RTP com: ELVIRA VELEZ, HORTENSE LUZ, SIMONE DE OLIVEIRA(a MILAGRES), MARIA FERNANDA SOARES, DOMINGOS MARQUES, ARTUR GARCIA, música do Maestro ALVES COELHO (Filho) e o Coro misto das "MELODIAS DE SEMPRE") (Abre em tamanho grande) in  ARQUIVO/APS

(CONTINUAÇÃO) - RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XX ]

«RUA ELVIRA VELEZ»

A «RUA ELVIRA VELEZ» pertence à freguesia de «BENFICA». Começa na "ESTRADA DOS ARNEIROS" e termina na "RUA QUINTA DO CHARQUINHO".
Na Acta Nº 9/92 de 4 de Dezembro de 1992 foi apreciada e analisada uma carta de vários admiradores de ELVIRA VELEZ, sugerindo que fosse prestada homenagem à memoria desta actriz na Toponímia de LISBOA, que mereceu parecer favorável da Comissão, tendo esta designação, para o efeito, o actual impasse " I " à "RUA DA QUINTA DO CHARQUINHO" que, assim passará a denominar-se "RUA ELVIRA VELEZ - ACTRIZ -(1892-1981). Em 8 de Março de 1993 "DIA MUNDIAL DA MULHER" procedeu-se à cerimónia de descerramento da placa toponímica, com a presença do vereador Engº REGO MENDES, acompanhados pelo senhor IGREJAS CAEIRO, genro da homenageada. Nesta cerimónia proferiram algumas palavras em homenagem à actriz que se destacou na RÁDIO, CINEMA, TEATRO e  TELEVISÃO.

«ELVIRA SALES VELEZ PEREIRA» de seu nome completo, nasceu a 19 de Dezembro de 1892, em LISBOA no BAIRRO DA AJUDA. Com 21 anos de idade estreia-se no teatro em 1913, na farsa  "OS GROTESCOS", no extinto TEATRO MODERNO, embora sua família não aceitasse muito bem a hipótese de se dedicar à vida artística. Em 1914 já faz parte do elenco do TEATRO S. LUÍS com colegas como: ÂNGELA PINTO e CHABY PINHEIRO e mais tarde com outras estrelas das quais destacamos: ADELINA ABRANCHES, ANTÓNIO SILVA, AURA ABRANCHES, MARIA MATOS, VASCO SANTANA, BRUNILDE JÚDICE entre outros.
Fez parte de várias Companhias como as de CHABY PINHEIRO/CREMILDE DE OLIVEIRA, PALMIRA BASTOS, MARIA MATOS, VASCO SANTANA e ALVES DA CUNHA. Artista de acentuado feitio cómico, passou por todos os géneros artísticos e alcançou uma longa carreira teatral. Retirou-se nos anos 70 com a representação da «A RELÍQUIA" de Eça de Queirós, no papel de "TITI" apresentado no teatro MARIA MATOS. Fez ainda CINEMA, RÁDIO E TELEVISÃO. Com várias digressões ao BRASIL, foi uma excelente actriz no género da comédia e  revista.
No início de Janeiro de 1956 é inaugurado junto do TEATRO MARIA VITÓRIA, o quarto teatro do PARQUE MAYER, o "ABC" (Construído no mesmo local onde tinha funcionado o "ALHAMBRA" e o "PAVILHÃO PORTUGUÊS), sendo a segunda revista a ser apresentada neste teatro "JÁ VAIS AÍ?" (1956) de C. Lopes e P. da Fonseca e E. Fernandes (filho), com música de Ferrer Trindade e Carlos Dias. Seguiu-se depois "DAQUI FALA O ZÉ" (1956) de Fernando Santos e Eduardo Damas, música de João Vasconcelos e Manuel Paião. Nestas duas revistas esteve como vedeta "HERMÍNIA SILVA", encabeçando o elenco, e pelo palco desfilaram valores consagrados, como TERESA GOMES, HORTENSE LUZ, ELVIRA VELEZ, ANTÓNIO SILVA, ÁLVARO PEREIRA, MANUEL SANTOS CARVALHO e HUMBERTO MADEIRA.
Foi sobretudo na revelação de novas personalidades que o empresário JOSÉ MIGUEL e o seu sucessor SÉRGIO DE AZEVEDO apostaram no teatro ABC.
Numa das suas passagens pela RTP no ano de 1962, ELVIRA VELEZ representou num programa semanal, musical que tinha o título «O PÁTIO DA MILAGRES». Foi uma realização de NUNO FRADIQUE, com música do maestro  ALVES COELHO (FILHO). Faziam parte do elenco, além de ELVIRA VELEZ, HORTENSE LUZ, SIMONE DE OLIVEIRA (a MILAGRES), MARIA FERNANDA SOARES, DOMINGOS MARQUES e ARTUR GARCIA. O CORO misto das "MELODIAS DE SEMPRE" (onde eu estava incluído dando o contributo tanto da parte coral como na figuração). É bom recordar que nessa época os programas eram transmitidos em directo, ainda não existia (em Portugal) a gravação magnética de imagem e voz.
ELVIRA VELEZ esteve no elenco dos filmes portugueses "ALDEIA DA ROUPA BRANCA"(1938) de Chianca de Garcia, "O COMISSÁRIO DA POLÍCIA"(1953) de Constantino Esteves, "AGORA É QUE SÃO ELAS"(1954) de Amadeu do Vale, Aníbal Nazaré e Carlos Lopes, com música de Carlos Dias e João Nobre (estreado em revista no teatro AVENIDA em 1953, com a vedeta da simpatia MILÚ), "O PRIMO BASÍLIO" baseado no romance de Eça de Queirós adaptação de António Lopes Ribeiro, em que ELVIRA VELEZ fazia o papel da "Senhora Helena", estreado simultâneamente em três cinemas no dia 1 de Dezembro de 1959: São Luís, Alvalade e Politeama. "AS PUPILAS DO SENHOR REITOR"(1960) de Perdigão Queiroga e "ENCONTRO COM A VIDA"(1960) de Artur Duarte.
É precisamente na RÁDIO em teatros radiofónicos que a sua voz foi mais conhecida  de todos os portugueses. Nos folhetins  "ZEQUINHA E LELÉ" de Aníbal Nazaré e Nelson de Barros, interpretava "AQUELA SANTA" ao lado de sua filha (IRENE VELEZ) e VASCO SANTANA.
Foi também em 1970 que ELVIRA VELEZ ganhou o prémio "LUCINDA SIMÕES" pelo seu desempenho no espectáculo "A RELÍQUIA" e é condecorada com a ORDEM DE SANTIAGO E ESPADA.
Era mãe da actriz IRENE VELEZ, casada também com um homem da rádio e político, IGREJAS CAEIRO.
ELVIRA VELEZ deixa-nos para sempre a 8 de Abril de 1981, na sua casa no ALTO DO LAGOAL, em CAXIAS, com 89 anos de idade.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES[XXI]-RUA LUCÍLIA SIMÕES»

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XIX ]

RUA ACTRIZ ADELINA ABRANCHES
 Rua Actriz Adelina Abranches - (2014) (Um troço da RUA  ACTRIZ ADELINA ABRANCHES no Bairro da Quinta do Charquinho, na freguesia de BENFICA) in GOOGLE EARTH
 Rua Actriz Adelina Abranches - (Panorâmica do BAIRRO DO CHARQUINHO" na freguesia de BENFICA, onde está inserida  a RUA ACTRIZ ADELINA ABRANCHES) in GOOGLE EARTH
 Rua Actriz Adelina Abranches - (2014) (A RUA ACTRIZ ADELINA ABRANCHES no novo Polo do BAIRRO DE ACTORES em BENFICA)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Actriz Adelina Abranches - (2013) (A RUA ACTRIZ ADELINA ABRANCHES no Bairro do Charquinho na freguesia de Benfica) in TOPONÍMIA DE LISBOA
 Rua Actriz Adelina Abranches - (1930) ("ADELINA ABRANCHES" na magistral interpretação de uma velhinha no filme "MARIA DO MAR" de Leitão de Barros. Capa da revista "O NOTÍCIAS ILUSTRADO" Suplemento do Diário de Notícias) in  CINEMA PORTUGUÊS
 Rua Actriz Adelina Abranches - (1926) (Uma foto da Actriz "ADELINA ABRANCHES" nos seus sessenta anos  in CINEMA PORTUGUÊS
 Rua Actriz Adelina Abranches - (1925) (Caricatura da ACTRIZ ADELINA ABRANCHES representada num álbum do caricaturista AMARELHE, publicado em 1925) in ARQUIVO DIGITAL 
Rua Actriz Adelina Abranches - (1902) (A Actriz ADELINA ABRANCHES no último acto da revista "À PROCURA DO BADALO" (titulo depois alterado para "NUM SINO") de Baptista Dinis, música de Miguel Ferreira, representado no Teatro do Príncipe Real, que depois de 1910 passou a chamar-se APOLO) in HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA EM PORTUGAL.

(CONTINUAÇÃO) RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XIX ]

«RUA ACTRIZ ADELINA ABRANCHES»

A «RUA ACTRIZ ADELINA ABRANCHES» pertence à freguesia de «BENFICA». Começa na "RUA QUINTA DO CHARQUINHO" e finaliza na "ESTRADA POÇO DO CHÃO".
Em Acta Nº 89 de 7 de Novembro de 1966  foi do parecer da "COMISSÃO de TOPONÍMIA" que o nome de ADELINA ABRANCHES fosse colocado na "RUA-D" do "BAIRRO DA QUINTA DO CHARQUINHO".
No Processo Nº 246/66 da REPARTIÇÃO DA SECÇÃO CULTURAL E TURISMO, originado por recortes dos jornais do "DIÁRIO DE NOTÍCIAS e de "O SÉCULO", no sentido de se perpetuar num arruamento de LISBOA, o nome da Actriz "ADELINA ABRANCHES", que tinha sido pedido em 1957. Estava agora encontrada uma rua com maior representação e envolvente com outros artistas do Teatro, que por EDITAL de 10 de Novembro de 1966, lhe é atribuída a respectiva RUA.
"MARGARIDA ADELINA ABRANCHES" nasceu em LISBOA no dia 15 de Agosto de 1866 e faleceu em LISBOA a 21 de Novembro de 1945. Nascida na "TRAVESSA CRUZ DO DESTERRO" número 11, (antiga freguesia da PENA) hoje freguesia de ARROIOS.
Estreou-se aos 4 anos de idade, no TEATRO NACIONAL D. MARIA II em LISBOA, na comédia "OS MENINOS GRANDES" em 10 de Janeiro de 1870. Aos 13 anos já era disputada pelos empresários teatrais e ao longo da sua carreira tornou-se numa das maiores figuras do TEATRO PORTUGUÊS, na representação de comédias ou dramas e até na revista.
Tendo evoluído no TEATRO NACIONAL D. MARIA II, no TEATRO DA RUA DOS CONDES e no TEATRO LUÍS DE CAMÕES (em BELÉM), no do RATO, no DONA AMÉLIA (hoje São Luís), no APOLO e no TEATRO TRINDADE. Sendo de destacar a sua actuação em "ROSA ENJEITADA" (1902) de D. JOÃO DA CÂMARA, quando permaneceu no TEATRO S. LUÍS entre 1902 e 1912, depois desta data passa a fazer parte do TEATRO D. MARIA II.
No S. LUÍS interpretou entre outras peças, além da já referida "ROSA ENJEITADA", A SEVERA, O SEGREDO DO POLICHINELO"(1902) (que viria a representar novamente em 1904), AS PUPILAS DO SENHOR REITOR(1909) de Júlio Dinis (1825-1890).
Já no NACIONAL "A TABERNA"(1925), "O GEBO E A SOMBRA"(1926) de Raul Brandão (na sofredora DOROTEIA), e ainda  "ROSAS DE PORTUGAL"(1927) de Silva Tavares,José Romano (pseudónimo de José Clímaco), a música era de Venceslau Pinho, Alves Coelho (pai) e Raul Portela (nesta revista estreou-se a cantora "CORINA FREIRE" de requintada voz, nos anos 60 do século XX, era professora de canto), a "FEIRA DA LUZ "(1930) de Pereira Coelho e "A FORMIGA" (1941).
Representou centenas de peças dos mais variados géneros teatrais, e sempre com assinalável êxito tanto em PORTUGAL como no BRASIL, onde actuou diversas vezes, com interpretações ao tempo consideradas inigualáveis.
Casou em LISBOA na freguesia dos ANJOS, em 26 de Julho de 1890 com o empresário do TEATRO DO PRNCÍPE REAL, LUÍS GONZAGA VIANA RUAS (nascido em LISBOA na freguesia do SOCORRO), era também conhecida por ADELAIDE RUAS, teve uma filha do casal, a actriz AURA ABRANCHES.
Desempenhou um papel de relevo no filme "MARIA DO MAR" (1930) de LEITÃO DE BARROS e ainda "LISBOA" do mesmo realizador. Ainda o filme "A ROSA DO ADRO" (1938) de CHIANCA GARCIA, tendo actuado pela última vez no ano de 1944.
Foi condecorada com a "ORDEM DE SANTIAGO E ESPADA" e com a "MEDALHA DE OURO DA CIDADE DE LISBOA".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [XX]-ELVIRA VELEZ»  

sábado, 23 de agosto de 2014

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XVIII ]

RUA ACTOR VASCO SANTANA ( 2 )
 Rua Actor Vasco Santana - (2014) - (Um troço da "RUA ACTOR VASCO SANTANA" na freguesia de BENFICA) in GOOGLE EARTH
 Rua Actor Vasco Santana - (2014) - (A "RUA ACTOR VASCO SANTANA" no novo POLO do BAIRRO DOS ACTORES, no Bairro de Santa Cruz em BENFICA)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Actor Vasco Santana - (2010) (A Rua Actor Vasco Santana, na freguesia de BENFICA) (Abre em tamanho grande) in  TOPONÍMIA DE LISBOA
 Rua Actor Vasco Santana - (1954) - (Uma cena do filme "O COSTA DE ÁFRICA", com VASCO SANTANA, ROGÉRIO PAULO, HORTENSE LUZ e ANA PAULA, uma realização João Mendes e musica de Victor Bonjour)  in  OS ANOS DE OURO DO CINEMA PORTUGUÊS
 Rua Actor Vasco Santana - ( 1933 )- (Cartaz do filme "A CANÇÃO DE LISBOA" do realizador Conttinelli Telmo, tendo como actor principal "VASCO SANTANA") in RESTOS DE COLECÇÃO
Rua Actor Vasco Santana - (1933) - (Uma cena do filme "A CANÇÃO DE LISBOA", os noivos do elenco VASCO SANTANA e BEATRIZ COSTA. Uma produção feita com equipamento da TOBIS, iniciou-se a filmagem num palco improvisado, enquanto continuava a construção do Estúdio)  in  HISTÓRIAS DE CINEMA


(CONTINUAÇÃO)-RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XVIII ]

«RUA ACTOR VASCO SANTANA ( 2 )»

Passados dois meses (da sua estreia forçada) estrear-se-ia profissionalmente no "TEATRO AVENIDA", em "ÁS DE OIROS". A crítica teceu-lhe grandes elogios. Já no início de 1918 participa em "NOVO MUNDO"; da célebre parceria de ERNESTO RODRIGUES, FÉLIX BERMUDES e JOÃO BASTOS, onde demonstrou grande desejo de progredir e continuar. Ainda em 1918 é contratado pela Companhia ESTÊVÃO AMARANTE  e LUÍSA SATANELA. Em 1919 regressa ao ÉDEN, teve oportunidade de entrar em "MISS DIABO", que mais tarde VASCO SANTANA recordaria como um dos momentos mais marcantes da sua carreira. No final da década de 10, com apenas 3 anos de carreira, VASCO SANTANA já tinha trabalhado com grandes figuras do Teatro, pisando os principais palcos da Capital.
A sua primeira "tournèe" ao BRASIL, representou para VASCO um momento de emancipação. O BRASIL era à época um destino frequente para as companhias portuguesas, que aí se exibiam nas principais cidades, em digressão que se prolongavam frequentemente por largos meses. Este, parece ter sido também o caso de VASCO SANTANA ao longo das suas viagens até ao outro lado do ATLÂNTICO nas décadas de 10 e de 20 do século passado. A importância da primeira  viagem, porém, está mais ligada a um facto da sua vida pessoal do que da sua carreira profissional: quando regressa, no Verão de 1921, vinha casado com a colega de Companhia "ARMINDA MARTINS", também ela crescida no meio teatral.  Para VASCO não se tratou tanto de constituir família autonomamente, mas de aumentar a família no próprio interior daquela comunidade, que, desde que nasceu, era a sua verdadeira casa. 
No ano seguinte nasceria o único filho do casal, "HENRIQUE SANTANA" (nome igual ao de seu avô), que duas décadas mais tarde, se tornaria, ao lado do pai, também um actor popular nos palcos lisboetas.
De volta a LISBOA, VASCO SANTANA não foi esquecido pelo seu público. A sua entrada para a Companhia de ARMANDO DE VASCONCELOS, era outro prestigiado empresário lisboeta ( e colaborador de LUÍS GALHARDO) que nos anos 20, exploravam o Teatro SÃO LUÍS com um reportório sobretudo composto por operetas.
VASCO foi substituir o autor HENRIQUE ALVES e em pouco tempo afirmou-se como o galã cómico da Companhia. Interessa realçar que as operetas de VASCONCELOS no SÃO LUÍS foram, durante esses anos, consideradas como de melhor teatro que se fazia em LISBOA. A qualidade musical, a sofisticação da cenografia, as peças em que VASCO SANTANA entrou ao longo dos cerca de 14 anos que durou o seu vínculo a ARMANDO VASCONCELOS escapavam, segundo os jornais, à mediocridade generalizada do teatro apresentado nos palcos da Capital. Foi sobretudo aqui que se formou o actor.
Em 1928 nasceu o segundo filho do actor, duma relação com ALDINA DE SOUSA, de nome JOSÉ MANUEL, que tal como o meio-irmão mais velho "HENRIQUE" também estará ligado ao Teatro, seguindo os passos do avô como cenógrafo e compondo, já na década de 40, um trio na produção de comédias com o pai e o irmão. Quanto à carreira, mas sempre em família, VASCO iniciou outra dimensão na sua actividade teatral escrevendo com os primos JOSÉ e LUÍS (os filhos de seu tio LUÍS GALHARDO pai) e outros. A sua primeira peça " DE ARROZ", que foi também o seu primeiro êxito. Daqui para a frente, e em diferentes parcerias com os primos (sobretudo com JOSÉ) e com nomes como os de ALBERTO BARBOSA, XAVIER DE MAGALHÃES ou MANUEL DOS SANTOS CARVALHO.
O grande acontecimento na sua carreira neste final da década de 20, foi o cinema. Em 1929 dirigida por ANTÓNIO LOPES RIBEIRO "A MENINA ENDIABRADA" onde VASCO teve um papel secundário. Em 1941 no "O PAI TIRANO", LOPES RIBEIRO dirigiu novamente o actor.
Nas vésperas da "explosão" da popularidade com o êxito cinematográfico, estava talvez no auge da sua carreira. Mas a facilidade de representação foi ensombrada pela tragédia pessoal. Ainda em 1930, durante o enorme êxito de "O MEU MENINO", uma adaptação escrita por si, JOSÉ GALHARDO e SANTOS CARVALHO, "ALDINA DE SOUSA" morreu, de complicações numa pequena operação de rotina. Com trinta e poucos anos, foi como jovem galã que VASCO teve o primeiro êxito no cinema sonoro "A CANÇÃO DE LISBOA"(1933) de COTTINELLI TELMO, com o seu lendário "VASQUINHO DA ANATOMIA". Com o papel de "MESTRE JOSÉ SANTANA" entrou no filme "O PAI TIRANO"(1941), talvez o seu melhor papel cinematográfico, o "NARCISO" de "O PÁTIO DAS CANTIGAS"(1941) era uma personagem de certas características, com seus trocadilhos com o actor ANTÓNIO SILVA, repletos de humor... "Ó EVARISTO, tens cá disto?". VASCO SANTANA terá quase atingido as duas dezenas de representações em filmes, tendo em alguns a responsabilidade na parte escrita, é o caso de "MARIA PAPOILA"(1937), "O PAI TIRANO"(1941), "O PÁTIO DAS CANTIGAS"(1942) e "O COSTA DE ÁFRICA"(1954).
VASCO SANTANA além de actor, foi ensaiador, autor, tradutor e empresário, sendo património da memória colectiva a sua inconfundível prestação como artista de Rádio, tendo 
o multifacetado actor um grande sucesso ao desempenhar a figura de "ZEQUINHAS" das rábulas do "ZEQUINHAS E A LÉLÉ" de ANÍBAL NAZARÉ e NELSON DE BARROS, com IRENE  VELEZ (LÉLÉ) e ELVIRA VELEZ (Aquela Santa), transmitidas em 1947 pela EMISSORA NACIONAL
Era dia de "SANTO ANTÓNIO" do ano de 1958, VASCO SANTANA estava em casa, convalescendo de uma operação que se julgava não trazer complicações de maior. A doença forçara-o a interromper o seu papel em "UM FANTASMA CHAMADO ISABEL". A imprensa fazia votos para que, em breve, o actor pudesse regressar aos palcos, quando sucumbiu a complicações cardíacas. O "TEATRO MONUMENTAL" cobria-se imediatamente com uma tarja negra. LISBOA assistia depois a um funeral impressionante.
O Teatro podia estar em crise, mas ele mantinha-se no centro da cena. Quando morreu, assim, não morreu uma figura do passado, mas um actor dos mais activos. Daí o enorme vazio que deixou atrás de si.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES[XIX]-RUA ACTRIZ ADELINA ABRANCHES».

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [XVII]

RUA ACTOR VASCO SANTANA ( 1 )
 Rua Actor Vasco Santana - (2014) (A "RUA ACTOR VASCO SANTANA" no novo Polo do BAIRRO DE ACTORES, no Bairro de Santa Cruz em BENFICA) in  GOOGLE EARTH
 Rua Actor Vasco Santana - (2007) - (Panorâmica do "BAIRRO DE SANTA CRUZ" em BENFICA onde está inserida a RUA ACTOR VASCO SANTANA)  in  GOOGLE EARTH
 Rua Actor Vasco Santana - (2014) (A RUA ACTOR VASCO SANTANA no Bairro de Santa Cruz em BENFICA) in  GOOGLE EARTH
 Rua Actor Vasco Santana - (1941) Desenho de Leite Rosa (Cartaz do filme "O PAI TIRANO", protagonizado por: MARIA DA GRAÇA; VASCO SANTANA; RIBEIRINHO; LEONOR MAIA; ARTUR DUARTE; LUIZA DURÃO; TERESA GOMES; BARROSO LOPES e outros) in RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua Actor Vasco Santana - ( 1937) Foto de autor não identificado (VASCO SANTANA e Mirita Casimiro, numa cena da Revista "OLARÉ QUEM BRINCA", exibida no Teatro Variedades no Parque Mayer, um quadro passado no "RETIRO DA SEVERA" in  LISBOA NO GUINESS
Rua Actor Vasco Santana - (1933) (A graciosa comédia musical do filme "A CANÇÃO DE LISBOA" com Beatriz Costa e Vasco Santana) in CITI

(CONTINUAÇÃO) RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XVII ]

«RUA ACTOR VASCO SANTANA ( 1 )»

A «RUA ACTOR VASCO SANTANA» pertence à freguesia de «BENFICA». Começa na "RUA DAS GARRIDAS" e tem o seu final na "RUA DO PARQUE", no BAIRRO DE SANTA CRUZ. Tem convergente no lado direito a "RUA ACTOR ALVES DA CUNHA" e é atravessada pela "RUA MAESTRO RAUL FERRÃO". No seu lado esquerdo convergem a "RUA ACTOR ESTÊVÃO AMARANTE" e a "RUA ACTOR NASCIMENTO FERNANDES". Por Edital Municipal de 10 de Abril de 1969, a CML veio a construir um novo "POLO DO BAIRRO DE ACTORES" (provavelmente o segundo) e designou que o topónimo deste actor ficasse na "RUA-12" deste bairro.
Sem querermos menosprezar outros artistas, estamos convencidos de que se houve alguém que marcou o teatro no século XX, esse poderá certamente chamar-se VASCO SANTANA, tendo sido actor de operetas, teatro, comédias, teatro de revista à portuguesa, cinema e ainda na rádio. VASCO SANTANA não carece muita identificação, basta dizer que era o "gordo" bonacheirão dos filmes antigos, (calão ou bêbado) quase sempre bem-disposto, ainda assim dado a fúrias que passavam depressa. As suas personagens sobrevivem na sua capacidade de fazer rir.

«VASCO ANTÓNIO RODRIGUES SANTANA» de seu nome completo, nasceu em LISBOA na freguesia de BENFICA em 28 de Janeiro de 1898 no seio de uma família burguesa atípica. Nascido de uma família ligada ao TEATRO, nomeadamente o seu pai, "HENRIQUE SANTANA", que no início do século XX era talvez o mais respeitado ensaiador e cenógrafo da cena lisboeta, e ainda seu tio "LUÍS GALHARDO" (pai) era, nos anos Vinte, um potentado no mundo do espectáculo alfacinha, sobretudo depois de se criar, em plena "AVENIDA DA LIBERDADE" o "PARQUE MAYER", durante várias décadas o centro de diversões da Capital do país. Mas seria, porém, com o primo "JOSÉ GALHARDO" (que terá seguido as pegadas do pai), que VASCO SANTANA manteria uma relação profissional nos anos 30, ao produzir alguns êxitos tanto cinematográficos como teatrais.
VASCO SANTANA inscreve-se em Arquitectura, parecia assim, escapar ao mundo do TEATRO, para alívio do pai, e dar seguimento ao talento precoce pelo desenho. Ficaria no entanto pelo terceiro anos do "CURSO GERAL DAS BELAS-ARTES". No entanto matricula-se na ESCOLA DE ARTE DE REPRESENTAR (o actual CONSERVATÓRIO), não por vontade explícita de se tornar actor, mas simplesmente para ir atrás de uma bonita rapariga de quem gostava.
Por volta de 1917 (nas suas próprias palavras) era um namoradeiro, um conquistador, que se ia tornando conhecido o seu sorriso, a sua simpatia, o seu bom humor.
Em 21 de Outubro de 1917, um Domingo de touros, ocorreu o episódio que transformou VASCO SANTANA em actor. A história foi contada, ao longo da sua vida, por si e por outros, vezes sem conta. Com ligeiras diferenças, "a coisa ter-se-há passado mais ou menos assim": ao percorrer num eléctrico, a Avenida da Liberdade, a caminho do Campo Pequeno, foi abordado para acorrer a uma emergência - ARTUR RODRIGUES - "compère" da revista em cena no TEATRO AVENIDA com "O BEIJO" (de ARNALDO LEITE e CARVALHO BORGES), adoecera subitamente e a "matiné" daquela tarde estava em risco de não se realizar. VASCO assistia à peça tantas vezes que sabia o papel de cor. Após muita insistência, lá conseguiram convencê-lo a entrar no palco para desempenhar " O PALAVREADOR" nome da personagem central. Alguns dias depois, era assim noticiado pelo JORNAL DOS TEATROS: "Novo Actor: por motivo de doença do actor A. Rodrigues, estreou-se no AVENIDA, desempenhando o papel de "compère" ma peça "O BEIJO", o nosso amigo VASCO SANTANA, rapaz muito estudioso e inteligente. Dizem-nos que o seu trabalho foi uma verdadeira revelação para o público". 
O episódio da estreia de VASCO foi sempre contada como um acaso. Como se, de um dia para o outro, aquele jovem sem destino marcado, mas em posição de ser mais ou menos tudo aquilo que quisesse na vida, tivesse descoberto a verdadeira vocação. Foi, sem dúvida, um acaso, e um acaso que podia ter corrido mal.
VASCO SANTANA frequentador do meio teatral, muito popular, criativo e filho de um respeitado ensaiador de TEATRO, sobrinho de um dos mais poderosos empresários do momento, parecia inevitavelmente fadado para, pelo menos por brincadeira, experimentar em palco a sua extroversão natural.
Aconteceu tudo muito rapidamente nos primeiros anos da carreira de VASCO SANTANA. Os favores do público, os elogios da crítica, os contratos (no seu caso), não se fizeram esperar, ao contrários do que acontecia com a generalidade dos principiantes.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [XVIII]-RUA ACTOR VASCO SANTANA (2)»

sábado, 16 de agosto de 2014

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XVI ]

RUA JOSÉ VIANA ( 2 )
 Rua José Viana - (2014) - (A entrada Sul da "RUA JOSÉ VIANA" no lado esquerdo o início da Rua Arnaldo Assis Pacheco, outro actor de grande valor artístico)  in  GOOGLE EARTH
 Rua José Viana - (2014) - (Mais um troço da "RUA JOSÉ VIANA" no sentido Norte na freguesia de SANTA CLARA) in GOOGLE EARTH
 Rua José Viana - (2014) - ( A parte Norte da "RUA JOSÉ VIANA", na nova freguesia de SANTA CLARA) in GOOGLE EARTH
 Rua José Viana - (1965) Foto de Miguel Villa  ("JOSÉ VIANA" e "FLORBELA QUEIROZ" na revista "O PECADO MORA AO LADO" representado no TEATRO AVENIDA, Companhia de "VASCO MORGADO") in  FOTOLOG
 Rua José Viana - (1974) (Capa do disco de "JOSÉ VIANA" na rábula "A NOTA" na revista "Ó PÁ PEGA NA VASSOURA" que subiu à cena em 1974 no VARIEDADES. Do elenco faziam parte: DORA LEAL, CARLOS COELHO, LEONIAL MENDES e outros.)  in  FOTOLOG
Rua José Viana - (1974) - (Capa de mais um disco de "JOSÉ VIANA" na rábula "O PASTOR DA SERRA" na revista "Ó PÁ PEGA NA VASSOURA") in DESENVOLTURAS & DESACATOS

(CONTINUAÇÃO) - RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XVI ]

«RUA JOSÉ VIANA ( 2 )»

É também em meados da década de 60 que JOSÉ VIANA atinge o auge da sua carreira na EMPRESA DE GUISEPP BASTOS e VASCO MORGADO, então no TEATRO MARIA VITÓRIA, onde participou em variadíssimas rábulas, além de fazer algumas parcerias nos textos das revistas. Na revista "ZERO-ZERO-ZÉ-ORDEM PARA PAGAR"(1966) de P. da Fonseca, César de Oliveira, M. Santos Carvalho, Ribeirinho e Nelson de Barros, com música de Fernando de Carvalho, Frederico Valério e Carlos Dias, com a estreia no TEATRO VARIEDADES, JOSÉ VIANA interpretou o célebre «ZÉ CACILHEIRO», que marca definitivamente o estilo próprio do artista.
Outras rábulas merecem destaque em "ESPERTEZA SALOIA"(1969) de Aníbal Nazaré, Eugénio Salvador, e JOSÉ VIANA. Musica de J. Nobre e C. Dias, estreou-se no TEATRO MARIA VITÓRIA, em que JOSÉ VIANA além de participar no texto da revista, figurava numa rábula do "SINALEIRO DA LIBERDADE". Ainda no mesmo ano temos "MÃOS-À-OBRA"(1969) de igual elenco. 
A abertura "MARCELISTAS" foi aproveitada pelos actores de revista para restituírem a esta  a sua vocação crítica muito condicionada pela censura. No quadro "CLÍNICA GERAL" é exemplo desta fase da revista; o actor JOSÉ VIANA um dos autores do texto, personificou em "ZÉ POVINHO" acompanhado por "MARIANO FRANCO" no médico, que o vai consultar na esperança de uma receita que lhe restitua a liberdade de movimentos.
Em "PIMENTA NA LÍNGUA"(1970) de Aníbal Nazaré e JOSÉ VIANA, utilizando o mesmo processo no dueto "O POETA E A CANTADEIRA", em que os cortes da censura transformavam, por exemplo a quadra. «RESTAURANTES HÁ ALGUNS/ QUE ATÉ SÃO BONS, QUE DIACHO!/ BONS COZINHEIROS NÃO LARGAM/ O FORNO, A PANELA E O TACHO» (as reticencias representam os cortes da Censura, ficando assim a canção) ("...há alguns/ ...que diacho!/ ... não largam/ ...o tacho"). Este sistema já tinha sido usado em "ALTO LÁ COM O CHARUTO(1945), com VASCO SANTANA a ironizar o que sobrou das quadras (Censuradas).
Bastou que a Censura se tornasse menos rigorosa para que a imaginação dos autores se desprendesse e a revista voltasse a encontrar a sua vida natural. E não foi, decerto, por acaso que nesse "reencontro" com "GIL VICENTE" não ficou esquecido; em o "PRATO DO DIA"(1970) e "CALA-TE, BOCA"(1971) com textos de Aníbal Nazaré e JOSÉ VIANA, apresentaram versões actualizadas do "AUTO DA BARCA DO INFERNO", em que a sátira social atinge uma contundência de que o público se tinha desabituado. Assim, no batel infernal embarcam sucessivamente uma espectadora dos mercados, um mixordeiro, uma rapariga dos cabarés, uma cronista, enquanto o político vai para o purgatório, e só o "ZÉ POVINHO" tem acesso à barca celestial.
JOSÉ VIANA representou na cidade do PORTO em 1974 a peça "SIMPLESMENTE REVISTA" de que era autor juntamente com CÉSAR DE OLIVEIRA e ROGÉRIO BRACINHA, que em Dezembro de 1973 se tinha estreado no CAPITÓLIO, entre os números proibidos pela Censura e reiterados no corpo da revista, figurava um soneto de BOCAGE alusivo à LIBERDADE.
Foi estreado no TEATRO VARIEDADES a 20 de Dezembro de 1994 a revista "Ó PÁ, PEGA NA VASSOURA" de JOSÉ VIANA com a colaboração de dois jornalistas, Mário Castrim e Rolo Duarte(pai), João Vasconcelos, Nuno Nazaré Fernandes, e Artur Rebocho na parte musical. Era sem dúvida, a mais partidarizada das revistas do ano da REVOLUÇÃO DOS CRAVOS, evocada e exaltada em vários momentos ( uma linda canção de Castrim e Nuno Nazaré), lembrava que "ERAM CRAVOS CRAVOS CRAVOS/ ERAM CRAVOS MAIS DE MIL/ ERAM PUNHOS LEVANTADOS/ DO POVO NO MÊS DE ABRIL", o que lhe valeu a animosidade da imprensa reacionária (na época), que já começava a manifestar-se. Havia nela momentos altos, como o "NOVO AUTO DA BARCA" (que JOSÉ VIANA já havia glosado em "O PRATO DO DIA" 1970, em que o Diabo Vicentino obriga a entrar no batel infernal o ex-Almirante Américo Tomás, "por alcunha o Presidente da República", um banqueiro e um jornalista corrupto, por fim uns agentes da ex-PIDE, e duas magnificas rábulas de JOSÉ VIANA a "D.MARIA II" das notas de cor azulado de mil escudos (da época) e o "PASTOR DA SERRA", cujo "refrão" sobre musicalidade de JOÃO VASCONCELOS, que o povo de LISBOA cantou nas ruas: SOLDADO AMIGO,/ O POVO ESTÁ CONTIGO...  Além das revistas já referidas, JOSÉ VIANA participou em:  MULHERES À VISTA (1959), ELAS SÃO O ESPECTÁCULO(1963), DÁ-LHE AGORA!(1965), PÃO, PÃO, QUEIJO, QUEIJO(1967), GRANDE POETA É O ZÉ(1969), ORA BOLAS P'RÓ PAGODE(1973) e ATIRA O BARRETE AO AR(1977). 
O actor e sua mulher deixaram de ser acarinhados como outrora por colocarem o teatro ao serviço de uma ideologia, JOSÉ VIANA e DORA LEAL sentem a delicadeza desta situação e quando regressam ao PARQUE MAYER, em 1987, com FESTA NO PARQUE, o público reserva-lhes uma recepção fria e distante.

Noticiava o "CORREIO DA MANHÃ" do dia 8 de Janeiro de 2003, que faleceu na madrugada de ontem no HOSPITAL S. FRANCISCO XAVIER em LISBOA, o actor e pintor JOSÉ VIANA de 80 anos, na sequência de um acidente de viação, ocorrido no passado Domingo à noite na auto-estrada de CASCAIS (A5).
"JOSÉ VIANA", que deixou no início de 2003 o "palco da vida", pelas suas excepcionais características, só podia ser alfacinha. Despontando numa Colectividade como a "GUILHERME COSSOUL", frequentador do PARQUE MAYER (antes de fazer parte dele), parceiro de conversa fácil e larachas de lojistas, de empregados de cafés, de motoristas de táxis e de condutores de eléctricos, da malta curtida e sofrida de dito rápido a sair na ponta da língua, de crítica e humor à pressão... Actor e autor, cenógrafo, pintor  e até como desenhador de capas e "cartoons", a grande escola que frequentou tem o nome de LISBOA. Toda esta cidade que é ao mesmo tempo activa e madraça, chorosa e pronta a rir, pobrezinha e armada em cosmopolita.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [XVII]-RUA ACTOR VASCO SANTANA»

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XV ]

RUA JOSÉ VIANA ( 1 )
 Rua José Viana - (2014) - (A entrada Norte para a RUA JOSÉ VIANA, entre os dois blocos a rua central pertence a outro actor "Arnaldo Assis Pacheco")  in GOOGLE EARTH
 Rua José Viana - (2007) - (Panorama da antiga freguesia da "AMEIXOEIRA" onde se insere a "RUA JOSÉ VIANA")  in  GOOGLE EARTH
 Rua José Viana - (2014) (Um troço da "RUA JOSÉ VIANA" de Sul para Norte) in  GOOGLE EARTH
 Rua José Viana - (1962) - Foto da colecção de APS (Uma das cenas da opereta de cariz popular apresentada na RTP - "ROMANCE NA SERRA" de José de Oliveira Cosme, com musica do maestro Alves Coelho (Filho). Neste quadro "JOSÉ VIANA" cantava um fado, estando acompanhado pelo actor LUÍS CERQUEIRA, HORTENSE LUZ e alguns elementos  do Coro da ex-FNAT, que também faziam  figuração)  in  ARQUIVO/APS
 Rua José Viana - (1969) (Uma caricatura alusiva à revista "MÃOS-À-OBRA" de Aníbal Nazaré, Eugénio Salvador, e JOSÉ VIANA, musica de José Nobre e C. Dias, com estreia no Teatro Maria Vitória. Um quadro  "CLÍNICA GERAL", em que JOSÉ VIANA personificou o "ZÉ POVINHO" sendo o "médico" o actor Mariano Franco) in HISTÓRIA DO TEATRO DE REVISTA
Rua José Viana - (Ano setenta do séc. XX) - (Um dos retratos de JOSÉ VIANA nos anos setenta do século passado) in  DIGITAL BLUERÁDIO

(CONTINUAÇÃO)-RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XV ]

«RUA JOSÉ VIANA ( 1 )»

A «RUA JOSÉ VIANA» pertencia à freguesia da "AMEIXOEIRA", com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2013, e juntamente com a antiga freguesia da "CHARNECA", passou a denominar-se freguesia de «SANTA CLARA». Começa na RUA DO ALTO DO CHAPELEIRO e finaliza nessa rua com o mesmo topónimo. Tem como convergente no seu lado esquerdo a RUA ARNALDO ASSIS PACHECO, também um actor de nomeada. 
Por Edital de 14 de Julho de 2004, foi dado o nome a uma das artérias do novo BAIRRO MUNICIPAL DA AMEIXOEIRA, num novo Polo de BAIRRO DOS ACTORES, no extremo da cidade de LISBOA, fronteira com o Concelho de ODIVELAS.

"JOSÉ MARIA VIANA DIONÍSIO" nasceu em LISBOA e 6 de Dezembro de 1922 e faleceu também em LISBOA a 8 de Janeiro de 2003.
JOSÉ VIANA actor, artista plástico, era um homem de múltiplos interesses e amores.
A sua vida terá girado à volta do teatro, cenografia, pintura, da escrita e cinema.
Nasceu numa família de recursos modestos e terá sido educado por sua mãe e por sua avó materna, "Monárquica, Salazarista e, profundamente devota". Quem nos diz é "LUARO ANTÓNIO" (Realizador  e Crítico Cinematográfico), aquando dos 50 anos de actividade artística deste actor. Frequentou a ESCOLA INDUSTRIAL MACHADO CASTRO, no Curso de Serralheiro Mecânico, que não chegou a concluir, por "alegada falta de queda para os números e limagem dos metais".
Após ter aprendido a desenhar melhor, começou aos 13 anos, a fornecer desenhos para o Jornal O SENHOR DOUTOR, para o suplemento de "O SÉCULO", "PIM PAM PUM", e fazer capas para o "O PAPAGAIO". Terá conseguido o seu primeiro emprego graças ao seu enorme jeito para o desenho, tornando-se retocador de gravuras, na casa "BERTRAND & IRMÃOS" na TRAVESSA CONDESSA DO RIO, 27 perto da "CALÇADA DO COMBRO".
Começa a interessar-se pela música e descobre a política, lendo às escondidas o AVANTE. Inicia a vida de cantor em conjuntos que animam as sociedades de recreio (da época), passando mais tarde a cantar em "Cabarés" (ARCÁDIA), enquanto vai subindo na carreira de desenhador-tipógrafo, passando a publicista de cinema, na SONORO/FILMES. Chega ao TEATRO como cenógrafo na "SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO GUILHERME COSSOUL". Nesta colectividade encontra: JACINTO RAMOS; VARELA SILVA; RAUL SOLNADO e JOSÉ VIANA começa a pintar os seus primeiros cenários e estreia-se como actor amador, (substituindo um colega doente), em obras de GIL VICENTE, ALVES REDOL e RAUL BRANDÃO. Conhece a actriz brasileira "JUJÚ BAPTISTA" de quem tem uma filha de nome MARIA.
JOSÉ VIANA regressa de África em 1957, quando a RTP faz as suas primeiras emissões experimentais na FEIRA POPULAR. Estreia-se num programa infantil da RTP "RISCOS E GATAFUNHOS" e mais tarde em MELODIAS DE SEMPRE do maestro ALVES COELHO (Filho), são etapas de consolidação da carreira.
Ainda na sua passagem pela RTP no ano de 1962 tivemos um trabalho relacionado com uma opereta de cariz popular "ROMANCE NA SERRA" escrita por JOSÉ DE OLIVEIRA COSME e musicada pelo maestro ALVES COELHO (Filho). Como protagonistas (um casal romântico) ALICE AMARO e PAULO ALEXANDRE, o resto do elenco era rico em actores e em vozes: JOSÉ VIANA (interpretava o papel de BARBEIRO), LUÍS CERQUEIRA (O FARMACEUTICO), HORTENSE LUZ (a mãe da noiva), ALBERTO GHIRA (o MAESTRO DA BANDA), ANTÓNIO SACRAMENTO (o PADRE), ÓSCAR ACÚRCIO ( o embriagado), ARTUR GARCIA (o FOGUETEIRO), EMA PAUL (a VEDETA), MIGUEL SIMÕES (o SURDO) e MARIA FERNANDA SOARES, com as estreantes NATALINA JOSÉ e VERÓNICA. Davam a sua colaboração a esta opereta em quatro actos, alguns elementos do ex-coro da FNAT (hoje INATEL) (onde estavam integrados) e que simultâneamente faziam os coros e figuração em "MELODIAS DE SEMPRE". A realização deste trabalho esteve a cargo do saudoso FERNANDO FRAZÃO, e foi para o ar pela 1ª vez na RTP em 24 e 31 de Agosto e 7 e 14 de Setembro de 1962. "JOSÉ VIANA", neste trabalho foi uma figura bastante destacada, emprestando o seu talento e experiência à opereta, para que tudo corresse na perfeição.
JOSÉ VIANA iniciou um novo período de recolhimento, durante o qual voltou a dedicar-se à pintura.
Na década de 60 volta a casar-se, desta vez com a actriz "DORA LEAL" de quem teve duas filhas (Maria Raquel e Madalena Leal).
No cinema. JOSÉ VIANA tem uma carreira longa, mas pouco intensa. Começou em pequenos papeis como em "O CERRO DOS ENFORCADOS"(1953) de Fernando Garcia, "PERDEU-SE UM MARIDO"(1956) de Henrique Campos, "O RECADO"(1972) de José Fonseca e Costa, "A FUGA"(1977) de Luís Rocha, "A NOITE E A MADRUGADA"(1985), "MASCARA DE AÇO CONTRA ABISMO AZUL"(1988), "A ILHA"(1990) de Joaquim Leitão, "AQUI D'EL-REI"(1992) de António Pedro de Vasconcelos, "ENTRE MORTOS E VIVOS"(1992), "VIUVEZ SECRETA"(1992), "O FIM DO MUNDO"(1993) de João Mário Grilo, "MORTE MACACA"(1997) e "SENHOR JERÓNIMO"(1998) de Inês de Medeiros (curta metragem).

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [XVI]- RUA JOSÉ VIANA ( 2 )».

sábado, 9 de agosto de 2014

RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [XIV]

ANTÓNIO VILAR
 Rua António Vilar - (2014) (O início da RUA ANTÓNIO VILAR no novo bairro dos actores da AMEIXOEIRA) in GOOGLE EARTH 
 Rua António Vilar - (2007) - (Vista Panorâmica da freguesia de SANTA CLARA onde está inserida a RUA ANTÓNIO VILAR)  in  GOOGLE EARTH
 Rua António Vilar - (2014) - (Um troço da RUA ANTÓNIO VILAR na freguesia de SANTA CLARA) in  GOOGLE EARTH
 Rua António Vilar - (2014) - (Vista da parte final da RUA ANTÓNIO VILAR no Bairro dos Actores da AMEIXOEIRA) in  GOOGLE EARTH
 Rua António Vilar - (década de quarenta do séc. XX) (O galã do cinema português ANTÓNIO VILAR)  in  TOPONÍMIA DE LISBOA
 Rua António Vilar - (1945) - (O filme A VIZINHA DO LADO uma realização de ANTÓNIO LOPES RIBEIRO em 1945. Elenco: LUCÍLIA SIMÕES; HORTENSE LUZ; MADALENA SOTTO; CARMEM DOLORES; NASCIMENTO FERNANDES; ANTÓNIO SILVA; RIBEIRINHO e ANTÓNIO VILAR) in RESTOS DE COLECÇÃO
 Rua António Vilar - (1945) - (Uma cena com CARMEM DOLORES e ANTÓNIO VILAR no filme A VIZINHA DO LADO(1945) de António Lopes Ribeiro, adaptação da comédia de ANDRÉ BRUN) in OS ANOS DE OURO DO CINEMA
Rua António Vilar - (1946) - (ANTÓNIO VILAR na personagem de CAMÕES no filme do mesmo nome, realizado por ANTÓNIO LOPES RIBEIRO)  in  OS ANOS DE OURO DO CINEMA

(CONTINUAÇÃO) - RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [ XIV ]

«RUA ANTÓNIO VILAR»

A «RUA ANTÓNIO VILAR» pertencia à freguesia da "AMEIXOEIRA", com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA EM 2013 e juntamente com a antiga freguesia da "CHARNECA", passou a denominar-se freguesia de «SANTA CLARA».
Começa na AVENIDA GLICINIA QUARTIN (ou na Azinhaga das Galinheiras?) e finaliza na RUA 1 DE MAIO - QUINTA DO GRAFANIL.
Por proposta do olisipógrafo APPIO SOTTOMAYOR enquanto membro da COMISSÃO MUNICIPAL DE TOPONÍMIA, propôs o nome deste actor para vir a figurar na toponímia de LISBOA, o que aconteceu por Edital de 14 de Julho de 2004, numa artéria nova do BAIRRO MUNICIPAL DA AMEIXOEIRA, iniciando assim, mais um BAIRRO DE ACTORES.

«ANTÓNIO VILAR», actor de seu nome completo ANTÓNIO VILAR JUSTINIANO DOS SANTOS, nasceu em LISBOA na freguesia de ALCÂNTARA a 31 de Outubro de 1912 e faleceu em MADRID no dia 15 de Agosto de 1995.
Na sua época foi o mais internacional galã do cinema Nacional. Estudou no LICEU PEDRO NUNES e no INSTITUTO COMERCIAL DE LISBOA (na RUA DAS CHAGAS).
Participou no filme A SEVERA de LEITÃO DE BARROS em 1931 como figurante e veio a estrear-se nesse mesmo ano no TEATRO D. MARIA II na peça ROMANCE.
No ano de 1934 entra no filme GADO BRAVO de ANTÓNIO LOPES RIBEIRO que havia sido colega no LICEU PEDRO NUNES, tendo desempenhado as mais variadas funções, desde assistente a caracterizador. Em 1940 no filme FEITIÇO DO IMPÉRIO, igualmente de ANTÓNIO LOPES RIBEIRO.
Com "O PÁTIO DAS CANTIGAS" em 1942 de ANTÓNIO LOPES RIBEIRO, ANTÓNIO VILAR no papel de "Carlos Bonito" (ao lado de vários actores de renome), começou uma carreira que o elevaria a primeira figura de cartaz em PORTUGAL e no Estrangeiro, onde contracenou com vedetas célebres.
A sua actuação no filme CAMÕES de ANTÓNIO LOPES RIBEIRO em 1946, mereceu-lhe o prémio de melhor interprete. Em 1947 fixou residência em ESPANHA.
Na década de 50 era cotado como um dos mais disputados galãs do cinema europeu.
ANTÓNIO VILAR deu a sua colaboração nos filmes: AMOR DE PERDIÇÃO(1943) de ANTÓNIO LOPES RIBEIRO; INÊS DE CASTRO(1945) de LEITÃO DE BARROS; A VIZINHA DO LADO(1945) de ANTÓNIO LOPES RIBEIRO e MANTILHA DE BEATRIZ(1946) do realizador espanhol EDUARDO GARCIA MAROTO, que em 16 de Agosto desse ano, estreava no cinema TRINDADE.
ANTÓNIO VILAR entrou em imensos filmes em ESPANHA, FRANÇA, ITÁLIA, ARGENTINA e BRASIL, isto entre 1946 e 1978, protagonizou cerca de 40 filmes em castelhano, e contracenou com nomes do estrelato internacional como: ANNA KARINA; BRIGITTE BARDOT; JOAN FONTAINE; MARIA FÉLIX e ORSON WELLES, entre outros.
Já nos seus anos finais acalentou a ideia de custear o projecto da realização de um filme abordando a epopeia de FERNÃO DE MAGALHÃES, tendo até mandado construir uma réplica da embarcação "NAU TRINIDAD".
Esta réplica, após o falecimento de ANTÓNIO VILAR, foi oferecida à "COMISSÃO NACIONAL DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUAS DE LISBOA COM NOMES DE ACTRIZES E ACTORES [XV]-RUA JOSÉ VIANA ( 1 )».