quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ VIII ]

«RAFAEL BORDALO PINHEIRO  ( 2 )»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2014)  -  (Este edifício de esquina à direita Sul do Largo, dali se podiam ver os "pardieiros", foi habitado por "RAFAEL BORDALO PINHEIRO" de 1883 até 1905)  in  GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - ( 2014)  -  (Visto do "LARGO" a tal abertura que deu a continuação da "RUA DA TRINDADE" onde estiveram durante vários anos os "pardieiros" da TRINDADE")  in  GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (08 de Abril de 1880)  -  (Cabeçalho do Jornal "ANTÓNIO  MARIA" - A figura da viúva do António, e Maria, que abre o número do programa "PONTOS NOS i i)   in   BLOG DA RUA NOVE
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (Março de 1880)  -  ("ANTÓNIO MARIA FONTES PEREIRA DE MELO" em "ÁLBUM DAS GLÓRIAS"  Nº. 2 - 1880 a 1883 de RAFAEL BORDALO PINHEIRO)  in    DESENVOLTURAS E DESACATOS
Largo Rafael Bordalo Pinheiro -  (1880) -  ("RAMALHO ORTIGÃO retratado no "ÁLBUM DAS GLÓRIAS" , Litografia de Rafael Bordalo Pinheiro)  ( ABRE EM TAMANHO MAIORin  ABEBOOKS

(CONTINUAÇÃO) - LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ VII ]

«RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 2 )»

Residia "RAFAEL BORDALO PINHEIRO" no prédio que fazia curva para a "RUA DA TRINDADE" no primeiro andar.  "RAFAEL" teve alguns conflitos com a "CÂMARA",  tudo referente a uns casebres e a uma "Fábrica de Gesso" que existiam naquela localidade.
No início de 1867 a CÂMARA resolveu expropriar o prédio que tornejava pelo NORTE, da "RUA DA TRINDADE para alargamento daquela serventia e desafogo das entradas para o novo "TEATRO DA TRINDADE".
Em Novembro do mesmo ano seguiu-se a "FÁBRICA DO GESSO", então propriedade de "BERNARDO LUIZELLO", tendo a CÂMARA aprovado a sua demolição por utilidade pública. Aprovou, mas nada se fez. Em 1873, na Sessão de 22 de Dezembro foi presente um requerimento dos moradores locais pedindo se alargasse aquela serventia. Tudo inútil. As barracas continuavam de pé e a "RUA DA TRINDADE" continuou a estar atravancada. Dez anos depois ainda estavam firmes os pardieiros.
"RAFAEL BORDALO PINHEIRO", vizinho fronteiriço, irritado com o desleixo Municipal, iniciou então no "ANTÓNIO MARIA" (Jornal que teve duas séries sendo a primeira de 1879-1885 e a segunda de 1891 a 1898), uma campanha de "Blagues" (dito espirituoso)  -  a mais devastadora de todas as campanhas - contra os "mostrengos".
No número 20 de Setembro de 1883, publicava um enigma pitoresco, dedicado à CÂMARA, onde se desenham os pardieiros, e no mês seguinte outro do mesmo género com a decifração do primeiro que dizia o seguinte: "QUE GRANDE, QUE RICO CHEIRO  / DA MAIS SAUDÁVEL MARZIA(SIC) / QUE NOS VEM DO PARDIEIRO / DO LARGO DA ABEGOARIA". Do segundo vem esta decifração, no número de 4 de Outubro: "ANTES DO MÊS DE JANEIRO, /  À PRIMEIRA VENTANIA /  VEM ABAIXO O PARDIEIRO / DO LARGO DA ABEGOARIA".
Catorze dias depois, era dedicado no alegre semanário, oito quadras à CÂMARA sobre o mesmo assunto. A CÂMARA lia... e reflectia.  "RAFAEL BORDALO PINHEIRO"  -  estava-se então em período de eleições Camarárias -  resolve que o pardieiro também vai votar a favor de "ROSA ARAÚJO", e desenha-o com uma lista na mão no número de 1 de Novembro, sentando-o satisfeito e inamovível, numa cadeira. Depois de mais três ou quatro publicações, a campanha do "ANTÓNIO MARIA" acaba então. "RAFAEL" depõe as armas e o lápis. Passaram quatro anos. A hora desejada chegara enfim. A CÂMARA acordara, e o pardieiro com os restos do gesso da fábrica, os cueiros à janela, as chaminés enfarruscadas, as empenas desaprumadas lá eram removidos, estava-se em MARÇO de 1887.

Quando se começou a erguer o prédio do "DR. LOURENÇO DE ALMEIDA E AZEVEDO", lente da POLITÉCNICA, prédio que ainda lá permanece, o saudoso caricaturista, nos "PONTOS NOS i i" de 14 de Abril , dedica, de novo, o seu lápis ao assunto, pintando o aspecto da obra e fazendo votos para que naquele local se não erga qualquer outro pardieiro em estilo GÓTICO ou BIZANTINO que venha a fazer saudades da mesquinha ruína ( 1 ).


- ( 1 ) - Referia a mãe do DR. LOURENÇO DE ALMEIDA E AZEVEDO que, ao abrirem os caboucos para a edificação, se encontraram valiosos restos de loiças antigas (detritos do Terramoto) e muita ossada que certamente eram, (porque se desfaziam ao tocar), vestígios do velho Cemitério do "CONVENTO DA TRINDADE".  

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO[ IX ]RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 3 )».

sábado, 27 de janeiro de 2018

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ VII ]

«RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 1 )»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2014)  -  (O "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" era um local de boas lojas no passado, e estão novamente a surgir os bons tempos)  in  GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - ( 1887 )  -  (Projecto da Fábrica de Faianças das CALDAS DA RAINHA em 1887)  in   RESTOS DE COLECÇÃO
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro  -  (1877)  -  Capa da partitura da Compositora e Pianista "FRANCISCA GONZAGA" (Chiquita Gonzaga), com ilustração feita por Rafael Bordalo Pinheiro)  in   WIKIMÉDIA
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - ( 1884 )  -  (Retrato de RAFAEL BORDALO PINHEIRO por ocasião da abertura da sua fábrica nas "CALDAS DA RAINHA")  in  RESTOS DE COLECÇÃO
Largo Rafael Bordalo Pinheiro  -  (1884)  -  (Título de uma "ACÇÃO" da fábrica de Faianças das Caldas da Rainha em 1884)  in  RESTOS DE COLECÇÃO


(CONTINUAÇÃO) - LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO  [ VI ]

«RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 1 )»

Existem famílias que parecem ter nascido com uma certa predestinação. Ou seja: todos ou a maioria dos seus membros (familiares) revelam excepcionais aptidões para as "ARTES E OFÍCIOS" a que se dedicam.
Assim na centúria de 1800, com repercussões na seguinte, uma família lisboeta conseguia a proeza de que praticamente todos os que dela faziam parte deixavam obra.
«MANUEL MARIA BORDALO PINHEIRO (1815-1880) seria o patriarca desta clã de gente célebre. Embora oficialmente a sua profissão fosse a de primeiro oficial da secretaria da "CÂMARA DOS PARES", a verdade é que ficou conhecido como pintor, escultor e gravador, com obra vasta e dispersa, que vai da Ilustração em Jornais até bustos de vultos históricos, passando pelos trajes e figurinos dos teatros do "SÃO CARLOS" e "DONA MARIA II" por ele desenhados durante longo tempo.
Depois dele, vem "MARIA AUGUSTA", "RAFAEL", "COLUMBANO" e "MANUEL GUSTAVO", qualquer deles brilhantes nos trabalhos artísticos a que se dedicaram.

"RAFAEL AUGUSTO PROSTES BORDALO PINHEIRO (21.03.1846-23.01.1905) é o terceiro filho de "MANUEL MARIA BORDALO PINHEIRO" e de "MARIA AUGUSTA PROSTES. O artista era lisboeta "dos quatro costados". Nasceu num modesto prédio da "RUA DA FÉ" ( ver mais aqui...) (antiga freguesia de SÃO JOSÉ, hoje "SANTO ANTÓNIO"), com o actual número 47,  edifício que pertencia ao seu avô paterno, o advogado "MANUEL FÉLIX DE OLIVEIRA PINHEIRO" (que foi o primeiro presidente da "Associação dos Advogados de LISBOA) onde então habitavam os pais. 
( Uma confusão do escritor "JÚLIO CÉSAR MACHADO" fez que, durante algum tempo, se atribuísse a outra a outra casa bem próxima, na "RUA DE SÃO JOSÉ", a localização do quarto onde o artista tinha vindo à luz pela primeira vez).
Entre os vários locais onde habitou e teve "ATELIER", será de dar relevo à "VILA ou PÁTIO MARTEL", na "RUA DAS TAIPAS" com o número 55.  Nesse recanto, mandou o proprietário ( um homem culto e dado às artes, "JOSÉ TRIGUEIROS DE MARTEL"  arranjar  alguns "atelieres" para artistas.
Deles aproveitaram três dos irmãos BORDALO PINHEIRO. Assim, "MARIA AUGUSTA" montou ali a sua oficina-escola de rendas artísticas. "COLUMBANO" expôs lá o seu primeiro quadro premiado no "SALÃO DE PARIS", o célebre «CONCERTO DE AMADORES».  "RAFAEL" levou lá acabo as suas primeiras experiências de cerâmica, antes de se decidir a  tomar conta da direcção artística da "FÁBRICA DAS CALDAS DA RAINHA", propriedade de um irmão "FELICIANO".

Durante parte da sua vida, "RAFAEL" morou na casa em que acabaria por falecer, situada no "LARGO DA ABEGOARIA", que hoje tem o seu nome; "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO", entre o CARMO e a TRINDADE, onde o artista viveu desde 1883 até 1905, ano da sua morte. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO[ VIII ]RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 2)»

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ VI ]

«A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS, ONDE HABITOU O "MATA-FRADES"»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (Século XIX)  -  (O político "JOAQUIM ANTÓNIO DE AGUIAR" que habitou este edifício no número 30 3.º andar, foi três vezes Presidente do Conselho de Ministros de Portugal, tendo por alcunha o "MATA-FRADES")   in   WIKIPÉDIA 
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro -  (1949) Foto de Eduardo Portugal -CML - (A "CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS" frente ao LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  LISBOA DE ANTIGAMENTE
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2013)  -  (A Casa do Ferreira das Tabuletas na "RUA DA TRINDADE" (ABRE EM TAMANHO GRANDEin    LISBOA
Largo Rafael Bordalo Pinheiro  -  (2013)  -  A Casa do Ferreira das Tabuletas onde habitou o "MATA-FRADES")  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  LISBOA


(CONTINUAÇÃO)- LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ VI ]

«A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS ONDE HABITOU O "MATA-FRADES"»


Neste edifício na "RUA DA TRINDADE", em posição fronteira ao "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO, mantendo-se ainda um prédio de boa arquitectura, já centenário, tendo a sua frontaria coberta de artísticos azulejos.
Visto à distância, do meio do LARGO, este prédio, com o Nº. 30, de terceiro andar, com estabelecimentos no piso térreo, apresenta-se como um bem significativo símbolo da antiga LISBOA do tempo dos nossos avós. Porém, o que mais fará distinguir este edifício será o facto de nele ter habitado um dos mais controversos políticos do terceiro quartel do século XIX.
Com efeito, no terceiro andar deste nº. 30 da "RUA DA TRINDADE" teve a sua residência um célebre Ministro de "DOM PEDRO IV", "JOAQUIM ANTÓNIO DE AGUIAR", tendo nascido em COIMBRA no dia 24 de Agosto de 1792 e faleceu no BARREIRO (LAVRADIO) a 26 de Maio de 1884, passou à história com a alcunha do «MATA-FRADES». Esta alcunha deve-se ao facto de se ter decretado a extinção das Ordens Religiosas no nosso país, do que resultou a anexação das propriedades dos CONVENTOS aos bens nacionais.
Foi o respectivo decreto assinado em 28 de Maio de 1834 (outro 28 de Maio de triste memória), logo após a capitulação de "DOM MIGUEL", em ÉVORA-MONTE,  portanto em plena euforia da vitória Liberal, uma vitória que DOM PEDRO IV mal teve tempo de saborear, por ter falecido novo, quatro meses depois.  Em contrapartida, o «MATA-FRADES» viveria até aos oitenta anos de idade e assistiria à inauguração do Monumento ao "REI SOLDADO", na "PRAÇA D. PEDRO IV"(vulgo ROSSIO).

Desde jovem, manifestou as suas ideias liberais. Deputado em 1826, perante o regresso de "D. MIGUEL" a PORTUGAL, emigrou para LONDRES e participou depois nas expedições que desembarcaram na ILHA TERCEIRA e no MINDELO, vindo a exercer mais tarde os cargos de MINISTRO DO REINO e de MINISTRO DA JUSTIÇA. Foi nesta qualidade que decretou a extinção das Ordens Religiosas, afirmando o historiador "Pe. JOSÉ ALVES MATOSO" que "DOM PEDRO IV" e "JOAQUIM ANTÓNIO DE AGUIAR" promulgaram o decreto contra o voto do CONSELHO DE ESTADO. Por sua vez "PINHEIRO CHAGAS" refere que " a extinção das Ordens Religiosas é atribuída com menos verdade à iniciativa de JOAQUIM ANTÓNIO DE AGUIAR", que legou aos seus contemporâneos e aos vindouros grandes exemplos de probidade, de civismo e de amor pelos ideais liberais".
De salientar que é, exclusivamente sua, a medida que levou à criação de novas escolas.
Chamado ao governo e dele afastado, conforme a evolução política da época, JOAQUIM ANTÓNIO DE AGUIAR foi presidente do CONSELHO DE MINISTROS por três vezes, a última das quais entre 1865 e 1868. PINHEIRO CHAGAS também apresenta fisicamente este activo político; "AGUIAR era o tipo característico do conselheiro do seu tempo. Alto ventre abaulado sem excesso, cabeça precocemente calva, vestindo sempre com severa gravidade".
Morreu no BARREIRO (LAVRADIO) como já fora dito, na sua "QUINTA" favorita de SÃO MARCOS.  COIMBRA seu lugar de nascimento, prestou-lhe homenagem colocando a sua estátua no "LARGO DA PORTAGEM"

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO[ VII ] RAFAEL BORDALO PINHEIRO ( 1 )».

sábado, 20 de janeiro de 2018

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ V ]

«A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2002) Foto de Andrés Lejona  - (Fachada do edifício "CASA  DO FERREIRA DAS TABULETAS")  (ABRE EM TAMANHO GRANDEin   AML 
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2014) - O "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO", ao fundo a "CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS")  in  GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2014)  - (Um pormenor mais aproximado da "CASA DAS TABULETAS", com grande movimento de "restauração" no piso térreo)   in  GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2009)  Foto de Alegria 13  -  "A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS" com frente para o "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO", embora aquela parte seja considerada "RUA DA TRINDADE")  (ABRE EM TAMANHO MAIOR)  in WIKIPÉDIA
Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2008)  -  (O ZÉ-POVINHO", uma caricatura criada para simbolizar o povo português, por RAFAEL BORDALO PINHEIRO)   in   ANTREUS


(CONTINUAÇÃO) - LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ V ]

«A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS»

«A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS» é um prédio notável da "RUA DA TRINDADE" fica na parte NORTE do "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" (antigo "LARGO DA ABEGOARIA"). Foi mandado construir em 1864 nos  terrenos que tinham sido vendidos em haste pública, após a extinção das "ORDENS RELIGIOSAS" em 1834 e  pertenceram ao "CONVENTO DA SANTÍSSIMA TRINDADE", adquiridos pelo emigrante galego "MANUEL MOREIRA GARCIA", capitalista e dono da "CERVEJARIA TRINDADE", de fortes convicções maçónicas.

A notabilização da maravilhosa fachada deste edifício oitocentista, vem-lhe do revestimento cerâmico, demonstrando um gosto romântico com inspiração Barroca, pintado por "LUÍS FERREIRA" (Dirigente da FÁBRICA DE CERÂMICA DA VIÚVA LAMEGO), ficando conhecido por "FERREIRA DAS TABULETAS".  A composição azulejar preenche o espaço dos três pisos do edifício de feição pombalina.  A fachada dividida em três panos e quatro registos de composição azulejar, integrando-se perfeitamente na estrutura arquitectónica do edifício.
O programa decorativo congrega os símbolos maçónicos, ligados aos ideais do proprietário.  O esquema cenográfico, criando efeitos de profundidade e riqueza cromática. Sendo um dos mais originais programas decorativos exteriores da arquitectura lisboeta maçónica como o "OLHO DA PROVIDÊNCIA", com diversas alegorias. Entre as janelas rasgadas na fachada  -  três em cada piso, dispostas a espaços regulares  -  foram pintados nichos com figuras humanas de gosto clássico, (revelando a sua originalidade por integrar falsos elementos arquitectónicos, imitando a pintura "TROMPE L'OEIL", representando a "TERRA"; a "ÁGUA"; a "INDUSTRIA"; o "COMÉRCIO": a "AGRICULTURA" e a "CIÊNCIA". Nos extremos da fachada, em eixo, dispõem-se medalhões circulares com cabeças de leão, sendo este o símbolo heráldico de "MANUEL MOREIRA GARCIA".
No FRONTÃO da fachada no alto, foi colocado ao centro, o "OLHO DA PROVIDÊNCIA", envolto por cornucópias, frutos e enrolamentos de "ACANTO" ( 1 ).
O espaço interior da casa segue a tipologia pombalina, estando classificada como IMÓVEL DE INTERESSE PÚBLICO.
Esta edifício embora venha a embelezar o "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO", actualmente não está referenciado como sua pertença. No passado século XIX, com a urbanização da "RUA DA TRINDADE" em 1888 e após o desaparecimento dos casebres da "ABEGOARIA" e da "FÁBRICA DO GESSO" que lhe estava agarrado pelo NORTE, passou a fazer parte da "RUA DA TRINDADE".

CURIOSIDADE DA ÉPOCA
Diz-nos "TINOP" que neste prédio (além de muitos outros) terá residido "LUÍSA PONTIROLO" bailarina do "TEATRO SÃO CARLOS". E por ela ter resistido aos galanteios de "ANTÓNIO DA CUNHA SOTOMAYOR", o futuro diplomata a brindou com uma "pateada" encomendada, e pior do que isso, com uma chuva de objectos atirados pelos "delettanti" apaixonados e bravios ( 2 ).

- ( 1 ) -ACANTO - (Arquitectura - Ornato característico do capitel coríntio, feito à semelhança das folhas de ACANTO.
- (   2  ) - LISBOA DE OUTROS TEMPOS, VOLUME 1.º, pág. 288.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO[ VI]-A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS ONDE HABITOU O "MATA-FRADES"»

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ IV ]

«O LARGO DA ABEGOARIA E AS CONFERÊNCIAS DO CASINO LISBONENSE ( 2 )»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (Maio de 1882)   -  (Júlio César Machado visto por RAFAEL BORDALO PINHEIRO em ÁLBUM DAS GLÓRIAS. Ao lado da figura o JORNAL "REVOLUÇÃO DE SETEMBRO" no qual o retratado foi folhetinista) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - 1885  De desenho de Columbano  -  (O célebre quadro de COLUMBANO irmão de RAFAEL, com o elemento que compunha "O GRUPO LEÃO" no Restaurante "LEÃO D'OURO"   in    WIKIMÉDIA
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (depois de 1887)  -  (Rafael Bordalo Pinheiro em mãos com o jarrão "CUNHA VASCO" fabricado no seu atelier de Cerâmica)   in   RESTOS DE COLEÇÃO
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1896)  -  (Publicação num jornal, anunciando a venda de peças da FABRICA DE FAIANÇAS DAS CALDAS DA RAINHA, na RUA DA VITÓRIA em LISBOA)  in  RESTOS DE COLECÇÃO
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1901)  -  (OTHELO do Livre Cambio", in A PARÓDIA. Este desenho serve, assim de pretexto para sugerir uma obra maior de WILLIAM SHAKESPEARE - OTELO - , um clássico sempre actual pontuado por amor, ciúme e traição)  in  MUSEU BORDALO PINHEIRO
Largo Rafael Bordalo Pinheiro - ( 25.04.1974) - Foto de autor não identificado  -  (O LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO, no dia da Revolução de ABRIL de 1974) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in    AML  


(CONTINUAÇÃO) - LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ IV ]

«O LARGO DA ABEGOARIA E AS CONFERÊNCIAS DO CASINO LISBONENSE ( 2 )»


«EÇA DE QUEIRÓS» a 12 de Junho  anunciou a «AFIRMAÇÃO DO REALISMO COMO UMA EXPRESSÃO DE ARTE». Tendo-se apresentado de rígida sobrecasaca, luvas cinzentas e um dos seus escolhidos "PLASTRONS" ( 1 ).  Falou durante duas horas.
A quinta conferência foi conduzida por "ADOLFO COELHO" em 19 de Junho, subordinado ao título «A QUESTÃO DO ENSINO». Atacando violentamente todo o ensino oficial vigente na altura.
O comissário da Polícia "ANTÓNIO PAULO RANGEL" achou excessivo o que dissera e deu conhecimento ao "GOVERNADOR CIVIL".  Este , por seu turno, comunicou ao MINISTRO DO REINO, que era nesse tempo o "MARQUÊS DE ÁVILA", e quando no dia 26, a RUA já cheia de gente, "SALOMÃO SARRAGA" se dirigia ao "CASTILHO" para fazer a sua conferência sobre «A HISTÓRIA CRÍTICA DE JESUS», estoira a proibição.  Foi um lanço teatral.
"SARRAGA" que diziam ser amigo de "RENAN", ficou furioso com a judiaria, e os protestos começaram no dia seguinte. Gritou a Imprensa, publicaram-se folhetos, redigiram-se protestos; na CÂMARA requereu-se e interpelou-se, e ao fim, com um voto de confiança ao GOVERNO proposto por "PINHEIRO CHAGAS", o assunto passou a entrar na agonia. 
O burguesismo oficial irritara-se com o verbo revolucionário dos liberatos do «CENÁCULO» e a onda impetuosa dos protestos desfizera-se contra a prudência do CONSERVANTISMO. 
E assim o "CASINO LISBONENSE" acabou em 1876, e logo o edifício passou a ser um estabelecimento de estofador. 
Como dissemos, fechou esta alegre sala onde o "VAUDEVILLE" ali reinou, onde o "CAN-CAN" fez furor e mais agitante que as Polcas de  "AUGUSTA MABILE", encheu as novas curiosidades os olhos alfacinhas, e onde se deram os mais alegres bailes de mascaras do seu tempo.
Pouco depois, em vez de máscaras de dominó e das "LOUPS" de veludo, ruidosos e irreverentes, começou a receber poltronas e sofás para reparação ou restauração.
O CASINO tinha efectivamente degenerado num estabelecimento de estofos.
A antiga casa "GASPAR GOMES & ANJOS", da PRAÇA DO LOURETO, 2 a 5, já então pertença da firma BARBOSA & COSTA, instalou-se no ambiente  do "DIVERTIMENTO" de "SOARES ZAGALO".  Melhorou muito depois em sucessivas obras, ganhou nome e fama e no início do século XX era uma das Instituições Comerciais mais conceituadas e elegantes de LISBOA .

- ( 1 ) - PLASTRONS - s.m. (francês) -Plastrão: colete almofadado (de esgrima); escudo, protecção etc..
- ( 2 ) - VAUDEVILLE - s. m. (francês) - Canto Alegre, Baquico (relativo a BACO-orgíaco), comédia musicada, farsa.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO[ V ] A CASA DO FERREIRA DAS TABULETAS».  

sábado, 13 de janeiro de 2018

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ III ]

«O LARGO DA ABEGOARIA E AS CONFERÊNCIAS NO CASINO LISBONENSE»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2014)  -  (Um dos vértices do "LARGO" que liga com a "RUA SERPA PINTO". O prédio à nossa direita era o velho "CASINO LISBONENSE". A foto seguinte é semelhante, só que tem 110 anos de diferença)  in  GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (c. 1904) Postal Ilustrado de José Artur Leitão Bárcia -  (O antigo "LARGO DA ABEGOARIA", à direita o Edifício do Casino Lisbonense onde decorreram as CONFERENCIAS DEMOCRÁTICAS em 1871)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in  AML 
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (ant. a 1905) - Foto de autor não identificado -  (RAFAEL BORDALO PINHEIRO já nos finais de sua vida)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE in  WIKIPÉDIA
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1903) - PARÓDIA Comédia Portugueza Nº. 6 de 18 de Fevereiro de 1903 -  Aqui estamos nós a celebrar o ENTRUDO com pompa, música e dança na companhia do Sr. Conselheiro "CHÉCHÉ" e da sua mimosa comitiva. Diz BORDALO PINHEIRO que estão todos muito divertidos! Pois bem, vamos a isto que "a vida são dois dias e o CARNAVAL são três"!... e nós não queremos perder pitada!)  in  MUSEU BORDALO PINHEIRO
Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1882)  -  (Em "ALBUM DAS GLÓRIAS" Nº. 28-Maio de 1882 - Litografia - (Retratando MANUEL DE ARRIAGA  com a toga de Doutor em Direito) (ABRE EM TAMANHO GRANDEin  FUNDAÇÃO MÁRIO SOARES 


(CONTINUAÇÃO) - LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ III ]

«O LARGO DA ABEGOARIA E AS CONFERÊNCIAS NO CASINO  LISBONENSE ( 1 )»

Em finais de 1869, inicio de 1870, tocava-se todas as noites neste salão, onde a novidade era o "CAN-CAN" que entusiasmava a boémia da época, a célebre "POLKA" dedicada a "BERTA", linda e estonteante bailarina alemã, que actuava no "SÃO CARLOS".
Depois de "CAFÉ CONCERTO" passou a chamar-se  "CASINO LISBONENSE", com os seus bailes de máscaras a obterem grande êxito.
Vamos então falar um pouco das certamente famosas «CONFERÊNCIAS DO CASINO». (Para compreender todo o alcance das "CONFERÊNCIAS" convém notar que se estava então num ano de grandes acontecimentos. No ano de 1871, remate da unificação de ITÁLIA, queda do II IMPÉRIO FRANCÊS, guerra franco-prussiana, Comuna de PARIS.  No plano interno é o ano em que a ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES, fundada em 1864, se estende a PORTUGAL, com a Cooperação de "ANTERO DE QUENTAL"). [FONTE: História da Literatura Portuguesa- pág. 802 e 803].

"JOSÉ MARIA EÇA DE QUEIRÓS"(1845-1900), ao chegar em 1870 a LISBOA, com 25 anos, vindo da pacata LEIRIA, ficou impressionado por um cartaz do "CASINO", onde se anunciavam cançonetas francesas por MADAME BLANCHE, e ma a l sonhava ele quanto o CASINO iria prejudicar a sua carreira de CÔNSUL.
Um dia "JOSÉ FONTANA", um agitador de sangue italiano que foi empregado na "LIVRARIA BERTRAND", tornado companheiro de um idealista - ANTERO TARQUÍNIO DE QUENTAL (1842-1891) - veio alugar a "SOARES ZAGALO" as salas do "CASINO LISBONENSE".
ANTERO, EÇA, SALOMÃO, SARRAGA, LOBO DE MOURA, OLIVEIRA MARTINS e depois RAMALHO e outros, já não podiam conter o seu entusiasmo rebelde condicionado à esterilidade das paredes mudas. A propaganda directa impunha-se. Havia um "PROGRAMA" embora não existisse uma "DOUTRINA".
ANTERO convida TEÓFILO para o grupo inovador e, no dia 22 de Maio de 1871, ANTERO iniciava as «CONFERÊNCIAS DEMOCRÁTICAS» a 100 réis a entrada.

O programa trazia a data de 16 desse mês e era assinado por ANTERO, ADOLFO COELHO, AUGUSTO SOROMENHO, AUGUSTO FUSCHINI, VIEIRA DE MEIRELES, BATALHA REIS, GUILHERME DE AZEVEDO, EÇA DE QUEIRÓS, OLIVEIRA MARTINS, MANUEL DE ARRIAGA, SALOMÃO SARRAGA e TEÓFILO DE BRAGA. A apresentação do programa fez-se na sala do rés-do-chão, mas a concorrência logo aconselhou que fosse escolhido o "SALÃO DE FESTAS".
Em 27 de Maio, o poeta das «ODES MODERNAS» disse a sua conferência - a primeira - sobre as «CAUSAS DA DECADÊNCIA DOS POVOS PENINSULARES NOS ÚLTIMOS TRÊS SÉCULOS».
Estiveram a ouvir "ANTERO" e cerca de quatrocentas pessoas. Existiram reparos, discussões e consultas.  Em 5 de Junho coube a vez a "AUGUSTO SOROMENHO", que discreto sobre «CHATEAUBRIAND e a LITERATURA MODERNA». Atacando os clássicos, não falou em GARRETT. Isto terá impressionado toda a plateia. 

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ IV ] O LARGO ABEGOARIA E AS CONFERÊNCIAS DO CASINO LISBONENSE ( 2 )».

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ II ]

«O LARGO DA ABEGOARIA ( 2 )»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - ( 2014 ) - ( O "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" visto de Sul para Norte. O a loja com o toldo à direita é o antigo "REI DAS MEIAS")  in   GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2005)  - ("Álbum das Glórias" de Rafael Bordalo Pinheiro, edição comemorativa do centenário de sua morte 1905-2005)  in  OLX
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (entre 1955 e 1970) Foto de Artur Pastor -  (O Largo Rafael Bordalo Pinheiro)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)    in   AML 
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1902) - (Estados dos corpos e das almas no presente Verão de 1902 - in "A Paródia" 1902 de R.B.P. - Legenda: À Sombra dos Imortais Princípios - As duas soberanias) (ABRE EM TAMANHO GRANDE)   in   QUADROGIZ
Largo Rafael Bordalo Pinheiro - ( 1880 ) Litografia colorida  -  (LOPES TROVÃO do "ALBUM DAS GLÓRIAS" de Rafael Bordalo Pinheiro)  in    WIKIPÉDIA

(CONTINUAÇÃO)- LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ II ] 

«O LARGO DA ABEGOARIA ( 2 )»

Que existiu aqui uma "ABEGOARIA", existiu! Mas qual e onde? A possível extensão do vocabulário, de abrigo de bois e vacas, para abrigadoiro de gado cavalar e muar, poderia explicar a sinonímia atribuindo-a às cavalariças e oficinas  de SEGES cujos proprietários, em geral, faziam com a venda e compra de carros, o negócio das indispensáveis cavalgaduras. Porém está aqui a solução...  No ano de 1856 o "LARGO DA ABEGOARIA" tal como em 1776, era uma das praças destinadas para venda de hortaliças, pelo EDITAL de 24 de JULHO.
Em 1857 passou a ser «PRAÇA» das «SEGES» de aluguer, que até aí estacionavam na "RUA DO TESOURO VELHO" (actual Rua António Maria Cardoso). Outro EDITAL de 14 de Dezembro de 1863, confirmou a "PRAÇA", e o "LARGO" foi então, também destinado para a venda de leite.
Com o EDITAL de 11 de Março de 1867, voltou a manter a «PRAÇA», limitando-a, porém, só para seis trens, depois de ter estado, provisoriamente, no "LARGO DO PICADEIRO"(hoje na antiga freguesia dos MÁRTIRES), e para onde voltou.
Em 1869 regressa novamente para a «ABEGOARIA»; mudou-se a seguir para a "RUA DA HORTA SECA, tornou novamente para aqui, anichando-se seis trens em 1870 no lado Poente do LARGO e doze na "TRAVESSA NOVA DO CARMO" ( 1 ).  Depois acabou a «PRAÇA», acabaram os trens, acabou tudo, só ficou o "LARGO DA ABEGOARIA", ornado depois com uma placa central,  e a seguir, nem a «ABEGOARIA» ficou, passou para "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" em 1915.

Na esquina do antigo "LARGO DA ABEGOARIA" esquina com a "TRAVESSA DA TRINDADE" (antiga TRAVESSA DAS POSTAS DE SANTA CATARINA") existiu no século XIX, um salão de espectáculos, concertos e bailes, inaugurado em 26 de Dezembro de 1857. Chamava-se "O CAFÉ CONCERTO", de uma Empresa que se constituiu com o capital de 40 contos de réis, em acções de 50 mil réis.
Neste "CAFÉ CONCERTO" incluía-se um botequim como termo obrigatório da jornada "citérica" dos frequentadores. Numa das noites deu-se um desacato (referido por TINOP), na "LISBOA DE OUTROS TEMPOS" Volume 2.º, OS CAFÉS - páginas 266-267.
Duas mulheres (damas dessa época) ao tentar forçar a entrada, terão agredido o oficial da guarda e acabaram por serem presas. O "CAFÉ CONCERTO" não começava muito bem. No entanto iam-se realizando vários espectáculos, alguns com extraordinários artistas da época, como o actor "TABORDA".
Na época de 1864-65 realizaram-se aqui concertos, por uma orquestra francesa dirigida pelo maestro "EMÍLIO BUILLON" ( 2 ).


- ( 1 ) - ARCHIVO MUNICIPAL de 1863, pág. 1657; idem 1867, página 3052; Idem de 1869, pág. 5 ; Idem de 1869, pág. 385; Idem de 1870, pág. 545.

- ( 2 ) - "A CARTEIRA DO ARTISTA", de SOUSA BASTOS, pág. 43.

(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ III ] O LARGO DA ABEGOARIA E AS CONFERENCIAS DO CASINO LISBONENSE ( 1 )».

sábado, 6 de janeiro de 2018

LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ I ]

«O LARGO DA ABEGOARIA ( 1 )»
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (2014)  -  (Panorâmica do sítio da Trindade onde se insere o "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" antes chamado de "LARGO DA ABEGOARIA)  in  GOOGLE EARTH
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1870)  -  (Página de sátira "A BERLINDA" de Rafael Bordalo Pinheiro )   in   HISTÓRIAS COM HISTÓRIAS
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro -  (29 de Outubro de 1870) -  ( O BINÓCULO - Hebdomadário de caricaturas,  espectáculos e literatura de Rafael Bordalo Pinheiro)  (ABRE EM TAMANHO GRANDE)  in   HEMEROTECA DIGITAL DE LISBOA 
 Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1903)  -  (O ZÉ POVINHO na história publicada na revista "A PARÓDIA") (- nunca se levanta que se não deite-)  in  CONVERSAS EM PORTUGUÊS
Largo Rafael Bordalo Pinheiro - (1960-12) - Foto de Armando Maia Serôdio  -  (As iluminações de NATAL no "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" numa noite dos anos sessenta)  in  AML 

(INÍCIO) - LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ I ]

«O LARGO DA ABEGOARIA ( 1 )»

O «LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO» (antigo "LARGO DA ABEGOARIA) pertencia à freguesia  do "SACRAMENTO", hoje pela REFORMA ADMINISTRATIVA DE LISBOA DE 2012, passou a fazer parte da freguesia de "SANTA MARIA MAIOR". Este "LARGO" fica entre a "RUA DE SERPA PINTO", "RUA DA TRINDADE" e "TRAVESSA DO CARMO".
No "LARGO" outrora chamado "ABEGOARIA" do início do século XIX,  por EDITAL MUNICIPAL de 11 de Fevereiro de 1915, ficou perpetuado "RAFAEL BORDALO PINHEIRO", pintor, ceramista e caricaturista, numa placa cerâmica do tipo florão e também por ter habitado largos anos neste LARGO, onde viveu e acabou por ali falecer.

A história desta "PRACINHA", colocada quase estrategicamente um pouco acima do CARMO  e paredes meias com a TRINDADE, ou seja entre o "CARMO E A TRINDADE"... tem muito que contar.
O "LARGO DA ABEGOARIA" era em 1755 muito mais estreito que na actualidade. A recordação do Terramoto de 1755 esteve neste local patente durante muitos anos  e as reconstruções muito difíceis.
Sabe-se que por aqui foram erguidos  vários PALÁCIOS dos quais hoje não há vestígios, no entanto, há registos de alguns titulares; o "PALÁCIO DOS ALCÁÇOVAS CARNEIROS", Secretário do ESTADO.  Nas redondezas  do CARMO levantava-se o PALÁCIO nobilíssimo dos "MARQUESES DE ARRONCHES", e DUQUE DE LAFÕES, cheios de preciosidades, que tudo o fogo devorou em 1755. 
Defronte da fachada SUL do "CONVENTO DA TRINDADE" foram. pouco a pouco erguendo barracas, construções provisórias e telheiros que deram ao local um aspecto de acampamento. Os frades tinham arrendado o velho templo arruinado, que se transforma em armazém. Onde hoje está aquele prédio, erguido pelo "DR. LOURENÇO DE ALMEIDA E AZEVEDO" depois de 1886,  que tornejava para o "LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO" e dava para a "RUA NOVA DA TRINDADE", formando um pedaço da face SUL da "RUA DA TRINDADE", no sítio onde fora o PALÁCIO DOS ALCÁÇOVAS CARNEIROS arruinado e incendiado em 1755, era um amontoado de construções informes que em 1760 pertenciam a "FRANCISCO VELHO OLDEMBERG".
Em 1816 era anunciado na GAZETA de 23 de Fevereiro, a venda de um terreno na "RUA DA TRINDADE", com uma casa de três andares, com porta de pátio, fazendo cunhal e frente para a mesma RUA. Nesse terreno existia um telheiro e uma estância de Madeira     ( 1 ) .  Esse "LARGO" que havia de nascer era o da "ABEGOARIA".  Em 6 de Outubro de 1817 publicava a GAZETA outro anúncio de venda de carruagens, "traquitanas", Seges, Carrinhos Ingleses, etc., chamava ao sítio "na RUA DA TRINDADE ao CARMO, no LARGO DA ABEGOARIA",  e no suplemento do Diário do Governo de 06.05.1822, ao anunciar-se, também, a venda de carruagens e Seges, chamaram-lhe "Largo de Estevam Galhardo", ao "Carmo". A Toponímia ainda não estava devidamente bem fixada. A « de ABEGOARIA» veio, porém, a perpetuar-se ( 2 ) até 1915.

- ( 1 ) - É o prédio que faz um recanto e torneja da RUA NOVA DA TRINDADE para a  RUA DA TRINDADE, pegado à casa dos azulejos. 

- ( 2 ) - Junto à (antiga) RUA ORIENTAL do PASSEIO PUBLICO havia, em finais de 1844, outro "LARGO DA ABEGOARIA", onde se construiu o "CIRCO MADRID" (Diário do Governo de 31.12.1844) é hoje o "LARGO DA ANUNCIADA".


(CONTINUA)-(PRÓXIMO)«LARGO RAFAEL BORDALO PINHEIRO [ II ] O LARGO DA ABEGOARIA (2 )»