sábado, 30 de julho de 2016

LARGO DA AJUDA [ I ]

«O LARGO DA AJUDA E SEU ENVOLVENTE»
 Largo da Ajuda - (Década de 80 do século XX) - ("Palácio Nacional da Ajuda" no sítio da AJUDA, próximo da casa do escritor e conservador da Biblioteca da Ajuda, "Alexandre Herculano" e da "Torre da Ajuda")  in  DICIONÁRIO DE HISTÓRIA DE PORTUGAL - VOL. I
 Largo da Ajuda - (2016) - (Panorâmica da zona onde está inserida  o "LARGO DA AJUDA" e o "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA")  in    GOOGLE EARTH
 Largo da Ajuda - ( 2016 ) - (Panorâmica mais aproximada do "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA" e seu envolvente)   in   GOOGLE EARTH
 Largo da Ajuda - (1973) Foto de Artur Pastor - (Panorâmica sobre a encosta da AJUDA com o Palácio Nacional da Ajuda no topo) - (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   AML 
 Largo da Ajuda - ( 19--)  Foto de José Chaves Cruz - (Palácio Nacional da Ajuda no Largo da Ajuda)  (Abre em Tamanho grande)  in    AML  
Largo da Ajuda - ( Século XIX - Gravura de B. R. Bourdet - (Panorâmica do ALTO DA AJUDA, em primeiro plano vê-se o Jardim de Lázaro Leitão e ao fundo a "REAL BARRACA DA AJUDA", residência do REI depois do Terramoto de 01.11.1755, a CAPELA e a TORRE SINEIRA do Palácio) (Abre em tamanho grande)  in    AML 


(INÍCIO) - LARGO DA AJUDA [ I ]

«O LARGO DA AJUDA E SEU ENVOLVENTE»

O «LARGO DA AJUDA» pertence à freguesia da «AJUDA» é limitado a Oeste pela Nobre fachada do "PALÁCIO NACIONAL DA AJUDA" e fica entre a "CALÇADA DA AJUDA" e a "RUA DO GUARDA-JOIAS". Para ele convergem a Sul; a ALAMEDA DOS PINHEIROS e RUA DOM VASCO; a Norte a "RUA DA TORRE, LARGO DA TORRE e a RUA AUGUSTO GOMES FERREIRA, a Nascente a "TRAVESSA DA AJUDA" e o "PÁTIO DO SEABRA".
Este "LARGO DA AJUDA" tem origem na antiga "QUINTA DE CIMA DO ALTO DA AJUDA" quando este sítio foi eleito para residência REAL, depois do Terramoto de 1755. Nesse "CABEÇO", seria a futura morada de DOM JOSÉ.
O nome de "LARGO DA AJUDA" resulta de uma deliberação camarária de 21 de Setembro de 1916 e do EDITAL de 26 do mesmo mês, que oficializou o topónimo.
A ACTA Nº. 4 de 18 de Janeiro de 1944 da COMISSÃO DE TOPONÍMIA, vem confirmar a aprovação da sua nomenclatura.

O lugar da "AJUDA" começou a existir como aglomerado bairrista e urbanisticamente definido, muito antes de BELÉM ser freguesia. Assim, a crónica bairrista da "AJUDA" não é menos interessante do que a de BELÉM; é mesmo mais rica em elementos populares, mais expressiva e pitoresca e com alguns alicerces históricos.
O nome de "AJUDA" prende-se com a pequena ERMIDA desta invocação. erigida no século de quatrocentos no "ALTO DA AJUDA" à qual andou ligada uma graciosa lenda: Um pastor que por ali trazia seu gado a pastar, entrou em certa ocasião numa gruta entre "fragas" ( 1 ) que caracterizava o lugar, e viu nela uma imagem da VIRGEM, que logo  - e porque auxiliava os que a ela recorriam -  ficou sendo a «SENHORA DA AJUDA».
Era grande a devoção dos fieis, que de longe vinham e em tão elevado número que houve a necessidade de se fazerem casas para os recolherem.  À primeira ERMIDA sucedeu outra maior, muito da protecção da RAINHA DONA CATARINA, mulher do REI DOM JOÃO III.
No início do século XVII "AJUDA" estava desenvolvida, sendo em 1742 já uma freguesia autónoma do BAIRRO DO MOCAMBO. Veio então o Terramoto que destruiu grande parte de LISBOA.
Até 1755, como é sabido, os monarcas moravam geralmente no PALÁCIO DA RIBEIRA, junto ao TEJO, nas proximidades do TERREIRO DO PAÇO actual, pelo que , o GOVERNO, também por lá funcionava. Mas o sismo não poupou a residência dos soberanos pelo que, DOM JOSÉ e sua família mais próxima, ficaram a dever a vida ao simples facto de terem pernoitado no PALÁCIO DE BELÉM, que era ao tempo, uma espécie de REAL CASA de Campo. Em circunstâncias normais, poderiam ter ficado soterrados, como aconteceu a muitos dos que se encontravam a trabalhar no PALÁCIO DA RIBEIRA.

Logo que se soube que o morro chamado "AJUDA" tinha sido poupado à fúria devastadora do abalo, El-REI que não ganhara para o susto, decretou de pronto que nesse morro "bendito" seria a sua futura morada. Entretanto, declarou que não mais voltaria a dormir em casa construída de pedra e cal.
Assim, improvisaram-se tendas para receber as altas personalidades e foi iniciada a construção de uma grande casa de madeira, à qual o povo chamou,  a "REAL BARRACA" ou o "PAÇO DE MADEIRA".

- ( 1 ) - FRAGA - Penhasco, brecha, rocha escarpada.

(CONTINUA)-(PRÓXIMA)«LARGO DA AJUDA[ II ] - A REAL BARRACA ( 1 )»

quarta-feira, 27 de julho de 2016

RUA DE SANTOS-O-VELHO [ VII ]

«A IGREJA DE SANTOS-O-VELHO»
 Rua de Santos-o-Velho - (2011) - (A "IGREJA DE SANTOS-O-VELHO" com fachada principal de um só corpo, com duas torres sineiras muito interessantes)  in  MONUMENTOS-SIPA
 Rua de Santos-o-Velho - (Imagem do século XVII) (Os Santos Mártires VERÍSSIMO e suas irmãs MÁXIMA e JÚLIA. Podem ser vistos neste belo conjunto dos três santos, apresentados em trajes de romeiros - bordão comprido nas mãos - imagem do século XVII exposta ao culto na Igreja do extinto Mosteiro de Santos-o-Velho, em LISBOA que guarda parte das relíquias dos Mártires. Diz ainda o MARTIROLÓGIO ROMANO de 1953:"Em LISBOA, na Lusitânia (agora Portugal), os Santos Mártires VERÍSSIMO e suas irmãs MÁXIMA e JÚLIA, que sofreram")  in  HEROÍNAS DA CRISTANDADE
 Rua de Santos-o-Velho - (2011) (Pormenor da falsa abóboda de berço em madeira, decorada por 72 painéis pintados com temática alegórica à Eucaristia)   in    MONUMENTOS-SIPA 
 Rua de Santos-o-Velho - (Século XXI) Foto de Hugo Carriço - (Interior da IGREJA DE SANTOS-O-VELHO com as tribunas de tríplice arcaria e balaustrada de mármore)  in    FLICKR
 Rua de Santos-o-Velho - (Século XXI) Foto de Hugo Carriço - ( O interior da IGREJA DE SANTOS-O-VELHO apresenta lateralmente tribunas com tríplice arcaria e balaustrada de mármore com as pedras de armas dos "MARQUESES DE ABRANTES")  in   FLICKR 
Rua de Santos-o-Velho - (Início do século XX) Foto de Alexandre Cunha - ( Panorama, vendo-se ao centro a "IGREJA DE SANTOS-O-VELHO")  ( Abre em tamanho grande)  in   AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE SANTOS-O-VELHO [ VII ]

«A IGREJA DE SANTOS-O-VELHO»

A «IGREJA DE SANTOS-O-VELHO» tal como nos mostra, está assente num templo e capelas cuja datação provável aponta para o século IV, tendo uma segunda Capela sido edificada (nas ruínas) em 1147, dedicada aos três SANTOS MÁRTIRES "VERÍSSIMO, MÁXIMA E JÚLIA".
Com as intervenções do Arquitecto "JOÃO ANTUNES" em 1696 nas Torres sineiras, frontispício e púlpito.
No ano de 1821, sobre o mesmo lugar foi edificado a galilé, em 1840 concluída a CAPELA-MOR (em terrenos cedidos pelo MARQUES DE ABRANTES) e com obras de restauro nos anos de 1861 e 1876, confere-lhe o perfil como hoje se apresenta.
A IGREJA de planta longitudinal composta pela justaposição axial de dois rectangulos, o da NAVE e o da CAPELA-MOR, sendo a cobertura feita por um telhado de duas águas.
Na fachada principal, de um só corpo, distingue-se, ao nível do piso térreo, o portal em arco abatido fechado por grades de ferro, através do qual se acede à galilé, encimada por um relevo figurando os Santos MÁRTIRES do orago, "VERÍSSIMO, MÁXIMA e JÚLIA".
A eixo, num segundo nível, rasga-se um janelão com emolduramento de cantaria lavrada e coroada de ática, e remate do alçado é feito por frontão triangular vazado por janela iluminante. 
Lateralmente reconhecem-se duas torres sineiras de secção quadrada, com 4 ventanas e rematadas por cúpula coroada de acrotérios.  Na galilé obsevam-se para além da porta principal, com emolduramento de cantaria de mármore e ladeada por pilastras igualmente de mármore, a porta de acesso à capela dos "SANTOS MÁRTIRES", à esquerda.  O interior, de uma só nave e CAPELA-MOR profunda, apresenta cobertura falsa abóbada de berço em madeira, decorada por setenta e dois painéis pintados e dourados, compartimentados em 8 tramos regulares e tendo por temática alegorias à EUCARISTIA.
Adossado ao intradorso do muro da fachada e sobre a porta eleva-se o coro assente sobre 6 missuras e com varanda encurvadas de balaústre dourados. As 3 Capelas, que se abrem em cada um dos muros laterais da nave (sendo encimadas por janelas iluminantes a eixo) são dotadas de altares de madeira com camarim e possuem as seguintes invocações, do lado do EVANGELHO: "SÃO MIGUEL", SANTA LUZIA", "NOSSA SENHORA DA PIEDADE", e do lado da EPISTOLA: "NOSSA SENHORA DA BONANÇA", "SANTO ANTÓNIO" e "CORAÇÃO DE JESUS". Destacam-se ainda as capelas de "Nª. SENHORA DA CONCEIÇÃO" (localizada no topo, ao lado direito do arco triunfal) e do "SANTÍSSIMO SACRAMENTO. O tecto é suportado por quatro colunas decoradas com estuque rosa. A CAPELA-MOR, de planta regular e coberta por abóbada de berço com decoração de estuque em torno de um emblema eucarístico central, apresenta lateralmente tribunas com tríplice arcaria e balaustrada de mármore, observando-se uma pedra de armas dos "MARQUESES DE ABRANTES" no lado da EPISTOLA.
O altar-mor, emoldurado por colunas de estuque simulando mármore, representa trono e sobre este as imagens dos 3 padroeiros de IGREJA. [ FINAL ]

BIBLIOGRAFIA

- ANDRADE DE FERREIRA - Palácios Reais de Lisboa - Ed. Império-1949 - LISBOA.
- ARAÚJO, Norberto de - PEREGRINAÇÕES EM LISBOA . Livro VII-1993 - LISBOA
- AS FREGUESIAS DE LISBOA - Augusto Vieira da Silva- Pub. CML- 1943-LISBOA
- ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA-FILIPE FOLQUE-CML-2000-LISBOA.
- CAEIRO, Baltazar Matos-Os Conventos de Lisboa- Dist. Editora-1989-LISBOA.
- DIC. DA HIST. DE LISBOA - Dir. de Francisco Santana e Rduardo Sucena-1994-LISBOA
- HIST´. DOS MOST., CONV. E CASAS RELIGIOSAS DE Lisboa-CML-Tomo II - 1972.
- LISBOA ANTES DO TERRAMOTO -Grande Vista da Cidade. entre 1700 e 1725-Gótica-
   2004- LISBOA.
- LISBOA EM 1551- SÚMARIO-Cristóvão Rodrigues de Oliveira-Liv. Horiz.-1987- LISBOA.

INTERNET

- EMBAIXADA DE FRANÇA 

- HEROÍNAS DA CRISTANDADE


(PRÓXIMO)«LARGO DA AJUDA [ I ] O LARGO DA AJUDA E SEU ENVOLVENTE»

sábado, 23 de julho de 2016

RUA DE SANTOS-O-VELHO [ VI ]

«PALÁCIO ABRANTES A EMBAIXADA DE FRANÇA»
 Rua de Santos-o-Velho - (2014) - Foto de Cristian Rodriguez - Fachada do Palácio Abrantes hoje Embaixada de França  in  SIETE LISBOAS 
 Rua de Santos-o-Velho - ( 2016 ) - (A "RUA DE SANTOS-O-VELHO" Fachada principal da "Embaixada de França")  in  GOOGLE EARTH 
 Rua de Santos-o-Velho - (2016) - (A "RUA DE SANTOS-O-VELHO" vista da "CALÇADA MARQUÊS DE ABRANTES" tendo no seu lado direito a "RUA DA ESPERANÇA") in GOOGLE EARTH
 Rua de Santos-o-Velho (2015) Foto de Dario Cruz  ("PALÁCIO  MARQUÊS DE ABRANTES" tecto da "sala das porcelanas", hoje Embaixada da França)  in   PÚBLICO  
Rua de Santos-o-Velho - (2012) Foto de Luís Boléo - (PALÁCIO MARQUÊS DE ABRANTES" pormenor de uma das suas belíssimas Salas, decoradas com painéis de azulejos azul e branco)  in  PANORAMIO

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE SANTOS-O-VELHO [ VI ]

«PALÁCIO DE ABRANTES A EMBAIXADA DE FRANÇA»

O 5.º MARQUÊS DE ABRANTES, "PEDRO DE LENCASTRE E TÁVORA", alguns anos depois alugou o PALÁCIO de 1841 a 1849, a MARIE AMÉLIA DE BEAUHARNAIS, "DUQUESA DE BRAGANÇA", viúva do IMPERADOR PEDRO I DO BRASIL. Em 1853, uma pequena parte do PALÁCIO serve de residência à INFANTA "ANA DE JESUS MARIA, irmã dos Reis de PORTUGAL, "PEDRO" e "MIGUEL".
Por morte de "D. JOSÉ DE LENCASTRE E TÁVORA" (irmão de PEDRO) em 28 de Novembro de 1870 (Nobre que nunca se enquadrou no título de «MARQUÊS DE ABRANTES» por seguir o partido de "DOM MIGUEL")
Nesse mesmo ano foi para este PALÁCIO residir por aluguer o MINISTRO DE FRANÇA em LISBOA, o "CONDE ARMAND" onde ali instalou a "LEGAÇÃO DE FRANÇA".
Ocupava o piso inferior, mantendo-se os donos da casa na parte superior. Em 1880, "JOÃO DE LENCASTRE E TÁVORA"(1864-1917), continuava a habitar o edifício.
A 14 de Agosto de 1909 "SAINT-REVÉ TAILANDER", MINISTRO DE FRANÇA, adquire todo o edifício e jardim, em nome do GOVERNO FRANCÊS, para ali instalar a sua EMBAIXADA.
Terminaram assim, mais de trezentos anos de vida comum entre o "PALÁCIO DE SANTOS" e a família dos "LENCASTRES". Mas começou um novo episódio da história, mais que milenar deste local de «SANTOS», dedicado agora às relações, também pluri-seculares, entre a FRANÇA e PORTUGAL.
Quem tem a feliz hipótese de entrar neste antigo "PALÁCIO DE SANTOS" verá magnificas salas, excelentes pinturas. belas porcelanas e ainda uma uma esplendorosa vista para o TEJO, a partir do Jardim que é adivinhado por quem passa na "AVENIDA 24 DE JULHO" .

Como última curiosidade, anote-se um acrescento feito ao PALÁCIO, entre este e o edifício da IGREJA, conservando o mesmo estilo. A obra já foi do século passado (1937), levado a cabo pelos arquitectos "RENÉ TOUZET" e "REBELO DE ANDRADE", ali funcionou o "INSTITUTO FRANCÊS", que hoje se encontra, na "AVENIDA LUÍS BIVAR".
Em 1948 a "LEGAÇÃO" torna-se "EMBAIXADA DE FRANÇA".
Não queria deixar de fazer referência a uma pequena câmara deste admirável edifício, com tecto em cúpula, sendo esta revestida interiormente de louças do JAPÃO, da ÍNDIA, e algumas "hispano-Árabes", num conjunto original. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMA)«RUA DE SANTOS-O-VELHO[ VII ] A IGREJA DE SANTOS-O-VELHO». 

quarta-feira, 20 de julho de 2016

RUA DE SANTOS-O-VELHO [ V ]

«"PALÁCIO DE SANTOS" OU "PALÁCIO DE ABRANTES"»
 Rua de Santos-o-Velho - (2016) - (Um aspecto da "RUA DE SANTOS-O-VELHO" no seu final e junto da Igreja Paroquial)  in  GOOGLE EARTH
 Rua de Santos-o-Velho - (2016) - (Início da "RUA DE SANTOS-O-VELHO" na sua frente a "CALÇADA MARQUÊS DE ABRANTES"  e, um pouco mais para a esquerda, o final da "RUA DA ESPERANÇA" e mais à esquerda o início da "RUA DAS TRINAS")  in  GOOGLE EARTH
 Rua de Santos-o-Velho - (2016) - ( A "RUA DE SANTOS-O-VELHO" quase no final, ladeada na esquerda pela vedação da sua Paroquia)  in  GOOGLE EARTH
 Rua de Santos-o-Velho - (1969) Foto de João Hermes Cordeiro Goulart - (A "RUA DE SANTOS-O-VELHO", esquina da "TRAVESSA DE SANTOS" nos anos sessenta do século passado)  in  AML
Rua de Santos-o-Velho - (2004) - (O Painel de Azulejos que pertenceu ao antigo Palácio dos Condes de Tentugal, no Largo de Santiago em Lisboa. Foi adquirido pelo Marquês de Sousa Holstein, para a Real Academia de Belas Artes. Esteve exposto desde 1903 na entrada principal do MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA. Hoje encontra-se no MUSEU NACIONAL DO AZULEJO na zona de (XABREGAS). (A imagem que reproduzimos podemos ver a zona de Santos e nomeadamente a Igreja de Santos-o-Velho nessa época) in   LISBOA ANTES DO TERRAMOTO


(CONTINUAÇÃO) - RUA DE SANTOS-O-VELHO [ V ]

«"PALÁCIO DE SANTOS" OU "PALÁCIO DE ABRANTES»

Será durante a segunda metade do século XVII e a primeira do século XVIII que os "LENCASTRES", primeiro "JOSÉ LUÍS" (1639-1687), neto de "FRANCISCO LUÍS" e depois o seu irmão LUÍS (1644-1704) e o seu filho, PEDRO(1697-1752) que confiaram a "JOÃO ANTUNES" o cuidado de dotar o "PALÁCIO" dos mais notáveis embelezamentos (Capela e Sacristia, Sala das Porcelanas).
Este período coincide também com o aumento do "PALÁCIO", os Salões grandes que se abrem a Leste para um pequeno Jardim e a fachada para a RUA. É no período em que habita "DOM JOSÉ LUÍS", possuidor de uma das grandes fortunas portuguesas, que o PALÁCIO deve a iniciativa destas grandes obras.
Não é por acaso que os "BRASÕES DOS LENCASTRES" e dos "VILHENA" estão representados na capela, por cima das duas portas, de um lado e do outro do altar e as que se encontram, lado a lado, sobre a "ESTELA FUNERÁRIA" do casal na "IGREJA DE SANTOS-O-VELHO", (as grandes obras desta Igreja, foram realizadas na mesma época por "JOÃO ANTUNES").
Os "LENCASTRES" eram também grandes apreciadores de obras de arte. O Inventário elaborado em 1704, por ocasião da morte de "LUÍS", dá uma ideia da riqueza das suas colecções pela descrição de inúmeras porcelanas da CHINA ( de cujo  tecto da sala das porcelanas é o derradeiro testemunho), as tapeçarias, as pinturas de numerosos mestres.

"PEDRO DE LENCASTRE" casa com "MARIA SOFIA DE LORENA" no ano de 1711. "LORENA", filha do primeiro "MARQUÊS DE ABRANTES", "RODRIGO DE SÁ MENEZES", homem de ESTADO, Embaixador reputado e também Arquitecto e desenhador de talento. Apreciador de ARTE, protege numerosos artistas, como "FRANCISCO PAES", pintor ornamentista que contribuiu, assim, para a decoração do PALÁCIO do genro do seu protector.

Entretanto a 1 de NOVEMBRO de 1755 deu-se o terrível Terramoto, seguido de uma tempestade que destruiu a baixa de LISBOA. Não se sabe exactamente quais foram os prejuízos causados no PALÁCIO mas esta parte da cidade que, naquela época estava afastada do centro de LISBOA, foi relativamente poupada.  Os arquivos deixam entender que um grande número de familiares dos "LENCASTRES" foram, naquela altura, acolhidos no PALÁCIO.
Com a morte da 2ª DUQUESA DE ABRANTES, o título passa definitivamente para os "LENCASTRES" no ano de 1780: "PEDRO" (1762-1828) torna-se o 3.º MARQUÊS DE ABRANTES. É a razão pela qual o "PALÁCIO DE SANTOS" passa também a ser conhecido pelo "PALÁCIO DE ABRANTES".
"PEDRO DE LENCASTRE" empreendeu grandes obras, particularmente as da decoração dos dois salões pelo pintor "PEDRO ALEXANDRINO DE CARVALHO".

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DE SANTOS-O-VELHO[ VI ]-PALÁCIO ABRANTES A EMBAIXADA DE FRANÇA»    

sábado, 16 de julho de 2016

RUA DE SANTOS-O-VELHO [ IV ]

«PALÁCIO DE SANTOS»
 Rua de Santos-o-Velho - (1856-1858) de Filipe Folque - (Mapa Nº 49 do "ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA" sob a direcção de Filipe Folque)  in   ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
 Rua de Santos-o-Velho - (1966) Foto de Armando Serôdio - (A "IGREJA DE SANTOS-O-VELHO" na década de sessenta do século passado  in   AML 
 Rua de Santos-o-Velho - ( 2009 ) Foto de André Barrogon  (Fachada da Embaixada de França na "RUA DE SANTOS-O-VELHO" antigo Palácio Abrantes)  in   PANORÂMIO
 Rua de Santos-o-Velho - (2016) - (A "RUA DE SANTOS-O-VELHO" no final, visto da "RUA DAS JANELAS VERDES")  in   GOOGLE EARTH
Rua de Santos-o-Velho - (2016) - (A "RUA DE SANTOS-O-VELHO" seguindo para Nascente, vendo-se no lado direito anexos e entrada para a IGREJA DE SANTOS-O-VELHO) in  GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE SANTOS-O-VELHO [ IV ]

«PALÁCIO DE SANTOS »

O "REI DOM SEBASTIÃO" (1557 a 1578), sucessor de "DOM JOÃO III", considera, pelo contrário, o "PALÁCIO DE SANTOS" como uma das suas residências preferidas.
Em 1576, o monarca escapou a uma violenta explosão dos armazéns de pólvora que se situavam nas margens do TEJO, do lado actual da "RUA DAS JANELAS VERDES".
O sinistro danificou o Palácio. Em 1577, o "PALÁCIO DE SANTOS" é o "TEATRO" de uma cena histórica: o Rei recebe a notificação do seu ministro contra a campanha, "ÁFRICA DO NORTE", que ele estava a preparar.
A 25 de Junho de 1578, o Rei DOM SEBASTIÃO parte de LISBOA para MARROCOS. Na véspera, assiste à MISSA NA IGREJA DE SANTOS-O-VELHO e não espanta, por isso, que se diga que na mesa de mármore que se encontra no actual jardim, tomou o REI a sua última refeição, antes de embarcar para ALCÁCER QUIBIR.

Esta cruzada contra os MOUROS termina com a catástrofe de "ALCÁCER QUIBIR"  a (4 de Agosto) onde morre uma grande parte da Nobreza portuguesa próxima do REI ( um filho, AFONSO e dois netos de JAIME DE LANCASTRE são mortos); um outro neto, "LUÍS", é feito prisioneiro).

Com o desaparecimento de "DOM SEBASTIÃO", o "PAÇO DE SANTOS" ficou abandono, durante mais de meio século.
Novo interesse suscitou então o "PAÇO DE SANTOS": os LANCASTRE - um dos quais, "DOM JORGE", ligado directamente à "ORDEM DE SANTIAGO" - negociaram com as comendadeiras e, em 1629, obtiveram finalmente a posse da casa e do terreno. Terá tido influência na transacção o facto de ser superiora em SANTOS-O-NOVO, "DONA BRITES LANCASTRE", parente dos interessados na compra. 

Foi então reedificado o PALÁCIO... E dá-se aqui um fenómeno curioso: sem nunca deixar de pertencer aos LANCASTRES, a grande casa de "SANTOS" foi sucessivamente dos "CONDES DE FIGUEIRÓ", dos CONDES de "VILA NOVA DE PORTIMÃO", dos Condes de "SORTELHA e de PENAGUIÃO", dos MARQUESES DE FONTES e dos "MARQUESES DE ABRANTES". A explicação para o "fenómeno" está num facto simples: todos estes títulos foram sendo atribuídos à família ou a ela vieram parar através de casamentos...  Assim, foram os "MARQUESES DE ABRANTES" quem, em 1742, doou à vizinha "IGREJA DE SANTOS-O-VELHO" o chão e as paredes para a construção da CAPELA-MOR, que ainda existe, embora com as obras que o terramoto e o tempo impuseram. 
 A família proprietária não residiu, porém, todo o tempo em todo o palácio. Parte deste esteve arrendada, e sabe-se que ali moraram. pelo menos, a IMPERATRIZ viúva, "DONA MARIA AMÉLIA", que fora mulher de "DOM PEDRO", Primeiro do BRASIL e QUARTO de PORTUGAL, e a Infanta "DONA ANA DE JESUS MARIA" e seu marido, o DUQUE DE LOULÉ.  

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DE SANTOS-O-VELHO [ V ] -PALÁCIO DE SANTOS OU PALÁCIO DE ABRANTES»

quarta-feira, 13 de julho de 2016

RUA DE SANTOS-O-VELHO [ III ]

«DE MOSTEIRO A RESIDÊNCIA REAL E PAÇO DE SANTOS»
 Rua de Santos-o-Velho - (Início do século XX) Gravador J. NOVAIS - (Um desenho da Igreja de "SANTOS-O-VELHO" do livro de Alfredo Mesquita)  in  LISBOA DE ALFREDO MESQUITA
 Rua de Santos-o-Velho - (Século Vinte) Foto SIPA - (Fachada principal da Igreja de Santos-o-Velho possivelmente do século XX)  in   MONUMENTOS
 Rua de Santos-o-Velho - (Entre 1898 e 1908) - (A "Rua de S. João da Mata" esquina com a RUA DE SANTOS-O-VELHO em finais do século XIX inicio do séc. XX) (Abre em tamanho grande)  in AML 
 Rua de Santos-o-Velho - (2008)  Foto de LIJEALSO - (A frente da Igreja de Santos-o-Velho na freguesia da ESTRELA)  in    WIKIPÉDIA
Rua de Santos-o-Velho - (2016) - (A Rua de Santos-o-Velho onde existiu o Mosteiro de Santos depois Palácio Real e Paço de Santos, sendo hoje nesse local a Embaixada de França)  in  GOOGLE EARTH

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE SANTOS-O-VELHO [ III ]

«DE MOSTEIRO A RESIDÊNCIA REAL E PAÇO DE SANTOS»

Afastadas de «SANTOS» as Comendadeiras, ficou o MOSTEIRO vago e, com ele, o magnifico chão, que formava uma espécie de pequeno promontório, ainda hoje perceptível no adro da Igreja. O antigo Convento passou, então a chamar-se "SANTOS-O-VELHO" e foi alugado a um homem de abastadas posses, "FERNÃO LOURENÇO", que foi feitor da "CASA DA MINA". Achou que mal aproveitado estava um sítio tão bonito, pelo que arrendou tudo às Comendadeiras ( as quais, embora em nova morada, continuavam a ser proprietárias) e ali edificou um Solar para sua residência.
Pouco tempo se gozou do SOLAR e da faixa de terreno na margem do TEJO, com local de atracadoiro privado, o sítio ideal para o riquíssimo banqueiro e armador, um dos principais financiadores da aventura MARÍTIMA PORTUGUESA.

Em 1497, "D. MANUEL I", o afortunado (Rei de 1495-1521), acordou com "FERNÃO LOURENÇO" uma cedência do contracto. O Rei tinha gostado muito do local e mais ainda, da casa que o seu vassalo tinha construído. Logo arranjou maneira de dar umas terras de compensação a " FERNÃO LOURENÇO" e de ficar com o PALÁCIO DE SANTOS para a Coroa.  Assim nascia "O PAÇO DE SANTOS".
A rica habitação burguesa foi transformada em residência real. Mas não foi a única.  Desde 1497, o Monarca utilizou o "PALÁCIO DE SANTOS-O-VELHO" ou simplesmente "PAÇO DE SANTOS" para as cerimónias de seu casamento com "DONA ISABEL", filha dos REIS CATÓLICOS DE ESPANHA. As obras de transformação foram entregues ao Arquitecto "JOÃO DE CASTILHO", também autor do PALÁCIO REAL DA RIBEIRA, que participou noutras realizações: MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS, BATALHA  e de TOMAR (tendo sido por isso, o principal mestre de obra do estilo chamado "MANUELINO").

Era uma morada secundária já que o Palácio residencial oficial dos Reis era, nesse tempo, a RIBEIRA.  Mas "D. CATARINA", mulher e depois viúva de D. JOÃO III, gostava de passar temporadas em SANTOS e incutiu o gosto a seu neto D. SEBASTIÃO.
À medida que o "PALÁCIO REAL DA RIBEIRA" ia aumentando, o "PALÁCIO DE SANTOS" adquiria uma função recreativa dada a sua situação arejada, sua vista panorâmica e os seus jardins abrigados.

"DOM JOÃO III" (Rei de 1521 a 1557) não parece ter uma inclinação especial por este "PALÁCIO DE SANTOS" (em 1514, ainda príncipe herdeiro, ia morrendo ao cair de uma das varandas).
Tendo ficado fora de moda, o PALÁCIO atravessou um período obscuro. É nessa altura que se encontram as primeiras referencias da sua ocupação pelos "LANCASTRE" ("LUÍS DE LANCASTRE" 1505-1574), COMENDADOR DA ORDEM DE AVIS, filho de JORGE DE LANCASTRE (1481-1550), filho ilegítimo de "DOM JOÃO III" e, portanto primo do Rei "DOM MANUEL I", mestre da "ORDEM MILITAR DE SANTIAGO, "DUQUE DE COIMBRA" e fundador da dinastia dos LANCASTRES.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA DE SANTOS-O-VELHO[ IV ]-O PALÁCIO DE SANTOS 

sábado, 9 de julho de 2016

RUA DE SANTOS-O-VELHO [ II ]

«DA PRIMITIVA IGREJA, À SAÍDA DAS COMENDADEIRAS DO SÍTIO DE SANTOS»
 Rua de Santos-o-Velho - (2013) - Fachada da Igreja de Santos-o-Velho virada para Poente )  (Abre em tamanho grande)  in  LISBOA DE HOJE E DE ONTEM  
 Rua de Santos-o-Velho - ( 2016 ) - (Panorâmica mais aproximada da "RUA DE SANTOS-O-VELHO" podendo destacar-se a sua "velha" IGREJA)  in    GOOGLE EARTH 
 Rua de Santos-o-Velho - (2016) - (A "RUA DE SANTOS-O-VELHO" com sua paróquia no seu lado esquerdo)  in   GOOGLE EARTH
 Rua de Santos-o-Velho - Sem data e autor não identificado - ( A "RUA DE SANTOS-O-VELHO", uma loja de utilidade doméstica, num prédio revestido a azulejo e no primeiro andar uma Associação Mutualista)  (Abre em tamanho grande)  in   AML 
Rua de Santos-o-Velho - (1949) Foto dos Estúdios Mário Novais - ( A "IGREJA DE SANTOS-O-VELHO" é já uma reedificação de D. SEBASTIÃO. É novamente reconstruida entre 1876 e finais do século XX)  (Abre em tamanho grande)   in    AML 

(CONTINUAÇÃO) - RUA DE SANTOS-O-VELHO [ II ]

«DA PRIMITIVA IGREJA, À SAÍDA DAS COMENDADEIRAS DO SÍTIO DE SANTOS»

No tempo em que os "VISIGODOS" tiveram o domínio em PORTUGAL, consta que na escarpa que ladeia o RIO TEJO, com uma situação privilegiada, foi erguido um TEMPLO em memória de "TRÊS MÁRTIRES". Atribuído a duas irmãs - MÁXIMA E JÚLIA e seu irmão VERÍSSIMO - martirizados durante o reinado de "DIOCLECIANO",  (filhos de um nobre Senador Romano, e que de ROMA haviam fugido para divulgar a em CRISTO) e cujos corpos, foram atirados ao TEJO, posteriormente encontrados nesta margem do RIO e enterrados. A sua sepultura esteve na origem de uma pequena CAPELA nessa época, sendo o local sempre assinalado com a designação de "SANTOS" em referência aos "MÁRTIRES".
Destruído o TEMPLO durante a invasão dos MOUROS, em 1147 o REI DOM AFONSO HENRIQUES, depois da conquista de LISBOA, mandou edificar sobre essas ruínas uma Igreja consagrada aos "TRÊS MÁRTIRES".
Sabemos que no ano de 1194, o REI "DOM SANCHO" doou  a "IGREJA" erigida em honra dos três JOVENS SANTOS que haviam sido martirizados no tempo dos romanos e cujas ossadas tinham sido ali piedosamente recolhidas pelos CRISTÃOS
Junto do TEMPLO, todas as terras que circundavam a "ORDEM DE SANTIAGO E ESPADA", e casas para os frades guerreiros. Estes, porém, irrequietos e empenhados em CAMPANHAS e CONQUISTAS para SUL. Em breve partiram para batalhar em ALCÁCER, MÉRTOLA e outras povoações que foram ajudando a reconquistar terras aos MOUROS, transferindo a sua SEDE para outro sítio.
As referidas casas passaram então a ser habitadas apenas por mulheres; as esposas, as viúvas, as mães, as filhas, as irmãs solteiras dos que combatiam. Surgiu desta forma «O MOSTEIRO DE SANTOS», entregue às "COMENDADEIRAS DE SANTIAGO".

Estava-se em pleno século XIII, e, segundo o mestre "NORBERTO DE ARAÚJO", a primeira "prelada" do MOSTEIRO  terá sido uma tal "DONA SANCHA" (1233) descendente de fidalguia "ASTURIANA", chamada de "COMENDADEIRA-MOR".
Tudo se manteve sem grandes alterações até que, já em finais do século XV, "DOM JOÃO II" tomou dispendiosas e firmes providências para que as Comendadeiras saíssem dali e fossem para um novo MOSTEIRO, que mais não é do que um casarão recheado de algumas belezas que conhecemos ainda hoje pelo nome de "SANTOS-O-NOVO" (evidentemente, por oposição ao MOSTEIRO "VELHO"), ali a seguir a "SANTA APOLÓNIA" na "CALÇADA DA CRUZ DA PEDRA" a caminho de XABREGAS.

As senhoras levaram tudo, inclusivamente as relíquias dos três Mártires, que assim deixaram para sempre o lugar com o qual tinham muito a ver.  As razões de "D. JOÃO II" - que era o "príncipe perfeito" mas não consta que fosse de ferro - terão sido ditadas pelo coração e por uma "DONA" que não lhe convinha ir visitar aos areais de "SANTOS". Aliás. já o seu "bisavô",  "D. JOÃO I", tinha sido, durante um tempo, dedicado amigo de uma Comendadeira, "D. INÊS PIRES" de seu nome, tendo das visitas e inerentes trocas de impressões entre ambos resultado o nascimento de um "infantezinho".  "D. AFONSO", que  viria a ser o primeiro "DUQUE DE BRAGANÇA" e, portanto, antepassado directo dos Reis da quarta dinastia. A HISTÓRIA, como se vê, nasce de coisas comuns.

(CONTINUA) - (PRÓXIMO) «RUA DE SANTOS-O-VELHO [ III ]-DE MOSTEIRO A RESIDÊNCIA REAL E PAÇOS DE SANTOS»

quarta-feira, 6 de julho de 2016

RUA DE SANTOS-O-VELHO [ I ]

«A "RUA DE SANTOS-O-VELHO" E SEU ENQUADRAMENTO»
 Rua de Santos-o-Velho- (finais do séc. XIX) Foto de José Artur Leitão - (A "IGREJA DE SANTOS-O-VELHO", é já uma reedificação de D. Sebastião. Entre 1876 e finais do século XIX é novamente reconstituída. Gravura de Madeira, desenho de Barbosa Lima e gravura de Pedrozo) (Abre em tamanho grande)  in   AML
 Rua de Santos-o-Velho - ( 1856-1858 de Filipe Folque) - ( A "RUA DE SANTOS-O-VELHO" que nesta época tinha denominação de "CALÇADA")  in  ATLAS DA CARTA TOPOGRÁFICA DE LISBOA
 Rua de Santos-o-Velho - (2004) - (Painel de Azulejos representando a vista de Lisboa com cerca de 23 metros de comprimento, apresenta uma imensa imagem panorâmica da Capital, entre o lugar mais Ocidental de Lisboa, ao Convento de Santa Maria de Jesus de Xabregas mais a Oriente) (Imagem geral da zona de Santos no painel)  in   LISBOA ANTES DO TERRAMOTO
 Rua de Santos-o-Velho - (2016) - (Panorâmica do sítio de SANTOS onde se insere a "RUA DE SANTOS-O-VELHO")  in  GOOGLE EARTH
 Rua de Santos-o-Velho - (2016) - (O conjunto da "Igreja de Santos-o-Velho" visto de cima, notando-se o acrescento da Capela-Mor)  in  GOOGLE EARTH

- RUA DE SANTOS-O-VELHO [ I ]

«A RUA DE SANTOS-O-VELHO E SEU ENQUADRAMENTO»

A «RUA DE SANTOS-O-VELHO» pertencia à freguesia de "SANTOS-O-VELHO" que juntamente com a freguesia da "LAPA" e dos "PRAZERES", passaram a designar-se por freguesia da «ESTRELA», de acordo com a REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012.
Começa na "CALÇADA MARQUÊS DE ABRANTES", 121 e finaliza na "RUA DAS JANELAS VERDES" no número dois.  Tem convergente do seu lado direito a "TRAVESSA DE SANTOS" que faz a ligação com a antiga "RUA DO GUARDA-MOR". Ficam-lhe muito próximo a "RUA DE SÃO JOÃO DA MATA", RUA DAS TRINAS, CALÇADA RIBEIRO SANTOS (que ladeiam os muros dos jardins) e a "RUA DA ESPERANÇA".
Esta "RUA DE SANTOS-O-VELHO" era uma passagem  vinda da "RUA DA ESPERANÇA", fazendo parte da chamada " HORTA NAVIA" (nome de uma divindade após ocupação Romana), era o caminho percorrido entre as "PORTAS DE SANTA CATARINA"(CHIADO) e "BELÉM". Descendo a "CALÇADA DO COMBRO" seguia a "RUA DO POÇO DOS NEGROS" passava por "SANTOS" ( a nossa RUA DE SANTOS-O-VELHO), segue para "ALCÂNTARA atravessando a sua ponte com destino a "BELÉM". (Poderá ver mais aqui...)
Em 1551 este sítio pertencia à freguesia de "NOSSA SENHORA DOS MÁRTIRES" ( 1 ), a freguesia de "SANTOS-O-VELHO" foi destacada da freguesia dos "MÁRTIRES" no ano de 1566  ( 2 ).
No século XIX por EDITAL MUNICIPAL de 22.08.1881, conjuntamente com outras artérias, foi retirada a palavra "DIREITA", quando "ROSA ARAÚJO" ainda era Presidente da Edilidade.
Na "GRANDE VISTA DE LISBOA" uma produção de LISBOA, entre 1700 e 1725 representa um painel de azulejos em faiança azul e branca, encontrando-se actualmente no "MUSEU NACIONAL DO AZULEJO" em (XABREGAS). Nele podemos observar a largura da artéria, a "IGREJA DE SANTOS-O-VELHO", o "PAÇO DOS DUQUES DE AVEIRO", depois dos "MARQUESES DE ABRANTES".

Ao   passarmos   pela   "RUA DE SANTOS-O-VELHO",      (que não é muito extensa) nota imediatamente quem a percorra,   que por ali se erguem dois    importantes edifícios e que tudo o resto, à sombra deles, terá eventualmente nascido.
A IGREJA PAROQUIAL e um prédio anexo, onde se instalou por aluguer o "CONDE ARMAND" em 1870 em representação da FRANÇA, dominaram de facto o local em absoluto e são emblema não só daquele arruamento como de toda a antiga freguesia.

Ora, este edifício é das casas que, em LISBOA, mais história têm para contar, tantos e tão longos têm sido os aproveitamentos feitos do sítio. Bastará lembrar, a traços largos, que ali foi  "RECOLHIMENTO",  "PAÇO REAL" e "CASA DE PARTICULARES" encontrando-se nos dias de hoje  finalmente, uma representação Diplomática. Assim,  o melhor será ir ao começo das coisas, embora se fale apenas do início da nacionalidade.

- ( 1 ) - LISBOA EM 1551-SÚMARIO de Cristóvão Rodrigues Oliveira, pág 27.

- ( 2 ) - AS FREGUESIAS DE LISBOA de AUGUSTO VIEIRA DA SILVA - 1945- CML-Pág.              16 e 30.


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«RUA SANTOS-O-VELHO [ II ] DA PRIMITIVA IGREJA À SAÍDA DAS COMENDADEIRAS DO SÍTIO DE SANTOS».