domingo, 31 de janeiro de 2010

RUA DA PRATA [ VI ]

Rua da Prata, 242-254 - (2009) - Foto de APS ( A "LUA DE MEL-Geladaria e Cafetaria", de portas fechadas na Rua da Prata) ARQUIVO/APS
Rua da Prata - (2009) - Foto de APS (A Geladaria e Cafetaria "LUA DE MEL" na Rua da Prata, agora de portas fechadas) ARQUIVO/APS

Rua da Prata - (c. de 1910) - Foto de Joshua Benoliel ( Casa das Manteigas na Rua da Prata) in AFML


Rua da Prata - (1907) -Foto de Joshua Benoliel (O alfarrabista "PIRES" na Rua da Prata-Publicado na Ilustração Portuguesa a 30 de Dezembro de 1907) in AFML
(CONTINUAÇÃO)
RUA DA PRATA [ VI ]
«O COMÉRCIO NA RUA DA PRATA»
A «RUA DA PRATA» uma artéria recheada de estabelecimentos comerciais mantém muito dos seus prédios com o seu ar pombalino no átrio das escadas e nas fachadas.
Na «RUA DA PRATA» esquina para a «RUA DE S. NICOLAU» números 44-48, onde hoje existe uma cafetaria, encontrávamos um comerciante muito especial. Trata-se da «CONFEITARIA DE ROSA ARAÚJO», o homem que, uma vez à frente da CML, foi o responsável pelo aparecimento da «AVENIDA DA LIBERDADE». Tudo começou com uma pequena loja fundada por seu pai, «MANUEL JOSÉ DA SILVA ARAÚJO», já nesta rua no prédio fronteiro. Os «ARAUJOS», pai e filho, fizeram fortuna, pois detinham a receita de uns bolos que toda a LISBOA comia: os célebres «CÓCÓS».
Tanta fama tinham os bolinhos que o seu nome foi posto como alcunha ao próprio presidente da Câmara.
O «CAFÉ EUROPA» estava instalado nos números 111 e 113 desta rua.
Com o número 116 desta rua, com esquina para a «RUA DE SÃO NICOLAU», funciona à várias décadas a «NOVA AÇOREANA» dedicada a mercearias finas e charcutaria.
No número 145 da «RUA DA PRATA» existia em Agosto de 1923 a «SOCIEDADE COMERCIAL LUSO AMERICANA», representante para Portugal e Colónias da famosa máquina de escrever «CORONA».
No lado oposto ao prédio do «BANCO DE ANGOLA» na «RUA DA PRATA», esquina Sul da «RUA DO COMÉRCIO» funcionou um dos mais antigos estabelecimentos da baixa pombalina, a «CASA DE CÂMBIOS DE JOSÉ BONIZ». cuja fundação remonta ao ano de 1832, hoje está ali instalado um restaurante.
No último quarteirão direito, junto da parte Sul com gaveto para a «RUA DE SANTA JUSTA», nos números 242 a 254 funcionou ali uma belíssima Pastelaria com serviço de refeições a «LUA DE MEL - Geladaria e Cafetaria». Hoje encontra-se fechada, não sabemos se por motivo de obras ou pura desactivação.
Na «RUA DA PRATA» funcionou o célebre alfarrabista «PIRES», que se dedicava muito em particular aos assuntos da Olisipografia. (Apresentamos uma foto sua tirada em 1907).
Com frente para a «PRAÇA DA FIGUEIRA» nos números 278-288 da «RUA DA PRATA», existiu um merceeiro muito conhecido (na época) na baixa de Lisboa. Chamava-se «JERÓNYMO TAVARES DA SILVA» vendia o azeite puro em latas pequenas de folha de Flandres, com litografias muito sugestivas. Nasceu em «OLIVEIRA DE AZEMÉIS» no ano de 1883. O «TAVARES DA SILVA» que cedo veio para Lisboa como marceneiro, anos depois foi empregado da mercearia de «JOÃO FERNANDES». Com a morte do seu patrão, «TAVARES DA SILVA» e seu irmão «MANUEL» receberam a firma em herança.
Em 1912 morre o «MANUEL» não chegando a presenciar a época gloriosa de seu irmão à frente do estabelecimento.
Por volta dos anos 40 do século passado era este «JERÓNYMO» que competia com o célebre «JERÓNIMO MARTINS» da «RUA GARRETT».
Com o desaparecimento da «PRAÇA DA FIGUEIRA» no ano de 1949, o rumo do estabelecimento ficou comprometido, tendo contribuído também para a morte de «JERÓNYMO DA SILVA».
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DA PRATA [ VII ] - AS TERMAS ROMANAS DA RUA DA PRATA (1)».



quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

RUA DA PRATA [ V ]

Rua da Prata - (2009) - Foto de APS (Edifício do antigo "BANCO DE ANGOLA" na Rua da Prata esquina com a Rua do Comércio) ARQUIVO/APS
Rua da Prata - (2009) Foto de APS (O edifício do antigo "BANCO DE ANGOLA"na Rua da Prata à nossa esquerda) ARQUIVO/APS

Rua da Prata - (2009) - Foto de APS (Início da Rua da Prata vendo-se ao nosso lado direito o edifício que pertenceu ao antigo "BANCO DE ANGOLA") ARQUIVO/APS
(CONTINUAÇÃO)
RUA DA PRATA [ V ]
«BANCO DE ANGOLA NA RUA DA PRATA»
A «RUA DA PRATA» artéria pombalina pobre de edifícios, embora tenha a sobressair um prédio, o do «BANCO DE ANGOLA», diferente na sua arquitectura "lavrada", com varandas rasgadas e exuberância de cantarias nesta rua, esquina com a «RUA DO COMÉRCIO».
O «BANCO DE ANGOLA» constituído em 14 de Agosto de 1926, começou a funcionar no 3º andar deste prédio, quando na altura pertencia ao «BANCO ECONOMIA PORTUGUESA». Deixou este prédio e passou para o que adquiriu na «RUA DO COMÉRCIO», 58 a 64 (mesmo defronte a este prédio) onde estava instalada a «COMPANHIA DE SEGUROS TAGUS».
Em Novembro de 1930 comprou ao «BANCO DO COMÉRCIO E ULTRAMAR» o prédio da «RUA DA PRATA», no qual se instalou.
Em Julho de 1952 o «BOLETIM GERAL DO ULTRAMAR» número 325, noticiava a posse do novo governador do «BANCO DE ANGOLA» na pessoa do senhor Comandante «VASCO LOPES ALVES», antigo Governador Geral de Angola e deputado da Nação.
O «BANCO DE ANGOLA» é nacionalizado em 15 de Setembro de 1974, por decreto-Lei nº 450/74 de 13 de Setembro.
No dia 5 de Novembro de 1976, ou seja menos de uma semana antes da comemoração do primeiro aniversário da Independência de Angola, através da Lei 69/76 do então «CONSELHO DA REVOLUÇÃO», dá-se forma jurídica a uma situação que vigorava desde Agosto de 1975.
Ao «BANCO DE ANGOLA» sucedeu-lhe o «BANCO NACIONAL DE ANGOLA» inicialmente tutelado pelo «BANCO DE PORTUGAL» representando os seus interesses perante a banca internacional.
Num discurso do Excelentíssimo Governador do «BANCO NACIONAL DE ANGOLA» Dr. Amadeu Maurício, alusivo aos 30 anos do BNA. [...]Para compreender o papel assumido pelo BNA permitam-me que recorde rapidamente a evolução do seu predecessor. O descontrole ao nível da emissão monetária em Angola devido às grandes obras de fomento do plano de «NORTON DE MATOS» e a incapacidade do «BANCO NACIONAL ULTRAMARINO» em gerir a profunda crise então gerada, agravada com o chamado escândalo «ALVES DOS REIS», conduziu a uma situação financeira insustentável na então Colónia de Angola. Para controlar esta situação, as autoridades de então criaram a «JUNTA DA MOEDA» que deu início a um processo de reforma monetária, cuja primeira acção foi a constituição de um Banco emissor independente, o «BANCO DE ANGOLA» que assim nasceu em 14.08.1926.(1)
--//--
O CASO «ALVES DOS REIS»
O «BANCO ANGOLA E METRÓPOLE» constituído no ano de 1919, veio substituir o «BANCO DO FOMENTO NACIONAL», nas instalações da «RUA DO CRUCIFIXO» esquina com a «RUA DA CONCEIÇÃO», muito próximo à entrada para as «TERMAS ROMANAS DA RUA DA PRATA», edifício hoje na posse do «BANCO DE PORTUGAL».
Este banco dirigido pelo "financeiro" «ARTUR VIRGÍLIO ALVES DOS REIS», estava no ano de 1925 envolvido na emissão "abusiva" de notas de 500$00 (QUINHENTOS ESCUDOS), do qual resultou um agravamento financeiro não só para o nosso país, como também para a Colónia de Angola e consequente prisão de «ALVES DOS REIS».
Poderá ainda ler sobre «ALVES DOS REIS»
-ALVES DOS REIS - Uma história Portuguesa de Francisco Teixeira da Mota 4 volumes - Público-Contexto - Lisboa - 1996-
-A GRANDE BURLA - O CASO ALVES DOS REIS - «THE MAN WHO STOLE PORTUGAL» de Murray T. Bloom - Editora Panorama - 1975 - AMADORA.
(1) - BANCO NACIONAL DE ANGOLA - INTERVENÇÕES
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DA PRATA [VI] - O COMÉRCIO NA RUA DA PRATA»

domingo, 24 de janeiro de 2010

RUA DA PRATA [ IV ]

Rua da Prata - (s/d) - (D. Mariana Vitória por Alexis Simon Belle) Museu Versalhes, França - Foto de Daniel Armandet - Reúnion dés Musées Nationaux.
Rua da Prata - (c.1773) - (Rainha D. Mariana Vitória) MUSEU HERMITAGE in WIKIPÉDIA

Rua da Prata - (s/d) - Pintura de autor desconhecido - Foto de Luís Pavão (IPPAR) - (Retrato de D. Mariana Vitória no Palácio Nacional de Queluz)


Rua da Prata - (s/d) - (D. Mariana Vitória 1718-Madrid-1781-Lisboa) Óleo existente no Museu dos Coches de Lisboa - in REIS E RAINHAS DE PORTUGAL de Manuel de Sousa - SPORPRESS página 129 - ano 2000.
(CONTINUAÇÃO)
RUA DA PRATA [ IV ]
«D. MARIANA VITÓRIA - A BELA RAINHA»
O nome de «D. MARIANA VITÓRIA DE BOURBON» cognominada de «BELA DA RAINHA» permaneceu durante 150 anos na rua, hoje «RUA DA PRATA».
Infanta de Espanha e Rainha de Portugal pelo seu casamento com «D. JOSÉ I». Era filha de «FILIPE V» de Espanha e de sua segunda mulher, «D. ISABEL FARNÉSIO». Nasceu em Madrid a 31 de Março de 1718, e morreu em «LISBOA», no Palácio da Ajuda a 15 de Janeiro de 1781.
Tinha quatro anos quando foi combinado o seu casamento com o futuro «LUÍS XV» de França (chegando mesmo a viver na Corte Francesa dos 4 aos 6 anos) (1), mas tal consórcio viria a dar-se com «D. JOSÉ I- O REFORMADOR», de acordo com uma aliança ibérica de seu pai, que consistia em casá-la com o herdeiro do trono de Portugal e a seu filho «D.FERNANDO», com a infanta portuguesa, «D. MARIA BÁRBARA».
Aliança essa que visava a união das duas potências peninsulares, unidas pelo interesse comum de se oporem à França.
O casamento da Infanta «D. MARIANA VITÓRIA» com «D. JOSÉ I», realizado na « de ELVAS» em Setembro de 1729, caracterizou-se por uma imponência nunca vista, própria de um rei "perdulário" como «D. JOÃO V», que mandou inclusivamente, construir o «PALÁCIO DE VENDAS NOVAS», no valor de um milhão de cruzados, destinado à comitiva espanhola que pela mesma altura veio assistir ao casamento da infanta «D. MARIA BÁRBARA» com «FERNANDO VI» de Espanha.
Quando «D. JOSÉ I» subiu ao trono, tinha «D. MARIANA VITÓRIA» 32 anos.
Era muito formosa, inteligente e culta. Apreciava muito a caça e praticava equitação. Amava o Teatro e a Ópera, e contribuiu enormemente para o desenvolvimento das BELAS-ARTES, predicados em que todas as suas quatro filhas se revelariam exímias.
O «MARQUÊS DE POMBAL», nunca lhe deu grandes oportunidades de brilhar nos assuntos de Estado, evitando mesmo que exercesse influências sobre o Rei.
Manteve-se na Regência durante os dois anos de doença do Rei seu marido, altura em que começaram os primeiros sintomas da "VIRADELA", que levariam o ministro de «D. JOSÉ I» ao seu desterro para «POMBAL» e as amarguras do processo em que iria ocorrer com a subida ao trono de sua filha «D. MARIA I».
Foi na Regência de «D. MARIANA VITÓRIA» que teve início a reabilitação de muitas das vítimas do «MARQUÊS DE POMBAL».
Teve ainda uma acção conciliatória entre Portugal e Espanha, por ocasião da sua visita de amizade ao irmão «CARLOS III», este prestou-lhe uma pomposa recepção, seguida de grandes festas.
(1) - DISPERSOS de Augusto Vieira da Silva - Volume III 1960 LISBOA página 343 - Publicações Culturais da C.M.L.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DA PRATA [ V ] - BANCO DE ANGOLA NA RUA DA PRATA»



quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

RUA DA PRATA [ III ]

Rua da Prata - (2009) Foto de APS - (Rua da Prata com vista para a Praça do Comércio) ARQUIVO/APS
Rua da Prata - (1760 ?) - (Desenho da Baixa Pombalina assinalado a verde a RUA DA PRATA) -Planta definitiva da recuperação da Baixa Pombalina de Eugénio dos Santos e Carlos Mardel.

Rua da Prata - (1760 ?) - Autores do Projecto Eugénio dos Santos e Carlos Mardel ( Planta do centro da cidade de Lisboa antes do Terramoto de 1755 com os projectos dos novos arruamentos) in INSTITUTO GEOGRÁFICO PORTUGUÊS
(CONTINUAÇÃO)
RUA DA PRATA [ III ]
«LISBOA ANTES E DEPOIS DO TERRAMOTO»
Encontrávamos em «LISBOA» no sítio da «BAIXA» travessas tão estreitas que não era possível circular nesse emaranhado de ruas. Uma carroça a par de uma cavalgadura, e muitas vezes aconteceu ser a cavalgadura esmagada de encontro às paredes das casas, quando os condutores das carroças eram imprudentes.
As carroças seriam os trens mais pequenos em uso antes do terramoto, embora já nessa altura houvesse as SEGES de duas rodas. As ESTUFAS, COLECHES, FLORÕES, PAQUEBOTES e CARROCINS eram os trens da moda.
Quando mais tarde por cá começaram a introduzir-se os COCHES, poucas seriam as «RUAS» por onde ele pudessem circular.
Por mera curiosidade vamos elaborar um percurso de um COCHE de grandes dimensões, numa das ruas da velha LISBOA.
Quem tivesse necessidade de se deslocar num COCHE entre o «TERREIRO DO PAÇO» e o «ROSSIO» tinha de dar algumas boas voltas no percurso. Assim, o caminho mais "direito" era pela «RUA DOS OURIVES DO OURO» e era este o itinerário: «TERREIRO DO PAÇO» entrada no «ARCO DOS PREGOS», que conduzia à «RUA NOVA DOS FERROS» e por ela seguia até à «RUA DOS OURIVES DO OURO», entrando nesta, inclinava para leste, seguia pelo «LARGO DOS DOURADORES», daqui partiam duas artérias, a «RUA DOS ESCUDEIROS» e «RUA DOS ODREIROS», ambas a desembocarem no «ROSSIO».
--//--
DEPOIS DO TERRAMOTO
«EUGÉNIO DOS SANTOS» programou os tipos de imóveis necessários à malha urbana que ele próprio definira, vendo o seu plano aprovado entre seis propostas a «POMBAL», que numa escolha excelentemente acertada resolvia os problemas que «MANUEL DA MAIA» pusera.
O tecido ortogonal que «EUGÉNIO DOS SANTOS» desenvolveu no terreno anteriormente ocupado por dezenas de ruas e ruelas, becos e pequenos largos servindo as catorze paróquias locais, na acumulação de casas que facilitara a propagação do grande incêndio após o terremoto, permitiu estabelecer a ligação desejada entre as duas vastas «PRAÇAS» da cidade, o «TERREIRO DO PAÇO» e o «ROSSIO».
(CONTINUA)-(PRÓXIMO) - «RUA DA PRATA [IV]-D.MARIANA VITÓRIA DE BOURBON (A BELA RAINHA)»


domingo, 17 de janeiro de 2010

RUA DA PRATA [ II ]

Rua da Prata - (2009) - Foto de APS (A Rua da Prata vista do Terreiro do Paço) ARQUIVO/APS
Rua da Prata - (2009) - Foto de APS (Um troço da Rua da Prata) ARQUIVO/APS

Rua da Prata - (1946) - (Fotógrafo não identificado) A Rua da Prata desse tempo. in XAFARICA


Rua da Prata - (Estampa I - Fragmento da Planta de Lisboa actual, sobreposta à de Lisboa anterior ao Terramoto de 1755)- Desenho do Engº A. Vieira da Silva (Volume I - Muralhas da Ribeira de Lisboa, Publicações Culturais da C.M.L. - 1987).



Rua da Prata - (Como era antes de 1755 e como é a Baixa na actualidade) - (O traço vermelho indica a reconstituição Pombalina) - (Norberto de Araújo-Livro XII - Peregrinações em Lisboa Estampa número 3) - LEGENDA DA ESTAMPA - 1- ARCO DOS PREGOS; 2- ARCO DOS BARRETES; 3-IGREJA DA CONCEIÇÃO NOVA; 4-ERMIDA DE N. S. DE OLIVEIRA; 5-IGREJA DA CONCEIÇÃO DAS FREIRAS; 6-CONVENTO DO CORPUS CHISTI (Ferreiros); 7-ERMIDA DE N.S. DA VITÓRIA; 9-LOCAL DO PÁTIO DAS ARCAS (das Comédias); 10-CONVENTO DO CARMO; 11-IGREJA DE SANTA JUSTA.
(CONTINUAÇÃO)
RUA DA PRATA [ II ]
«RUA BELA DA RAINHA ( 2 )»
Ao analisar o que foi destruído com o Terramoto de 1755 na Baixa de Lisboa, o Marquês de Pombal elaborou um Plano, para encontrar a possibilidade na sua reconstrução, o que lhe deu um aspecto bem diferente daquele que existia.
No eixo actual da antiga «RUA BELA DA RAINHA», hoje «RUA DA PRATA» entre o «ARCO DO AÇOUGUE» na parte Sul, perto do «TERREIRO DO PAÇO» até ao «BECO DA ESTALAGEM» junto da «RUA DA BETESGA», foram suprimidas as ruas, largos ou becos, bem como uma Igreja deslocada e outra que desapareceu.
Começamos pela «RUA DA CONFEITARIA»; «ARCO DOS BARRETES»; a «RUA NOVA DOS FERROS» que antes de 1755 era uma das artérias mais importantes da antiga LISBOA, tanto pelo seu comprimento e largura, como, principalmente, porque nela se exercia a maior intensidade comercial, não só com produtos do nosso país, mas especialmente com artefactos de nações estrangeiras. Dizem que no século XVI era considerada a mais elegante artéria de LISBOA, sendo o seus edifícios os mais admiráveis e as suas lojas riquíssimas.
A «IGREJA PAROQUIAL DA CONCEIÇÃO NOVA», que o terramoto destruiu, foi depois erguida na «RUA NOVA DO ALMADA» mas também já desaparecida. O «PÁTIO DA ROSA»; o «BECO DO LAVA CABEÇAS», a «RUA DOS MERCADORES», o lugar da chamada «JUDIARIA», a «RUA DO CHANCUDO», o «LARGO DE S. NICOLAU» onde existe a «IGREJA DE S. NICOLAU» (ver mais aqui) mudada de posição, ficando paralela à «RUA BELA DA RAINHA», finalizando com a «RUA DAS ARCAS» já referenciada com a «CASA DA COMÉDIA».
Por arrastamento desapareceu também a «RUA DA PALHA ou TRAVESSA DA PALHA» e ainda o «BECO DA ESTALAGEM» que ficava ligado à «RUA DA BETESGA».
Na «RUA BELA DA RAINHA» após a sua reconstrução existiu a «ERMIDA DE SANTO ELÓI» advogado dos ourives, e de «NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO», sucedendo a uma outra, desta invocação que datava de 1697, edificada pelos lavrantes de prata, ou «PRATEIROS» no meio da velha «RUA DOS OURIVES DA PRATA», abaixo da «MADALENA», e que o terramoto incendiara.
O «LARGO DO PELOURINHO-"VELHO"» onde desembocava a «RUA DOS OURIVES DA PRATA», acabou pelo terramoto de 1755, e o seu lugar foi completamente transformado pelo novo plano de «EUGÉNIO DOS SANTOS» como podemos observar num mapa que publicamos.
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) -«RUA DA PRATA [ III ]LISBOA ANTES E DEPOIS DO TERRAMOTO».



quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

RUA DA PRATA [ I ]

Rua da Prata - (2009) Foto de APS - ( Um troço da Rua da Prata ) ARQUIVO/APS
Rua da Prata - (2009) - (A Baixa Pombalina de Lisboa) in WIKIMAPIA

Rua da Prata - (1758) - Litografia Colorida - (Planta da Reconstrução de Lisboa aprovado em 1758 - Publicada em Plantas Topográficas de Lisboa de A. Vieira da Silva - Museu da Cidade.


Rua da Prata - 19__(?) - (fotógrafo não identificado) (A Rua da Prata vendo-se ao fundo o mercado da Praça da Figueira) in MAROCAS
RUA DA PRATA [ I ]
«RUA BELA DA RAINHA (1)»
A «RUA DA PRATA» pertence a duas freguesias. Fazem parte da freguesia da «MADALENA» do número 2 ao número 66.
À freguesia de «SÃO NICOLAU» os restantes números pares e todos os números ímpares. Tem início na «PRAÇA DO COMÉRCIO» e termina na «PRAÇA DA FIGUEIRA» no número 17-A.
Esta rua é atravessada de Sul para Norte pelas ruas: «RUA DO COMÉRCIO-(antiga rua dos Capelistas)», «RUA DE SÃO JULIÃO», «RUA DA CONCEIÇÃO», «RUA DE SÃO NICOLAU», «RUA DA VITÓRIA», «RUA DA ASSUNÇÃO» e «RUA DE SANTA JUSTA».
RUA BELA DA RAINHA
A «RUA DA PRATA» foi chamada durante os anos de 1760 a 5 de Novembro de 1910 de «RUA BELA DA RAINHA» em memória da Rainha «D. MARIANA VITÓRIA-(1718-1781)», mulher do Rei «D. JOSÉ I», e filha de «FILIPE V» de Espanha.
A «RUA DA PRATA» adquiriu este nome porque no período que antecedeu o terramoto de 1755 existiu próximo a «RUA DOS OURIVES DA PRATA», ou ainda dos «PRATEIROS» rua muito característica e concorrida na época.
Assim, por Decreto de 5 de Novembro de 1760, ainda a maioria dos quarteirões se encontravam por construir na cidade baixa de Lisboa ordenada geometricamente no plano, traçavam-se as principais actividades de comércio para as suas ruas, de acordo com a distribuição de comerciantes e artífices no planeamento das novas ruas, tendo como base de um arruamento por profissão.
Coube à «RUA DA PRATA» a "actividade de ourives da prata" . Nas lojas que sobrassem se alojariam os livreiros, embora nos dias de hoje não seja esse o género de comércio que mais caracteriza esta rua.
Os dois quarteirões da «RUA DA PRATA» do lado direito, de quem sai da «PRAÇA DA FIGUEIRA», com o rasgar da rua, foi absorvida a antiga «RUA DAS ARCAS» que ficava transversalmente e ligava à «RUA DA PALHA» ou «TRAVESSA», indo parar na «RUA DA BETESGA». A meio do quarteirão final, do lado nascente dessa rua, existiu a famosa «CASA DAS COMÉDIAS» ou «PÁTIO DA COMÉDIA» na «RUA DAS ARCAS», isto no ano de 1593-94, que nessa altura os seus terrenos pertenciam a «D. DENIZ DE LENCASTRE» conhecido como o "empresário do Pátio".
Mais tarde aquela propriedade era adquirida por «D. FERNANDO DIAS DE LA TORRE», que prometeu pagar um rendimento do negócio ao «HOSPITAL REAL DE TODOS-OS-SANTOS» que lhe ficava próximo.
A «CASA DAS COMÉDIAS» que iria durar até ao ano de 1722, foi uma boa fonte de receita para o «HOSPITAL REAL DE TODOS-OS-SANTOS».
(CONTINUA) - (PRÓXIMO) - «RUA DA PRATA [ II ] - RUA BELA DA RAINHA (2)»